sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Antidepressivos: tendência suicida pode ter explicação genética

Descoberta permitirá o desenvolvimento de novos tratamentos contra a depressão, baseados nas diferenças genéticas individuais

Não é novidade a associação feita entre o uso de medicamentos antidepressivos e o potencial risco para o suicídio. Contudo, uma equipa de investigadores norte-americanos procurou averiguar o porquê. A resposta trouxe, então, uma nova descoberta que aponta para a genética.

De acordo com o estudo publicado na revista «ScienceNOW» e conduzido pela equipa do Instituo Nacional de Saúde Mental em Bethesda, nos Estados Unidos, a tendência suicida face ao uso de antidepressivos é uma condição geneticamente determinada. Para os investigadores, a resposta está em dois genes: o GRIA3 e o GRIK2 que acreditam estar relacionados “a uma predisposição aumentada de suicídio.”

A investigação partiu da observação de doentes com depressão e que, posteriormente, atentaram contra as suas próprias vidas, após o início da terapia antidepressiva. “Baseámo-nos na observação de 1915 adultos com depressão maior, que fizeram uso do citalopram - um antidepressivo inibidor seletivo da recaptação da serotonina (ISRS)”, explicou Francis McMahon, coordenador do estudo.

Segundo informou a equipa norte-americana, “uma pequena modificação no DNA poderia proporcionar variações nesses genes e, consequentemente, nos receptores de glutamato no cérebro – uma substância química relacionada com a memória e a aprendizagem – e predisporia um indivíduo a cometer suicídio, caso fizesse o uso de substâncias como o citalopram.”

Os resultados permitiram aos investigadores garantirem que os doentes com alterações no gene GRIA3 “teriam um risco duas vezes maior de apresentarem pensamentos suicidas e aqueles com modificações no GRIK2, o risco seria oito vezes maior. Quando ambos os genes estão alterados, o risco aumenta para 15 vezes” frisaram.

Desta forma, Fracis McMahon assumiu-se convicto de que a tendência suicida frente ao uso de antidepressivos, “é uma condição geneticamente determinada” destacando que “poderão ser feitas investigações futuras no desenvolvimento de testes de triagem genética para a identificação das pessoas que estão sob este risco.”

Entretanto, Elliot Gershon, da Universidade de Illionois (EUA) defendeu ainda que a descoberta “permitirá o desenvolvimento de novos tratamentos contra a depressão, baseados nas diferenças genéticas individuais.”

Ao que o farmacia.com.pt conseguiu apurar, estudos detalhados sobre o tema deverão ser realizados em breve.

Raquel Pacheco

Fonte: ScienceNOW Daily News

Analgésicos podem aumentar apnéia do sono

Após toma do medicamento, indivíduos tiveram mais de cinco episódios de distúrbio por hora, revela estudo norte-americano

Os analgésicos podem provocar apnéia do sono. A conclusão resultou de uma questão levantada por investigadores norte-americanos: saber se alguns medicamentos, utilizados para o tratamento da dor crónica - como os opióides, a metadona e os benzodiazepínicos - poderiam provocar paragens respirtórias.


Partindo do princípio de que a dor crónica é um componente realmente prejudicial ao sono e, consequentemente, muitas pessoas usam medicamentos, não só para o alívio da dor, mas também para conseguirem relaxar e descansar, uma equipa da Universidade de Buffalo SUNY, nos Estados Unidos, procurou avaliar se essas medicações, ao invés de ajudar, poderiam interferir no próprio sono.

“Durante a investigação, os doentes que faziam uso de terapias com essas medicações específicas foram avaliados enquanto dormiam, através de aparelhos de polissonografia”, explicaram os investigadores.

Para os cientistas, os resultados encontrados foram preocupantes: “Estados de apnéia e de hipopnéia foram anormais em cerca de 75% dos doentes estudados”, sustentaram, acrescentando que estes indivíduos “tiveram mais de cinco episódios desses distúrbios por hora, após terem tomado o medicamento, sendo que, os piores valores foram encontrados entre aqueles que utilizaram metadona, onde a gravidade se correlacionava à dose empregada.”

Segundo considerou a «Pain Medicine», estas descobertas representam “um alerta para que haja vigilância, entre os pacientes que usam medicamentos para a dor, durante o sono”, destacando que “pois podem sofrer episódios de apnéia enquanto dormem.”

Raquel Pacheco

Fonte: Pain Medicine/ www.painmed.org/patient/press
www.sciencedaily.com/releases

Índia põe termo à liberdade de fixação de preços para medicamentos inovadores

O governo indiano vai por fim à liberdade concedida às farmacêuticas para estabelecerem os preços dos medicamentos inovadores. A medida surge depois da “National Prescription Pricing Authority” (NPPA), autoridade responsável pelo controlo da fixação de preços de medicamentos no país, ter alertado o governo acerca de suspeitas de que as empresas estavam a abusar desta liberdade ao estabelecer preços iniciais inflacionados, de forma a contornar o requisito que define que o preço de um medicamento não deve subir mais de 10 por cento num mesmo ano.

Segundo noticia o portal Pharma Times, inquéritos de mercado levados a cabo pela NPPA revelaram um abuso generalizado do sistema estabelecido. Por sua vez, relatórios elaborados a nível local revelam agora que as multinacionais farmacêuticas têm também contornado este requisito ao importarem novos medicamentos inovadores em vez de os produzirem localmente, uma vez que ao fazê-lo teriam que permitir às autoridades que verificassem os custos de produção dos fármacos.

Cerca de 75 por cento dos produtos no mercado farmacêutico indiano não estão sujeitos ao controlo de preços. A NPPA sugere agora ao governo que as autorizações de comercialização, que são concedidas pela “Drugs Controller General of India”, entidade que controla os medicamentos a nível nacional, ou pelas autoridades próprias de cada estado, estejam condicionadas à aceitação de um preço estabelecido pela autoridade reguladora.

Marta Bilro

Fonte: Pharma Times, Pharmalot.

Fármaco oncológico oral demonstra efectividade em mieloma múltiplo

Estudos demonstraram que o fármaco oncológico oral Revlimid (lenalidomida), da Celgene Corporation, em combinação com dexametasona, é eficaz no tratamento de pacientes com progressão do mieloma múltiplo.

Segundo os dois estudos conduzidos nos Estados Unidos e na Europa, e publicados na edição semanal da “New England Journal of Medicine”, o Revlimid, um derivado da talidomida, ajudou a reduzir os tumores em aproximadamente 60 por cento dos pacientes, em combinação com dexametasona, um corticosteróide, e evitou que o cancro se espalhasse por um período de seis meses.

Os pacientes que receberam Revlimid, em combinação com dexametasona, para tratar a progressão da doença obtiveram melhores resultados do que aqueles tratados com dexametasona combinada com placebo. O fármaco demonstrou reduzir os tumores e diminuir a velocidade de dispersão do mieloma múltiplo, um cancro potencialmente fatal da medula óssea, aumento assim as taxas de resposta e a duração da resposta.

Segundo os dados publicados, os pacientes com mieloma múltiplo que receberam Revlimid, e que já tinham sido tratados anteriormente, apresentaram uma taxa média de sobrevivência sem precedentes de três anos, a maior média de sobrevivência observada em ensaios de Fase III deste grupo de pacientes.

O fármaco é o mais recente das denominadas novas terapias que alteraram o resultado para os pacientes com esta doença, e que estão a ajudar estes pacientes a viver mais tempo e com melhor qualidade de vida. O Revlimid foi aprovado, em combinação com a dexametasona, nos Estados Unidos e na Europa para pacientes que receberam, pelo menos, uma terapia anterior.

Isabel Marques

EMEA suspende autorização de comercialização da Aprotinina

Benefícios de utilização do Trasylol e Trasynin não superam riscos

A Agência Europeia do Medicamento (EMEA) recomendou a suspensão da autorização de introdução no mercado (AIM) dos medicamentos que contêm aprotinina para uso sistémico, Trasylol e Trasynin. Depois de avaliar a actuação destas substâncias, a autoridade reguladora europeia concluiu que os riscos da utilização das mesmas são superiores aos benefícios.

Em Portugal a comercialização do Trasylol, utilizado para controlar as perdas sanguíneas em doentes submetidos a cirurgias cardíacas, encontra-se suspensa deste o inicio do mês de Novembro. A medida foi posta em prática pelo Infarmed depois de um estudo ter apontado a possibilidade do medicamento aumentar o perigo de morte em pacientes submetidos a cirurgia cardíaca.

De acordo uma circular informativa divulgada este sexta-feira pelo Infarmed, no âmbito da revisão desta questão de segurança, o Comité Científico de Medicamentos de Uso Humano (CHMP) da EMEA concluiu “que os riscos da utilização deste medicamento são superiores aos benefícios, consequentemente a sua AIM deverá ser suspensa nos Estados Membros que têm a aprotinina no mercado”.

A recomendação do CHMP vem na sequência da suspensão da autorização de introdução no mercado (AIM), por parte da Autoridade Competente Alemã, dos medicamentos contendo aprotinina para uso sistémico, no dia 5 de Novembro. A decisão baseou-se nos resultados recentes e preliminares do estudo BART, que indicavam um aumento da mortalidade nos doentes que utilizaram aprotinina. A Bayer, responsável pela produção do medicamento, decidiu suspender a comercialização a nível mundial dos seus fármacos que contêm esta substância activa.

A opinião do CHMP será agora enviada para a Comissão Europeia para adopção da Decisão, a qual será vinculativa a todos os Estados Membros da UE.

O Infarmed deixa ainda uma recomendação aos médicos, salientando que deverá ser analisada “a necessidade de terapêutica antifibrinolitica na prevenção de perdas sanguíneas durante a cirurgia de “bypass” e, no caso de ser necessário, utilizar outros medicamentos com a mesma indicação terapêutica”.

