terça-feira, 30 de outubro de 2007

Europeus desconhecem realidade dos medicamentos contrafeitos

Apenas 18% considera a falsificação um problema grave

O fluxo de medicamentos contrafeitos não pára de aumentar e um inquérito europeu quis conhecer melhor o fenómeno. De acordo com a pesquisa, que contou com a participação de mais de 200 organizações de apoio a pacientes, devem ser tomadas medidas para travar a contrafacção de fármacos mas a via legal não é a mais indicada.

O estudo, conduzido pela empresa “Together4Health” e encomendado pelo “PatientView”, pretendeu avaliar e compreender a extensão desta actividade na Europa, bem como as medidas que devem ser instituídas para fazer frente ao mercado paralelo de venda de fármacos.

De acordo com os resultados, apenas 18 por cento dos inquiridos consideraram os medicamentos contrafeitos como um problema grave. Enquanto isso este mercado tem vindo a aumentar substancialmente, sendo que, em 2006, foi avaliado em mais de 27,8 mil milhões de euros e estima-se que possa valer mais de 52 mil milhões de euros em 2010.

Entre os participantes questionados, 82 referiram que o comércio de medicamentos contrafeitos é um problema de pouca importância ou que o assunto não apresenta qualquer problema. Os autores do inquérito, intitulado “O que deve ser feito acerca dos medicamentos contrafeitos?”, salientam, por isso, que os resultados revelam “um preocupante desconhecimento entre os pacientes e organizações de pacientes relativamente à escala do problema dos medicamentos contrafeitos na Europa”.

Pondo de parte a falta de conhecimento sobre o assunto, o relatório revela uma resposta bastante positiva no sentido de ser criado um organismo pan-Europeu para detectar e controlar as vendas e utilização dos medicamentos falsificados. Porém, apenas uma minoria dos respondentes apoia as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) que falam da necessidade de haver mais intervenção legal.

“Os inquiridos admitem temer que a burocracia extra gerada pela intervenção [legal] possa inibir o comércio além-fronteiras que ajuda a reduzir os preços globais dos medicamentos”, refere o relatório.

“A maioria dos participantes no inquérito não é a favor de novas regulações para combater o comércio de medicamentos contrafeitos. Em vez disso, preferem um reforço da legislação actual, aliado a um esforço para aumentar a consciencialização pública e as medidas que permitam uma melhor monitorização nacional/internacional dos sistemas de distribuição de medicamentos”, acrescentam as conclusões.

Por sua vez, 80 por cento defendem que os farmacêuticos não devem poder adquirir medicamentos a partir de uma fonte escolhida por eles, incluindo a internet. Em vez disso, recomendam que os farmacêuticos obtenham medicamentos apenas a partir de retalhistas e produtores que tenham sido acreditados por uma entidade reguladora de fármacos, sugerindo a necessidade de um controlo mais apertado às cadeias de fornecimento.

Entre os questionados, 70 por cento não tinham conhecimento da existência de iniciativas nacionais e internacionais de combate aos mercados de medicamentos contrafeitos.

“Perguntámos a 236 directores de grupos de pacientes em 34 países de toda a Europa o que é que eles achavam que deveria ser feito para reduzir o comércio de medicamentos contrafeitos. As respostas foram várias mas apontam numa direcção, acredito que irão ajudar ao início de um acordo europeu que possa ser adoptado em associação com os parceiros do IMPACT (Grupo de Intervenção Internacional Anti-Contrafacção de Produtos Médicos da OMS) e implementado a nível local”, afirmou o director do “Together4Health”, Simon Williams.

Marta Bilro

Fonte: DrugResearcher.com, In-PharmaTechnologist.com.

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