sexta-feira, 1 de junho de 2007

Farmacêuticos ajudam doentes no diagnóstico

Estudo sobre responsabilidade social das farmácias
Farmacêuticos ajudam doentes no diagnóstico

Os farmacêuticos portugueses sabem que a venda de medicamentos não deixa de ser um negócio. No entanto, na sua actuação diária privilegiam o sentimento de que prestam um serviço à comunidade. A satisfação da necessidade do utente é tida como essencial na dispensa do fármaco e no aconselhamento ao doente.

Um estudo encomendado pela Ordem dos Farmacêuticos a três especialistas do Instituto Superior das Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE) permitiu concluir que metade dos utentes que procuram aconselhamento nas farmácias admite que o contacto com o farmacêutico já lhes evitou pelo menos uma ida ao médico durante os últimos seis meses. A investigação, subordinada à temática da responsabilidade social das farmácias, foi feita pelos investigadores Francisco Nunes, Luís Martins e Alzira Duarte e apresentado na última quinta-feira. O objectivo essencial do estudo foi o de determinar o grau de reconhecimento da responsabilidade social por parte dos farmacêuticos e dos clientes, além de avaliar a dimensão social da identidade das farmácias portuguesas. Desenvolvido ao longo do primeiro trimestre deste ano, o relatório envolveu cerca de 1.400 farmacêuticos e 1.200 clientes.
Os três investigadores concluíram que as farmácias são vistas, por 80 por cento dos utentes inquiridos, como espaços de aconselhamento, sendo que grande parte deles refere ter pedido pelo menos um conselho ao farmacêutico nos últimos seis meses. Daqueles, metade garante mesmo ter evitado pelo menos uma ida ao médico na sequência do aconselhamento farmacêutico, enquanto um por cento dos inquiridos diz mesmo ter deixado de consultar um clínico em sete a 10 ocasiões. O relatório argumenta que, “se atendermos ao perfil dos clientes das farmácias, podemos inferir que o aconselhamento do farmacêutico retirou das consultas considerável número de utentes”. No entanto, o estudo sublinha não ser demonstrável, de forma evidente, em que medida a alteração da trajectória mais normal do doente tem implicações directas na melhoria da saúde das populações.
Sobre a percepção do público, a qualidade do serviço nas farmácias foi avaliada de “forma extremamente positiva” e diferenciada de outras entidades, como centros de saúde, hospitais ou consultórios médicos. A relação entre o cliente e o farmacêutico caracteriza-se, à luz dos dados agora divulgados, por forte confiança, aliada a um sentimento de personalização. Os clientes atribuem elevado nível de reputação às farmácias, sendo a satisfação global com o serviço e a lealdade face às farmácias “muito elevadas”. De acordo com este estudo, 45 por cento dos inquiridos foi 11 ou mais vezes à mesma farmácia nos últimos seis meses, oito foram sete a 10 vezes e 30 indicam quatro a seis visitas ao mesmo estabelecimento naquele período, valores justificados pelo facto de a maioria dos entrevistados (60 por cento) ser portadora de uma doença crónica.
O texto diz ainda que, em regra, as farmácias portuguesas orientam a sua acção à luz de uma ideia de promoção da saúde e não tanto para a mera função de dispensa de medicamentos. Os farmacêuticos portugueses observaram nas farmácias “sinais de um sistema empresarial competitivo”, mas com “maior intensidade” definiram os seus locais de trabalho como “espaços profissionais ao serviço da comunidade”. Na avaliação dos desempenhos daqueles estabelecimentos, os profissionais deram nota elevada. Em geral, avaliaram de forma positiva a reputação percebida, o que traduz a sua percepção quanto à contribuição social das farmácias. Da mesma forma concluíram que a satisfação dos clientes será menor se as farmácias reduzirem o seu nível de envolvimento na comunidade e o investimento na preparação dos seus profissionais.

Carla Teixeira
Fonte: Agência Lusa

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