Marta Bilro

Fonte: Infarmed, Farmacia.com.pt.

Comércio paralelo de medicamentos põe em risco segurança dos pacientes

O circuito paralelo de comércio de medicamentos na Europa está a preocupar os especialistas do sector que alertam para a necessidade de uma revisão urgente à cadeia de distribuição para não pôr em causa a protecção dos pacientes. A Aliança Europeia para o Acesso a Medicamentos Seguros (EAASM na sigla inglesa) apresentou um relatório no Parlamento Europeu que traça o perfil do comércio farmacêutico paralelo na Europa e fala das implicações dos canais de distribuição europeus na segurança dos doentes.

Dados recentes divulgados pela União Europeia (UE) indicam que, durante o ano passado foram confiscados nas fronteiras da UE mais de 2,7 milhões de medicamentos falsificados, um aumento de 384 por cento relativamente aos números do ano anterior, com 560.568 falsificações apreendidas. Este é um indicador de que os medicamentos contrafeitos existem praticamente em toda a Europa e não apenas na Europa de Leste.

As vias de entrada dos fármacos contrafeitos no Continente Europeu são cada vez mais hábeis, tendo-se transformado numa actividade que deixou de ser efectuada apenas através da Internet. De acordo com Jonathan Harper, autor deste estudo e um dos principais especialistas europeus em medicamentos falsificados e na cadeia de distribuição, o mais preocupante é o facto dos medicamentos contrafeitos terem chegado este ano aos pacientes do Reino Unido através de um comércio farmacêutico paralelo, dando origem a uma ordem de recolha do mercado de Classe I por parte da autoridade reguladora do país, o que significa que existiam sérios riscos para a saúde, incluindo o de morte.

O sistema europeu de distribuição de fármacos é extremamente complexo, confuso e desregulado, com níveis múltiplos e cadeias paralelas de distribuição, uma situação que coloca os pacientes em risco, alerta o responsável pelo relatório. Os cidadãos europeus recebem medicamentos que podem ter estado em 20 mãos diferentes, através de países com idiomas e sistemas de licenciamento distintos. Assim, e por uma questão de saúde pública, deveria ser possível saber onde é que determinados medicamentos se encontram numa determinada altura, algo que não se verifica, refere Harper.

Para além disso, existe um grande factor de invisibilidade, que dissimula o verdadeiro alcance da presença de medicamentos falsificados na Europa. Esta camuflagem deve-se não só à própria natureza dos produtos farmacêuticos, mas também ao facto dos medicamentos falsificados serem sempre difíceis de detectar em comparação com outros produtos contrafeitos. A este problema acresce ainda a falta de consciencialização sobre a ameaça que representam os medicamentos contrafeitos, uma situação que já tinha sido denunciada pelo Farmacia.com.pt aquando da divulgação do relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) acerca deste fenómeno.

Com base na sua análise ao problema, Jonathan Harper deixa um conjunto de vinte recomendações específicas, das quais, doze dizem respeito ao comércio farmacêutico paralelo, que complica a cadeia europeia de distribuição de várias maneiras. “Devido à crescente preocupação em torno da segurança da distribuição, em particular, e á ameaça dos medicamentos falsificados, adulterados e desviados dos controles, existem boas razões para rever todas as operações comerciais de produtos farmacêuticos na Europa”, defende o especialista.

Marta Bilro

Fonte: PM Farma, Pharma Times.

Reino Unido prepara nova estratégia para combater fármacos falsificados

A agência reguladora dos medicamentos no Reino Unido (MHRA, sigla em inglês) planeia lançar uma nova estratégia para lidar com os fármacos falsificados, segundo relatou o jornal “The Financial Times”. Esta acção surge em resposta às preocupações internacionais levantadas pelos reguladores e pelas companhias farmacêuticas relativamente à produção e comercialização de medicamentos contrafeitos, que podem matar pacientes e provocar resistência aos fármacos.

Em entrevista ao jornal, o chefe da unidade de aplicação de leis da MHRA, Michael Deats, especificou que a agência irá implementar uma série de medidas, incluindo um maior enfoque nos medicamentos genéricos, mais testes aos fármacos patenteados, sentenças mais duras para os criminosos e maior colaboração policial interfronteiriça.

Além disso, a agência também está a planear rever a forma como os fármacos são distribuídos e comprados no Reino Unido, o que pode resultar numa menor generalização das licenças de medicamentos fornecidas pela MHRA. Os grandes distribuidores têm requerido um controlo mais rígido das importações e exportações, sugerindo que o grande número de licenças pode facilmente criar um largo caminho para a entrada de produtos contrafeitos na cadeia de vendas.

Segundo revelou Deats, tem havido um aumento de apreensões, tanto no Reino Unido, como em outros países. Como os falsificadores de fármacos podem fazer muito dinheiro com poucos riscos, é necessário intensificar a actuação das autoridades. Actualmente, já existe um aumento da cooperação entre reguladores, alfândegas e polícia noutros países, especialmente na Europa Continental.

Isabel Marques

Fontes: First Word, Financial Times
Stand automóvel e empresa de crédito ofereciam vacinas
Infarmed inviabilizou campanha publicitária


A Autoridade Nacional do Medicamento e dos Produtos de Saúde (Infarmed) enviou uma notificação a um stand automóvel e uma empresa de concessão de crédito, no sentido de promover a cessação de uma campanha publicitária que considerou não ser legal. Em causa estava a pretensão das duas firmas de oferecer vacinas contra o cancro do colo do útero aos compradores de automóveis novos da marca.

Considerando que a acção promocional – disponível em caixas multibanco e jornais e revistas especializadas no ramo automóvel – promovia ilegalmente o consumo de um medicamento sujeito a receita médica, o Infarmed contactou as duas empresas, avisando-os para “a título cautelar”, cessarem de imediato a publicação do anúncio em causa. O decreto-lei que estabelece o regime jurídico dos medicamentos de uso humano, promulgado e em vigor desde 2006, considera tratar-se de publicidade a medicamentos “qualquer forma de informação, prospecção ou incentivo que tenha por objecto ou efeito a promoção da sua prescrição, dispensa, venda, aquisição ou consumo junto do público em geral”, que é proibida, nos termos daquele diploma. A lei determina igualmente que a publicidade a fármacos sujeitos a receita médica só pode ser dirigida aos profissionais de saúde, na imprensa especializada e fazendo sempre referência às características do produto anunciado.
João Rodrigues, proprietário do stand automóvel, disse à Agência Lusa que não se apercebeu, em momento algum, de que estaria a cometer uma ilegalidade, uma vez que na campanha publicitária não era feita qualquer referência ao nome comercial da vacina. “Para preparar esta campanha contactámos outras empresas e diversos médicos, que nunca perceberam que poderia tratar-se de uma ilegalidade”. A ideia, frisou, não era mover qualquer concorrência às farmácias: “Não identificámos a marca do medicamento e pagaríamos as vacinas e os rastreios”, vincou. O stand de João Rodrigues tem levado a cabo inúmeras campanhas de cidadania associadas à venda dos seus automóveis, como foi o caso de anúncios anteriores, relacionados com a segurança rodoviária ou com a promoção do consumo de produtos made in Portugal. Esta campanha inserir-se-ia na mesma linha, não fosse o caso de ter sido considerada ilegal pelo Infarmed.

Carla Teixeira
Fonte: Agência Lusa
Investigação desenvolvida na Universidade de Coimbra
Um café por dia pode prevenir Alzheimer


Adágios como “somos o que comemos” ou “one apple a day keeps the doctor away” (uma maçã por dia mantém o médico à distância) são antigos e têm por base ideias relacionadas com as propriedades de alguns alimentos que contribuem para o bem-estar de quem os consome. Uma equipa de cientistas do Centro de Neurociências da Universidade de Coimbra concluiu agora que também uma chávena de café por dia poderá ser útil na prevenção da doença de Alzheimer…

Tendo por base um estudo que estabeleceu a comparação entre o estado de saúde de pessoas que consomem diariamente café ao longo da vida e outras que não têm aquele hábito, a investigação desenvolvida pelos cientistas da cidade do Mondego aferiu que a ingestão diária de um café pode ter vantagens na prevenção daquela doença degenerativa, sendo objectivo deste estudo “identificar alvos terapêuticos” e “testar diversos compostos químicos”, para avaliar da sua eventual capacidade para serem neuroprotectores. Avultando entre as demais doenças do foro degenerativo, o Alzheimer afecta actualmente cerca de 20 milhões de pessoas em todo o mundo, e em Portugal existirão, à luz dos mais recentes dados disponíveis, 70 mil doentes. Nesta linha de pensamento, a equipa de investigadores de Coimbra considera que “estes estudos são importantes”, porque “mostram que os próprios hábitos podem influenciar a doença de Alzheimer, como acontece com as cardiovasculares”, como disse Cláudia Pereira, especialista interveniente neste estudo.
Salientando que a finalidade destes estudos é, invariavelmente, encontrar caminhos para o desenvolvimento de novos fármacos, Cláudia Pereira acredita que “poderá existir uma estratégia terapêutica para problemas associados à memória. A cafeína poderá ser um princípio activo no tratamento de doenças neurodegenerativas”. No Museu da Ciência de Coimbra, onde teve lugar a conferência «Quando a memória nos atraiçoa», a investigadora deu conta da sua convicção de que “uma dose diária de café retarda, de certo modo, o surgimento da doença”, frisando que têm vindo a ser feitos testes laboratoriais com ratos. Porque a perda de neurónios ocorre muito antes das primeiras manifestações da doença de Alzheimer, que normalmente têm lugar por volta dos 65 anos (conduzindo à morte dos pacientes num prazo de oito anos), Cláudia Pereira atesta a importância de perceber, tão rapidamente quanto for possível, os mecanismos da perda da memória associados à patologia.

Carla Teixeira
Fonte: Agência Lusa, Fábrica de Conteúdos, Universidade de Coimbra

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Prémio Crioestaminal para investigadora portuguesa

Mónica Bettencourt Dias desvendou o funcionamento do centrossoma; Moléculas decifradas poderão ser utilizadas no diagnóstico e tratamento de doenças

A identificação de moléculas que contribuem para a formação dos centrossomas - um trabalho com implicações no diagnóstico da infertilidade e do cancro - valeu à investigadora portuguesa Mónica Bettencourt Dias o Prémio Crioestaminal em Investigação Biomédica 2007.

"O trabalho de investigação [de Mónica Bettencourt Dias] revela informações importantes sobre a estrutura das células responsável pela infertilidade e pelo cancro, algo inédito no panorama científico", refere em comunicado a Associação Viver a Ciência (AVC), que atribuiu, esta semana, o prémio de incentivo científico no valor de 20 mil euros.

Segundo informa a nota, a jovem cientista identificou as moléculas que contribuem para a formação e função dos centrossomas - as estruturas que regulam o esqueleto e a multiplicação das células.

Cada uma das células do corpo humano tem apenas um centrossoma, mas em casos de doenças, como o cancro, há frequentemente muitos mais, apresentando uma estrutura alterada.

De acordo com o comunicado da AVC que o farmacia.com.pt teve acesso, o trabalho da investigadora - publicado em prestigiadas revistas como a «Nature», a «Science» e a «Current Biology» - “avançou no conhecimento das moléculas envolvidas na formação e função dos centrossomas e permite diagnosticar de forma precoce se elas apresentam alguma alteração associada a alguma patologia.”

Mónica Bettencourt Dias explicou que "o grupo está a investigar as novas moléculas envolvidas na formação do centrossoma, o que é muito importante, pois tanto a ausência como o excesso destas estruturas estão associados a doenças variadas."

Este prémio, para o incentivo do desenvolvimento de investigação em Portugal (no valor de 20 mil euros) é o terceiro que a jovem cientista do Instituto Gulbenkian de Ciência, em Oeiras, recebe nas últimas semanas.

Na passada semana, a investigadora de 33 anos, foi a primeira da Península Ibérica a receber o Prémio Europeu Eppendorf pelos seus estudos na área da multiplicação celular, um prémio atribuído anualmente a jovens cientistas europeus com trabalhos na área da biomedicina.

Na senda do reconhecimento que a comunidade científica portuguesa têm vindo, concomitantemente, a desenvolver, Mónica Bettencourt Dias recebeu ainda o Prémio Pfizer de Investigação Básica 2007, no valor de 20 mil euros, em conjunto com a investigadora Ana Rodrigues Martins, pelo projecto de investigação "Revisiting the role of the mother centriole biogenesis", desenvolvido em colaboração com as Universidades de Cambridge e de Siena.

No ano passado, o prémio o Prémio Crioestaminal em Investigação Biomédica distinguiu o jovem investigador Helder Maiato, do Instituto de Biologia Molecular e Celular do Porto, por um projecto relacionado com a compreensão da multiplicação celular.

É indubitável que uma das formas de prevenir o cancro é através do seu diagnóstico precoce. Neste sentido, ao identificar as moléculas envolvidas na formação e função dos centrossomas, poder-se-á investigar se elas estarão alteradas no cancro. Nesse caso, poderão servir de marcadores de diagnóstico e prognóstico do cancro.

Esclareceu mistério com mais de 100 anos

Recorde-se que, tal como noticiou oportunamente o farmacia.com.pt, o laboratório desta investigadora descobriu, em Maio, alguns dos mistérios da formação do centrossoma. Quase todas as células humanas têm uma espécie de torre de controlo, como nos aeroportos. Pouco antes de se dividirem, têm de fazer uma segunda torre de controlo para a nova célula. O que acontece, é que, até ao momento, pensava-se que a torre velha tinha de servir de molde para a nova.

Assim, a equipa de Mónica Bettencourt Dias descobriu que, afinal, essa construção faz-se a partir do nada — um avanço científico que pode dar pistas sobre o cancro e a infertilidade masculina. De referir que, as torres de controlo das células, (metáfora de Mónica Bettencourt Dias para designar os centrossomas) foram descobertas há mais de 100 anos, tendo, deste modo, a investigadora contribuido para esclarecer um mistério secular.

Raquel Pacheco

Fontes: comunicado da AVC/www.crioestaminal.pt/farmacia.com.pt

Organismo pode suspender cancro

Estudo comprova existência de fase em que o sistema imunitário mantém células cancerosas dormentes; novas terapias poderão advir da descoberta

À luz da comunidade científica há, sumariamente, três estados de desenvolvimento no processo de formação de cancro: iniciação, promoção, progressão. Entretanto, um novo estudo norte-americano publicado, este mês, na revista «Nature», sugere a existência de um outro: o de suspensão.

De acordo com a investigação - coordenada por Robert Schreiber, da Faculdade de Medicina da Universidade de Washington (FMW), nos Estados Unidos - neste novo estado as células são potencialmente nocivas, mas ainda estão proibidas de actuarem. “Quem as proíbe é o sistema imunitário que as mantém num estado de dormência e em equilíbrio. Aquelas que escapam, são as que acabam por se desenvolver como tumores”, explicou.

Segundo destaca a «Nature», o trabalho norte-americano identificou um “estágio crucial na batalha das células, um ponto no qual o mecanismo de defesa trava a expansão do cancro que conseguiu escapar à monitorização inicial feita pelo organismo.” A revista salienta ainda que o estudo poderá “ajudar no desenvolvimento de terapias para ampliar o equilíbrio e evitar a manifestação da doença.”

A equipa de Robert Schreiber, do Departamento de Patologia e Imunologia da FMUW usou ratinhos para mostrar que o sistema imunitário dos animais é capaz de manter o crescimento do tumor “em xeque” por um longo período: “É como se, de um lado, houvesse uma corda a ser puxada pelas células que se querem transformar em cancro e, do outro, pelo sistema imunitário”, clarificaram.

No artigo intitulado «Adaptive immunity mantains occult cancer in an equilibrium state», os investigadores informam, terem usado “um modelo animal de carcinogénese química primária”, relatando terem verificado que o equilíbrio ocorre. “Demonstrámos que células tumorais em equilíbrio não estão editadas [no sentido do arranjo genético], mas passam a estar quando escapam espontaneamente do controlo e crescem em tumores clinicamente aparentes.”

Explicar tumor próstata assintomático

Os cientistas acreditam ainda que o estado agora confirmado “deverá ajudar a explicar a presença de células cancerosas ocultas, especificamente, os tumores na próstata (em indivíduos que não apresentem sintomas da doença).

Outra esperança refere-se ao facto da descoberta poder abrir caminho a novos tratamentos. “Estamos convictos de que o estudo pode ser usado para o desenvolvimento de terapias imunológicas que permitam ampliar o controle do crescimento de tumores próprio do organismo”, afirmaram.

De referir que, estudos anteriores haviam sugerido a existência desse estado de equilíbrio, devido ao facto de que tipos dormentes de cancro costumam manifestar-se quando transferidos, inadvertidamente, de um determinado doador para um receptor com imunossupressão, durante transplante de órgão.

Raquel Pacheco

Fonte: http://www.nature.com/nature/journal/vaop/ncurrent/full/nature06309.html
Foto: DR

Mercado de vacinas deverá quadruplicar na próxima década

O mercado de vacinas pediátricas e para adolescentes deverá quadruplicar ao longo dos próximos dez anos, indica um relatório recente de análise ao sector que diz também que o Prevnar, uma vacina pneumocócica conjugada, desenvolvida pela Wyeth, deverá ser a primeira a assumir a liderança de vendas.

O sucesso do Prevnar, a primeira vacina aprovada para prevenir a infecção pelo Streptococcus Pneumoniae em crianças, é apontado pelo estudo da “Datamonitor” como o principal indício de que as vacinas de custos elevados destinadas aos adolescentes e às crianças têm grande probabilidade de aumentar a sua proeminência nas linhas de investigação das farmacêuticas.

As vendas globais desta vacina renderam, em 2006, 1,28 mil milhões de euros e, apesar das quatro doses necessárias custarem cerca de 215 euros, “este é um preço que tem sido aceite pelos governos devido ao perfil da boa relação custo-benefício”, referem os autores do estudo.
“A estratégia de preços da Wyeth abriu caminho a um aumento da tolerância dos produtos de preços elevados no sector das vacinas pediátricas”, acrescentam.

No ano passado, o sector das vacinas pediátricas e para adolescentes nos sete maiores mercados mundiais foi avaliado em cerca de 2,9 mil milhões de euros, porém, graças aos preços elevados recentemente cobrados por vacinas que prometem benefícios significativos para a saúde, o relatório da “Datamonitor” estima que este valor possa sofrer um aumento substancial, atingindo os 10,8 mil milhões de euros em 2016.

Os acontecimentos parecem vir ao encontro das previsões da “Datamonitor”. Um dos exemplos é a vacina da Merck contra o vírus do papiloma humano (HPV) que atrai cada vez mais a atenção dos consumidores, pondo sob pressão as autoridades de saúde para que disponibilizem a vacina às jovens adolescentes. A vacina rival, produzida pela GlaxoSmithKline, foi também recentemente aprovada em vários países e, apesar do custo de ambas ser bastante elevado, a vacinação contra o HPV tem vindo a ser recomendada na União Europeia e nos Estados Unidos da América (EUA).

Se é certo que actualmente as atenções estão concentradas nas vacinas contra o HPV, o Prevnar (aprovado nos EUA em 2000) foi a primeira vacina com estatuto de sucesso de vendas, tendo fomentado o desenvolvimento de outros candidatos a vacinas destinadas à protecção contra um espectro mais abrangente de serótipos da Streptococcus Pneumoniae.

