terça-feira, 24 de julho de 2007

Prometidas novidades para um encontro científico em Agosto
Cientistas brasileiros estudam vacina para a sida


Edécio Cunha Neto, um investigador brasileiro da Universidade de São Paulo que lidera uma equipa de cientistas que tem conseguido resultados muito promissores no que respeita à possibilidade de, a breve trecho, desenvolver uma vacina contra a sida, vai estar presente no XIII Congresso Internacional de Imunologia, agendado para os dias 21 a 25 de Agosto no Rio de Janeiro, onde vai apresentar novidades sobre o assunto.

No encontro, que deverá reunir cerca de cinco mil especialistas ligados à pesquisa do vírus da imunodeficiência adquirida, Edécio Cunha Neto deverá reiterar o que já disse publicamente noutras ocasiões: “Embora a resposta global ideal para a epidemia de VIH/sida inclua factores como a educação, a prevenção e o tratamento dos casos já diagnosticados”, há diversas circunstâncias sócio-culturais e de custo que limitam a eficácia daquela estratégia. Por isso, de acordo com aquele perito, “a única forma de travar a proliferação da doença é o desenvolvimento de uma vacina preventiva segura, estável e de custo reduzido”.
O desenvolvimento de uma imunização eficaz em todas as regiões do mundo é, por isso, “uma prioridade global”, mas a variabilidade genética do vírus constitui ainda o principal obstáculo à obtenção de uma vacina, visto que o VIH assume mutações e ganha resistência aos medicamentos que vão sendo desenvolvidos com o objectivo de pôr fim à incidência e mortalidade daquela epidemia, que se assume já como a maior crise de saúde pública a nível mundial desde a medieval peste negra. Com 40 milhões de indivíduos infectados e mais de 20 milhões na contagem dos mortos, a sida é diariamente contraída por 15 mil pessoas.
A vacina ideal deveria demonstrar capacidade para gerar anticorpos contra o vírus, que agiriam nas mucosas genital e anal, onde tem origem a maior parte dos casos de contágio, neutralizando o VIH de modo a impedir a sua entrada e progressão no organismo e, por essa via, a impossibilitar a infecção das células. Numa altura em que esse tipo de imunização permanece ainda muito longe da realidade, os peritos têm concentrado esforços na elaboração de vacinas que controlem a multiplicação do vírus e desacelerem a disseminação da doença. Mesmo sem impedir a infecção, uma vacina deste tipo já constituiria um grande passo em termos de saúde pública.

Sida em Portugal
No nosso país o primeiro caso de sida foi diagnosticado em 1983 no Hospital Curry Cabral, em Lisboa, num homem que se encontrava já em fase terminal da doença. A OnuSida estima a existência de 42 mil infectados em Portugal, que detém a mais elevada taxa de diagnósticos de sida da Europa. O volume de casos notificados até ao dia 31 de Dezembro de 2005 era de 28370, dos quais 46,1 por cento utilizavam drogas por via endovenosa, 36,3 por cento tinham sido contagiados em relações heterossexuais desprotegidas, 11,7 por cento através de transmissão homossexual masculina, e 5,9 por cento pelas restantes formas de transmissão. Até ao final de 2005 morreram 7399 pessoas com infecção por VIH em Portugal.

Carla Teixeira
Fonte: Jornal do Brasil, BBC, Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge

Sem comentários: