sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Estudo põe em causa necessidade de vacinação de reforço

A vacinação de reforço para doenças como o tétano, o sarampo ou a papeira pode estar a ser administrada desnecessariamente. A questão surge com a divulgação dos resultados de um estudo norte-americano, que detectou níveis elevados de anticorpos presentes no sangue dos pacientes que receberam a vacinação há anos, sugerindo que as actuais recomendações sobre a vacinação de reforço devem ser revistas.

De acordo com o trabalho realizado por investigadores da Universidade de Ciência e Saúde de Oregon, nos Estados Unidos da América, a persistência dos anticorpos pode ser um indicativo de que as actuais recomendações sobre a frequência com que devem ser administradas as doses de reforço deveriam ser reanalisadas, visto que a protecção pode durar para toda a vida.

Segundo explicou Mark K. Slifka, um dos autores do estudo, a vacina do tétano, por exemplo, poderia ser administrada a cada 30 anos, em vez de o ser a cada 10 anos, como acontece actualmente. “Se continuarmos a melhorar as nossas vacinas, um dia poderemos vir a conseguir fornecer imunidade para toda a vida através de uma só vacina”, afirmou o mesmo responsável.

Ainda assim, de acordo com John Treanor, um médico especialista em doenças infecciosas na Universidade de Rochester, no estado de Nova Iorque, antes do sistema de saúde poder eliminar as doses de reforço são necessários mais estudos sobre surtos de determinadas doenças e sobre a inexistência de eficácia das vacinas. Apesar de considerar que o estudo é uma boa ajuda, Treanor duvida que as conclusões sejam “tão definitivas”.

Os autores do estudo, publicado no “New England Journal of Medicine”, analisaram 630 amostras de sangue de 45 pacientes. Em cada amostra foi analisada a taxa de decadência em anticorpos de vacinas para o sarampo, papeira, rubéola, varicela, vírus de Epstein-Barr e vírus do herpes causador da mononucleose.

As vacinas no sistema imunitário

Uma vacina é uma substância derivada, ou quimicamente semelhante, a um agente infeccioso particular, causador de doença. Esta substância é reconhecida pelo sistema imunitário do indivíduo vacinado, suscitando uma resposta que o protege de uma doença associada ao agente. A vacina, portanto, induz o sistema imunitário a reagir como se tivesse realmente sido infectado pelo agente, explica Manuel Carmo Gomes, no portal da Faculdade de Ciências de Lisboa.

A primeira resposta do sistema imunitário, quer a uma vacina, quer ao agente infeccioso, é em geral lenta e inespecífica. Porém, o facto de o agente não existir na vacina com capacidade para se multiplicar rapidamente e causar doença, dá ao sistema imunitário tempo para preparar uma resposta específica e memorizá-la. No futuro, caso o vacinado seja realmente infectado, o sistema imunitário responderá com rapidez e eficácia suficiente para o proteger da doença.

Ainda assim, a reacção individual a uma vacina depende sempre dos antecedentes de estimulação do sistema imunitário do indivíduo vacinado, da genética subjacente às características do sistema imunitário, e do seu estado geral de saúde

Marta Bilro

Fonte: The Wall Street Journal, Pharmalot, Portal da Saúde, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

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