quarta-feira, 11 de julho de 2007

Ventana considera oferta da Roche inadequada

A Ventana Medical Systems recusou a oferta pública de aquisição lançada pela farmacêutica Suíça Roche. A proposta, que tinha sido considerada hostil pela empresa norte americana, atingia os 2,2 mil milhões de euros.

O quadro de accionistas considerou que os 54,5 euros por acção, oferecidos da Roche, eram “inadequados em vários aspectos” e que subestimam o valor da empresa e as suas perspectivas no mercado dos testes de diagnóstico de cancro.

Ainda assim, de acordo com Pascale Boyer, analista da Bordier & Cie, “o negócio deverá ir em frente porque, provavelmente, a Roche deverá aumentar o preço”. O especialista considera que o laboratório suíço não está disposto a arriscar que a Ventana possa ser adquirida por outra empresa, principalmente porque é esta que produz um dos seus testes para avaliar a resposta dos pacientes ao fármaco Herceptin, utilizado no tratamento do cancro da mama.

O valor que a Roche pfereceu por cada acção da empresa norte-americana especializada em histopatologia, representa um prémio de 45 por cento face ao seu valor de fecho na sessão do dia 25 de Junho, altura em que a proposta foi anunciada. Na sequência desta recusa, as acções da Ventada registaram hoje uma quebra de cerca de 40 cêntimos, ou menos de 1 por cento, para os 57,87 euros no Nasdaq. Por sua vez, a Roche desvalorizou cerca de 78 cêntimos por acção, ou menos de 1 por cento, para os 130,9 euros na bolsa de Zurique.

O mercado de testes diagnósticos através de tecidos humanos cresce, actualmente, cerca de 10 por cento a cada ano e a Roche é já uma das maiores empresas de diagnóstico a nível mundial.

Marta Bilro

Fonte: Bloomberg, Forbes, Reuters.

Portugal recusou integrá-la no plano nacional de vacinação
Vacina contra o HPV financiada em França


A vacina contra o Vírus do Papiloma Humano (HPV), agente causador do cancro do útero, vai ser financiada pelas autoridades francesas para as mulheres entre os 14 e os 23 anos. Mais de dois meses depois de o Alto Conselho para a Saúde Pública francês ter recomendado a imunização contra aquela doença, o governo anuncia a medida. Em Abril o governo português recusou incluir aquela vacina no Plano Nacional de Vacinação.

Na tentativa de travar a incidência daquele carcinoma e de prevenir as lesões cervicais cancerosas e os condilomas genitais, o conselho tinha preconizado a vacinação universal das meninas de 14 anos, contra os quatro tipos de vírus, e a possibilidade de inoculação das adolescentes e jovens entre os 15 e os 23 anos, antes de iniciarem a sua vida sexual ou no ano seguinte. Actualmente, o cancro do colo do útero é responsável pela morte de uma mulher a cada dois minutos à escala mundial – em Portugal são anualmente diagnosticados 900 casos e mais de 300 acabam por revelar-se mortais, à cadência de uma mulher por dia – e pela destruição da vida sexual, familiar e social das sobreviventes.
O ginecologista Joseph Monsonégo, do Instituto Alfred Fournier, com sede em Paris, considerou que a decisão de financiar aquela vacina “reflecte o elevado interesse público na prevenção, não só do cancro do colo do útero, mas também de outras doenças genitais”, congratulando-se com a medida. Até ao momento só nove países europeus – Áustria, Alemanha, Itália, França, Noruega, Luxemburgo, Bélgica, Suíça e Reino Unido – recomendaram a vacinação universal de jovens pré-adolescentes.

Carla Teixeira
Fonte: Agência Lusa

Eli Lilly distinguida por criar parceria contra a tuberculose

A farmacêutica Eli Lilly foi condecorada em consequência da criação e implementação de uma parceria global com vista ao tratamento da tuberculose multi-resistente e tuberculose resistente a fármacos. Os Global Business Coalition's Awards homenageiam o contributo dos negócios na luta global contra o HIV/Sida, a tuberculose e a malária.

O laboratório norte-americano disponibilizou, em 2003, um investimento inicial no valor de 50,8 milhões de euros para dar inicio à “MDB-TB Partnership” e financiar uma estratégia para aumentar o fornecimento de medicamentos eficazes para o tratamento da doença. Em Março, a empresa investiu mais 36,3 milhões de euros nesta parceria, que hoje se transformou numa aliança internacional na qual figuram 14 instituições públicas e privadas, organizações humanitárias, instituições académicas e associações profissionais de saúde.

Sidney Taurel, presidente e director executivo da empresa, salientou que a Lilly se sente “honrada por figurar entre as organizações reconhecidas pelo Global Business Coalition” e por partilhar esta distinção “com a aliança internacional de organizações que se juntaram à luta para parar a propagação da doença”. Através dos esforços colectivos, “estamos empenhados em providenciar os recursos globais necessários para melhorar a prevenção e tratamento de pacientes que sofrem desta doença mortal”, acrescentou o responsável.

Recorde-se que, em Junho, a Eli Lilly anunciou a criação de uma parceria, de fundos públicos e privados, que deverá conduzir a uma fase preliminar de pesquisa de novos fármacos urgentes no tratamento da tuberculose, onde se incluem as novas estirpes resistentes. O projecto, que envolve um investimento de cerca de 11 milhões de euros num prazo de cinco anos prevê a criação de uma estrutura de pesquisa não lucrativa sedeada em Seattle, que irá utilizar recursos de algumas das mais importantes organizações e investigadores nacionais de doenças infecciosas e tuberculose.

A tuberculose é uma das maiores pandemias mundiais, uma doença de proporções globais que mata uma pessoa a cada 20 segundos. Mais de mil milhões de pessoas em todo o mundo são portadores de uma das estirpes de tuberculose e milhões morrem todos os anos. A Organização Mundial de Saúde estima que, em média, um paciente com tuberculose resistente a fármacos infecte mais de 20 pessoas durante a sua vida.

Marta Bilro

Fonte: Express Pharma

Genentech associa-se à Tercica para desenvolver novos fármacos

A empresa de biotecnologia Tercica assinou um acordo com a norte-americana Genentech com o objectivo de combinar medicamentos já existentes no mercado, de forma a dar origem a novos produtos mais eficazes no tratamento de distúrbios hormonais.

O Intelex, um recombinante do factor 1 de crescimento do tipo da insulina, produzido pela Tercica, e o Nutropin, da Genentech, um recombinante da hormona de crescimento humana, deverão ser associados para desenvolver tratamentos para as perturbações de crescimento e perturbações metabólicas. A Trecica fica responsável por financiar e conduzir o desenvolvimento dos dois produtos que deverão resultar numa única injecção diária.

A segunda maior empresa de biotecnologia a nível mundial deverá entregar à Tercica cerca de 38,4 milhões de euros em pagamentos de equidade, direitos de opção e custos de reembolso de desenvolvimento e investigação. A Genentech vai ainda despender de 2,9 milhões de euros para se apoderar de 708.591 acções do stock comum da Tercica.

A empresa de biotecnologia australiana está dependente das instruções da Administração Norte-Americana dos Alimentos e Fármacos (Food and Drug Administration - FDA), para poder iniciar, em 2008, os ensaios clínicos de fase II, tal como está planeado. Este primeiro estudo deverá avaliar a combinação dos produtos para o tratamento de pacientes com níveis reduzidos da proteína IGF-1 e baixa estatura não associada a um crescimento hormonal deficitário. Será também realizada uma segunda associação de fármacos para os doentes adultos com uma deficiência na hormona de crescimento.

De acordo com John Scarlett, director-executivo da Tercica, o acordo baseou-se em estudos pré-clínicos que sugeriram que a acção do Increlex e do Nutropin é mais eficaz quando os fármacos são associados do que quando são administrados em separado.

Marta Bilro

Fonte: Business Times, The Street, Reuters.

Antibióticos não previnem infecções do tracto urinário em crianças

A administração de antibióticos a crianças que sofrem de infecções recorrentes do tracto urinário não previne o seu aparecimento e pode aumentar o risco de resistência dos doentes a esses medicamentos. Um estudo publicado do “Journal of the American Medical Association” diz mesmo que a toma de antibióticos profiláticos nestas condições aumenta 7,5 vezes o risco de resistência.

Os especialistas são da opinião que os médicos devem esclarecer os pais acerca dos benefícios, mas também das desvantagens, inerentes à utilização de antibióticos para prevenir a infecção urinária recorrente nas crianças, antes de lhes prescreverem o tratamento. Alguns pediatras mostraram-se satisfeitos com a descoberta porque, dizem, poderá acabar por melhorar a prática actual. “É uma óptima notícia para nós porque muitas crianças tomam antibióticos durante demasiado tempo, podendo tornar-se resistentes, o que tem sido um problema crescente”, afirmou Fabienne Wheeler, pediatra no Centro Hospitalar Northern Westchester, em Mount Kisco, Nova Iorque.

Cerca de 3 a 7 por cento das raparigas abaixo dos 6 anos de idade, e 1 a 2 por cento dos rapazes nessa faixa etária, têm a primeira infecção do tracto urinário (ITU) por volta dos 6 anos, o que representa mais de 180 mil crianças todos os anos. A Academia Americana de Pediatria recomenda que, como parte do tratamento e diagnóstico, seja realizado um estudo imagiológico para avaliar a presença e intensidade de refluxo vesico-ureteral, já que 30 a 40 por cento das crianças com ITU apresentam uma alteração nesse refluxo. Caso se confirme a existência desta condição, por norma, é recomendado o tratamento diário com antibióticos numa tentativa de prevenir futuras ITU.

Esta nova investigação sugere que não existem provas suficientes de que a presença de refluxo vesico-ureteral represente um factor de risco das infecções urinárias recorrentes. Para levar a cabo esta pesquisa, os cientistas observaram 611 crianças, menores de seis anos de idade, que já tinham tido a primeira ITU, e 83 crianças que sofriam de infecções urinárias recorrentes. Os resultados deram a conhecer vários factores associados a um aumento de desenvolver infecções urinárias recorrentes, entre os quais o facto de ser caucasiano, que quase duplica a probabilidade; ter entre 3 e 4 anos de idade, o que triplica o risco; ter entre os 4 e os 5 anos, o que duplica 2,5 vezes o risco; ou ter um nível de refluxo vesico-ureteral entre o 4 e o 5, situação que aumenta quatro vezes a probabilidade.

Por sua vez, a ingestão de uma dose preventiva de antibióticos não foi associada a uma diminuição do risco de infecções urinárias recorrentes. Nesse sentido, Patrick H. Conway, o principal responsável pelo estudo, recomenda que os riscos e benefícios dos antibióticos sejam discutidos com as famílias para que estas “decidam se devem ser administrados antibióticos diariamente ou apenas vigiados os sintomas”. Para além disso, o especialista espera que este estudo possa ser tido em conta pela Academia Americana de Pediatria para que esta reveja as suas recomendações.

Marta Bilro

Fonte: Forbes, Ivanhoe, Associated Content, Associação Portuguesa dos Médicos de Clínica Geral.

Acabaram as cicatrizes na extracção da ‘pedra’ do rim

Nem sempre uma cirurgia é sinónimo de cicatrizes e dor, pelo menos foi isto que os cirurgiões que participaram no XII Simpósio Europeu de Urolitíase demonstraram na passada sexta-feira, com a realização de uma cirurgia de extracção de cálculos renais que recorre a tecnologia de ponta para ser minimamente invasiva.

Em directo do British Hospital, em Lisboa, o urologista português António Soares e o alemão Peter Alken, realizaram em apenas duas horas, uma cirurgia de extracção de ‘pedra’ do rim através da introdução de uma sonda com um laser na ponta, que permite vaporizar o cálculo renal até este se transformar em pequenas areias, que serão expelidas pelo corpo de forma natural. A sonda foi introduzida pela uretra, subindo até um dos rins, evitando quaisquer marcas.

Com transmissão para Cascais, onde os especialistas reunidos no simpósio puderam presenciar o procedimento da técnica, a cirurgia removeu uma ‘pedra’ do rim com cerca de três centímetros, de uma paciente de 49 anos que estava anestesiada. “Até aos cinco milímetros a ‘pedra’ sai com normalidade, mas basta ter mais um milímetro para ser necessária a cirurgia”, refere António Soares.

Na opinião de Paulo Guimarães, médico especialista na área, a principal vantagem desta nova técnica é o facto de não ser “invasiva”, uma vez que as cavidades do próprio corpo humano são usadas para partir e extrair as pedras, permitindo ao paciente uma total recuperação no espaço de 24 horas.

No passado dia 3 de Junho, no artigo Portugal na vanguarda da Urologia, o farmácia.com.pt havia já noticiado acerca dos avanços alcançados na área da Urologia, mostrando a confiança do especialista do British Hospital, Paulo Guimarães, que já então realçava a importância dos progressos tecnológicos que têm dotado a área de forma muito positiva, de tal forma que os doentes portugueses já não sentem a necessidade de procurar novos tratamentos no estrangeiros, uma vez que “por cá temos do melhor que se faz neste momento”.

“Há vinte anos tínhamos que fazer uma cirurgia aberta. Hoje temos a vaporização e os lasers, que permitem as cirurgias de um dia. Em menos de 24 horas o doente pode ir para casa”. Agora, durante o XII Simpósio Europeu de Urolitíase, os especialistas puderam presenciar a execução da técnica e apreciar os resultados.

Paulo Guimarães considera mesmo que as novas técnicas de cirurgia urológica permitem comparar esta área da medicina à industria automóvel, uma vez que já existiam há 20 anos, “mas a evolução da tecnologia permite que hoje sejam muito melhores. O mesmo se passa com os avanços na cirurgia, particularmente o laser”.

Inês de Matos

Fonte: Correio da Manhã

Beriplex P/N demonstra uma reversão da anticoagulação rápida, previsível e segura

Os dados apresentados no XXI Congresso da Sociedade Internacional de Trombose e Hemostase mostram que o Beriplex P/N é 98 por cento eficaz em situações de emergência de hemorragia.

O Beriplex P/N é um concentrado do complexo de protrombina (PCC), que contém um número importante de factores coagulantes e de factores antitrombóticos. O Beriplex P/N pode ser utilizado para deter com urgência a hemorragia em pacientes a tomar anticoagulantes orais, corrigir urgentemente a coagulação antes de uma cirurgia e normalizar a coagulação em pacientes com doença hepática, nos quais os respectivos factores de coagulação essenciais normalmente produzidos pelo fígado estão em falta ou são insuficientes. O Beriplex P/N pode ser armazenado à temperatura ambiente e não precisa de ser aquecido antes da administração. Reconstitui-se rapidamente e tem uma velocidade de infusão de 8 ml/min. O Beriplex P/N foi utilizado em alguns países durante mais de uma década e a sua segurança e eficácia foram avaliadas em três ensaios clínicos prospectivos.

O Beriplex P/N é altamente eficaz e seguro na reversão de emergência de anticoagulação, de acordo com os dados apresentados no XXI Congresso da Sociedade Internacional de Trombose e Hemostase. Os dados demonstraram que o Beriplex P/N aumenta rapidamente e com segurança os níveis do plasma com os factores essenciais de coagulação II, VII, IX e X e inibidores anticoagulantes de proteína C e proteína S, antes de intervenções de emergência ou para tratar a hemorragia aguda.

A reversão da anticoagulação (ACR - sigla inglesa) utiliza-se para corrigir os efeitos dos anticoagulantes orais (como a varfarina) tomados pelos pacientes para prevenir e tratar a doença tromboembólica. Pode ser necessário na preparação de cirurgia electiva ou de emergência, ou durante um episódio de hemorragia aguda. As opções terapêuticas disponíveis actualmente para a ACR são vitamina K, para situações de não emergência, e plasma humano ou PCC, que são adequados para correcções urgentes dos efeitos da anticoagulação.

Segundo a principal investigadora do estudo, a Dra. Ingrid Pabinger-Fasching, da Divisão de Hematologia, do Hospital Universitário de Viena, o número de pacientes que recebe uma terapia de anticoagulação de longo prazo está a aumentar, assim como a necessidade de reverter rapidamente os efeitos destes medicamentos, em determinadas circunstâncias. Apesar de existirem múltiplas opções para a reversão anticoagulante quando o tempo não é um problema, os dados mostram que o Beriplex P/N oferece uma reversão rápida, completa, previsível e seguro do efeito de anticoagulação quando é necessária uma acção urgente.

As descobertas basearam-se num estudo multinacional que foi desenvolvido em 25 centros de oito países. Para este estudo prospectivo, aberto e não controlado, recrutaram-se 43 pacientes com idades compreendidas entre os 22 e os 85 anos (34 pacientes com idades superiores a 65 anos, 79%) que necessitavam de ACR de emergência devido a intervenções urgentes, tais como cirurgia vascular ou abdominal (26 pacientes, 60%) ou hemorragia aguda (17 pacientes, 40%). Quase todos os pacientes apresentavam múltiplos factores de risco para desenvolver um episódio tromboembólico. No que diz respeito às doses e infusões do Beriplex P/N, a velocidade média de administração foi de 188 UI/min (intervalo 50-1000), e o tempo médio de infusão foi de 12 minutos (intervalo 3-50). A maioria dos pacientes recebeu simultaneamente vitamina K por via intravenosa.

A conclusão inicial a ser encontrada foi a de um Rácio Internacional Normalizado (INR) menor ou igual a 1,3, 30 minutos após da infusão. O factor de recuperação foi de >1 para todos os factores de coagulação administrados com Beriplex P/N (Factor II, VII, IX e X e inibidores de trombina de proteína C e proteína S). 98 por cento dos pacientes (42) foram avaliados como tendo tido uma resposta “muito boa” ou “satisfatória” à terapia. A rápida reversão da anticoagulação forneceu um controlo acelerado e efectivo da hemorragia. Para além disso, todas as administrações foram bem toleradas e sem transmissão de vírus (VHA, VHB, VHC, VIH ou Parvo B19).

Num estudo à parte de farmacocinética de fase I apresentado no Congresso, o Dr. Helmut Ostermann e os seus colegas, do Hospital Universitário de Munique, descobriram que o Beriplex administrado a 15 voluntários saudáveis induziu um rápido aumento das concentrações no plasma de factores de coagulação II, VII, IX e X, como também de proteínas anticoagulantes C e S. Os níveis máximos foram atingidos em cinco minutos após a infusão. O Dr. Ostermann afirmou que estas descobertas, juntamente com o facto de o Beriplex ter um tempo de preparação e de administração mais rápidos que outros PCC, indicam que este é uma excelente opção para os pacientes que necessitam de um tempo de resposta rápido.

Isabel Marques

Fontes: PRNewswire

Parlamento Europeu proíbe uso de mercúrio em termómetros

O parlamento europeu decidiu proibir a utilização do mercúrio, um metal muito tóxico, em termómetros, medidores da pressão arterial e outros aparelhos de medição, uma vez que o mercúrio acarreta graves riscos para a saúde pública e para o meio ambiente.

A legislação agora aprovada pelo Parlamento Europeu havia já sido aprovada pelos 27 estados membros da União Europeia (UE) e insere-se na estratégia lançada em Janeiro de 2005 para suprimir de forma progressiva o uso do mercúrio na UE até 2011.

O mercúrio e os seus componentes são altamente tóxicos para os seres humanos, podendo ser mortais em doses elevadas ou afectar o sistema nervoso. Para além de um problema de saúde pública, está também em causa a protecção do meio ambiente, uma vez que este metal contamina a água, a terra e o ar.

De acordo com um estudo europeu, "doses elevadas de mercúrio podem ser fatais para o Homem, mas mesmo doses relativamente baixas podem ter repercussões adversas graves no desenvolvimento neurológico, estando também ligadas a efeitos prejudiciais nos sistemas cardiovascular, imunitário e reprodutivo”.

Segundo a Comissão Europeia, a proibição permitirá reduzir as emissões de mercúrio em cerca de 33 toneladas por ano, sendo que entre 25 e 30 toneladas corresponderão ao fim da utilização de termómetros

Apesar da proibição, os instrumentos de medição especiais, usados por médicos, que ainda não tenham um substituto sem mercúrio continuarão a ser permitidos, no entanto, a grande maioria dispõe já de alternativas seguras, sem a utilização de mercúrio. A excepção abrange ainda as antiguidades, aparelhos com mais de 50 anos, cuja compra e venda continua a ser permitida.

O executivo comunitário garante que a medida não vai provocar um grande impacto económico, pois existem já no mercado diversos instrumentos substitutos com o mesmo preço para a maioria dos equipamentos e a produção de mercúrio no espaço comunitário é "limitada".

A proibição surge na sequência de uma anterior directiva comunitária, transposta para o direito português em 1999, que previa a substituição progressiva dos termómetros de mercúrio utilizados nas unidades de prestação de cuidados de saúde do Serviço Nacional de Saúde (SNS), até Junho de 2000. A Comissão Europeia chegou mesmo a apelar aos dentistas, que substituíssem as amálgamas dentárias, vulgarmente conhecidas por "chumbo", por outros produtos sem mercúrio.

Inês de Matos

Fonte: Lusa

terça-feira, 10 de julho de 2007

Pfizer ganha batalha judicial no caso da patente do Lipitor

A justiça irlandesa deu razão à Pfizer num caso que envolvia a quebra da patente do Lipitor (atorvastatina), ao considerar que esta seria infringida pela Ranbaxy caso a farmacêutica indiana lançasse no mercado um semelhante genérico.

O fármaco, indicado na redução do colesterol, é comercializado em Portugal como Zarator. Apesar de estar sujeita a recurso, para já, a sentença obriga a Ranbaxy a aguardar até Novembro de 2011, altura em que expira a patente irlandesa do Lipitor.

