terça-feira, 3 de julho de 2007

Cientistas conseguiram transplantar genoma entre bactérias

Procedimento abre caminho à criação de organismos sintéticos

Cientistas norte-americanos conseguiram transplantar o genoma de uma bactéria para outra. O sucesso deste procedimento em bactérias abre, assim, caminho para criação de organismos sintéticos em laboratório.


Os investigadores do Instituto J. Craig Venter, nos Estados Unidos (EUA) deram um passo importante no grande objectivo do biólogo e empreendedor Craig Venter com seu instituto: criar um organismo vivo em laboratório.

De acordo com a última edição da revista «Science», o procedimento fez com que a bactéria receptora (da espécie Mycoplasma capricolum) assumisse todas as características da bactéria doadora, uma espécie aparentada chamada Mycoplasma mycoides.

Liderados pela francesa Carole Lartigue, os cientistas descodificaram o trabalho: “Inserimos dois genes no genoma da M. mycoides - um deles torna o microorganismo resistente a antibióticos, enquanto o outro produz uma substância azulada para ajudar a comprovar que as bactérias receptoras incorporaram o genoma transplantado.”

Na fase seguinte, “limpámos o único cromossoma da bactéria doadora, (retirando todas as proteínas) e o que sobrou foi ADN puro, que foi então adicionado a um recipiente que continha colónias de M. capricolum – a bactéria receptora”, relataram.

Segundo os investigadores, em quatro dias, surgiram as colónias azuis - reveladoras da absorção, pelas bactérias, do genoma transplantado.

A última fase consistiu em expor as colónias a um antibiótico. “Foram seleccionadas apenas as bactérias que assumiram as características ditadas pelo genoma transplantado, entre elas as que resistiram ao antibiótico”, explicaram, concretizando que “a sequência das proteínas mostrou que as bactérias expressavam apenas as proteínas codificadas no genoma da M. mycoides.”

Próxima etapa: cromossoma sintético completo

A próxima etapa no projecto de J. Craig Venter é criar um cromossoma sintético completo. Na opinião dos especialistas, este estudo mostra que será possível inserir este genoma num organismo e “activá-lo”.
Os investigadores manifestaram-se confiantes de que será possível injectar genes que façam os organismos sintéticos produzirem desde combustíveis, até medicamentos.

Raquel Pacheco

Fonte: Revistas Science e FAPESP /BBCNews

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