sexta-feira, 15 de junho de 2007

Salas de injecção assistida «suspensas» em Lisboa

Os trabalhos do grupo criado para estudar a localização das futuras salas de injecção assistida em Lisboa encontram-se suspensos desde a dissolução do executivo camarário, disse esta sexta-feira o presidente do Instituto de Drogas e Toxicodependência.

João Goulão afirmou que o Instituto mantém a intenção de criar na capital duas instalações de consumo apoiado para a recuperação (ICAR), mas adiantou que desde a queda da autarquia, a 10 de Maio, os trabalhos da comissão encarregada do projecto pararam.

«Estávamos em fase final de definição dos moldes de funcionamento e dos locais», referiu, escusando-se, no entanto, a precisar a localização das salas.

«Estamos na expectativa para reatar as negociações. Este é um momento de renegociar o plano de intervenção com a Câmara Municipal, fruto também das mudanças a que vamos assistindo no universo da toxicodependência. Esperamos não perder esse interlocutor», acrescentou o responsável.

Questionado sobre a oposição manifestada por alguns candidatos à autarquia lisboeta quanto à criação das ICAR, João Goulão admitiu alguma inquietude, mas preferiu não antecipar eventuais dificuldades.

«Logo veremos. Não vale a pena especular sobre os resultados eleitorais, mas é claro que continuamos preocupados com a questão. A evidência das necessidades é sempre sentida por quem lida mais proximamente com a realidade», concluiu.

As ICAR, aprovadas em reunião de câmara em Novembro passado com a abstenção do PCP e os votos contra do CDS-PP, inserem-se na estratégia municipal de intervenção para as dependências e serão financiadas em 60 por cento pelo Instituto de Droga e Toxicodependência.

Além do consumo de drogas permitido, os toxicodependentes terão nestas instalações apoio médico, psicossocial, de higiene e alimentação, e informação sobre o tratamento.

Segundo fonte do gabinete do vereador da Acção Social, Sérgio Lipari Pinto, a primeira sala deveria abrir no segundo trimestre do ano, um projecto que tem merecido críticas e queixas de deputados municipais e de moradores das zonas inicialmente previstas para a sua localização - a Quinta do Lavrado, na freguesia de São João, e no bairro do Charquinho, em Benfica, onde funcionam gabinetes de apoio ao toxicodependente (GAT).


Nuno Oliveira Jorge

Fonte: Lusa

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