terça-feira, 10 de julho de 2007

Só 40 por cento dos europeus sabe que o problema existe
Resistência aos antibióticos: solução à vista?


O advento dos antibióticos foi um dos maiores avanços científicos de sempre, mas a sua utilização generalizada permitiu que muitos agentes infecciosos se tornassem imunes, problema que permanece no obscurantismo de grande parte dos cidadãos (na Europa só 40 por cento já ouviram falar de resistência aos fármacos). Cientistas norte-americanos reclamam ter descoberto a solução.

De acordo com um estudo agora publicado no jornal «Proceedings of the National Academy of Sciences», a equipa de investigadores da Universidade da Carolina do Norte apurou que os bisfosfonatos têm capacidade para bloquear a acção de uma enzima utilizada pelas bactérias para serem reabsorvidas pelos genes e adquirirem ou ampliarem a sua resistência aos antibióticos, descobrindo que a interferência na actuação dessa enzima permite inibir a resistência de um vírus criado em ambiente laboratorial. Matt Redinbo, que conduziu o estudo, afirmou que “os resultados são promissores”, mas reconheceu que ainda há muito a fazer na investigação destes mecanismos de resistência aos medicamentos.
No entanto, acrescentou, “a nossa descoberta pode abrir caminho a mecanismos que permitam exterminar os vírus resistentes presentes no organismo dos doentes, pondo assim termo à disseminação da sua capacidade de resistir aos tratamentos”. Ao longo da última década quase todos os tipos de bactéria desenvolveram alguma espécie de resistência, transformando muitas doenças infecciosas, como a vulgar e mortífera pneumonia ou a tuberculose, em alvos mais difíceis. De cada vez que um doente consome um antibiótico, as bactérias mais enfraquecidas no seu sistema sanguíneo são eliminadas, mas os vírus que já foram capazes de alguma mutação conseguem resistir.
Dados recentes da Comissão Europeia indicam que quase metade dos antibióticos consumidos se destina a tratar animais, visando o seu crescimento ou a destruição de elementos patogénicos presentes na alimentação. A administração contínua de medicamentos aos animais, ainda que em baixas dosagens, favorece o surgimento da resistência bacteriana e de novas estirpes, capazes de migrar dos animais para os seres humanos. Ainda assim, segundo o Eurobarómetro de 2001, apenas 40 por cento dos cidadãos europeus estariam nessa altura conscientes da existência do problema, responsável, nos países desenvolvidos, por 60 por cento das infecções hospitalares, pela acção de micróbios que resistem aos medicamentos. Doenças que nascem nos hospitais, mas que acabam por se propagar entre a população no exterior.

Carla Teixeira
Fonte: BBC, Comissão Europeia

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