sexta-feira, 1 de junho de 2007

Aparelho inovador evita amputações

Quatro investigadores portugueses criaram um aparelho inovador na prevenção do pé diabético – doença que causa uma amputação a cada 30 segundos. O nome do dispositivo médico é «WalkinSense» e será testado, em breve, no Hospital de Santo António, no Porto.

Paulo Santos, Catarina Monteiro, Miguel Correia e Sérgio Cunha são os “pais” do «WalkinSense», o único dispositivo portátil no mundo que pretende evitar amputações a quem sofre de pé diabético e minimizar a degradação da qualidade de vida destes doentes.
O aparelho inovador nasceu no Porto e destina-se ao mercado global. É o primeiro produto desenvolvido pela empresa Tomorrow Options – Microelectronics S.A., uma «spin-off» criada, este ano, com o apoio do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores (INESC) do Porto.
Prevenir e avaliar os efeitos da doença – que afecta 15 por cento dos diabéticos – foi o intuito que moveu este grupo de investigadores caracterizado por dois mestres em Inovação e Empreendedorismo Tecnológico e dois doutorados em Engenharia Electrotécnica e de Computadores.
O dispositivo pioneiro é composto por sensores colocados nas palmilhas do doente e que permitem ao médico avaliar o quotidiano do doente. “Prático e confortável” é assim que o definem.
“Com o WalkinSense, a recolha de dados sobre a distribuição do peso do corpo na planta do pé e sobre a mobilidade, através de sensores electrónicos, processa-se de modo simples, sem alterar o quotidiano ou o conforto do paciente, permitindo diagnosticar precocemente a doença”, explicaram os mentores do projecto, acrescentando que, simultaneamente, “o dispositivo fornece informação quantificada para a prescrição de palmilhas ou sapatos – específicos para o paciente – de forma a evitar úlceras, amputações, ou outras complicações graves.”
Paulo Santos assume o cargo de director-geral da empresa, e garantiu que, "cerca de 80 por cento dessas amputações podem ser evitadas”, sublinhando que, em todo o mundo, “a cada 30 segundos é amputado um membro devido ao pé diabético.”
De acordo com os investigadores, este sistema vai permitir também “reduzir os pesados encargos com o pé diabético nos sistemas de saúde”, que absorve cerca de 15 por cento do total dos recursos destinados à diabetes.

Preço: 2000 euros
Para sustentar o carácter inovador que confere ao «WalkinSense» a única solução de mercado adaptável às necessidades de pacientes e técnicos, os mentores do projecto destacaram factos descobertos aquando a fase de pesquisa e que, – segundo afirmam –, constituíram a base do trabalho: “Cada amputação ascende a 30 mil, 40 mil dólares e sabemos também que três anos após uma amputação é usual verificar-se uma segunda", por isso, reforçam o carácter “preventivo” do dispositivo.
Actualmente, o aparelho aguarda a fase de testes clínicos para entrar em comercialização. Para avaliar as vantagens do dispositivo nos doentes, o «spin-off» do INESC conta com o apoio do Hospital de Santo António, no Porto, e instituições internacionais, como o centro norte-americano Center for Lower Extremity Ambulatory Research e a clínica britânica Diabetic Foot Clinic.
Rui Carvalho, especialista em consulta de pé diabético no Hospital de Santo António, confirmou que o projecto foi entregue, garantindo que os estudos iniciar-se-ão em breve.
Deste modo, o «WalkinSense» poderá ser comercializado em Fevereiro ou Março de 2008 e o custo irá rondar os 2000 euros.

Portugal: 500 mil diabéticos
O pé diabético traduz-se numa perda da sensibilidade dos membros inferiores. Submetidos a excessos de pressão, os pés ganham lesões que, se não forem tratadas a tempo, poderão levar a uma amputação. Em muitos dos casos, não são tratados, porque não são sentidos.
Outra dificuldade detectada refere-se aos diabéticos obesos ou aqueles cuja doença já provocou cegueira, não conseguindo, assim, ver os pés.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a diabetes é a terceira causa de morte no mundo, onde 7,6 por cento da população sofre da patologia.
Em Portugal, estima-se que actualmente o número de diabéticos atinja os 500 mil.
No entanto, segundo previsões, este número deverá chegar aos 700 mil em 2025.

Raquel Pacheco
Fonte: INESC

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