terça-feira, 3 de julho de 2007

Perda de sensibilidade no olfacto pode prever Alzheimer

A dificuldade em identificar odores como o do limão, da banana ou da canela pode ser um primeiro indicador do desenvolvimento da doença de Alzheimer, revelou um relatório publicado pelo “Archives of General Psychiatry”. Os investigadores acreditam que os adultos de meia-idade que revelam problemas em reconhecer odores comuns podem correr mais riscos de vir a desenvolver problemas de memória, aprendizagem e cognição.

Segundo Robert Wilson, professor de neuropsicologia no “Rush Alzheimer's Disease Center”, em Chicago, a incapacidade de identificar determinados aromas já foi anteriormente relacionada com o défice cognitivo. No entanto, “ninguém elaborou [um estudo] com pessoas que não sofressem qualquer défice cognitivo”, afirmou.

A análise envolveu a participação de 589 idosos, com uma média de idades que rondou os 80 anos. Os participantes foram submetidos a um teste no qual 12 odores comuns lhes eram colocados junto do nariz. Posteriormente foi avaliada com uma escala de 1 a 12 valores a sua capacidade para fazer corresponder os odores a uma de quatro alternativas propostas. Durante cinco anos foram avaliados uma vez por ano através de testes neurológicos e de função cognitiva.

As conclusões da investigação permitiram aos cientistas observar que 30,1 por cento dos participantes desenvolveram uma debilidade cognitiva ligeira, que aumentava à medida que a identificação dos odores era mais imprecisa. Nesse sentido, aqueles que registaram uma média de valores mais diminutos no teste de reconhecimento de aromas tinham 50 por cento mais probabilidades de desenvolver a incapacidade relativamente aos que tiveram resultados acima da média.

De acordo com a Associação Médica Americana, esta relação não se alterou quando foram tidos em conta factores de saúde que pudessem ter influência sobre o olfacto. A inaptidão para identificar odores foi também associada a uma diminuição da avaliação cognitiva e a um declínio mais célere dos episódios de memória relativos a experiencias passadas, da memória semântica relacionada com as palavras e os símbolos e da agilidade de percepção.

As conclusões sugerem que mesmo antes de se desenvolverem os sintomas da doença de Alzheimer, há sinais de desorientação que se expandem em certas zonas cerebrais que podem estar relacionadas com a incapacidade de processar os cheiros. Pelo facto da dificuldade em identificar odores ser muitas vezes associada a outras patologias neurológicas, como é o caso da doença de Parkinson, existem outros mecanismos provavelmente envolvidos, salientam os investigadores. “As descobertas sugerem que a disfunção no olfacto pode ser uma manifestação precoce da doença de Alzheimer e que a avaliação do sentido do olfacto poderá ser útil para uma identificação precoce da doença”, consideram os especialistas.

Marta Bilro

Fonte: The Washington Post, Wapt.com.

1 comentário:

Rui Borges disse...

Resumir para 5 parágrafos.