Com a Wyeth e a GlaxoSmithKline a trabalharem em vacinas do género, a “Datamonitor” estima que o valor total do mercado de vacinas pneumocócicas pediátricas aumente para os 1,55 mil milhões de euros em 2016 nos EUA, Japão, França, Alemanha, Itália, Espanha e Reino Unido.

A meningite é outro dos sectores que apresenta grandes potencialidade de crescimento, salienta o relatório. Uma oportunidade particularmente lucrativa, de acordo com o trabalho, reside no desenvolvimento de uma vacina contra infecções por Neisseria meningitidis B.

No entanto, o estudo salienta também o facto de que nem todas as vacinas a preços elevados irão necessariamente obter a adesão invejável da vacina pneumocócica conjugada da Wyeth, ou das vacinas contra o HPV, pelo que é crucial que os produtores entendam que a chave para o sucesso reside na introdução do produto nos programas nacionais de vacinação.

Os produtores de vacinas precisam, por isso, “de se concentrar nas verdadeiras necessidades médicas bem como na melhoria da educação pública de forma a assegurar o sucesso comercial dos seus produtos”.

Marta Bilro

Fonte: DrugResearcher.com.

Cientistas descodificam genoma de estirpe de tuberculose resistente

Uma equipa constituída por cientistas norte-americanos e sul-africanos conseguiu descodificar o mapa genético de uma estirpe de tuberculose resistente à maioria dos medicamentos. O trabalho dos investigadores poderá ajudar a desenvolver novos e melhores tratamentos para combater a doença.

De acordo com os cientistas, a Mycobacterium tuberculosis, estirpe da doença cujo mapa foi desvendado, está relacionada ao surto de tuberculose que recentemente vitimou mais de 50 pessoas na província sul-africana de KwaZulu, em Natal. “A estirpe decifrada é responsável pela maioria dos mais de 300 casos de XDR identificados até agora” nessa região da África do Sul, afirmou Willem Sturm, decano da Escola de Medicina Nelson Mandela e um dos principais participantes na investigação.

O relatório que dá conta dos resultados da investigação refere que, segundo a análise inicial, existem escassas diferenças no ADN entre a bactéria resistente aos medicamentos (XDR) e as que são mais sensíveis. “A caracterização genética desta estirpe é essencial para o desenvolvimento dos instrumentos necessários no controlo desta epidemia”, salienta Sturm no relatório do Instituto Broad do Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT), que divulgou a descoberta.

A tuberculose é uma das doenças infecciosas mais mortais, sendo responsável pela morte de dois milhões de pessoas por ano, 98 por cento das quais em países em desenvolvimento. A crescente capacidade do microrganismo para iludir os tratamentos dificulta o controlo da doença. Para além disso, os métodos deficientes de diagnóstico dificultam a possibilidade de determinar se uma pessoa está infectada com a estirpe resistente aos medicamentos, o que atrasa a terapia adequada.

A gravidade da doença exige, por isso, a procura de novos métodos de diagnóstico e tratamentos, sublinhou Megan Murray, membro do Instituto Broad e professora da Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard. “Ao analisar os genomas de estirpes diferentes, podemos entender a forma como micróbio ilude os medicamentos actuais e como podemos desenhar novas terapias”, acrescentou.

A importância da descoberta na luta contra a doença justifica o facto de os cientistas terem decidido divulgar os resultados do seu trabalho antes da publicação em revista especializada. “É importante que os dados do genoma sejam postos de imediato à disposição dos cientistas, especialmente naquelas regiões mais afectadas pela doença”, afirmou Eric Lander, director do Instituto Broad.

Marta Bilro

Fonte: Diário Digital, Lusa, Reuters Africa, Portal da Saúde.

Infarmed alerta para circulação de preservativos falsificados

Estão em circulação no Reino Unido vários lotes falsificados de preservativos Durex Extra Safe, Durex Ribbed, Durex Performa, Durex Select, Durex Fetherlite, Durex Arouser e Durex Gossamer. De acordo com o Infarmed, que contactou os distribuidores oficiais, os lotes em causa não foram distribuídos em Portugal, porém, devido à livre circulação de dispositivos médicos no Espaço Económico Europeu, poderão ter chegado ao mercado nacional por vias paralelas.

Por não haver indicações de que os produtos em causa respeitam as normas apropriadas, a sua eventual utilização poderá trazer como consequência uma inadequada protecção contra as infecções sexualmente transmissíveis ou gravidez, alerta o Infarmed. Os consumidores que possam ter comprado os preservativos mencionados no quadro abaixo deverão, por isso, confirmar o número do lote e abster-se de os utilizar ou vender, devolvendo-os ao fornecedor e informando o Infarmed.

Quanto aos lotes originais disponibilizados no mercado com os códigos de lote envolvidos na falsificação, a SSL International, empresa responsável pelos preservativos Durex, refere que estes “provavelmente já não se encontram nos circuitos de comercialização, uma vez que foram distribuídos antes de Novembro de 2006”.

Nome do produto nas embalagens contrafeitas

Nº de lote impresso nas embalagens contrafeitas

Existência prévia do
produto original

Durex extra safe (3 unidades)

20604354

Sim

Durex ribbed (3 unidades)

20905271

Sim

Durex ribbed (3 unidades)

20904142

Sim

Durex ribbed (3 unidades)

299118

Não

Durex performa (3 unidades)

TGL4142

Sim

Durex select (3 unidades)

P4379

Sim

Durex fetherlite (3 unidades)

21405074

Sim

Durex arouser (3 unidades)

20906043

Não

Durex gossamer (3 unidades)

21405074

Não


Marta Bilro

Fonte: Infarmed.

GSK adquire Reliant Pharmaceuticals por 1,65 mil milhões de dólares

A britânica GlaxoSmithKline Plc (GSK), a principal farmacêutica europeia, anunciou a aquisição da companhia biotecnológica privada norte-americana Reliant Pharmaceuticals por 1,65 mil milhões, operação que se revelou uma das mais importantes para a farmacêutica em 2007.

Com este negócio a companhia britânica terá acesso a fármacos cardiovasculares, como o Lovaza (ésteres etílicos do ácido omega-3). A GSK necessita de novos medicamentos para compensar a diminuição das vendas de alguns dos maiores produtos, e após o Avandia (maleato de rosiglitazona), para o tratamento da diabetes, ter sido relacionado com a ocorrência de ataques cardíacos.

O Lovaza amplia o perfil em crescimento da GSK, na área das doenças cardiovasculares. No ano passado, dos lucros na ordem dos 20 mil milhões de libras da GSK, aproximadamente 1,64 mil milhões de libras foram provenientes dos fármacos cardiovasculares.

O Lovaza é utilizado em adultos com níveis muito elevados de triglicerídeos, substâncias gordas no sangue que aumentam o risco de doenças coronárias. As vendas do tratamento atingiram os 206 milhões de dólares nos primeiros nove meses de 2007.

Além do Lovaza, a Reliant também comercializa o Rythmol SR (propafenona), um tratamento para ritmos cardíacos anormais, e também o DynaCirc CR (isradipina) e o InnoPran XL (propranolol), dois fármacos para a hipertensão. A GSK afirmou que o seu principal interesse era o Lovaza, que a companhia pretende vender junto ao seu principal fármaco cardíaco, o Coreg CR (carvedilol), nos Estados Unidos.

Espera-se que a aquisição seja completada até ao final de 2007, estando sujeita à aprovação da Comissão Federal para o Comércio dos Estados Unidos.

Isabel Marques

Fontes: www.networkmedica.com, Bloomberg, Reuters

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

REPORTAGEM: Sites sobre saúde trazem inegáveis benefícios

Internet pode ser útil para tratar dor crónica e permite aproximar doente do profissional de saúde

A Internet como fonte de informação e esclarecimento sobre saúde e doenças está a ganhar terreno. Os dados disponibilizados fazem prova desta realidade. No caso europeu, foi revelado que, de um modo geral, “os indivíduos valorizam a informação de saúde que lhes chega via online.” Um outro estudo sueco aponta o benefício desde canal no tratamento da dor crónica…

A massificação do uso da internet e a exploração crescente e positiva de sites sobre Saúde trouxe inegáveis facilidades e benefícios para a população, especificamente, ao permitir o acesso a informações variadas, a consultas de aconselhamento online, às últimas inovações terapêuticas, a avanços no diagnóstico e condução de doenças, tal como os medicamentos e produtos mais recentes.

Tal como divulgou oportunamente o farmacia.com.pt num artigo intitulado «Um novo Mundo de oportunidades!», os europeus classificam este canal, em termos de importância, “num nível semelhante ao das enciclopédias e livros, da família, dos amigos e até das farmácias”, destacando que a Internet apresenta-se não só como “uma fonte de informação prioritária para os consumidores”, mas também, “uma ferramenta revolucionária para a indústria farmacêutica, já que permite que o paciente encontre o profissional sempre que procura por ele.”

Considerada como o suporte “mais interactivo, profundo e rico em informação”, torna-se, assim, irreversível não encarar esta ferramenta como um complemento a qualquer actividade de saúde, nomeadamente, através dos sites de saúde que proliferam mais do que nunca, assim como, os seus consumidores. Exemplo disso é o farmacia.com.pt que, desde o início da semana (dia 19), já registou quase 10 mil visitas.

«e-farm@cia» é outro espaço online de destaque no panorama nacional. Dedicado ao aconselhamento farmacêutico, o principal objectivo deste site é a promoção da saúde e do uso racional do medicamento, bem como, prestar toda a informação necessária ao esclarecimento e aconselhamento dos utilizadores de medicamentos.

De acordo com um estudo publicado na revista «International Journal of Rehabilitation Research», um investigador sueco da Uppsala University, avaliou um programa da internet, que orienta a reabilitação de doentes portadores de dor crónica e/ ou síndrome do esgotamento profissional (burnout).

