segunda-feira, 2 de julho de 2007

Doentes com cancro chegam a esperar sete meses por cirurgia

Esperas diferentes consoante região do país

Segundo um relatório do Ministério da Saúde (MS), os doentes com cancro esperam em média 3,5 meses por uma cirurgia, chegando a atingir os sete meses em dois hospitais do país. Segundo os autores, os casos deviam ser resolvidos em 15 dias, propondo ainda que as cirurgias, em vez de se realizarem em 76 hospitais, passem a ser feitas em apenas 20, de norte a sul do país, sendo que 75 por cento das intervenções se concentraria em 10 dessas unidades de saúde.

No passado mês de Outubro, estavam inscritos para cirurgia 4075 doentes com cancro (1,8% do total) que esperaram 3,5 meses para ser operados. Destes, 42 por cento estavam inscritos há mais de dois meses e 27 por cento há mais de quatro. No relatório sublinha-se que, numa situação em que o tempo pode ser determinante na qualidade de vida e na sobrevivência dos doentes, seria de esperar que, na maioria dos casos, a espera não demorasse mais de 15 dias.

A análise revela muitas disparidades de respostas nas diferentes regiões, por exemplo, no Algarve, um doente oncológico espera em média 6,6 meses para ser operado. Contudo, no Norte do país consegue ser operado em média ao fim de 2,4 meses. Em Lisboa e no Alentejo o tempo de espera é em média superior a quatro meses e no Centro é de 3,4 meses.

Esta disparidade existe também ao nível da procura de doentes por hospital e na capacidade de resposta das diferentes unidades. O hospital onde os doentes menos esperam é o S. João do Porto (1,3 meses). Em segundo lugar está o Instituto de Oncologia do Porto (em média 1,8 meses), sendo este o que mais cirurgias realiza. Os locais onde a espera é mais elevada são o Hospital de S. Teotónio, em Viseu, e o Centro Hospitalar da Zona Ocidental de Lisboa, onde a espera pode passar em média os sete meses. O estudo permite concluir ainda que metade das cirurgias oncológicas são feitas em apenas cinco dos 76 hospitais que tratam estes doentes.

Contactada pelo jornal "Público", a secretária de Estado adjunta da Saúde, Cármen Pignatelli, disse que desde que recebeu o relatório o tempo de espera para estes doentes já decaiu e, neste momento, o tempo médio de espera é de 1,4 meses. Acrescentou ainda que “os hospitais já estão a alterar comportamentos e serão alvo de auditorias aos procedimentos”.

Esta trata-se da primeira análise nacional à situação dos doentes com cancro em lista de espera, tendo sido entregue ao MS em Março. A tarefa confiada à Unidade Central de Gestão de Inscritos para Cirurgia teve como objectivo principal conhecer os casos de doentes com cancro em lista de espera e avaliar a capacidade de resposta dos serviços, propondo soluções para os problemas.

Isabel Marques

Fontes: Diário Digital, Sic Online, Público Online

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