segunda-feira, 18 de junho de 2007

Cientistas identificam proteína inibidora da infecção por HIV/Sida

Os cientistas do Conselho Superior de Pesquisas Científicas (CSIC) de Espanha, descobriram uma nova proteína terapêutica, a filamina A, que poderá ter um efeito inibidor na infecção das células com o HIV/Sida.

O estudo, realizado ao longo de uma década, foi publicado na última edição da revista ‘Nature Cell Biology’ e representa um importante passo para o conhecimento as fases iniciais da infecção.

Santos Mañes, director do estudo, explica que os cientistas "encontraram uma proteína que se liga aos receptores que usam o vírus para entrar nas células" e infectá-las, acrescentando que "cada uma das células do organismo possui um esqueleto, o citoesqueleto, que define a sua forma e fornece o suporte interno necessário para que funcione".

Perante uma tentativa de infecção, “o citoesqueleto reage reorganizando-se mediante um complexo sistema no qual possuem um papel essencial um determinado tipo de enzimas, as Rho GTPases”, esclarece Mañes.

Em investigações anteriores, os cientistas da CSIC haviam já percebido que o vírus da Sida precisa de activar as enzimas RHO-A, para invadir a célula e infectá-la, o que permitiu avançar para o estudo agora publicado.

"A equipa tentou analisar como a RHO-A é activada quando o vírus se liga à célula, levando-nos até uma proteína de união do citoesqueleto, a filamina A". Em caso de infecção, esta proteína une os receptores do vírus com o citoesqueleto da célula, activando ao mesmo tempo a enzima RHO-A.

Estas e outras conclusões levam a acreditar que o HIV/Sida, se apropria do mecanismo fisiológico que activa as células de defesa do organismo do ser humano, os linfócitos T, para invadi-las e destrui-las.

De acordo com os investigadores, o processo depende da função da filamina A que, ao interagir com os receptores do vírus, inicia um processo de recolocação de receptores, muito semelhante ao que ocorre na activação dos linfócitos.

"O sucesso que o vírus da Sida tem em infectar as células do sistema imunológico, os linfócitos T, possivelmente está no mecanismo descrito neste estudo", conclui Santos Mañes.

Inês de Matos

Fonte: CiênciaPT

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