“A decisão proferida hoje é mais uma afirmação da resistência da propriedade intelectual por detrás do Lipitor”, sublinhou um porta-voz da farmacêutica norte-americana. Por sua vez, Allen Waxman, conselheiro geral da Pfizer, considera que a deliberação “é importante para a Pfizer e para outros inovadores médicos que investem em investigações de alto risco com o objectivo de desenvolver fármacos que salvam vidas, assim como para os pacientes que beneficiam desses medicamentos”.

A Ranbaxy está envolvida num braço de ferro judicial em mais de 17 países devido à infracção da patente do Lipitor. Em Junho, um tribunal norueguês deu razão à Ranbaxy, invalidando a patente da Pfizer naquele país num processo que visava a produção de atorvastatina amorfa.

O Lipitor, o fármaco para o colesterol mais vendido no mundo, garantiu aos cofres da Pfizer receitas no valor de 9,4 mil milhões de euros em 2006, mais 6 por cento do que no ano anterior. Em 2004 e 2005, a Ranbaxy gastou cerca 26,9 milhões de euros em processos judiciais com o objectivo de destronar a patente do Lipitor. O lançamento da atorvastatina, o semelhante genérico do Lipitor, é um trunfo vital para farmacêutica que poderá originar vendas no valor de 1,5 mil milhões de euros nos próximos cinco anos.

Marta Bilro

Fonte: Forbes, Reuters, RTT News.

FDA acusa Eli Lilly de publicidade enganosa

A Administração Norte-Americana dos Alimentos e Fármacos (Food and Drugs Administration - FDA) considera que a farmacêutica Eli Lilly está a utilizar alegações “enganadoras” e “incompletas” para promover uma versão do Prozac destinada ao tratamento da ansiedade provocada por separação, em cães e gatos.

De acordo com a FDA, as informações promocionais acerca do Reconcile, referiam que 73 por cento dos canídeos aos quais foi administrado o medicamento demonstraram melhorias significativas num prazo de oito semanas e que 42 por cento dos animais melhoraram em apenas uma semana, em comparação com os que ingeriram um placebo.

Porém, o laboratório norte-americano omitiu que ambos os grupos de animais receberam treinos de alteração comportamental. Na publicidade não foi referido facto de alguns animais do grupo tratado com placebo terem melhorado apenas devido aos treinos comportamentais, sugerindo “que o produto é mais eficaz do que aquilo que realmente foi demonstrado”, salienta o comunicado da entidade reguladora.

Um porta-voz da Eli Lilly afirmou que a empresa se prepara para analisar as instruções e tomar medidas para obter a total aprovação da FDA. O Reconcile contém hidroclorido de fluoxetina, a mesma substância presente na composição do antidepressivo Prozac. O fármaco foi aprovado em Abril para tratar o sentimento de ansiedade sofrido pelos cães quando ficam separados dos donos.

Marta Bilro

Fonte: Reuters, IndyStar.com, Indianapolis Business Journal.

Autorizado desde 2006 na Europa e nos Estados Unidos…
Fármaco anti-tabaco combate alcoolismo


Uma equipa de cientistas da Universidade de São Francisco, na Califórnia, aferiu que a Vareniclina, medicamento usado no tratamento da dependência tabágica, é útil na luta contra o alcoolismo. Autorizada nos mercados farmacêuticos europeu e norte-americano desde 2006, aquela substância é comercializada pela Pfizer, e demonstrou capacidade para reduzir o consumo de nicotina.

De acordo com o estudo divulgado na última edição da revista «Proceedings for the National Academy of Sciences», a Vareniclina actua sobre os receptores do cérebro que libertam a dopamina, mensageiro químico que proporciona a quem fuma a sensação de prazer e bem-estar. Notando o efeito do medicamento sobre o tabaco, e tendo em conta que os cigarros são frequentemente consumidos em conjunto com a ingestão de bebidas alcoólicas, os investigadores pretenderam saber se a acção com o álcool seria semelhante.
Testaram então o efeito da Vareniclina em ratos de laboratório depois de estes terem consumido grandes quantidades de etanol durante um período de cinco meses. Depois de começarem a ser tratados com doses regulares do fármaco, os animais demonstraram menos interesse no etanol, que tinham à sua disposição. Os resultados do estudo parecem indicar, por isso, que a Vareniclina ajuda a moderar a vontade dos ratos em consumir etanol, supondo-se que a reacção dos seres humanos relativamente ao álcool seja semelhante.

Carla Teixeira
Fonte: Agência Lusa

Reportagem

Indústria farmacêutica de olhos postos no Médio Oriente

Empresas internacionais reúnem-se no “Pharmaceutical Manufacturing and Biotechnology Middle East”

À medida que o crescimento da indústria farmacêutica se intensifica no Médio Oriente, um mercado onde a produção de medicamentos e substâncias biotecnológicas está avaliado em cerca de 20 mil milhões de euros, o fenómeno começa a despertar a atenção dos produtores internacionais, gerando alguma agitação em torno do primeiro evento do ramo naquela região.

A realização do “Pharmaceutical Manufacturing and Biotechnology Middle East” (PABME) no Dubai, entre 27 e 29 de Abril de 2008, promete impulsionar ainda mais o crescimento do sector naquele espaço do globo. De acordo com os organizadores, várias empresas internacionais já confirmaram a presença no encontro que, durante três dias, vai colocar o Dubai debaixo das atenções da indústria farmacêutica e biotecnológica mundial.

O PABME não se limita a uma exposição de âmbito global, mas é também um “destino internacional onde as culturas e as ideias se podem encontrar”. Esta pretende ser uma plataforma em rede onde os representantes da indústria internacional convergem e discutem novas alianças de negócios e joint ventures, ao mesmo tempo que decorrem conferências multi-disciplinares nas quais se debatem temas de cariz nacional e internacional, tais como os direitos de propriedade intelectual ou os contratos de produção e investigação.

Apesar do encontro ser um pólo de atracção para a indústria global, os produtores locais têm vindo a desempenhar um papel relevante, com especial destaque para os mercados estabelecidos no Levante, no norte de África e Irão, bem como nos países do Conselho de Cooperação para os Estados Árabes do Golfo. Actualmente, estima-se que 450 produtores farmacêuticos operem no Médio Oriente, um mercado avaliado em 13,1 mil milhões de euros e que apresenta um crescimento superior aos 10 por cento anuais.

“Esta exposição é como uma injecção de confiança para os produtores farmacêuticos do Médio Oriente”, considera B R Shetty, director executivo da Neopharma, uma empresa sedeada em Abu Dabi (Emirados Árabes Unidos), que nasceu de uma parceria entre o New Medical Centre Group, dos Emirados Árabes Unidos, a Ranbaxy, da Índia e a norte-americana Pfizer. O responsável considera que “é graças a este tipo de reuniões que empresas como a Neopharma conseguiram obter a sua própria plataforma para exibir, partilhar e debater o potencial de produção de classe mundial que existe na região”.

Embora o mercado regional de biotecnologia, avaliado em 7,2 mil milhões de euros, seja menor do que o de produção farmacêutica, o seu desenvolvimento tem-se movimentado a uma velocidade superior, atingindo os 15 a 18 por cento de crescimento anual. O sector tem atraído vários investidores públicos e privados, no centro dos quais se encontra a Dubiotech, a primeira empresa dedicada à investigação biotecnológica fruto de uma associação governamental entre o Dubai e os Emirados Árabes Unidos.

Muitas destas empresas esperam encontrar neste evento uma porta de entrada através da qual apareçam investidores que possam financiar alguns dos projectos chave de pesquisa biotecnológica, abrindo-lhes caminhos para a indústria mundial de ciências médicas. “O PABME é a oportunidade ideal para exibirmos os nossos produtos”, salienta Ahmed F. Monged, gestor de vendas da Companhia de Equipamentos Médicos e Farmacêuticos do Kuwait. Para este responsável, o encontro é também uma janela aberta para o mundo, que lhes proporciona uma plataforma para “aumentar a notoriedade não só no Médio Oriente mas também a nível global”. Para além disso, “é uma fonte preciosa de investigação para os profissionais da indústria de produção farmacêutica e biotecnlógica”, acrescentou.

Não só pelo leque de oportunidades que oferece, mas também por todo o conjunto de ideias, investidores e representantes que estarão presentes esta é “uma oportunidade a não perder”, destaca Simon Page, director do departamento de cuidados de saúde da IIR Middle East, empresa responsável pela organização. O PABME realiza-se no Centro Internacional de Exposições do Dubai e as inscrições para participantes e visitantes já se encontram abertas. Todas as informações acerca do e evento estão disponíveis no portal www.pabme.com.

Marta Bilro

Fonte: Al Bawaba, AME Info, pharmaceutical-technology.com, neopharma.ae, dubiotech.com, pabme.com.

Sequenom e SensiGen irão desenvolver testes para o VPH e outros sistemas de diagnóstico

A Sequenom, Inc. e a SensiGen LLC, uma companhia privada de biotecnologia a desenvolver diagnósticos moleculares avançados baseados em genes, anunciaram um acordo de colaboração para comercializar conjuntamente os testes avançados do registado AttoSense da SensiGen. A metodologia da SensiGen utiliza a tecnologia de quantificação da expressão dos genes – QGE (sigla inglesa) - da Sequenom e o sistema MassARRAY para a detecção de doenças graves, incluindo cancro cervical, doença renal crónica, doença de Crohn e lúpus. As duas companhias irão comercializar conjuntamente os testes e sistemas aos laboratórios de referência em todo o mundo. Segundo o acordo, a Sequenom irá fornecer exclusivamente a plataforma de tecnologia utilizada para comercializar os testes registados da SensiGen. Os termos monetários não foram revelados.

A tecnologia registada MassARRAY da Sequenom junta as técnicas mais avançadas de análise de ADN com espectrometria de massa para permitir níveis superiores de sensibilidade e especificidade na identificação de genes e produtos dos genes. Através da utilização desta tecnologia, o método de teste do AttoSense pode detectar o ADN de um amplo leque de espécimes biológicos, incluindo vírus, bactérias ou células, de qualquer amostra biológica, incluindo sangue, urina e tecido.

Segundo o presidente da Sequenom, Harry Stylli, através da interacção dos testes da SensiGen e a tecnologia MassARRAY, a Sequenom espera produzir diagnósticos de próxima geração que oferecem um avanço considerável na detecção precoce de uma variedade de doenças graves. Stylli acrescenta ainda que a empresa está entusiasmada com a oportunidade de trabalhar conjuntamente com a SensiGen para facultar os seus importantes testes em todo o mundo.

