domingo, 10 de junho de 2007

Brystol-Myers Squibb em negociações para testar Sprycel no tratamento de Leucemia Mielóide Crónica

A farmacêutica Bristol-Myers Squibb (BMS) está em negociações com as autoridades sanitárias dos Estados Unidos da América e da Europa para que possa dar início aos ensaios globais a longo prazo de forma a avaliar o potencial do desatinib, comercializado pelo laboratório com o nome “Sprycel”, e a sua utilização no tratamento da Leucemia Mielóide Crónica (LMC) em pacientes em fase crónica.

A declaração surge na recente apresentação durante a reunião anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) e foi reafirmada na abertura do XII Congresso da Associação Europeia de Hematologia, que hoje (10 de Junho) termina em Viena. Os resultados dão conta de um ensaio independente em Fase II elaborado por investigadores do “M. D. Anderson Cancer Center”, explicou Francisco Cervantes, médico consultor sénior do Hospital Clinic de Barcelona.

O estudo, que envolveu 33 pacientes, 29 dos quais mostraram evolução, foi descrito por este especialista como “encorajador”. A investigação demonstra que o Sprycel pode desempenhar um papel importante como terapia de primeira linha no tratamento de LMC. Um ano após o início do tratamento foram observadas alterações citogenéticas completas rápidas em 95 dos pacientes com LMC em fase crónica que não tinham recebido qualquer tratamento prévio com a dose diária de 100mg de desatinib.

De acordo com declarações prestadas à Europa Press por fontes da empresa, o novo estudo aleatório que irá avaliar o potencial do desatinib enquanto tratamento de primeira linha contará com a participação de mais de quinhentos pacientes provenientes de vários hospitais mundiais.

Francisco Cervantes mostrou-se confiante no potencial do próximo estudo que vai ser realizado pelo laboratório. A LMC é a doença “que mais tem progredido nos últimos 20 anos”, afirmou o responsável, acrescentando que, no futuro, “a cura passará pela combinação de fármacos”.

A Leucemia Mielóide Crónica resulta de uma lesão adquirida (não hereditária) no DNA de uma célula tronco da medula óssea, nesta condição há uma sobreprodução de células mielóides de aparência madura mas defectivas, ao ponto de quase não restarem células normais. Na maioria dos casos, a doença surge associada a uma anormalidade cromossómica, denominada cromossoma Filadélfia, que contém um gene responsável pela produção de uma enzima que se acredita ser a causa da doença. A LMC corresponde a cerca de 20 a 30 por cento das leucemias do adulto, afectando maioritariamente as pessoas com idades compreendidas entre os 25 e os 60 anos. É uma doença que requer um tratamento longo e complicado, envolvendo, muitas vezes o transplante de medula óssea e tratamentos de quimioterapia.

De acordo com o portal Ciência Viva, não há dados estatísticos sobre a incidência da leucemia em Portugal nem se sabe, ao certo, quantos são os dadores voluntários de medula.

Marta Bilro

Fonte: PM Farma, Portal do Cidadão com Deficiência, cienciaviva.pt, Europa Press, fuerteventuradigital.com, interbusca.com


1 comentário:

Rui Borges disse...

Muito boa notícia Marta.

Boa pesquisa.