O programa teve a duração de 20 semanas, e baseou-se em 19 filmes acerca de diferentes temas relacionados a práticas que garantam melhora da capacidade produtiva, reabilitação profissional e incremento nos indicadores de saúde individual, sendo que, durante o mesmo período, o mesmo número de participantes (25) recebeu terapia convencional.

Segundo noticiou a revista, após um ano da participação no programa online, 25 indivíduos responderam a um questionário sobre a sua condição actual no trabalho. “Os resultados apresentados indicaram que a complementação da terapia através do programa de reabilitação oferecido pela internet resultou na melhora da capacidade produtiva em 52% dos participantes, em comparação com apenas em 13% dos que receberam somente o tratamento convencional.”

Neste sentido, o investigador sueco concluiu que “o programa de reabilitação (fornecido pela Internet) para complementação do tratamento de indivíduos portadores de dor crónica ou da síndrome de burnout, é útil garantindo um incremento da capacidade de laboração dessas pessoas.”

Cybercondríaco

No entanto, por norma, não há prós sem contras. Ao que o farmacia.com.pt conseguiu apurar, para um hipocondríaco não há nenhuma diferença entre uma consulta médica de 15 minutos e aceder a um site que lhe abre um leque de informações variadas e completas sobre todas as doenças que se possa imaginar.

“Nenhum dos dois – médico ou internet – resolve o problema destes doentes, que, mesmo com a informação, não se acalma”, considerou o psiquiatra Marcelo Feijó de Mello, coordenador do Programa de Atendimento a Vítimas de Violência e Stresse da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), desdramatizando: “A doença do ‘antigo’ hipocondríaco ou do ‘novo’ cybercondríaco é a certeza de que tem alguma patologia grave.”

Entretanto, um outro estudo feito pela empresa Harris Interactive, nos Estados Unidos, em 2006, constatou que cerca de 160 milhões de internautas já usaram a web para pesquisar sobre saúde - um número que, segundo os investigadores – terá crescido 37% no último ano.

Em declarações ao Jornal da Tarde (São Paulo), Miguel (nome fictício) afirmou ter um vasto conhecimento sobre medicina, “adquirido na internet e em revistas especializadas”, rematando, porém, que “não é todo o médico que aceita o paciente 'sabichão'. Eu sei que alguns se incomodam com o meu vasto conhecimento sobre medicina, com as perguntas e as confrontações que faço. Às vezes, aparento saber mais do que eles” ironizou, rematando não se considerar hipocondríaco, mas sim, “hipervigilante”.

Raquel Pacheco

Fonte: International Journal of Rehabilitation Research/Jornal da Tarde/Agência Estado/farmacia.com.pt/ e-farm@cia
Economista vê vantagens do fim da reserva para farmacêuticos
Ainda a propriedade das farmácias…


Pedro Pita Barros é economista, professor catedrático e autor de diversos estudos na área da Economia da Saúde. Na sua mais recente investigação, «Propriedade das farmácias – Mitos e argumentos», apresentada na Assembleia da República no passado mês de Outubro, considera que o abandono da reserva de propriedade de farmácias para os farmacêuticos encerra oportunidades que compensam os riscos. O farmacia.com.pt analisa um documento que promete ser polémico…

No estudo sobre os possíveis impactos da alteração introduzida pelo regime jurídico das farmácias de oficina (que se encontra em vigor desde o final de Outubro), a que o farmacia.com.pt teve acesso, e que foi apresentado aos deputados portugueses no dia 23 do mês passado, Pedro Pita Barros percorre toda a argumentação contra e a favor da medida, analisando os argumentos de vários entidades com relevo no sector, como a Associação Nacional de Farmácias, a Ordem dos Farmacêuticos, a Autoridade da Concorrência, o próprio Ministério da Saúde, os deputados da Nação e os partidos políticos, os juristas, os profissionais de Farmácia e a população em geral.
Da análise de todos os argumentos, o catedrático da Universidade Nova de Lisboa conclui que a separação da direcção técnica da propriedade da farmácia tem como vantagem a possibilidade de uma maior inovação organizacional, considerando que “ao abrir o leque de potenciais proprietários abre-se lugar a uma maior inovação”. A principal desvantagem aferida pelo autor nessa opção – o risco de conflitos entre o proprietário e a direcção técnica do estabelecimento de dispensa de medicamentos – pode, segundo Pita Barros, transformar-se numa vantagem, ao permitir “clarificar os conflitos éticos”. Do ponto de vista estritamente económico, o especialista refere a existência de um argumento para cada lado: contra, o facto de se criar uma maior instabilidade profissional para os farmacêuticos; a favor, a circunstância de se criar uma margem alargada para o surgimento de serviços e modos de organização que beneficiem os consumidores.

Apresentação em Coimbra
Semanas depois de o ter apresentado aos deputados, Pedro Pita Barros defendeu há dias o seu estudo numa sessão realizada numa unidade hoteleira de Coimbra, seguida de um debate aberto a perguntas da assistência. Nesse encontro, o autor de «Propriedade das farmácias – Mitos e argumentos» explicou que o documento teve como principal objectivo “perspectivar o problema do abandono da reserva de propriedade das farmácias do ponto de vista económico”, tendo fundamentalmente em conta o facto de que a actividade desenvolvida na farmácia passa pela dispensa de medicamentos e pelo aconselhamento aos utentes, consistindo a primeira numa “actividade standard”, e a segunda numa “actividade específica para cada doente”. Nessa linha, lembrou que “ambas as actividades têm de ser geridas”, mas vincou a necessidade de “perceber até que ponto essa gestão obriga a que a propriedade do estabelecimento seja detida por um farmacêutico”.
E o que Pita Barros concluiu nesse aspecto foi que, “do ponto de vista económico, faz todo o sentido a separação da direcção técnica da propriedade”, para que “cada um se concentre naquilo para que tem formação específica”. No culminar de uma extensa lista de argumentos pró e contra a medida, o investigador frisou que “todas as decisões têm riscos e oportunidades”, mas defendeu a ideia de que “abandonar a reserva de propriedade apresenta oportunidades que compensam os riscos”. Do lado oposto da barricada, o farmacêutico Vladimiro Jorge Silva, também orador na sessão de Coimbra, tentou demonstrar “uma posição de princípio contra a abertura da propriedade das farmácias a não farmacêuticos”. De acordo com uma notícia do «Diário de Coimbra», o profissional abordou o “conflito básico entre economistas e farmacêuticos”, em que uns privilegiam a “vertente económica”, visando uma “maior rentabilidade no maior tempo possível”, e os outros “preocupam-se com aspectos relacionados com a saúde pública”, justificando assim a sua oposição à medida.

Carla Teixeira
Fonte: «Diário de Coimbra», estudo de Pedro Pita Barros, site do autor
Especialistas debateram «Inovação farmacêutica» em Viseu
Custo elevado inviabiliza aposta na investigação


O volume de novos produtos surgidos no mercado farmacêutico europeu tem vindo a sofrer um decréscimo considerável ao longo dos últimos anos. Para o presidente da Associação Portuguesa de Indústria Farmacêutica (Apifarma), “uma das razões” para que tal aconteça é a “escalada dos custos da investigação”, processo exigente e demorado, mas que tem vindo a ser condicionado pelo factor económico. Partilhar riscos poderá ser a resposta para o problema…

No âmbito de uma conferência internacional dinamizada na cidade de Viseu, sob a égide da presidência portuguesa da União Europeia, e que se subordinou ao tema «Inovação farmacêutica: uma nova estratégia de Investigação e Desenvolvimento na UE», e que serviu de pano de fundo a uma discussão entre os vários agentes do sector farmacêutico em Portugal, João Almeida Lopes lamentou que “o número de novos produtos no mercado europeu tenha diminuído ao longo dos anos” e apontou o preço da aposta na pesquisa de novas fórmulas e moléculas. O responsável disse ainda que “nestas matérias há que procurar soluções conjuntas”, preconizando que deverá existir um aprofundamento do “modelo de risco partilhado em todas as fases do processo de desenvolvimento do medicamento”.
Representando o Governo no encontro, que definiu como parte de “uma marca que a presidência portuguesa deixa” naquela área, o secretário de Estado da Saúde foi peremptório na sua convicção de que, “de forma discreta”, o conceito defendido por João Almeida Lopes, da responsabilidade partilhada, “tem vindo a ser desenvolvido em Portugal, em alguns casos por intermédio de um mecanismo que diz respeito a contratos com empresas, nomeadamente com o Ministério da Saúde, e através do Infarmed, no momento de introdução do medicamento” no mercado, asseverando que se trata de “definir à partida quais são as responsabilidades mútuas e quais os limites de utilização desses novos medicamentos”. No final do encontro Francisco Ramos considerou que, tendo por base a discussão mantida em Viseu, é “evidente que vale a pena aprofundar mais o conceito”.
Opinião semelhante foi expressa, no âmbito da mesma reunião, pelo presidente da Autoridade Nacional do Medicamento e dos Produtos de Saúde (Infarmed). Vasco Maria considerou que “o modelo é possível”, e acrescentou mesmo, tal como tinha defendido o secretário de Estado, que “de alguma maneira essa responsabilidade partilhada e esse risco já estão a ser assumidos quando há um financiador público disposto a colaborar com a investigação”. Na opinião daquele responsável, “haverá muitas áreas em que esse risco partilhado vai expressar-se”, argumentando que na fase posterior à investigação, quando os medicamentos já estiverem disponíveis no mercado, também será possível aplicar aquele modelo.
Em declarações à Agência Lusa à margem do encontro, Vasco Maria avisou, no entanto, que aqueles medicamentos “continuarão a ser muito caros à chegada ao mercado”, defendendo a necessidade de os governos assumirem também a sua quota parte de responsabilidade, no sentido de viabilizarem o acesso dos doentes àqueles fármacos. “Nessa perspectiva – reiterou – continuaremos a ter esse risco partilhado, mesmo depois de os medicamentos chegarem ao mercado”. Para Vasco Maria, a conferência dinamizada pela presidência portuguesa da União Europeia em Viseu permitiu concluir que “há a necessidade de concertar esforços no sentido de promover a inovação farmacêutica e de pôr novamente o sector farmacêutico na Europa na posição cimeira que já ocupou”.

