domingo, 10 de junho de 2007

Cientistas desvendam resistência aos fármacos
Segredo da malária quase descoberto


Investigadores do Centro Médico da Universidade de Georgetown, nos Estados Unidos, acreditam estar perto de desvendar o segredo da resistência que o agente causador da malária vem desenvolvendo, ao longo das três últimas décadas, aos sucessivos tratamentos.

Os cientistas criaram artificialmente um gene protozoário que parece contribuir para o desenvolvimento daquela resistência no âmbito de uma experiência laboratorial que durou dois anos, que terá culminado na criação do maior gene sintético alguma vez construído, podendo assim estudar mais facilmente a proteína que ele produz em largas quantidades. De acordo com os resultados da investigação, publicada na revista científica «Biochemistry», através da adição do gene recriado e da proteína, conseguiram aceder a todo o material biomolecular necessário para entender como é que o parasita responsável pela malária (plasmodium falciparum) logrou tornar-se resistente à maioria dos medicamentos concebidos para o destruir.
Entretanto, os investigadores descreveram dois outros genes conhecidos pelo facto de conferirem resistência: “Agora temos estes genes, que podem ajudar a entender a base molecular da resistência aos medicamentos contra a malária, possibilitando o esclarecimento sobre como deverão ser desenvolvidos os novos fármacos para o combate àquela doença, de maneira a exterminar realmente o parasita”, disse Paul Roepe, docente e investigador da secção de Bioquímica e Biologia Molecular e Celular do departamento de Química da universidade.
A malária é a doença parasitária mais importante do mundo, estimando-se em 300 a 500 milhões o número de novos casos diagnosticados anualmente e em cerca de dois milhões o número de mortos por ano (um milhão corresponde a crianças com menos de cinco anos de idade). É actualmente a sétima causa de morte no mundo e, sendo endémica em 91 países, apresenta uma taxa de prevalência comparável à da sida. Em Portugal não há hoje registo da existência da malária, que representou um importante problema de saúde pública até meados do século passado. O último caso autóctone da doença, que é transmitida pela picada das fêmeas do mosquito Anopheles, remonta a 1962.

Carla Teixeira
Fontes: Bio.com, Centro Médico da Universidade de Georgetown, Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, Eurosurveillance e Wikipédia.

1 comentário:

Rui Borges disse...

Excelente a construcção e desenvolvimento do artigo. Boa selecção de fontes.