O presidente da SensiGen, Shawn M. Marcell, afirmou que, seguindo a avaliação extensiva das múltiplas plataformas tecnológicas avançadas, foi seleccionado o sistema MassARRAY, devido à sua elevada sensibilidade e especificidade e ao seu extensivo conjunto de características. A capacidade de processamento do MassARRAY, que provou ser de confiança e abrangente em institutos de pesquisa e centros médicos académicos em todo o mundo, torna-o especialmente apto para o mercado de laboratório clínico.

O teste do Vírus do Papiloma Humano (VPH) do AttoSense, para a detecção precoce do cancro cervical, é o primeiro teste diagnóstico a ser desenvolvido e comercializado dentro do acordo, e deve ser submetido à aprovação da FDA em 2009. Este novo teste deve ter, pelo menos, duas ordens de magnitude mais sensíveis do que os actuais testes comercializados, e ter o potencial de eliminar quase todos os resultados falso-negativos. Aproximadamente 9 000 casos de cancro cervical e cerca de 4 000 mortes resultantes desta doença são registadas anualmente no Estados Unidos .
Isabel Marques

Fontes: Business Wire, www.pharmacychoice.com
Analistas defendem mais investimento em investigação
Medicamentos: um negócio saudável


A mina de diamantes representada outrora pela indústria farmacêutica já não é o que era. No momento em que as patentes de muitos medicamentos blockbuster estão a caducar, há um florescente negócio de pirataria internacional – com força particular nos continentes africano e asiático – que impede o normal crescimento dos mercados.

A pressão dos governos para controlar, dentro no possível diminuindo, os custos de venda dos medicamentos também tem provocado alguma erosão nas contas da indústria farmacêutica, embora, de acordo com os a generalidade dos grandes analistas daqueles mercados, o negócio dos fármacos continue a ser “saudável” e ainda altamente rentável, sendo apenas de lamentar que os saltos qualitativos de grande monta sejam frequentemente obstaculizados porque o investimento que deveria ser preferencialmente canalizado para a investigação está afinal a ser desviado para o marketing.
Em Portugal as maiores empresas do sector farmacêutico – todas estrangeiras – representam um bolo de mil milhões de euros todos os anos, dos quais a Merck Sharp & Domne assume 6,4 por cento de quota: 154 milhões. Especialistas na análise económica citados pelo «Diário Económico» atestam que as empresas farmacêuticas a operar no nosso país não necessitam de Prozac para sentirem qualquer tipo de reanimação, que dependerá mais do aumento do investimento na área da investigação e desenvolvimento de novos fármacos e menos em acções de marketing.

Carla Teixeira
Fonte: Diário Económico

Barr vai produzir genérico do Dostinex

A Barr Pharmaceuticals obteve autorização da Administração Norte-Americana dos Alimentos e Fármacos (Food and Drugs Administration - FDA) para comercializar um genérico do Dostinex (Cabergolina).

O medicamento, utilizado no tratamento de perturbações hiperprolactinémicas, será produzido pela Barr Laboratories, uma subsidiária da empresa norte-americana de produção de genéricos, e deverá chegar ao mercado em Setembro. A farmacêutica adquiriu a substância através da israelita Teva Pharmaceuticals.

A entidade reguladora norte-americana permitiu a produção de Cabergolina em comprimidos de 0,5mg, para tratar a produção excessiva de prolactina pela glândula pituitária, um problema que pode afectar a ovulação e a produção de leite.

A Cabergolina é um alcalóide da cravagem do centeio sintético e um derivado da ergolina com uma potente e prolongada actividade agonista da dopamina e de redução da prolactina. O genérico é comercializado em Portugal pela Teva Pharma desde Novembro de 2006.

Marta Bilro

Fonte: Reuters, Forbes, FDA News, Infarmed.

Variante humana da BSE poderá ser detectada melhor

Investigadores testaram nova técnica que imita e acelera o processo de replicação dos priões

Investigadores escoceses desenvolveram uma técnica que poderá permitir detectar melhor a doença de Creutzfeldt-Jakob, a variante humana da Encefalopatia Espongiforme Bovina (BSE).


De acordo com o trabalho dos cientistas da University of Edinburgh publicado no «Journal of Pathology», foi desenvolvida uma técnica que imita e acelera o processo de replicação dos priões (proteínas anormais que causam a doença) para que se tornem mais facilmente detectáveis nas amostras de tecido.

Actualmente, os médicos determinam a presença dos chamados priões,
eliminando as células do cérebro, cujo tecido adquire, então, a aparência de uma esponja. A nova técnica foi testada em animais, porém, os investigadores acreditam ser possível utilizá-la em trabalhos com a variante humana. Para isso, será necessária a realização de mais estudos para averiguar se a técnica pode ser aplicada também em outros tecidos.

À BBC, James Ironside, da equipa de observação da doença de Creutzfeldt-Jakob, referiu que, “actualmente, a realização do teste exige muito tempo para que possa ser possível chegar a um diagnóstico rápido num centro de recolha de sangue. No entanto, poderia ser utilizado num centro nacional, para confirmar os resultados de testes anteriores e evitar falsos diagnósticos.”

Na opinião dos investigadores escoceses, este método será útil para aumentar o número de priões desta variante da doença de Creutzfeldt-Jakob nas amostras de tecido cerebral humano infectado. “A amostra é incubada e exposta a repetidas aplicações de ultra-som, que fragmenta os priões”, clarificaram.

Recorde-se que, a doença das vacas loucas surgiu no início dos anos 90, no Reino Unido. Foram registadas 161 mortes, entre as quais, três pessoas foram contagiadas por transfusões de sangue.

Raquel Pacheco

Fonte: «Journal of Pathology»/BBC

Cancro do fígado: maior segregação de proteína aumenta incidência nos homens

Descoberta abre caminho a novos tratamentos

De acordo com um estudo apresentado na revista «Science», a maior incidência de cancro do fígado em homens deve-se aos efeitos inflamatórios provocados por uma maior segregação de uma proteína interleucina-6 (IL-6).

A investigação – feita em ratinhos – e conduzida por cientistas da Escola de Medicina da University of California, San Diego (EUA), - permitiu descobrir que as fêmeas produzem em menor quantidade a proteína em causa, que contribui para a inflamação hepática que causa o cancro.

De acordo a explicação de Michael Karin, professor de Farmacologia da University of Califórnia, “ao eliminar a proteína IL-6, conseguimos reduzir a incidência do cancro hepático nos machos em cerca de 90%", acrescentando que “quando ocorre uma produção de IL-6 nas fêmeas, esta é neutralizada pelo estrogénio (hormona do desenvolvimento sexual feminino).”

Os investigadores acreditam que a descoberta possa abrir caminho para o desenvolvimento de tratamentos contra o cancro hepático masculino, pela redução dos níveis de IL-6 através da administração de compostos similares ao estrogénio.

Cancro da bexiga: mesmo princípio?

Willscott Naugler, um dos principais autores do estudo, considerou ainda a possibilidade de outros órgãos não relacionados às diferenças género serem regidos pelo mesmo princípio - de maiores níveis de IL-6 que levam à inflamação - nomeadamente, no cancro da bexiga que tem também maior incidência nos machos que nas fêmeas: "As diferenças também poderiam ser resultado de maiores níveis de IL-6 que levam à inflamação na bexiga."

Raquel Pacheco

Fonte: Revista «Science»/ MNI

Vendas da Teva deverão atingir os 9,7 milhões de euros em 2010

Um relatório publicado pela Visiongain prevê que, face ao rápido crescimento do laboratório israelita Teva Pharmaceuticals, as vendas da empresa alcancem os 9,7 milhões de euros em 2010.

De acordo com os analistas, a Teva tem uma grande estratégia corporativa que deverá adequar-se aos próximos anos, conduzindo a um forte crescimento e a uma maior inovação. “A Teva é, portanto, uma das empresas mais emocionantes e dinâmicas da indústria farmacêutica mundial”, acrescenta o relatório.

Em 2006, as vendas líquidas da empresa geraram cerca de 6,1 milhões de euros a nível mundial quer no que respeita aos medicamentos genéricos ou às substâncias de marca, estabelecendo-se firmemente com umas das 20 empresas farmacêuticas líderes no mercado dos genéricos. Segundo o relatório, este desempenho é um reflexo do rápido crescimento levado a cabo pela empresa nos últimos anos, que se traduziu no triplicar do valor das vendas face a 2002, ano em que a Teva registou cerca de 1,84 milhões de euros em vendas.

Para Gordon Low, autor do relatório sobre a Teva, o “espectacular crescimento das vendas nos últimos trimestres” deverá fazer com que a empresa eleve ainda mais o seu perfil no sector farmacêutico mundial. O especialista acredita que “o crescimento deverá ser particularmente evidente nos genéricos de marca e produtos inovadores”. Low não se fica por aqui e adianta mesmo que deverão ter lugar “desenvolvimentos significativos nas novas entidades químicas e negócios internacionais, incluindo mais lançamentos de moléculas terapêuticas inovadores no final desta década e princípio da próxima”.

Marta Bilro

Fonte: PM Farma

Cientistas conseguem prever acções do VIH

Estudo pode ser chave para criar vacina eficaz

Prever como o vírus se comporta no organismo de forma a colocar o sistema imunitário em alerta pode ser a chave para criar uma vacina eficaz no combate à sida. Cientistas conseguiram agora identificar como o VIH se move para enganar o sistema imunitário.

De acordo com um estudo divulgado na publicação científica «PLoS Pathogens», uma equipa de cientistas liderada por Zabrina Brumme investigadora do Partners AIDS Research Center, do Massachusetts General Hospital, da Harvard Medical School, nos EUA, conseguiu analisar, pela primeira vez, como o Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH) - que está na origem da sida - se move para enganar o sistema imunitário.

Segundo os investigadores norte-americanos, na base desta descoberta que consegue identificar as mutações do vírus, tornando-o infalível, está um novo algoritmo “inteligente” criado através de um megacomputador.

No artigo publicado no «PLoS Pathogens», os cientistas esclarecem que “o actual estudo utilizou métodos estatísticos de ponta para identificar locais específicos e padrões de antigénios de leucócitos humanos (HLA) de classe I – mutações de fuga restritas em vários genes do VIH.”

Os resultados foram resumidos “na forma de ‘mapas de fuga imune’, que destacam a contribuição diferencial do processo de aprendizagem imune para a diversidade genética do VIH” explicam os investigadores, acrescentando que foram “identificados locais específicos no genoma viral que estão sobre a pressão da selecção imune.”

No artigo, os cientistas sublinham que “os resultados do actual estudo contribuem para a nossa compreensão sobre como a pressão selectiva imune humana contribui para a variação nos vários genes do VIH e poderão ajudar a desenvolver vacinas para o VIH que tenham em consideração a diversidade viral.”

Prever como se move o VIH tem sido o principal entrave para que a comunidade científica desenvolva uma vacina eficaz capaz no combate à sida.


Monitorizar vírus à superfície

O que torna o VIH tão poderoso é a capacidade de sofrer mutações rapidamente, mesmo antes que o sistema imunitário consiga identificar a sua presença. Isto porque o sistema imunitário humano não consegue monitorizar a actividade do vírus dentro das células, sendo que, só o faz quando essa actividade acontece à superfície das mesmas.

