segunda-feira, 18 de junho de 2007

Diagnóstico genético pré-implantação é um procedimento seguro

Um estudo recentemente realizado pela Universidade Livre de Bruxelas revelou que o diagnóstico genético pré-implantação (DGPI), que consiste na remoção de uma célula de um embrião entre o 3º e o 5º dia pós-fertilização para identificar disfunções genéticas, não representa qualquer perigo para os fetos. Os resultados da investigação foram apresentados durante a reunião da Sociedade Europeia de Genética Humana.

Este procedimento, que surgiu nos anos 90 a par do avanço das técnicas de reprodução medicamente assistida, permite confirmar a causa genética de determinada doença. O DGPI avalia “a presença ou ausência de mutações genéticas ou aberrações cromossómicas, associadas ao desenvolvimento de doenças em fetos, em familiares de pacientes afectados por doenças de natureza genética, ou em indivíduos sem familiares afectados”, esclarece o relatório sobre o assunto emitido pelo Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida.

O mesmo documento explica também que o DGPI consiste no “estudo genético de embriões obtidos por fecundação “in vitro”, durante os primeiros dias de desenvolvimento”. É uma técnica de diagnóstico pré-natal que envolve um conjunto de procedimentos destinados ao estudo genético de células do embrião, antes da sua implantação “in utero”.

A principal vantagem da utilização deste método reside no facto de permitir prevenir a transmissão de doenças genéticas hereditárias, uma vez que pode evitar a implantação de embriões com anomalias genéticas pois apenas os embriões saudáveis são transferidos para o útero.

Alguns especialistas estavam preocupados com o facto de tal procedimento representar, a longo-prazo, um risco para a segurança dos recém-nascidos. A investigação analisou 583 crianças submetidas a este procedimento, das quais 563 sobreviveram ao parto.

Segundo Ingeborg Liebaers, responsável pela investigação, o peso dos recém-nascidos submetidos ao diagnóstico genético pré-implantação era idêntico ao dos que não foram sujeitos a este procedimento. Aos dois e três meses de idade, a taxa de anomalias ou malformações detectadas à nascença era também semelhante entre os bebés que passaram pelos diferentes processos.

Assim, foi possível aos cientistas concluírem que a taxa sucesso do procedimento é semelhante à do método tradicional de fertilização “in vitro” (FIV) ou à da Injecção Intra-citoplasmática de Espermatozóide (ICSI na sigla inglesa).

No entanto, esta especialista preveniu que são ainda necessárias mais investigações no que diz respeito à taxa de mortalidade perinatal, a qual foi mais elevada nestes fetos do que nos casos de FIV ou de ICSI. A maioria das mortes acontecia em casos de gravidezes múltiplas, um factor que pode ser relevante, referem os autores do estudo.

“Estou muito confiante e nada surpreendido com estes últimos resultados”, afirmou Alan Handyside, porta-voz da Sociedade Britânica de Fertilidade e um dos cientistas responsáveis pelo desenvolvimento do PGD nos anos 90, em declarações à BBC.

Apesar de estarem esperançados com o facto de este procedimento não causar anomalias, os investigadores estão conscientes de que serão necessárias várias décadas para que os resultados a longo-prazo sejam claros, uma vez que as primeiras crianças nascidas através do PGD estão agora a atingir os 17 anos de idade.

Marta Bilro

Fonte: BBC News, News-Med.com, Forbes, Relatório sobre “Diagnóstico Genético Pré-implantação” da autoria de Fernando Regateiro, emitido pelo Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida.