segunda-feira, 18 de junho de 2007

Cientistas constroem vasos sanguíneos a partir de células estaminais

As células estaminais retiradas do tecido muscular poderão ser utilizadas na reconstrução de novos vasos sanguíneos para transplantes em pacientes com problemas renais e cardíacos, demonstrou um estudo elaborado por investigadores norte-americanos.

Os cientistas da Escola de Medicina da Universidade de Pittsburgh desenvolveram células estaminais em tubos elásticos biodegradáveis de forma a criar os vasos sanguíneos artificiais para ratos. Foram “semeadas” 10 milhões de células derivadas de músculos, em tubos com apenas 1,2 milímetros de diâmetro. Sete dias depois os vasos estavam cultivados e foram posteriormente implantados na aorta abdominal dos animais.

Oito semanas após o implante, os cientistas observaram que o enxerto de vasos sanguíneos não apresentava qualquer taxa de obstrução e que a formação do tecido tinha evoluído para uma artéria madura.

“O próximo passo é demonstrar a utilização dos vasos sanguíneos artificiais num animal de maiores dimensões, como é o caso do porco, que possui um sistema de coagulação mais parecido ao dos seres humanos”, avançou David Vorp, membro da equipa de investigação e professor de cirurgia e bioengenharia.

Conforme explicou o responsável, teoricamente, as células estaminais conseguem regenerar artérias inteiras, no entanto ainda é necessário perceber o verdadeiro contributo das células. Ainda assim, os investigadores verificaram que esta tecnologia consegue muitas vezes prevenir coágulos sanguíneos que podem ser fatais noutros enxertos.

À medida que se vai degradando, com o passar do tempo, o tubo “deixa espaço suficiente para que as células estaminais cresçam e se regenerem para ampliar a circulação sistémica”, acrescentou Alejandro Nieponice, outro dos especialistas envolvido no estudo.

A principal vantagem, salientou Vorp, é que o enxerto pode utilizar as células estaminais dos próprios pacientes e estar disponível para implante quase de imediato, ou após um curto período de cultivo.

Os investigadores acreditam que, face aos resultados, esta tecnologia poderá ser praticada sem seres humanos.

Apesar de ser uma metodologia com alguma taxa de insucesso, actualmente são utilizadas partes de veias ou artérias retiradas da perna do paciente para a colocação de um bypass por enxerto da artéria coronária. A colocação de um enxerto arterial é um método preferencial uma vez que oferece menos riscos de obstrução. A principal adversidade desta metodologia reside no facto de haver escassez de enxertos arteriais quando muitos dos pacientes necessitam de vários.

Marta Bilro

Fonte: Reuters, Forbes, The Age.

1 comentário:

ptcp disse...

Muito bom Marta. Tem mantido grande qualidade nos artigos que nos apresenta.