sexta-feira, 15 de junho de 2007

Analistas prevêem atrasos na aprovação de fármacos contra a obesidade

A Pfizer a e Merck poderão enfrentar dificuldade na aprovação dos seus novos fármacos de controlo de peso no mercado norte-americano. A opinião proferida por alguns especialistas surge depois da Administração Norte-Americana dos Alimentos e Fármacos (Food and Drug Administration - FDA) ter reprovado a comercialização do Zimulti (rimonabant) da Sanofi-Aventis, indicado para o mesmo efeito.

A comissão de especialistas considerou que eram necessários mais testes para comprovar se o Zimulti (também comercializado com o nome Acomplia em Portugal) aumenta os riscos de suicídio. O mesmo poderá acontecer com as substâncias que estão a ser desenvolvidas pela Pfizer e pela Merck, uma vez que actuam na mesma parte do cérebro, referem os analistas.

Após a decisão da FDA, a francesa Sanofi-Aventis viu as suas acções desvalorizarem 6,33 por cento (ou 4,26 euros), para 63 euros por acção, traduzindo-se na maior quebra da empresa nos últimos três anos. Esta sequência de acontecimentos tem levado os especialistas a especular sobre a forma como o desenvolvimento de fármacos similares poderá ser afectado.

O desempenho das três substâncias no organismo é idêntico, já que ambos actuam bloqueando selectivamente os receptores CB1 situados centralmente ao nível do cérebro. Os investigadores acreditam que estes receptores também poderão ter influência na regulação do humor uma vez que, quando é activado, cria uma sensação de euforia e boa disposição.

O parecer do comité “poderá atrasar a velocidade do desenvolvimento dos dois compostos adicionais CB1 para combater a obesidade”, afirmou Tony Butler, analista do banco de investimento norte-americano Lehman Brothers, em Nova Iorque. “A balança dos riscos e dos benefícios parece estar a pender para o lado do risco neste tipo de fármacos. Acreditamos, por isso, que o CB1 pode não representar um desenvolvimento terapêutico viável para a obesidade”, acrescentou.

O taranabant, fármaco que está a ser desenvolvido pela Merck, e o CP-945598, medicamento da Pfizer, encontram-se actualmente na fase III entre os testes regularmente requeridos para poderem obter a aprovação da FDA.

Steven Lederer, porta voz da Pfizer, em declarações à Bloomberg revelou que o programa de testes ainda está a decorrer, no entanto, escusou-se a revelar quando é que a empresa irá submeter a substância à aprovação da FDA.

A farmacêutica Merck deverá pedir aprovação à FDA para comercializar o medicamento já em 2008, avançou Ron Rogers, porta-voz da empresa.

Caso receba parecer positivo, o taranabant, do laboratório alemão Merck, poderá estar no mercado em 2009 e, eventualmente representar lucros no valor de 747 milhões de euros, prevê Charles Butler, analista da Lehman Brothers.

As acções da Merck sofreram hoje (15 de Julho) uma quebra de cerca de 33 cêntimos para 37,54 euros na bolsa de Nova Iorque. Por sua vez, as acções da Pfizer registaram uma subida de cerca de 3 cêntimos para 19.72 euros.

Marta Bilro

Fonte: Bloomberg, Business Week.

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