Carla Teixeira
Fonte: Agência Lusa, presidência portuguesa da União Europeia

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Antonio Sacristán Boisán - Novo director da Cinfa Portugal

A filial lusa é o segundo laboratório com maior crescimento em Portugal no primeiro semestre de 2007

Antonio Sacristán Boisán incorporou os Laboratórios Cinfa como novo director de Cinfa Portugal, filial comercial da empresa espanhola no nosso país. O novo director substitui Marcos Pozo Caballero, que assumirá a gestão do Departamento de Inteligência de Mercado na sede central do laboratório.

Antonio Sacristán encarregar-se-á de consolidar a posição de liderança da Cinfa no mercado português de medicamentos genéricos, onde no primeiro semestre deste ano se tornou no segundo laboratório com maior crescimento.

O novo director de Cinfa Portugal, licenciado em Farmácia pela Universidade Complutense de Madrid, e com dois mestrados, um em Administração de Empresas e outro em Marketing Farmacêutico, ocupou durante os últimos três anos o posto de director comercial do grupo PRIM na divisão de fisioterapia, reabilitação e hidroterapia. Anteriormente, foi gestor de vendas nos Laboratórios Abbott, e também chefe de delegação dos Laboratórios Atom.


Isabel Marques

Fontes: PMFarma

Biogen Idec e Neurimmune Therapeutics desenvolvem anticorpos para Alzheimer

A norte-americana Biogen Idec e a companhia biotecnológica alemã Neurimmune Therapeutics AG entraram num acordo mundial de desenvolvimento e comercialização de um novo tipo de anticorpos humanos para o tratamento da doença de Alzheimer.

A cooperação irá focalizar-se no desenvolvimento de anticorpos que se ligam à amilóide beta, uma molécula que é considerada a causa da neurodegeneração e perda de funções cognitivas em pacientes com Alzheimer. Actualmente, não existem terapias aprovadas para a Alzheimer para atrasar ou parar a progressão da doença.

A Neurimmune irá conduzir a investigação para identificar potenciais anticorpos terapêuticos, utilizando a plataforma “Reverse Translational Medicine” (RTM) da companhia. A Biogen Idec, actualmente em processo de venda, irá ser responsável pelo desenvolvimento e comercialização de todos os produtos. A Neurimmune poderá receber um valor agregado de 380 milhões de dólares em pagamentos iniciais e baseados no sucesso dos objectivos atingidos, assim como regalias, num valor não revelado, decorrentes das vendas de qualquer um dos produtos.

Isabel Marques

Fontes: www.networkmedica.com, CNNMoney
Presidente do Infarmed esclarece compra de medicamentos inovadores

“Não se trata de poupar, mas sim de utilizar os recursos adequadamente”


Não há condicionamentos económicos no que diz respeito à compra de medicamentos inovadores. A garantia foi dada pelo presidente do Infarmed, Vasco Maria, que afirma que houve uma interpretação incorrecta das suas declarações numa entrevista recente, noticia a Rádio Renascença.

De acordo com o responsável, o importante é racionalizar recursos sem prejudicar os utentes. “Nunca utilizei a palavra poupança e penso que isso, de facto, é fundamental, porque não se trata de poupar, mas sim de utilizar os recursos adequadamente”, afirmou Vasco Maria, citado pela Renascença.

Não se trata de racionar a utilização dos medicamentos, mas antes de racionalizar a sua utilização, esclarece o presidente do Infarmed, frisando que “são coisas completamente diferentes”. O que se pretende “é de facto garantir que os recursos são investidos nos medicamentos que têm um melhor perfil de eficácia, segurança e de valor terapêutico acrescido para os doentes”, sustenta.

Marta Bilro

Fonte: Rádio Renascença.

Farmácias não cumprem número mínimo de farmacêuticos por estabelecimento

Na maioria dos distritos portugueses a média de farmacêuticos por cada farmácia é inferior a dois, o número mínimo estabelecido por lei. De acordo com o estudo ‘Recursos Humanos Farmacêuticos 1997-2006’, do Centro de Estudos da Associação Nacional das Farmácias (ANF), cujos dados foram divulgados esta segunda-feira, nos distritos de Portalegre e Beja regista-se a média mais baixa a nível nacional, com menos de 1,5 farmacêuticos por cada estabelecimento.

As farmácias do interior do país são as que mais sobressaem nas estatísticas no que diz respeito ao cumprimento do número mínimo de farmacêuticos nos seus quadros técnicos. Segundo explicou João Paulo Vaz, do Centro de Estudos da ANF, este factor poderá dever-se à falta de capacidade económica para cumprir a lei em vigor. “Existem farmácias que não comportam a obrigatoriedade de dispor de dois farmacêuticos porque não têm condições (económicas) para admitir nos seus quadros mais um profissional, como obriga a lei. São farmácias em meios mais isolados e em localidades que vão perdendo população”, afirmou o responsável citado pelo Correio da Manhã.

A esta condicionante acresce ainda o facto dos farmacêuticos proprietários de farmácias de regiões mais isoladas terem dificuldade em cativar profissionais mais jovens para se fixarem nessas regiões. Estes casos “terão de ser avaliados (pelo Governo) porque a legislação não é facilmente generalizável”, alertou o responsável.

A situação agrava-se ainda mais em algumas ilhas açorianas, como é o caso das Flores e de Santa Maria, onde há apenas um farmacêutico por cada farmácia.

Em 2000 existiam em Portugal 2552 farmácias, comparativamente às 2762 registadas em 2005. Face à recente aprovação da lei da propriedade das farmácias, deverão continuar a surgir novos estabelecimentos, chegando aos 3000 nos próximos anos. O novo panorama deverá criar diminuições nas margens de lucro, uma situação que as farmácias terão de enfrentar compensando noutras áreas “como a gestão de artigos, recursos humanos, compras e gestão do espaço da farmácia”, afirmou João Paulo Vaz.

Mulheres estão em maioria

Nas farmácias de oficina são as mulheres que estão em maioria, representando 80 por cento do número de profissionais. Os dados do relatório indicam que dos 6021 farmacêuticos que existiam em 2006, 4791 eram mulheres e apenas 1230 homens.

O número de profissionais farmacêuticos cresceu 58 por cento na última década, passando dos 3792 em 1997 para os 6021 em 2006. Os dados indicam ainda que tem vindo a diminuir a idade média dos farmacêuticos que trabalham nas farmácias, situando-se actualmente nos 41 anos, face aos 45 anos registados há dez anos.

Marta Bilro

Fonte: Correio da Manhã.

Celgene adquire Pharmion por 1,97 mil milhões de euros

A farmacêutica norte-americana Celgene chegou a acordo com vista à aquisição da Pharmion, por 1,97 mil milhões de euros (2,9 mil milhões de dólares) em dinheiro e acções. De acordo com um comunicado emitido pelo laboratório, os accionistas da Pharmion vão receber 72 dólares por acção, um prémio de 46 por cento face ao valor de fecho dos seus títulos na última sexta-feira.

"A compra da Pharmion é uma estratégia excepcional pois encaixa no nosso papel de líder em hematologia e oncologia", referiu o presidente e director-executivo da Celgene, Sol J. Barer, salientando que a empresa resultante da combinação “vai elevar o potencial terapêutico e comercial dos produtos da Pharmion”.

O negócio já recebeu aprovação dos Conselhos de Administração de ambas as empresas e aguarda apenas autorização por parte das entidades reguladoras da concorrência nos EUA e na Europa.

A Pharmion concentra a sua actividade no desenvolvimento e aquisição de produtos para tratamento de doenças do sangue e cancro enquanto a Celgene é especialista na produção de medicamentos para o tratamento da leucemia. Com a concretização do negócio a Celgene garante acesso ao Vidaza (Azacitidine), um medicamento para tratar o mieloma múltiplo, aumentando assim a sua linha de linha de produtos, da qual já fazem parte o Revlimid (Lenalidomida), um rival do Vidaza, e o Thalomid (Talidomida).

Fonte: Diário Económico, CNN Money, Market Watch.

Recolha voluntária de lote de Osmofundina

Presença de um corpo estranho numa embalagem obriga a suspender comercialização

O laboratório B. Braun Medical está a proceder à recolha no mercado nacional do lote 4164B11, validade 03/2009, do medicamento Osmofundina (Manitol + Sorbitol) concentrada Braun 20%. Em causa está a detecção de um corpo estranho de cor negra, em suspensão na solução injectável, revela a Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed), numa nota emitida esta terça-feira.

Na circular informativa de carácter “muito urgente” o Infarmed ordena a suspensão imediata da comercialização do referido lote de Osmofundina concentrada Braun 20% (Manitol e Sorbitol), Solução injectável, frasco de vidro branco 250ml, Lote 4164B11 e Prazo Validade 03/2009 com registo de AIM n.º 3968583, uma vez que a substância detectada numa embalagem daquele medicamento, “poderá apresentar risco para a saúde dos utilizadores”.

Marta Bilro

Fonte: Infarmed.

Reino Unido, Alemanha e Áustria suspendem vendas do Prexige

As vendas do anti-inflamatório não esteróide (AINE) Prexige (lumiracoxib), da suíça Novartis, foram suspensas no Reino Unido, na Alemanha e na Áustria devido a preocupações de segurança relativas a possíveis danos no fígado.

A agência reguladora dos medicamentos no Reino Unido (MHRA, sigla em inglês) revelou que uma revisão dos últimos dados referentes à segurança do Prexige demonstrou um aumento do número de reacções graves no fígado. Em alguns casos, estes pacientes afectados tomaram o fármaco durante menos de um mês.

