sexta-feira, 1 de junho de 2007

Controlar asma na web


Os doentes asmáticos já não precisam de sair de casa para avaliar o seu estado de saúde. Um investigador do Porto criou uma aplicação informática que põe pacientes e médicos “a falar” na Internet, de forma gratuita.

Os cerca de 600 mil asmáticos portugueses podem contar com uma nova ferramenta on-line que lhes permite autocontrolarem a doença.
Chama-se P'ASMA (Programa de Autocontrolo, Seguimento e Monitorização da Asma) e é disponibilizado, gratuitamente, pela Associação Portuguesa de Asmáticos (APA) na sua página web – (www.apa.org.pt).
É, assim, uma espécie de pré-consulta na “web”, em que o doente com asma faz o diagnóstico e obtém informações sobre as terapêuticas que deverá realizar, de acordo com a prescrição médica.
O mérito desta plataforma é do Serviço de Bioestatística e Informática Médica da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), e o seu mentor é o investigador e imunoalergologista João Fonseca.
“O paciente insere a informação sobre o seu estado de saúde no sistema informático e recebe, de imediato, respostas sobre o seu estado clínico e indicações para ajustar a terapia que deverá efectuar”, explicou o investigador, sublinhando que o P’ASMA “pretende dar uma voz activa aos doentes” no tratamento da sua patologia.
Lamentando haver uma “resignação comum aos asmáticos”, o médico frisou que, com este “sítio”, os doentes poderão “trocar experiências, ajudando-se mutuamente”, e poderão também, “aceder a informação com a garantia da APA.”
Para além de utilizar um sistema interno seguro de troca de mensagens entre doentes e médicos, a nova plataforma permite criar um arquivo clínico electrónico, outra vantagem destacada por João Fonseca: “Os estudos realizados indicaram que o P'ASMA aumenta a qualidade dos dados recebidos sobre a evolução da doença, o que permite melhorar as decisões clínicas que se tornem necessárias.”

Alargar a hospitais
Segundo revelou o especialista, o desenvolvimento desta aplicação informática resultou do trabalho que realizou na sua tese de doutoramento - intitulada «Improving Clinical Information for a Better Asthma Care: The Central Role of Patients» - e que constatou haver
lacunas nos registos médicos tradicionais. A solução – concretizou o investigador – passará “por uma melhoria na comunicação entre o doente asmático e o médico”, acrescentando que “os resultados demonstraram ainda que 80 por cento dos doentes com asma moderada e grave têm vontade de utilizar tecnologias de comunicação para monitorizar e controlar a doença e melhorar a interacção com o médico.”
O imunoalergologista acredita no sucesso da aplicação que desenvolveu. Anunciando a intenção de, a curto prazo, a aperfeiçoar confessou que tem como ambição alargar a rede: “Gostaria de ver o P’ASMA implementado nos hospitais portugueses com especialidade em asma, funcionando como um complemento do serviço prestado ao asmático, mas para já, é importante integrar a componente de consulta.”
De referir que, existe um projecto do género na Europa e seis em todo o mundo.

Raquel Pacheco
Fonte: Newsletter.up.pt

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