terça-feira, 3 de julho de 2007

Estudo de investigadores espanhóis alerta para perigo em fetos
100% das grávidas tem um pesticida na placenta

Cem por cento das mulheres grávidas têm, pelo menos, um tipo de pesticida na placenta. O alerta foi dado por cientistas espanhóis que defendem, agora, uma investigação intensa sobre os danos associados às contaminações nesta camada que deveria proteger o feto.

Um estudo da Universidade de Granada, na Espanha, mostrou que 100 por cento das gestantes têm, pelo menos, um tipo de pesticida na placenta, mas muitas chegavam a ter oito ou mais tipos dessas substâncias.

Os investigadores analisaram 308 grávidas atendidas no hospital universitário de Granada, de 2000 a 2002, tendo sido extraídas amostras de placentas no parto.

Segundo informaram os cientistas espanhóis ao jornal «El Pais», a investigação focalizou-se nos contaminantes que afectam o funcionamento de hormônios, como os compostos presentes em certos pesticidas organoclorados disruptivos.

Segundo a coordenadora do estudo, María José López Espinosa, os seres humanos criam, por ano, cerca de duas mil novas substâncias. “A maioria são poluentes presentes no ar, na água, no solo e nos alimentos, sendo que, muitos são, inadvertidamente, absorvidos pelo corpo humano todos os dias, seja pela simples inalação ou pela ingestão de alimentos”, esclareceu.

“Boa parte dessas substâncias é eliminada pelo organismo, mas uma parte pode ser assimilada e acumulada nos tecidos”, afirmou a investigadora sublinhando que este acumulo “é particularmente perigoso” para as mulheres grávidas. “Durante a gestação, os contaminantes acumulados pela mãe passam para o feto em desenvolvimento”, frisou.

No entanto, a equipa de investigadores espanhóis admitiu desconhecer que tipo de consequência a exposição a pesticidas organoclorados poderá ter sobre os bebés, defendendo, por isso, um outro estudo que considere “com maior pormenor” os danos ambientais e os reflexos na grávida e no feto.

María José López acredita, contudo, que essas consequências “podem ser graves” sustentando que “a exposição acontece desde os primeiros momentos da formação do embrião.”
Para os investigadores espanhóis, outra possibilidade é que certos problemas sejam conhecidos, mas nunca tenham sido relacionados à exposição fetal a pesticidas organoclorados.

O grupo de pesquisa – que já fez estudos que associavam a exposição a pesticidas a malformações nos aparelhos genital e urinário – sugere que a contaminação pode ser evitada por meio de dieta equilibrada, exercícios diários e controle do tabagismo.

Raquel Pacheco

Fonte: El Pais/Correofarmaceutico.com/OGlobo

5 comentários:

Rui Borges disse...

Hormonas e não hormônios.

RP disse...

Pois... obrigada pelo reparo.
A pressa sempre foi inimiga da perfeição!

Carla Teixeira disse...

Poderá parecer um exagero meu, mas na medida em que 100 por cento das grávidas apresenta o mesmo cenário não seria mais correcto, do ponto de vista estrito do uso da língua, dizer apenas que "grávidas têm um pesticida na placenta" ou, querendo enfatizar a ideia, referir que TODAS as grávidas têm? É só uma ideia, Quel, mas acho que resultava melhor assim... :)

RP disse...

Carlita, sabes bem que as ideias são sempre bem-vindas!
O que sucede neste caso - e em muitos outros na área de jornalismo em saúde - é que se trata de um estudo, por isso, requer sempre de nossa parte um maior rigor, e até, uma responsabilidade acrescida, quer na elaboração das notícias, quer nos títulos - pois o doente está sempre à espera da cura! Mas a maioria é mesmo isso: estudos com base em amostras aleatórias que não podem ser tomados de imediato como verdades globais, entendes? Nesta situação específica, os 100% referem-se ao total de grávidas alvo da investigação, e no antetítulo faço menção ao estudo (para haver um enquadramento, aliás tenho sempre esse cuidado). Poderia sim, dizer TODAS, mas haveria sempre alguém que ao ler tal título pensaria que são mesmo todas as grávidas à face da terra... Mas esta é só a minha visão/opinião, e vale o que vale :)

Carla Teixeira disse...

Gostei da resposta! Espicaçada até dizes umas coisas bem ditas! :D