O Prexige foi encarado inicialmente como um importante futuro blockbuster para a Novartis. Contudo, o fármaco, um inibidor da cicloxigenase-2 (COX-2), tem estado sob uma sombra desde a retirada do fármaco semelhante da Merck & Co Inc, o Vioxx (rofecoxib), em 2004, o que acentuou a perscrutação dos fármacos da classe. A suspensão, que segue uma acção semelhante na Austrália e no Canadá, revela-se um golpe nas aspirações da Novartis de que o fármaco poderia atingir vendas significativas.

O Prexige está disponível em alguns países europeus, após ter conseguido a aprovação em Outubro de 2006. Além da Grã-Bretanha, Alemanha e Áustria, também é comercializado em Portugal, na Bélgica, no Chipre, na Hungria, em Malta e na Suécia.

A Novartis afirmou que é possível que outros países europeus venham a decidir suspender o fármaco, enquanto a Agência Europeia de Medicamentos (EMEA) conduz uma revisão reguladora. Espera-se que a agência tome uma decisão em Dezembro.

Apesar de ter sido aprovado na Europa e em alguns outros países, o Prexige não foi aprovado para ser comercializado nos Estados Unidos, e a agência norte-americana que regula os medicamentos (FDA) emitiu uma carta de não aprovação para o fármaco em Setembro.

A Novartis irá continuar as conversações com as autoridades de saúde relativamente ao futuro do fármaco, acrescentando que continua a acreditar que o Prexige é uma importante opção de tratamento para pacientes com sintomas dolorosos da osteoartrite, e que apresenta um rácio de benefício/risco positivo quando utilizado nos pacientes apropriados.

Isabel Marques

Fontes: Reuters, www.ft.com

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Merck & Co e Nicholas Piramal India juntas para desenvolver fármacos oncológicos

A companhia norte-americana Merck & Co Inc e a Nicholas Piramal India Ltd entraram num acordo para a descoberta e desenvolvimento de dois fármacos oncológicos. Segundo o acordo, a Nicholas Piramal irá ser responsável pelo programa de descoberta de fármacos até à altura da fase final dos ensaios clínicos em humanos, e a Merck irá avançar os fármacos candidatos mais promissores na última fase dos ensaios clínicos, e posteriormente comercializá-los.

A Nicholas Piramal irá ser elegível para pagamentos quando forem atingidos objectivos, na ordem dos 175 milhões de dólares por alvo, à medida que os fármacos forem sendo desenvolvidos, e regalias sobre as vendas de qualquer fármaco resultante da colaboração.

A unidade de investigação e desenvolvimento da Nicholas Piramal tem estado a trabalhar no desenvolvimento de diversas novas moléculas para o cancro e outros tratamentos. Segundo o analista da Angel Broking, em Mumbai, Sarabjit Kaur Nangra, a Nicholas tem uma boa base de dados de produtos oncológicos, pelo que não se prevê uma saída de fundos (em investigação inicial e desenvolvimento) num período próximo.

Isabel Marques

Fontes: www.networkmedica.com, Reuters, www.marketwatch.com

CHMP recomenda Humira como tratamento para a psoríase

O Comité de Medicamentos de Uso Humano (CHMP), da Agência Europeia de Medicamentos (EMEA), emitiu uma opinião positiva onde recomenda a aprovação do Humira (adalimumab), da Abbott Laboratories, para tratar a psoríase em placas moderada a grave. A Comissão Europeia deverá tomar uma decisão relativamente à indicação para a psoríase nos próximos 60 dias.

A opinião positiva baseia-se principalmente nos dados de dois ensaios clínicos aleatórios, em adultos com a doença, que demonstraram que os pacientes que tomaram o Humira atingiram uma redução significativa da gravidade da psoríase, em comparação com os que tomaram placebo. O fármaco está delineado para bloquear factor de necrose tumoral, uma proteína no organismo que provoca inflamação.

A agência norte-americana que regula os medicamentos (FDA) está actualmente a rever o Humira como indicação para a psoríase. O fármaco já está aprovado, nos Estados Unidos e na União Europeia, para a artrite reumatóide, artrite psoriática, doença de Crohn e espondilite anquilosante. Caso o fármaco seja aprovado para a psoríase esta será a quinta indicação do medicamento.

Isabel Marques

Fontes: First Word, Bloomberg, Forbes

Protelos e Osseor associados a risco de eosinofilia

EMEA recomenda inclusão de novas advertências

A Agência Europeia de Medicamentos (EMEA) está a recomendar a inclusão de advertências relativas ao risco de reacções adversas graves de hipersensibilidade no Resumo das Características do Medicamento e no Folheto Informativo do Protelos e do Osseor (Ranelato de estrôncio), dois medicamentos utilizados no tratamento da osteoporose em mulheres pós-menopausicas. A medida surge depois de terem sido notificados 16 casos de eritema com sintomas sistémicos de eosinofilia em doentes tratadas com Protelos/Osseor, dois dos quais fatais.

De acordo com uma circular informativa divulgada pela Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed), os fármacos são utilizados na redução do risco de fracturas vertebrais e do colo do fémur, em mulheres com osteoporose na pós-menopausa e a natureza do tratamento obriga ao uso prolongado dos mesmos, sendo que a dose diária recomendada é uma saqueta de 2 g.

“Até à data, foram notificados 16 casos de eritema com sintomas sistémicos de eosinofília (DRESS – Drug Rash with Eosinophilia Systemic Symptoms) em doentes tratadas com Protelos/Osseor, dois dos quais fatais, após uma exposição mundial de cerca de 570.000 doentes/ano”, adverte o Infarmed.

O sindroma de DRESS é uma condição rara mas grave, a qual pode pôr a vida em risco. As reacções adversas graves notificadas ocorreram 3 a 6 semanas após o início do tratamento, com o aparecimento de eritema cutâneo, acompanhado de febre, aumento das glândulas, elevação do número de leucócitos no sangue e efeitos a nível hepático, renal e pulmonar.

Tendo em conta uma avaliação dos dados disponíveis, o Comité de Medicamentos de Uso Humano (CHMP) da EMEA “concluiu que a utilização de Protelos/Osseor está associada a um risco aumentado de Sindroma de DRESS e dada a gravidade deste sindroma era necessário agir de imediato”.

O CHMP recomendou, por isso, a actualização da informação de segurança destes medicamentos, para incluir advertências sobre sindromas de hipersensibilidade grave, incluindo síndrome de Dress e Stevens Johnson. Caso se deparem com o surgimento de algum sintoma associado ao sindroma de Dress, como é o caso do eritrema, as mulheres em tratamento com Protelos/Osseor são aconselhadas a parar de imediato a toma dos mesmos e a procurar aconselhamento médico, sendo que, “nestes casos o medicamento não deverá ser reintroduzido”, indica o Infarmed.

A monitorização dos medicamentos em causa irá continuar a ser acompanhada pelo CHMP que tomará as medidas apropriadas caso surjam novas informações.

Marta Bilro

Fonte: Infarmed.

Há falta de política de investimento em medicamentos inovadores

Aprovações estão dependentes de controlo na despesa dos hospitais

Não há uma política de investimento na área dos medicamentos inovadores o que faz com que as autorizações do Infarmed para este tipo de fármacos estejam dependentes de um maior controlo na despesa dos hospitais, afirmou o presidente da autoridade nacional do medicamento, Vasco Maria, em declarações à TSF.

Apesar destes medicamentos terem “vantagens terapêuticas para os doentes”, os seus “preços são muito elevados”, salientou o responsável, admitindo que a autorização de medicamentos inovadores para uso em hospitais está dependente de critérios que têm em conta um maior controlo na despesa dos estabelecimentos hospitalares.

De acordo com Vasco Maria, é preciso que o Estado faça “uma avaliação criteriosa desses medicamentos”, sendo evidente que, para investir neles “tem de haver uma garantia de que os resultados esperados realmente justificam os preços que se tem de pagar”.

No entanto, o responsável assume que a política de investimento na área escasseia, particularmente no que diz respeito à criação de “apoios, financiamento ou inclusive algumas condições favoráveis nomeadamente a nível de impostos”. Vasco Maria defende, por isso, um novo modelo de financiamento que funcione através de parcerias entre a indústria farmacêutica e os centros de investigação com incentivos do Governo.

Este ano deram entrada no Infarmed 16 pedidos de avaliação de medicamentos inovadores, sendo que, até ao momento, foram apenas autorizados dois, ambos na área do tratamento oncológico. Em fase final de avaliação está ainda um terceiro fármaco destinado ao tratamento do VIH/SIDA.

Marta Bilro

Fonte: TSF.

Fármacos oncológicos: Só serão dispensados nas farmácias os que os doentes já tomam em casa

Os medicamentos oncológicos e anti-retrovirais, cuja dispensa está exclusivamente a cargo dos hospitais, vão ser repartidos por três categorias, passando apenas para as farmácias de oficina aqueles que hoje os doentes já tomam sozinhos, em sua casa, avança a edição desta segunda-feira do Diário de Notícias. Numa entrevista concedida àquele jornal, o presidente do Infarmed, Vasco Maria, assegura que não há motivos que justifiquem a polémica em torno do assunto e que tal sucede apenas “por desconhecimento”.

De acordo com o responsável pela Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, a medida do Governo não vai alterar os custos destes fármacos, uma vez que será proposta às farmácias uma nova modalidade de pagamento que, em vez de receberem por margem de lucro, vão receber por acto farmacêutico. A solução vai evitar encargos avultados para o Estado, visto que o sector engloba alguns dos medicamentos mais caros, representando cerca de 350 milhões de euros.