Esta foi a meta dos cientistas norte-americanos: basearam-se no facto já conhecido, de que as proteínas denominadas de antigénios dos leucócitos humanos (HLA), podem acompanhar os movimentos ‘sorrateiros’ do VIH dentro das células e trazer pedaços do vírus para a superfície das mesmas, permitindo que o sistema imunitário se active.

No entanto, apesar deste representar um possível sistema de monitorização dos movimentos do VIH dentro das células, os cientistas deparam-se com um problema - na espécie humana existem cerca de 500 variantes da HLA.

A diversidade das variantes de HLA não ajuda no caso do desenvolvimento de uma vacina que seja eficaz em todos os indivíduos, já que, certas variantes podem ter a capacidade de detectar o VIH enquanto outras não.

Para dar solução a esta questão, os cientistas norte-americanos desenvolveram, assim, um algoritmo inteligente, o qual foi instalado num supercomputador que se baseou em 250 computadores ligados em rede.

De acordo com o «PLoS Pathogens», os cientistas analisaram a amostra sanguínea de 700 indivíduos infectados pelo VIH, há pelo menos cinco anos, mas que nunca tinham sido submetidos a medicamentos antiretrovirais.

Porque o vírus nunca tinha entrado em contacto com os medicamentos antiretrovirais, os cientistas sabem que todas as mutações identificadas no VIH através das HLA, presentes no sangue dos indivíduos, ocorreram porque o vírus estaria a tentar invadir o sistema imunitário e não para criar resistência à medicação.

Raquel Pacheco

Fonte: PLoS Pathogens /TVC

Actemra demonstra eficácia em ensaio clínico de Fase III

O Actemra (tocilizumab), um medicamento desenvolvido pela Roche e destinado ao tratamento da artrite reumatóide, demonstrou eficácia no alívio dos sintomas da doença num ensaio clínico de Fase III.

O estudo, elaborado durante 24 semanas com a participação de 498 pacientes, demonstrou que “a maior parte dos doentes tratados com Actemra em associação com metotrexate, alcançaram melhorias significativas nos sinais e sintomas da doença”, afirmou a farmacêutica suíça.

Este é o terceiro de entre cinco estudos de última fase realizados a nível internacional para avaliar a eficácia e segurança do Actemra. A investigação centrou-se agora em pacientes com artrite reumatóide moderada a grave, nos quais as articulações estão significativamente mais afectadas pela doença.

Ainda este ano a Roche planeia divulgar os resultados de um outro estudo, enquanto as conclusões da última investigação serão tornadas públicas numa data posterior. O medicamento deverá ser submetido à aprovação da entidade reguladora europeia e norte-americana no final de 2007.

Existe, actualmente, um vasto leque de tratamentos disponíveis para a artrite reumatóide, mas muitos deles não desempenham uma função eficaz no alívio da dor e arrastam consigo vários efeitos secundários, sendo um deles a osteoporose e a hipertensão. O Actemra é uma alternativa aos tratamentos existentes uma vez que funciona de maneira diferente. Enquanto anticorpo monoclonal humanizado é o primeiro a inibir a actuação da interleucina-6, uma proteína que causa inflamação, assim como outros sintomas, tais como febre, dor e rigidez.

Marta Bilro

Fonte: CNN Money, Forbes.

Acções de formação creditadas pela OF
Farmacêuticos aprendem na Beira Interior

Na sequência de um protocolo assinado em Março entre a Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior e a Farbeira, os farmacêuticos da Zona Centro do País já podem receber formação na UBI. As acções são creditadas pela Ordem e arrancam já na sexta-feira, contando também para efeitos de revalidação da carteira profissional.

Por ocasião da assinatura do protocolo, a professora Ana Filipa Macedo explicou que ele visa “desenvolver um conjunto de programas de formação contínua pós-graduada nas áreas das Ciências da Saúde e das Ciências da Vida, de um modo geral”. Segundo aquela docente, responsável por cadeiras como Farmacologia, Epidemiologia e Introdução às Ciências Farmacêuticas nos cursos de Medicina e Farmácia da UBI, “a universidade promove diversas pós-graduações e formações de dois ou três dias naquelas áreas”, que agora se abrem aos farmacêuticos, uma profissão em que “o dever de actualização técnica e científica está hoje consagrado estatutariamente pela Ordem”.
Os associados da Farbeira – que integra a Cofarbel e a Farcentro – são convidados a frequentar estas acções de formação, que Manuel Silvestre, responsável daquela cooperativa, diz servirem não só “para reciclagem de conhecimentos”, mas também para que os farmacêuticos possam actualizar-se relativamente aos mais recentes avanços na sua área de actuação”. A ideia do protocolo celebrado com a UBI teve origem na “consciencialização da importância da formação contínua para o correcto desempenho e excelência do exercício profissional dos farmacêuticos”, recordou o representante da Farbeira, adiantando que existe já um acordo semelhante com a Universidade de Coimbra.
A primeira acção de formação está marcada para a próxima sexta-feira, entre as 14 e as 18 horas, e estará a cargo da docente Petronila Rocha Pereira, que abordará temáticas relacionadas com a «Patologia do glóbulo branco e do glóbulo vermelho, coagulação e fibrinólise». Destina-se basicamente a licenciados em Farmácia com alguma experiência em análises clínicas, e visa transmitir conhecimentos sobre as áreas da fisiopatologia hematológica e das alterações susceptíveis na doença, com vista a “sensibilizar os profissionais de saúde para interpretar e abordar, ainda que de modo simples, os resultados obtidos, a situação patológica possível, e ajudar o doente em situação de monitorização terapêutica, diagnóstico e/ou prognóstico, ou em simples situação de interpretação de análises de rotina”.
De acordo com o que apurou o farmacia.com.pt, o programa de formação segue depois no dia 14 de Setembro, com uma sessão a cargo da mesma docente, sobre «Marcadores Tumorais: da investigação à prática clínica», e no dia 12 de Outubro, quando a farmacêutica hospitalar Olímpia Fonseca tomará em mãos a temática dos «Cuidados Paliativos».

Carla Teixeira
Fonte: Universidade da Beira Interior, jornais «Ubi et Orbi» e «Diário XXI»
Só 40 por cento dos europeus sabe que o problema existe
Resistência aos antibióticos: solução à vista?


O advento dos antibióticos foi um dos maiores avanços científicos de sempre, mas a sua utilização generalizada permitiu que muitos agentes infecciosos se tornassem imunes, problema que permanece no obscurantismo de grande parte dos cidadãos (na Europa só 40 por cento já ouviram falar de resistência aos fármacos). Cientistas norte-americanos reclamam ter descoberto a solução.

De acordo com um estudo agora publicado no jornal «Proceedings of the National Academy of Sciences», a equipa de investigadores da Universidade da Carolina do Norte apurou que os bisfosfonatos têm capacidade para bloquear a acção de uma enzima utilizada pelas bactérias para serem reabsorvidas pelos genes e adquirirem ou ampliarem a sua resistência aos antibióticos, descobrindo que a interferência na actuação dessa enzima permite inibir a resistência de um vírus criado em ambiente laboratorial. Matt Redinbo, que conduziu o estudo, afirmou que “os resultados são promissores”, mas reconheceu que ainda há muito a fazer na investigação destes mecanismos de resistência aos medicamentos.
No entanto, acrescentou, “a nossa descoberta pode abrir caminho a mecanismos que permitam exterminar os vírus resistentes presentes no organismo dos doentes, pondo assim termo à disseminação da sua capacidade de resistir aos tratamentos”. Ao longo da última década quase todos os tipos de bactéria desenvolveram alguma espécie de resistência, transformando muitas doenças infecciosas, como a vulgar e mortífera pneumonia ou a tuberculose, em alvos mais difíceis. De cada vez que um doente consome um antibiótico, as bactérias mais enfraquecidas no seu sistema sanguíneo são eliminadas, mas os vírus que já foram capazes de alguma mutação conseguem resistir.
Dados recentes da Comissão Europeia indicam que quase metade dos antibióticos consumidos se destina a tratar animais, visando o seu crescimento ou a destruição de elementos patogénicos presentes na alimentação. A administração contínua de medicamentos aos animais, ainda que em baixas dosagens, favorece o surgimento da resistência bacteriana e de novas estirpes, capazes de migrar dos animais para os seres humanos. Ainda assim, segundo o Eurobarómetro de 2001, apenas 40 por cento dos cidadãos europeus estariam nessa altura conscientes da existência do problema, responsável, nos países desenvolvidos, por 60 por cento das infecções hospitalares, pela acção de micróbios que resistem aos medicamentos. Doenças que nascem nos hospitais, mas que acabam por se propagar entre a população no exterior.

Carla Teixeira
Fonte: BBC, Comissão Europeia
Selénio aumenta problemas de diabetes

A toma de suplementos de selénio com vista à prevenção da diabetes pode, afinal, ter o efeito contrário. A afirmação foi feita ontem por investigadores britânicos que conduziram um estudo cujos resultados evidenciaram uma maior propensão para a doença nas pessoas que consumiam comprimidos de selénio, comparativamente a quem optava por placebos.

De acordo com os dados aferidos na investigação agora divulgada, os suplementos vitamínicos e minerais nem sempre produzem o efeito desejado e têm muitas vezes mais consequências negativas do que positivas. Saverio Stranges, especialista da Warwick Medical School, desaconselhou a toma de quantidades maiores de selénio do que aquelas que estão presentes nos suplementos vitamínicos. O cientista, que antes integrou os quadros da Universidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos, e a equipa que liderou neste estudo procuravam inicialmente aferir da capacidade do selénio tomado em suplementos para prevenir o cancro da pele, mas o avanço na pesquisa sugeriu que aquele mineral poderia ajudar a prevenir a diabetes.
Contudo, à luz do estudo publicado no jornal «Annals of Internal Medicine», essa expectativa não se confirmou. Os cientistas acompanharam 1202 pessoas que não tinham diabetes. A metade do grupo foram administrados 200 miligramas de selénio e aos restantes foi fornecido um placebo. Dos 600 elementos do primeiro grupo 58 desenvolveram a diabetes, enquanto entre os outros 602 voluntários a doença apenas foi diagnosticada em 39.

Carla Teixeira
Fonte: Agência Reuters
Investimento de três milhões de euros no novo armazém
COFANOR em Montemor-o-Velho


O anseio de expansão da Cooperativa dos Farmacêuticos do Norte para lá da sua actual área de influência encontrou eco na Câmara Municipal de Montemor-o-Velho (distrito de Coimbra), onde será instalado, a breve trecho, um novo armazém da COFANOR. Um investimento de três milhões de euros que promete ser uma mais-valia para o sector farmacêutico e para o concelho.

