sexta-feira, 15 de junho de 2007

Cientistas identificam gene comum a 30% dos cancros da mama

Uma equipa de cientistas descobriu uma presença anormalmente elevada de um gene do cancro da mama presente em 30 a 40 por cento das células tumorais dos cancros mamários. Os especialistas suspeitam que seja o responsável pelo crescimento deste tipo de cancro.

A presença do gene, identificado como IKBKE, foi detectada por dez vezes em células cancerosas, enquanto que as células normais são apenas compostas por duas cópias do gene IKBKE, explica o estudo desenvolvido pelos investigadores da Faculdade de Medicina de Harvard e do Instituto de Cancro Dana Farber em Massachussets, nos Estados Unidos da América.

“Este é um oncogene do cancro mamário produzido numa grande percentagem dos cancros de mama. Isto é relevante porque significa que pode ser muito importante para muitos pacientes com esta patologia”, afirmou William Hahn, professor de medicina na Escola de Medicina de Harvard e oncologista no Instituto de Cancro Dana-Farber e no “Bringham and Women’s Hospital”, em Boston.

Este gene difere dos genes susceptíveis ao cancro da mama, o BRCA1 e BRCA2, presentes nas mulheres desde o seu nascimento. As mulheres portadoras de uma mutação nesses genes apresentam um risco de 70 a 80 por cento de desenvolver cancro da mama.

Neste caso, as mulheres à nascença são portadoras de uma versão saudável do gene IKBKE, porém ocorre uma mutação durante a vida que provoca a multiplicação do gene em várias cópias nas células mamárias, mas em nenhuma outra parte do corpo.

Segundo explicam os investigadores, o gene codifica um certo tipo de proteína e actua como um comutador que ajuda a regular o crescimento celular. Quando existem demasiadas cópias do IKBKE, a célula produz demasiada proteína que estimula de forma excessiva um conjunto de sinais de crescimento permitindo à célula prosperar em vez de morrer.

Por outro lado, ao impedir a produção dessa proteína nas linhas de células de cancro de mama que comportem amplificações de IKBKE a célula deixa de crescer e em alguns casos morre, refere o artigo.

A partir de agora o objectivo dos investigadores, segundo Han, passa por tentar desenvolver um fármaco que consiga fazer o mesmo nos pacientes cujos tumores contenham cópias extra.

“Se houver 10 por cento de hipótese desta descoberta conduzir ao tratamento do cancro da mama, cerca de 30 por cento das mulheres vão beneficiar dele, o que, de acordo com o nosso ponto de vista é um avanço muito significativo”, salientou Steven Narod, professor da Universidade de Toronto e co-autor do estudo que identificou o gene BRCA1.

O Herceptin, considerado a maior descoberta para combate ao cancro nos últimos 15 anos, e o Gleevec, um fármaco que revolucionou o tratamento da leucemia e de alguns tumores gastro-intestinais, podem vir a desempenhar um papel importante já que actuam atingindo apenas o gene que sofreu mutação.

O Herceptin actua na proteína HER-2, produzida em 20 a 25 por cento dos cancros de mama. “A magnitude aqui é a mesma relativamente à HER-2, cujos benefícios foram claros quando foi administrado Herceptin aos pacientes”, referiu Hahn.

Analisado todas as estratégias levadas a cabo, os cientistas podem agora penetrar na complexidade das mutações de DNA que ocorrem tradicionalmente nas células de tumor e isolar outros responsáveis pelo cancro.

De acordo com os dados da Organização Mundial de Saúde, o cancro da mama mata cerca de 500 mil pessoas por ano em todo o mundo, e 1,2 milhões de homens e mulheres são diagnosticados todos os anos.

Marta Bilro

Fonte: Reuters, Xinhua, Canada.com, ABC News, Web Medical News, Terra.es

1 comentário:

ptcp disse...

Mais um excelente artigo Marta.
Correcção: "células cancerosas" por "células neoplásicas".
É preferível utilizar a expressão "cancro da mama" e não "cancro de mama".