Actualmente, com a dispensa deste tipo de fármacos através das farmácias hospitalares, os mesmos não estão sujeitos à margem de lucro da distribuição, que ascende aos 25 por cento. O mesmo vai acontecer no futuro, visto que o que se propõe é que as farmácias recebam um valor fixo por embalagem dispensada aos doentes e não por uma percentagem sobre o preço de venda."Se, por exemplo, um medicamento custa mil euros, pelo simples facto de dispensar uma embalagem, a farmácia recebia logo 200 euros. Isto não faz sentido. Porque não fazer um pagamento por acto, se ambas as partes estiverem de acordo?", explica Vasco Maria.

Segundo afirma o presidente do Infarmed, o objectivo da medida passa por facilitar e aumentar o acesso dos doentes aos fármacos, evitando que tenham que deslocar-se ao hospital para os poderem obter. Para o responsável, as críticas de perigo para a saúde pública são uma questão de pouca relevância e o caso dos antiretrovirais (HIV) é até o mais simples.

"Tem havido uma confusão enorme. Diz-se que vai haver resistências, ausência de controlo sobre quem toma e quem não toma... É importante perceber que estes doentes são seguidos numa consulta externa, a seguir vão à farmácia do hospital e, mediante receita, levam o medicamento e tomam-no em casa. Não há toma presencial. Qual é a diferença entre adquirir o medicamento na farmácia do hospital ou noutra farmácia qualquer? Nenhuma.", conclui. Para além disso, é importante separar a receita (que continua a ser controlada pelo hospital, numa consulta de especialidade), da venda, frisou.

Já no caso dos anti-cancerígenos a situação muda de figura. Muitos destes medicamentos precisam ser tomados "num contexto protegido, porque muitos são de administração intravenosa e devem estar sob observação médica permanente". "A questão não é onde é dispensado o remédio, mas onde ele é administrado", explicou o responsável.

Através do estudo que está a ser levado a cabo pelo Infarmed vão ser definidos três grupos de fármacos, tendo em conta a toma presencial, a complexidade da administração e os efeitos adversos graves que podem acontecer durante a administração. A partir daqui será ainda feita outra separação, de um lado ficam os medicamentos que continuam unicamente no hospital, do outro aqueles que podem ser dispensados nas farmácias desde que o doente esteja inscrito numa consulta de especialidade, seja seguido regularmente e haja um registo. Haverá ainda um terceiro grupo com possibilidades de transitar para as farmácias sem medidas adicionais de controlo, estando esta opção dependente da discussão dos especialistas.

Marta Bilro

Fonte: Diário de Notícias.

domingo, 18 de novembro de 2007

Transacção no valor de 164 milhões de dólares para 2008
Pfizer pretende adquirir Coley Pharmaceutical


A multinacional norte-americana Pfizer, a maior empresa do sector farmacêutico a nível mundial, anunciou na passada sexta-feira um acordo para a compra da Coley Pharmaceutical, biofarmacêutica especializada no desenvolvimento de vacinas e medicamentos usados no tratamento de diversos cancros, alergias e asma.

A transacção, avaliada em 164 milhões de dólares – resultantes do pagamento de oito dólares por acção –, deverá ser concluída no início do próximo ano, informou a multinacional em comunicado, em que explicou que o negócio está dependente da aprovação dos órgãos reguladores responsáveis pelo sector, acrescentando que 27 por cento dos accionistas da Coley Pharmaceutical já aceitaram a oferta. Jeffrey B. Kindler, presidente e CEO da Pfizer, afirmou que “esta aquisição é um importante passo na nossa estratégia para a área das vacinas e reflecte o nosso compromisso com a procura de novas e mais efectivas formas de imunização na prevenção e no aperfeiçoamento do tratamento do cancro”.

Carla Teixeira
Fonte: «Diário Económico», InvestNews

REPORTAGEM

Bem tolerada pelo organismo e com poucos efeitos colaterais
Vacina experimental contra a hipertensão


A Cytos Biotechnology, companhia biofarmacêutica com sede na Suíça, apresentou no início deste mês, na reunião anual da Associação Americana do Coração, dados animadores sobre a eficácia de uma vacina experimental contra a hipertensão. Um ensaio clínico de fase II apurou que a CYT006-AngQb, nome provisório do fármaco, apresenta poucos efeitos secundários, sendo bem tolerada pelo organismo.

O coração humano é uma bomba eficiente que, em perfeito funcionamento, regista 60 a 80 batimentos por minuto, impulsionando a movimentação, por todo o corpo, de cinco a seis litros de sangue. A pressão arterial, por sua vez, diz respeito à força com que esse bombeamento é efectuado, e é determinada pelo volume de sangue que sai do coração e pela resistência que ele encontra à circulação pelo organismo, podendo ser modificada por factores como a variação do volume ou da viscosidade do sangue, a frequência cardíaca e a elasticidade dos vasos sanguíneos. Quando a pressão arterial se altera, uma de duas coisas pode acontecer: ou assume valores muito baixos (sendo 120/80mmHg o valor médio apontado pelos especialistas como normal no adulto), e dá-se a hipotensão, ou assume valores demasiado elevados, e ocorre a hipertensão, uma das mais prevalentes doenças dos países desenvolvidos na actualidade.
Contribuindo para aproximadamente metade de todas as doenças cardiovasculares no chamado primeiro mundo, a hipertensão é uma patologia crónica que se associa a um altíssimo número de mortes prematuras à escala global. Em Portugal tem uma prevalência estimada de 42 por cento da população, estimando-se, no entanto, que muitos doentes desconheçam que o são, ao mesmo tempo que 61 por cento dos já diagnosticados não consegue ainda manter a doença controlada. Uma parafernália de medicamentos e muitas idas ao médico, com constantes medições dos valores da pressão arterial, compõem o dia-a-dia de grande parte destes pacientes, como contou ao farmacia.com.pt Arminda Varela, actualmente com 54 anos, hipertensa desde os 13. Há dias saiu da farmácia com “um grito de alarme”: após uns meses de descuido (nem sempre tomou a medicação com a regularidade exigida), tinha a pressão arterial “a disparar”. Quando “o papelinho saiu da máquina, apanhei cá um susto”, contou. Tinha 180/150mmHg.
Uns dias antes tinha notado que andava muito “eléctrica e nervosa”. “Resmungava com toda a gente, pelas mínimas coisas, e as minhas filhas quase não aguentavam falar comigo, porque eu explodia à toa, sem motivo”. Consciente de que não estava bem, foi de imediato à farmácia mais próxima e dali, a conselho do farmacêutico, foi logo ao médico. “Retomei a medicação e uns dias depois já tinha as tensões mais baixas, mas ainda continuam elevadas”, recordou, frisando que terá “necessidade de continuar a cumprir o tratamento, que é para toda a vida”. Arminda sabe que se descuidou, e que esse comportamento não é correcto, mas atesta que “com alguns medicamentos” se sente “muito em baixo e sem forças”, e que por isso terá optado, a dada altura, por não cumprir as ordens do médico. Agora que a medicação lhe foi alterada, acredita poder levar a cabo o tratamento de forma mais fácil, mas garante que “não é fácil viver com a hipertensão”.

Nova esperança
Diante de uma realidade que penaliza a qualidade de vida de milhões de pessoas à escala mundial, o advento de uma vacina que impeça ou minimize a prevalência da hipertensão assume contornos de extrema utilidade, concordou Arminda Varela, ao ser questionada sobre a hipótese de ser vacinada contra uma doença que há tantos anos a atormenta. A CYT006-AngQb, nome provisório de uma imunização em fase de estudo por uma equipa de investigadores do Hospital Universitário do Cantão de Vaud, na Suíça, para a companhia biofarmacêutica Cytos Biotechnology, que acaba de ser apresentada nos Estados Unidos, assume-se como uma nova esperança no combate à hipertensão, podendo vir a ser, num futuro mais ou menos próximo, a primeira vacina para aquela doença.
Volvidos mais de dois anos sobre a apresentação dos resultados do ensaio clínico de fase I, em Fevereiro de 2005, baseados num estudo-piloto que acompanhou 16 pessoas com tensão arterial normal e 72 hipertensos, com resultados animadores, no início deste mês, tendo como palco a reunião anual da Associação Americana do Coração, uma das cientistas responsáveis pelo ensaio clínico de fase II afirmou que “os resultados são promissores”, aprazando “uma nova fase de estudo já para o início de 2008”. Segundo informou Claudine Blaser, poderá estar iminente, tendo em conta este estudo, o desenvolvimento da primeira vacina do género, que “actua sobre a angiotensina II”, a hormona responsável pela subida da pressão arterial, e a mesma hormona sobre a qual actuam alguns medicamentos já disponíveis. Refere a co-autora do estudo que a vacina CYT006-AngQb impede que a angiotensina I se transforme em angiotensina II.
O novo fármaco experimental é feito a partir de partículas em forma de vírus, sem a sua capacidade infecciosa, destinados a gerar uma resposta do organismo contra a hormona hipertensora. Nos 72 doentes hipertensos analisados nesta investigação a tripla inoculação com o medicamento candidato resultou numa baixa significativa da pressão arterial sistólica (a mais elevada) e também da diastólica (a mais baixa). Ao mesmo tempo aferiu-se que a vacina “tem sido bem tolerada e mostrou ser segura”, sem grandes efeitos secundários, apresentando ainda como principal vantagem o facto de, caso venha a ser implementada em termos definitivos, permitir pôr fim aos tratamentos diários actuais, que segundo Claudine Blaser não são cumpridos com eficácia por 10 a 25 por cento dos hipertensos. No entando, disse, “são necessários mais estudos e pelo menos cinco anos até que um medicamento como este tenha a necessária autorização de introdução no mercado”.

Carla Teixeira
Fonte: «Correio da Manhã», «El Mundo», Pfizer, Portal da Saúde, ABC da Saúde, comunicados da Cytos Biotechnology, Sociedade Portuguesa de Hipertensão, entrevista a doente hipertensa