A escritura de compra e venda de quatro lotes de terreno no Parque de Negócios foi formalizada há escassos dias pelo presidente da COFANOR, António Nogueira, e pelo autarca de Montemor-o-Velho, Luís Leal, que deixou clara a sua convicção sobre a relevância do projecto, ao afirmar que “o investimento, no nosso concelho, de uma das empresas mais importantes do sector farmacêutico vem de encontro aos objectivos preconizados pelo executivo, traduzindo-se numa captação, para o concelho, de investimentos capazes de trazer valor acrescentado, nomeadamente com a criação e a promoção do emprego”.
António Nogueira, por seu turno, frisou a “localização privilegiada e as excelentes infra-estruturas de apoio empresarial” disponíveis no Parque de Negócios para justificar a escolha de Montemor-o-Velho para acolher as novas instalações da COFANOR. Tal como no actual armazém, no Porto, as novas instalações serão caracterizadas pelo mais elevado nível de automatismo e tecnologia de ponta, estando em estudo a possibilidade da utilização de energias alternativas na alimentação eléctrica do armazém, que deverá estar totalmente operacional até final deste ano.
Empresa de topo no sector da distribuição farmacêutica em Portugal e uma das 100 maiores do tecido empresarial português, a COFANOR detém hoje uma quota de mercado de oito por cento a nível nacional, que passa para os 20 por cento se for tido em conta apenas o seu mercado relevante (os distritos de Porto, Aveiro, Braga, Viana do Castelo, Vila Real, Bragança, Viseu e Coimbra). Fundada em Abril de 1967 por um movimento de farmacêuticos do Norte, a COFANOR foi criada com o objectivo de se tornar uma instituição que, com poder acrescido, melhor pudesse defender os interesses da Farmácia e dos farmacêuticos.

Carla Teixeira
Fonte: COFANOR
Projecto experimental de prescrição de estupefacientes
Heroína poderá ser um medicamento


Diante do reiterado fracasso de todas as tentativas para pôr termo a um estado de adição face aos opiáceos, e quando as terapias convencionais não conseguem dar resposta ao problema, ainda há esperança na recuperação de toxicodependentes? Na província espanhola de Andaluzia, os mentores de um projecto experimental de desabituação acreditam que sim…

O Projecto Experimental de Prescrição de Estupefacientes na Andaluzia (PEPSA) consiste na administração e heroína a vários toxicodependentes de rua, no âmbito de um ensaio clínico que visa a autorização do uso daquela substância, hoje ilícita, como um medicamento. Os responsáveis pelo programa, que teve início em 2003, garantem ter vindo a registar resultados muito positivos. A experiência decorre num hospital público de Granada, sob orientação de Pepe Caracuel, que assegura que a generalidade dos participantes no estudo conseguiu conciliar a sua vida quotidiana com a gestão dos consumos, e assevera que alguns lograram mesmo livrar-se do vício e deixaram as ruas.
Segundo o director do Centro PEPSA, o ensaio clínico – a única maneira de validar o projecto e obter a autorização do uso de qualquer substância como medicamento – comparou a evolução de dois grupos de pacientes: ao primeiro grupo foi injectada heroína (os seus elementos eram dependentes daquela droga e usavam-na por via intravenosa) e metadona por via oral, enquanto aos do segundo só foi administrada metadona, também por via oral. Pepe Caracuel garante que o que está em causa no programa não é, de todo, a legalização das drogas, mas apenas uma solicitação para que a Agência Espanhola de Medicamentos autorize a utilização terapêutica da heroína no tratamento da toxicodependência.
De acordo com aquele responsável, desde a entrada no programa dos primeiros doentes, “a avaliação é muito positiva”. Os doentes que integraram o grupo a que foi administrada apenas metadona também melhoraram, “até porque a assistência dada aos pacientes do Centro PEPSA não é a mesma que fornecem os serviços normalizados, onde o médico só vê o doente de tempos a tempos, nas consultas”. Aqui os doentes são acompanhados em permanência e têm sempre ao dispor uma equipa multidisciplinar composta por um médico, um psiquiatra, um psicólogo e várias enfermeiras. Pepe Caracuel explica que o objectivo do PEPSA é sempre o abandono das drogas ilícitas por parte dos seus utilizadores, mas reconhece que, “como em qualquer tratamento medicinal, também este pode falhar”. No entanto, considera que, mesmo nos casos em que o objectivo principal não seja alcançado, “reduzir os riscos e conferir alguma dignidade à vida das pessoas poderá constituir, por si só, uma vitória.

Carla Teixeira
Fonte: PEPSA, revista Dependências

Biochip garante a segurança das transfusões sanguíneas

A Progenika Biopharma, empresa basca de biotecnologia dedicada à investigação e desenvolvimento de medicina personalizada, apresentou um biochip de ADN, denominado BLOODchip, que permite eliminar o risco de reacções adversas devido à incompatibilidade nas transfusões entre o grupo sanguíneo de um dador e o do receptor.

Com o objectivo de garantir a segurança das transfusões de sangue, a Progenika desenvolveu e validou mil amostras clínicas em colaboração com os principais bancos de sangue europeus. Especificamente, a validação das amostras é de 99,8 por cento, sensivelmente superior à técnica actual de serologia, que pode ter uma margem de erro de cerca de 3 por cento. Assim sendo, o BLOODchip é actualmente a ferramenta mais segura e exacta para determinar geneticamente os grupos sanguíneos, o que permitirá reduzir as reacções adversas das transfusões de sangue.

Actualmente utilizam-se duas técnicas diferentes para detectar possíveis incompatibilidades nas transfusões sanguíneas: o método serológico e a sequenciação de ADN. A técnica serológica tem uma capacidade limitada e não permite detectar cerca de 3 por cento das incompatibilidades. Por outro lado, a sequenciação de ADN, que permite ultrapassar o inconveniente do procedimento serológico, é, contudo, um sistema lento e dispendioso.

A Progenika desenvolveu o BLOODchip para superar as limitações dos processos actuais, sendo que este permite detectar todas as incompatibilidades sanguíneas através de um processo analítico mais seguro, rápido e específico do que a técnica serológica. Adicionalmente, o custo é 20 vezes inferior aos testes de sequenciação de ADN, o que permite uma utilização generalizada e rotineira em todas as transfusões de sangue.

O BLOODchip é o resultado de uma investigação que faz parte do IV Programa Marco da União Europeia, realizado pela Progenika em colaboração com os principais bancos de sangue da União Europeia: Universidade de Bristol, Instituto de Transfusões da Universidade de Bristol, Sanquin de Amesterdão, Hospital Universitário de Ulm (Alemanha), Centro de Sangue do Hospital Universitário de Luna (Suécia), Centro de Transfusões e Banco de Sangue de Barcelona e o Instituto de Hematologia e Transfusão de Sangue de Praga.

A Progenika conseguiu a liderança tecnológica internacional no desenvolvimento de biochips genéticos, tendo já desenvolvido e patenteado diversos produtos que estão no mercado para vários tipos de diagnósticos. Em 2004, a Progenika lançou no mercado o LIPOchip, para o diagnóstico da Hipercolesterolemia Familiar, comercializado desde esse ano, sendo o primeiro biochip com marcação CE. Actualmente, a Progenika tem outros três produtos em fase de desenvolvimento, que estarão terminados no final deste ano.

Os biochips permitem analisar simultaneamente milhares de variáveis genéticas, multiplicando a capacidade das técnicas convencionais para diagnosticar uma doença, prognosticar a agressividade da sua progressão e prever a resposta do paciente ao tratamento.

Isabel Marques

Fontes: Science Daily, www.basqueresearch.com, www.progenika.com

Cientistas apresentam benefícios do tabaco contra a doença de Parkinson

Há muito que os cientistas teorizavam à cerca dos efeitos do tabagismo sobre a doença de Parkinson, concluindo frequentemente que os fumadores correm menos riscos de vir a sofrer desta doença neuro-degenerativa, em comparação com os indivíduos que não consomem tabaco. Uma equipa de investigadores da Escola de Saúde Pública da Universidade de Los Angeles, Califórnia, vem agora apresentar novas provas que reforçam esta ideia.

Apoiados nas conclusões de 11 estudos realizados entre 1960 e 2004, que observaram mais de 11.800 indivíduos, 2.816 dos quais doentes de Parkinson, os investigadores concluíram que existe uma “relação inversa entre os consumo de cigarros e a doença de Parkinson”.

O tabaco parece ter um efeito protector contra a doença de Parkinson, ainda que os cientistas não tenham conseguido perceber exactamente como se processa o efeito, mas estudos anteriormente realizados em animais apontam duas possibilidades.

Por um lado, os investigadores acreditam que o monóxido de carbono e outros agentes existentes no fumo do tabaco desencadeiam um efeito protector, promovendo a sobrevivência dos neurónios que produzem dopamina, permitindo o movimento preciso dos músculos, o que não sucede com os doentes de Parkinson.

Por outro lado, é também apontada ao tabaco a capacidade de provocar um efeito preventivo do desenvolvimento de substâncias tóxicas, que interferem com o sistema neurológico.

De acordo com o relatório apresentado segunda-feira, para além dos fumadores de cigarros também os fumadores de cachimbo e charutos apresentam um menor risco de vir a sofrer da doença de Parkinson, bem como os consumidores de tabaco de mascar, ainda que o hábito de mascar tabaco esteja cada vez mais em desuso.

Inês de Matos

Fonte: Reuters

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Gordura do corpo para reconstituir a mama

Retirar gordura da barriga e nádegas, através da lipoaspiração, pode ser uma nova técnica para reconstruir o peito de uma mulher a quem tenham retirado parte, ou a totalidade da mama, devido a um tumor maligno (mastectomia).


O uso de gordura do próprio corpo é muito comum na cirurgia plástica, mas na reconstituição mamária não tem sido bem sucedida, porque a gordura é absorvida pelo corpo. A nova técnica adiciona a esta matéria gorda as suas próprias células mãe. Assim, quando são injectadas no peito, vão estimular a irrigação sanguínea local, dando origem à formação de um tecido que num prazo aproximado de seis meses vai encher a mama.


No Japão, já foram submetidas a esta cirurgia 19 mulheres. Todas tiveram resultados positivos. Apesar dos resultados positivos, há cientistas que estão cépticos porque consideram um implante de gordura pode dar um aspecto de caroço à mama. Neste sentido, os estudos vão continuar. A entrada no novo método na Europa está prevista para 2008.

O estudo foi publicado na revista Chemistry and Industry.

sara pelicano

fontes: BBC

AstraZeneca entra em acordo de 200 milhões de libras com a Silence Therapeutics

A AstraZeneca assinou um acordo de colaboração em I&D (Investigação e Desenvolvimento) com a Silence Therapeutics para novas terapêuticas respiratórias, com a duração de três anos. O acordo pode chegar a render até 200 milhões de libras para a Silence Therapeutics.

