sexta-feira, 1 de junho de 2007

Apoio inédito a prematuros


O Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, está no limiar da inovação. As visitas domiciliárias aos bebés prematuros já mereceram um título de distinção a nível nacional. A unidade de saúde projecta, agora, o apoio a mães adolescentes.


A resposta da Unidade Local de Saúde de Matosinhos (ULSM) à especificidade de cuidados que exige um bebé prematuro é um modelo de referência nacional. O acompanhamento destes bebés ao domicílio é um projecto inovador que arrecadou já o primeiro lugar dos Prémios Hospital do Futuro.
Concluída a primeira fase, que teve a duração de um ano e meio – período em que nasceram 50 prematuros no Hospital Pedro Hispano (HPH), tendo os 58 enfermeiros envolvidos efectuado 119 visitas domiciliárias – e, comprovadas as vantagens, a ULSM decidiu apostar na continuidade do serviço que se trata de uma parceria do HPH com os enfermeiros dos quatro centros de saúde (Senhora da Hora, São Mamede Infesta, Matosinhos e Leça da Palmeira).
“O projecto teve uma avaliação positiva, pelo que, propusemos ao conselho de administração integrá-lo nas acções do serviço de Neonatologia no âmbito dos Cuidados Continuados. Foi aceite e já o relançámos”, anunciou ao «Farmácia e Medicamento» a enfermeira chefe do serviço de Neonatologia do HPH.
De acordo com Isabel Feliciano, os principais objectivos do trabalho são “facilitar a integração do prematuro no seu ambiente familiar e contribuir para a redução da morbilidade destes bebés”, informando que, a primeira visita é efectuada logo após 24 horas da saída do bebé do hospital (onde fica estabelecido o plano de vigilância) e, depois, após sete dias.
“O prematuro tem alta hospitalar e, no dia seguinte, recebe a visita de dois técnicos de saúde: o enfermeiro que o acompanhou durante o internamento e o enfermeiro do centro de saúde que o vai passar a vigiar. Fica, assim, estabelecida a comunicação entre ambos que é, no fundo, uma passagem de testemunho. Ao sétimo dia, a visita é então feita pelo enfermeiro familiar e, se se justificar, vai a terceira vez a casa”, explicou.
Considerando que as visitas “transmitem uma maior tranquilidade aos pais” Isabel Feliciano – que lidera todo o grupo de trabalho envolvido –, revelou ao «Farmácia e Medicamento» que estas incidem em “dar conselhos aos pais relacionados com a alimentação, os cuidados com a saúde do bebé, as rotinas de repouso e a administração de medicamentos”.

“Revolução”
No rol das mais valias, a enfermeira chefe do serviço de Neonatologia do HPH destacou também a diminuição do próprio tempo de internamento, e a redução dos custos hospitalares: “No balanço final da primeira fase, a ULSM conseguiu reduzir, em média, seis dias de internamento por cada prematuro, com poupanças também a nível económico.”
Segundo a responsável, um inquérito efectuado junto dos pais permitiu ainda constatar o alto grau de satisfação pela assistência prestada, sendo o serviço de acompanhamento do prematuro ao domicílio responsável pela diminuição da ansiedade e insegurança dos pais.
No Hospital Pedro Hispano, a taxa de prematuridade, de uma forma global, ou seja, gravidezes com menos de 37 semanas, situa-se entre os sete e os oito por cento e a da grande prematuridade – bebés com menos de 1500 gramas – se situa entre os 0,8 e o 1 por cento.
Ao reforçar o facto de a avaliação do estado do bebé no seu próprio ambiente familiar “ajuda a perceber melhor os cuidados que devem ser tomados”, Isabel Feliciano sublinhou que a iniciativa “surge como uma forma de colmatar uma lacuna existente nesta área ao nível do SNS.”
A técnica de saúde caracterizou o projecto que lidera como uma “revolução”, advogando, por isso, “o alargamento do serviço de acompanhamento domiciliário aos idosos.”

“Duas crianças nas mãos”
Em “fase embrionária”, o Hospital Pedro Hispano tem o novo projecto de apoio à mãe adolescente. Mais um passo inovador dado no sentido de contribuir para o desenvolvimento da saúde em Portugal.
Em declarações ao «Farmácia e Medicamento», o director do departamento de Pediatria daquela unidade de saúde adiantou que está a ser implementado um trabalho de investigação sobre as jovens mães do concelho: “Estão a ser efectuados contactos, analisados perfis e feito o levantamento dos problemas iniciais.”
Lopes dos Santos frisou que “já existe uma consulta específica para as mães adolescentes no serviço de Obstetrícia” mas, segundo o médico, a nova aposta passa por criar uma outra consulta no serviço de Pediatria.
“A ideia é criar uma equipa multidisciplinar que dê apoio clínico e psicológico a estas mães, nomeadamente, ajudar a encarar a situação, lidar com a família, com os amigos, com a escola ou o trabalho e com o próprio bebé”, explicou, acrescentando que, “após o parto, a mãe continuará a ser seguida para aconselhamento familiar e até à idade escolar do bebé.”
Lembrando que, a nova legislação prevê consultas de Pediatria até aos 18 anos, o médico Lopes dos Santos defendeu a necessidade de criar uma consulta específica naquele serviço “para criar canais” até, porque, “teremos duas crianças nas mãos: a mãe e o bebé”, concluiu.
Portugal é dos países europeus que tem a maior taxa de gravidezes na adolescência é o primeiro ao nível de grávidas com idades abaixo dos 16 anos e o segundo com grávidas com idades abaixo dos 18.

Raquel Pacheco
Fonte: contacto telefónico

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