terça-feira, 24 de julho de 2007

Cabra produz “antídoto” contra gases mortais

Medicamento em estudo da PharmAthene recebeu fundos do Departamento de Defesa americano

Cabras modificadas geneticamente podem produzir um antídoto no leite que protege contra os efeitos mortais de gases nervosos, como o sarin e o VX. A descoberta - que os cientistas acreditam ser uma protecção para soldados em cenário de guerra - foi publicada na revista científica «Proceedings of the National Academy of Sciences», nos Estados Unidos.

De acordo com a publicação, o Departamento de Defesa do governo americano está a patrocinar as investigações conduzidas pela empresa PharmAthene, que desenvolve a experiência com as cabras.

As autoridades esperam que o “antídoto” que será produzido a partir da enzima butirilcolinesterase - obtida em grandes quantidades no leite de cabras modificadas geneticamente -, possa proteger soldados contra a exposição a agentes nervosos nos campos de batalha.

Segundo relatam os cientistas no artigo publicado, “a enzima butirilcolinesterase é produzida em baixas quantidades pelo organismo humano.” Os investigadores explicam que, durante a experiência, “o gene humano foi incorporado pela sequência de ADN da cabra”, sublinhando que os caprinos resultantes da experiência, todos saudáveis, produziram grandes quantidades da enzima no seu leite.

“Até agora, as cabras modificadas geneticamente produziram quase 15 quilos do antídoto”, salientaram, reforçando que “na cabra, podemos obter entre dois ou três gramas por litro."

Protexia

Langermann, autor da investigação, considera que o “antídoto”, baptizado com o nome comercial de Protexia, será mais eficiente do que a combinação dos actuais, atropina e 2-PAM utilizados, actualmente, por soldados para a prevenir a acção dos gases nervosos.

"As substâncias actuais são eliminadas pelo organismo rapidamente, mas mesmo que o soldado sobreviva, vai sofrer graves danos neurológicos", advertiu, frisando que "com Protexia, ele sobrevive e ainda poderá retornar ao campo de batalha."

No entanto, apesar da ventilada “eficiência”, para entrar em uso, o novo medicamento tem ainda de passar por testes de segurança e ter a aprovação do governo americano.

De referir que, os agentes como o gás sarin fazem parte do grupo de organofosforados, substâncias que podem ser utilizadas na fabricação de armas químicas. Em contacto com o organismo, os gases afectam o sistema nervoso, provocando convulsões, paralisia no sistema circulatório e nos pulmões, podendo causar a morte.

Raquel Pacheco
Fonte: BBC/www.pharmathene.com/protexia

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