A Silence Therapeutics e a AstraZeneca irão colaborar conjuntamente na fase inicial de identificação e optimização de novas moléculas siRNA. Esta colaboração tem como objectivo o desenvolvimento e a descoberta das propriedades das moléculas siRNA contra cinco alvos específicos identificados pela AstraZeneca.

A AstraZeneca irá receber uma licença para a tecnologia siRNA da Silence Therapeutics, mediante o pagamento de 7,5 milhões de libras. A Silence Therapeutics irá receber inicialmente um pagamento referente a taxas de acesso de 2,5 milhões de libras, e a AstraZeneca irá ainda comprar 5 milhões de libras de acções da Silence Therapeutics. A Silence Therapeutics também irá receber pagamentos que dizem respeito aos objectivos comerciais atingidos e regalias em qualquer produto comercializado, enquanto que a AstraZeneca será responsável pelo desenvolvimento clínico e comercialização de todos os candidatos desenvolvidos durante o acordo.

O vice-presidente da área de investigação e desenvolvimento da AstraZeneca, Jan Lundberg, sublinhou que a tecnologia siRNA permitirá à AstraZeneca apontar mecanismos de doenças difíceis de tratar por pequenas moléculas e outras abordagens. O acordo inclui uma opção para estender a colaboração a outras doenças.

Isabel Marques

Fontes: First Word, Bloomberg, Silence Therapeutics

Vacina contra o cancro do cérebro aprovada na Suíça

A primeira vacina contra o cancro cerebral recebeu hoje autorização de comercialização na Suíça. O fármaco é produzido pela Northwest Biotherapeutics, uma empresa norte-americana de biotecnologia. A decisão da entidade reguladora suíça fez disparar as acções da Northwest Biotherapeutics em 34 por cento na bolsa de Londres.

A utilização do DCV ax-Brain, aprovada pelo Instituto Suíço de Saúde Pública, deverá tornar-se numa realidade para os pacientes daquele país durante o terceiro trimestre deste ano. O plano de aprovação prevê que a Northwest possa produzir a vacina nos Estados Unidos da América (EUA) e disponibilizá-la para o tratamento de doentes com cancro cerebral em centros seleccionados na Suíça.

A empresa salienta que o DCVax-Brain será a primeira vacina terapêutica comercializada, isto porque, difere das vacinas regulares, sendo administrada aos pacientes que apresentam uma condição pré-existente para estimular o sistema imunitário. Durante os ensaios clínicos, o medicamento conseguiu atrasar a reincidência da doença em pacientes recém-diagnosticados em cerca do triplo do tempo, e aumentar a esperança de vida para mais do dobro. Para além disso, de acordo com a empresa responsável, a terapia não provocou os efeitos secundários debilitantes associados aos tratamentos comuns, como é o caso da quimioterapia.

Por norma, os tumores cerebrais e, em especial, os malignos, são tratados com uma combinação de cirurgia, radioterapia e quimioterapia. Depois de se ter extirpado a maior quantidade possível de tumor, inicia-se a radioterapia. Os cancros cerebrais desenvolvem-se muito rapidamente e os pacientes recém-diagnosticados sobrevivem, em média, cerca de 14,6 meses.

O fármaco encontra-se actualmente em Fase II de ensaios clínicos nos EUA, num estudo que envolve 141 doentes e que deverá estar concluído no final de 2008. Depois de analisar os resultados, a Northwest pretende requisitar a aprovação da vacina nos EUA e na União Europeia em meados de 2009. “Estamos muito satisfeitos por sermos a primeira empresa a colocar no mercado uma vacina terapêutica personalizada para os cancros do cérebro, uma doença com um prognóstico tão desanimador para os pacientes”, destacou Alton Boynton, presidente e director executivo da Northwest Biotherapeutics. O próximo passo será “levar o DCVax-Brain a pacientes de outros paises, e aplicar a nossa tecnologia DCVax em muitos outros cancros”, concluiu o responsável.

Marta Bilro

Fonte: CNN Money, IOL News, Financial Times, Manual Merck.

Cientistas identificam o gene que provoca cancro no intestino

O gene identificado pode aumentar em 20% o risco de desenvolver cancro no intestino. O estudo, publicado na revista Nature Genetics, foi realizado por cientistas escoceses a 30 mil doentes oncológicos.

No estudo participaram pessoas com cancro no intestino e pessoas saudáveis. Os investigadores realizaram testes de ADN ao genoma de cada um, então verificaram que um apresentava sempre a mesma mutação, inexistente nas pessoas saudáveis.

Ainda numa fase inicial o responsável pela investigação, Ian Tomlinson, sublinha que «este é um primeiro passo importante, mas nós ainda temos um longo caminho a percorrer até termos um quadro completo de todos os genes envolvidos na transmissão do risco do cancro no intestino».

Actualmente estão identificados diversos genes que podem contribuir para o aparecimento do cancro no intestino, mas são raros na população, sendo causa de apenas 5% dos casos.

«No futuro estudos como este com vários tipos de cancro podem vir a ajudar as pessoas com risco elevado de desenvolvimento da doença, através de programas de análise do ADN e novos meios de tratamento», esclarece Harpal Kumar, director-executivo da Cancer Research do Reino Unido.

Sara Pelicano

Fontes: BBC

Centro de Informação Antiveneno recebeu mais de 27 mil pedidos de ajuda em 2006

O Centro de Informação Antiveneno (CIAV) recebeu no ano passado mais de 27 mil pedidos de ajuda, principalmente por intoxicações acidentais. No entanto, 4262 desses telefonemas foram motivados por intoxicações intencionais com medicamentos.

As tentativas de suicídio envolvem geralmente medicamentos, como os vulgares calmantes, mas também produtos domésticos e industriais, como os detergentes e na sua maioria são praticadas por mulheres entre os 20 e os 39 anos.

No entanto, apesar da gravidade destes casos a grande maioria das chamadas que o CIAV recebe prendem-se com casos acidentais, em que as mães deixam a pílula em cima da mesa-de-cabeceira ao alcance das crianças, ou dos pais que dão o xarope ou o antibiótico aos filhos em "duplicado", por exemplo.

Em 2006 registou-se um ligeira descida de telefonemas em relação ao ano anterior (menos 557), o que na opinião de Fátima Rato, coordenadora do CIAV se deve à diminuição das campanhas de divulgação do número de emergência e do centro antiveneno. A coordenadora considera mesmo “fundamental" o investimento em campanhas de informação, pois a grande maioria dos telefonemas continua a ser de cariz acidental.

A maioria das chamadas feitas para o número de emergência, o 808250143, acontece entre as 18 horas e a uma da madrugada, uma vez que este período "corresponde à hora em que as pessoas chegam a casa e que mexem mais nos produtos", esclareceu Fátima Rato.

"Há dias tivemos uma criança que tinha comido 28 pílulas", contou a médica, lembrando ainda o caso curioso de uma senhora que engoliu um supositório. Apesar de irrisórios estes são casos em que as consequências não são gravosas. No entanto, existem situações muito graves em que as intoxicações podem mesmo ser fatais.

A troca de embalagens de detergentes, por exemplo, é muito frequente, essencialmente “em cafés e restaurantes com os descalcificantes das máquinas. Depois vemos nos jornais que as pessoas ficaram queimadas por causa da água e não é bem assim", alerta a coordenadora do CIAV.

O CIAV recebe por dia uma média de 78 chamadas directas, mas atende também os telefonemas encaminhados pela linha Saúde 24 e dos hospitais que ligam a pedir informações sobre determinados casos de intoxicações.

Inês de Matos

Fonte: Jornal de Noticias

Portal do Cidadão esclarece dúvidas dos utentes sobre o SNS

“O Utente no Serviço Nacional de Saúde” é o título do novo dossier disponibilizado pelo Portal do Cidadão que fornece um vasto conjunto de informações e esclarece as dúvidas dos utentes acerca do funcionamento dos serviços públicos de saúde.

Este arquivo desempenha a função de um guia onde poderão ser esclarecidas dúvidas sobre como obter um médico de família, marcar uma consulta ou realizar um tratamento no estrangeiro.

Estão também disponíveis todas as indicações acerca dos procedimentos necessários para fazer uma inscrição no centro de saúde, pedir o de cartão de utente ou apresentar uma reclamação.

A iniciativa nasce de uma parceria entre o Portal do Cidadão, o Portal da Saúde e a Direcção-Geral da Saúde.

Marta Bilro

Fonte: Fábrica de Conteúdos, Portal do Cidadão.

Novavax compra tecnologia da Wyeth

A Novavax, uma empresa de biotecnologia especializada no desenvolvimento de vacinas, estabeleceu um acordo de licenciamento não exclusivo com a farmacêutica norte-americana Wyeth. O objectivo é obter os direitos de uma aplicação de patente que engloba uma tecnologia de partículas semelhantes a vírus, para utilização em vacinas direccionadas aos seres humanos, em certas áreas de aplicação.

Nos termos de negócio foi estabelecida a execução de um pagamento antecipado, taxas de licença anuais, pagamentos por objectivos e atribuição de privilégios em qualquer venda de produtos. Até ao final de 2008, a Wyeth poderá reunir cerca de 3,6 milhões de euros em pagamentos.

A tecnologia de partículas semelhantes a vírus está a ser utilizada pela Wyeth para desenvolver vacinas para a gripe sazonal e pandémica, que actua de forma semelhante ao vírus que a provoca, causando a escassez do material genético que desencadeia a doença. Desta forma, o vírus é impedido de se reproduzir acreditando-se que perderá capacidade para causar infecções ou doenças.

Esta inovação poderá dar inicio ao desenvolvimento de novas vacinas que proporcionam maior imunidade, com doses mais reduzidas do que as administradas pelas actuais vacinas.

“Estamos muito satisfeitos por termos concluído este acordo de licenciamento com a Wyeth e encaramos esta licença como mais um passo importante para a construção de uma forte posição de propriedade intelectual para os nossos programas de vacina da gripe”, declarou Rahul Singhvi, presidente e director executivo da Novavax.

Marta Bilro

Fonte: Forbes, CNN Money.

Protectores solares: Comissão Europeia elimina rotulagem enganadora

A chegada do verão e a corrida às praias faz despontar os avisos acerca da crescente incidência de melanomas e da utilização de protectores solares. È por isso que expressões como “protecção total” ou “protecção solar a 100%” vão deixar de constar dos rótulos das embalagens de protectores solares por decisão da Comissão Europeia.

Como parte de uma nova campanha que reforça os alertas e chama a atenção para os perigos da exposição solar excessiva, as expressões que sugiram uma protecção completa contra o sol deixam de poder figurar nas embalagens de protectores solares. De acordo com Meglena Kuneva, Comissária Europeia para a Protecção dos Consumidores este tipo de rotulagem é enganadora e contribui para ocorrência centenas de mortes anualmente.

