terça-feira, 3 de julho de 2007

Epilepsia aumenta tendências suicidas

Um estudo da autoria de investigadores dinamarqueses afirma que as pessoas que sofrem de epilepsia têm três vezes mais probabilidades de cometer suicídio do que a população em geral, com especial incidência nos seis meses que se seguem ao diagnóstico. O risco é mais saliente nas mulheres do que nos homens mas diminui à medida que aumenta o tempo que se vive com esta perturbação.

De acordo com o artigo publicado no jornal britânico “The Lancet Neurology”, a frequência de suicídios entre as pessoas que sofrem de epilepsia não pode ser justificada com perturbações psiquiátricas, nem pelo historial sócio-económico do paciente. “O nosso estudo identifica as pessoas recentemente diagnosticadas com epilepsia como um grupo vulnerável que requer atenção especial”, referem os autores.

Os doentes que foram diagnosticados há seis meses ou menos vêm o risco de suicídio aumentar cinco vezes, revelou a investigação orientada por Per Sidenius do Hospital da Universidade de Aarhus, na Dinamarca. A equipa de ciensitas analisou 21.169 casos de suicídio na Dinamarca cometidos entre 1981 e 1997. Posteriormente foi constituído um grupo de controlo com 423.128 casos que tinham outras causas de falecimento.

A pesquisa detectou que 492 casos de suicídio (2,32 por cento) correspondiam a pessoas com epilepsia, comparativamente com 3.140 indivíduos do grupo de controlo (0,74 por cento). Aqueles aos quais tinha sido recentemente diagnosticada a epilepsia e que também sofriam de doença psiquiátrica tinham 29 vezes mais probabilidades de cometer suicídio.

A epilepsia é uma perturbação caracterizada pela tendência a sofrer convulsões recidivantes. Segundo a Liga Portuguesa Contra a Epilepsia, qualquer pessoa pode sofrer um ataque epiléptico, devido, por exemplo, a choque eléctrico, deficiência em oxigénio, traumatismo craniano, baixa do açúcar no sangue, privação de álcool, abuso da cocaína, sendo que 1 em cada 20 pessoas têm uma única crise isolada durante a sua vida. Porém, uma crise isolada não é sinónimo de epilepsia. Este termo apenas se emprega quando as crises têm tendência a repetir-se, espontaneamente, ao longo do tempo.

Cerca de 50 milhões de pessoas em todo o mundo são afectadas por esta perturbação e 75 novos casos são detectados todos os dias. Calcula-se que em cada mil portugueses, 4 a 7 sofram desta doença. A epilepsia pode iniciar-se em qualquer idade, mas é mais comum até aos 25 e depois dos 65 anos.

Marta Bilro

Fonte: Reuters, Forbes, The Independent, Manual Merck, Liga Portuguesa Contra a Epilepsia.

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