domingo, 10 de junho de 2007

Indica um estudo da Universidade Johns Hopkins
100 milhões com Alzheimer em 2050


Mais de 26 milhões de pessoas em todo o mundo são actualmente afectadas pela doença de Alzheimer. Uma nova previsão indica que por volta do ano 2050 o número deverá aumentar quatro vezes, ascendendo aos 100 milhões. De acordo com o estudo elaborado por cientistas da Universidade Johns Hopkins, entre os 100 milhões de portadores da patologia, 40 por cento atingirão a fase terminal. Se os dados se confirmarem, dentro de 40 anos, uma em cada 85 pessoas será portadora de Alzheimer, avançam os investigadores.

Os resultados divulgados hoje (10 de Junho) durante uma conferência da Associação Alzheimer, em Washington, indicam ainda que o maior aumento do número de doentes deverá ocorrer no continente asiático, que passará a representar 59 por cento do total de casos diagnosticados, comparativamente aos actuais 48 por cento.

“O número de pessoas afectadas pela doença de Alzheimer está a crescer a um ritmo preocupante, e o aumento dos custos financeiros e pessoais terá efeitos devastadores na economia mundial, nos sistemas de cuidados de saúde e nas famílias”, alertou o vice-presidente para as relações médicas e científicas da instituição, William Thies.

Os responsáveis pelo estudo, financiado pela Elan Pharmaceuticals e pela Wyeth Pharmaceuticals, recorreram às previsões e dados das Nações Unidas sobre a prevalência da doença de Alzheimer na população mundial para criar um modelo de computador matemático multi-estatal. A equipa foi liderada por Ron Brookmeyer, um professor de bioestatísticas e presidente do mestrado do programa de saúde pública na Escola Bloomberg de Saúde Pública da Universidade de Johns Hopkins, em Baltimore.

Os dados fornecidos pelo computador indicam também que atrasar a progressão da doença de Alzheimer no estado inicial por um ano poderia reduzir o número de casos previstos para 2050 em cerca de 12 milhões. Se o início e a progressão da doença fossem atrasados em dois anos, o número de casos poderia ser reduzido em 18 milhões. Grande parte dessa diminuição, cerca de 16 milhões de casos, envolveria os pacientes em fase terminal que requerem cuidados mais permanentes.

“Está a aproximar-se uma epidemia global de Alzheimer, no entanto, mesmo os mais modestos avanços na prevenção da doença ou no atraso da sua progressão podem provocar um impacto enorme na saúde pública global”, sublinhou Brookmeyer.

ALZHEIMER E A REALIDADE PORTUGUESA. A doença de Alzheimer conduz a uma deterioração mental progressiva, afectando regiões do cérebro, que alteram, mais frequentemente, o comportamento físico, mental e a linguagem conduzindo à demência. A doença tem consequências dramáticas para o paciente, a família e a sociedade devido aos elevados custos financeiros exigidos pelo tratamento.

Segundo um relatório da Associação Portuguesa de Familiares e Amigos de Doentes de Alzheimer (APFADA) e da Apifarma (Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica), apesar de esta ser uma doença incurável, progressiva e irreversível, “nem sempre merece ser reconhecida com o estatuto de doença crónica”. Os medicamentos específicos, “porque não curam”, situam-se no último escalão de comparticipação, “sujeitos à obrigatoriedade de prescrição exclusiva dos especialistas, com discriminação não só dos doentes mas também dos próprios médicos”, salientam os responsáveis da APFADA. Segundo a Associação para o Desenvolvimento de Novas Iniciativas Para a Vida (ADVITA), uma projecção para o ano 2010, refere que haverá em Portugal cerca de 75 mil doentes de Alzheimer.

Marta Bilro

Fonte: Bloomberg, Canada.com, Forbes, www.alzheimerportugal.com, APIFARMA, Associação para o Desenvolvimento de Novas Iniciativas Para a Vida.

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