Os novos padrões definidos por Bruxelas, em cooperação com a indústria do sector, contemplam a inclusão de informações acerca dos níveis de protecção contra os raios UVA e UVB. Isto porque “os consumidores necessitam de informação clara e precisa sobre os produtos de protecção solar para que possam proceder a escolhas informadas”, salientou Kuneva. A Comissão Europeia deverá definir que os protectores solares sejam obrigados a indicar se oferecem uma protecção baixa, média, alta ou muito alta, e que revelem não só o factor de protecção solar contra os raios UVB mas também qual o nível de protecção que oferecem contra os raios UVA.

Actualmente, os números visíveis nas embalagens, que indicam o factor de protecção solar, apenas se referem aos raios UVB, o mais responsável pelas queimaduras solares. Este factor pode criar uma sensação de falsa segurança, considera a comissária europeia, uma vez que esses produtos não protegem contra os raios UVA que, apesar de serem menos aptos a causar queimaduras, podem aumentar o risco de cancro de pele.

“É preciso reforçar a mensagem essencial de que o protector solar é apenas uma entre várias medidas necessárias para uma protecção efectiva contra o sol”, salientou a mesma responsável. “Quando são devidamente utilizados, os protectores solares podem ajudar a prevenir o cancro da pele, mas por si só não são suficientes”, frisou Markos Kyprianou, Comissário de Saúde da União Europeia, acrescentando que deve também ser evitada a exposição ao sol por longos períodos de tempo, permanecendo à sombra nas horas mais perigosas, e promovida a utilização de chapéu e óculos de sol. A uniformização dos rótulos dos produtos deverá estar concluída em 2008.

Marta Bilro

Fonte: Theage.com.au, Medical News Today, Channel4.

Terapêuticas de ARN fomentam parceria entre Roche e Alnylam

A farmacêutica suíça Roche estabeleceu uma aliança com a Alnylam Pharmaceuticals que lhe permitirá aceder à plataforma de tecnologia biofarmacêutica da empresa norte-americana, com vista ao desenvolvimento de tratamentos baseados no processo de interferência de ácido ribonucleico (ARN). A parceria deverá envolver cerca de 734 milhões de euros.

A Alnylam especializou-se no campo das terapêuticas com ARN, uma molécula responsável por possibilitar a circulação da informação genética do ADN para as proteínas. O processo de interferência de ARN tem a capacidade de determinar qual a função de um gene responsável por uma doença e de o desactivar, interrompendo a actividade da doença. O mecanismo de interferência de ácido ribonucleico foi descoberto pelos cientistas Andrew Z. Fire e Craig C. Mello, que lhes valeu o Nobel da Medicina e Fisiologia de 2006.

O ARN é um mecanismo natural que ocorre nas células, sendo responsável por acções chave como ligar e desligar os genes, controlar o desenvolvimento do embrião, podendo até desempenhar um papel importante no desenvolvimento do cancro. Uma vez que muitas doenças são causadas por uma actividade inapropriada de determinados genes, a possibilidade de os desligar através do ARN poderá proporcionar novas formas de tratamento para um largo conjunto de doenças. Este facto tem despertado a atenção das empresas farmacêuticas e a Roche não é a única a preocupar-se com o assunto. A Merck pagou recentemente cerca de 807 milhões de euros à Sirna Therapeutics para aceder às suas terapias de ARN.

“Fundamentalmente, esta tecnologia tem o potencial de tratar doenças de uma nova forma”, afirmou o presidente e director executivo da Alnylam, John Maraganore. O investimento do laboratório suíço é financeiramente determinante para a Alnylan, cujas receitas de 2006 não ultrapassaram os 19,7 milhões de euros. Os termos do acordo prevêem que a empresa norte-americana ceda à Roche uma autorização não exclusiva de utilização da sua tecnologia, mantendo assim os direitos de a licenciar a outras empresas. Segundo o acordo, a farmacêutica europeia deverá adiantar um pagamento de 243 milhões de euros, incluindo um investimento ligeiramente abaixo dos dois milhões de acções do stock da Alnylan, o que representa cerca de cinco por cento das acções da empresa.

A Roche espera iniciar os primeiros ensaios clínicos de fármacos experimentais baseados no processo de interferência da ARN dentro de dois anos. Segundo revelou Lee Babiss, director do departamento de investigação da Roche, os primeiros ensaios com humanos deverão concentrar-se no desenvolvimento de medicamentos para a asma e para a doença pulmonar obstrutiva crónica. De acordo com o mesmo responsável, os tratamentos para a diabetes tipo II e para o cancro colorrectal estarão também entre os primeiros medicamentos baseados em ARN a serem testados em seres humanos.

Marta Bilro

Fonte: Forbes, The Wall Street Journal, Saúde na Internet.

EMEA estende licença de aplicação do Seretaide

O Seretaide, um medicamento da GlaxoSmithKline utilizado no tratamento e controlo da asma, recebeu aprovação de utilização na Europa para tratar pacientes com doenças pulmonares.

O fármaco, comercializado nos Estados Unidos da América como Advair, é o mais bem sucedido do laboratório britânico e o segundo medicamento mais vendido no mundo. As vendas do fármaco a nível mundial atingiram, em 2006, os 4,87 mil milhões de euros. A Agência Europeia de Medicamentos (EMEA) resolveu alargar a licença do Seretaide para que possa ser utilizado numa extensa camada de pacientes que sofrem de doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC), uma patologia que afecta, em Portugal, cerca de 5,3 por cento da população.

A revisão da entidade reguladora surge na sequência da apresentação de um importante estudo clínico sobre a utilização da substância em pacientes com DPOC, anunciou a Glaxo. A decisão vai permitir que mais pacientes com doença pulmonar possam ser tratados com Seretaide numa fase precoce da doença, antes de esta progredir para um estado mais grave.

A doença pulmonar obstrutiva crónica “é um estado patológico que se caracteriza por uma limitação do débito aéreo (ventilação), geralmente progressiva e com reduzida reversibilidade”, refere o Portal da Saúde. Por norma, a sua origem está associada a uma resposta inflamatória anómala dos pulmões à inalação de partículas ou gases nocivos. O tabagismo é o principal responsável pela doença, sendo que a exposição à inalação de partículas ou gases nocivos também contribuem.

O Seretaide (Fluticasona + Salmeterol) é um agonista beta-2 de longa duração de acção e corticosteróide inalado. De acordo com as novas indicações europeias, o medicamento poderá ser utilizado nos pacientes com DPOC cuja função pulmonar apresenta 60 por cento do nível normal de FEV1 (redução da função pulmonar), contra os 50 por cento em que era indicado anteriormente, abrangendo uma população de doentes mais vasta.

Marta Bilro

Fonte: Market Watch, Reuters, Portal da Saúde, Revista Portuguesa de Pneumologia.

Identificado gene responsável por cancro colorrectal

Uma equipa de cientistas internacionais realizou uma descoberta genética que poderá salvar muitos doentes com cancro colorrectal (cancro do intestino grosso e do recto), uma vez que, aumenta a eficácia dos exames, levando à detecção precoce dos casos de cancro do intestino. Os investigadores identificaram o primeiro gene com defeito comum relacionado a um aumento acrescido de vir a desenvolver a doença.

Depois de analisar mais de 100 mil amostras de material genético de 15 mil pessoas, a equipa de cientistas canadiana identificou uma particularidade específica no cromossoma 8 que está associada ao cancro colorrectal. Por sua vez, investigadores britânicos e norte-americanos detectaram a mesma peculiaridade, no mesmo cromossoma. De acordo com Tom Hudson, presidente do Instituto para Pesquisa de Cancro de Ontário e principal orientador do estudo no Canadá, o facto de uma pessoa possuir essa variação genética aumenta o risco de desenvolver cancro colorrectal em cerca de 20 por cento.

O defeito genético foi previamente relacionado com o cancro da próstata e o cancro da mama, o que poderá significar que este é também responsável por uma grande variedade de cancros comuns, explicou o mesmo especialista. As novas informações genéticas, descobertas através dos estudos das três equipas de especialistas e publicadas no jornal “Nature Genetics”, poderão ajudar a identificar pessoas em risco de contrair a doença e conduzir a novos exames e métodos de prevenção.

“Esta investigação é um passo muito importante em direcção à redução do número de mortes por cancro do intestino”, afirmou Emma Mowat, do “Bowel Cancer”, no Reino Unido. Segundo afirmou a investigadora, “esta descoberta poderá duplicar o número de pessoas que conseguimos identificar como sendo portadoras de um risco acrescido da doença – 10 por cento das pessoas são diagnosticadas em resultado do historial familiar e 10 por cento resultam deste gene”. Já foram identificadas várias variações genéticas capazes de aumentar o risco de cancro, porém, são raras e representam menos de cinco por cento dos casos. A partir de agora deverá ser mais fácil elaborar um exame de acordo com os vários genes diferentes que aumentam o risco de desenvolver cancro do intestino, dando origem a uma prevenção melhorada, a um diagnóstico precoce e a um tratamento mais eficaz.

Nos países ocidentais, o cancro colorrectal “é a segunda causa mais frequente de cancro e a segunda causa de morte por cancro”, refere o Manual Merck. A incidência desta doença começa a aumentar aos 40 anos de idade e chega ao máximo entre os 60 e os 75 anos. O cancro do intestino grosso (cancro do cólon) é mais frequente em mulheres, enquanto o do recto incide mais sobre população masculina. Cerca de 5 por cento das pessoas com cancro do cólon ou do recto têm mais do que um cancro colorrectal ao mesmo tempo.

Marta Bilro

Fonte: The Star, Telegraph.com.uk, Manual Merck.

Estudos preliminares de fármacos para outros males
Novas esperanças contra o cancro


Dois medicamentos concebidos para dar resposta a doenças como a diabetes e a obesidade revelaram eficácia no combate ao cancro. São vias travessas por onde caminha a investigação científica na área da Saúde, materializadas desta feita na descoberta de duas novas esperanças para os doentes oncológicos.

Dois estudos experimentais aferiram a descoberta de propriedades inesperadas em medicamentos que desenvolviam os seus autores. A polémica rosigliatazona, que é indicada para o tratamento da diabetes, demonstrou capacidade para incrementar os efeitos positivos da quimioterapia, enquanto o orlistat, substância activa usada no combate à obesidade, parece ser capaz de destruir as células cancerosas, à luz do que aferiu uma equipa de especialistas da Universidade de Wake Forest, nos Estados Unidos, no âmbito de um ensaio clínico desenvolvido ao longo dos últimos cinco anos, e cujos resultados foram agora publicados na revista «Nature Structural and Molecular Biology».
De acordo com aqueles especialistas, o orlistat actua sobre uma proteína presente na superfície das células afectadas por tumores, responsável pela sua morte. Não obstante, os cientistas afirmam que o medicamento não pode ser usado de forma isolada no combate ao cancro, uma vez que apenas actua no sistema digestivo. A sua mais-valia reside no facto de ele permitir conhecer o mecanismo de acção que predispõe para o desenvolvimento de novas soluções farmacológicas. “A proteína responsável pela destruição das células cancerosas está praticamente ausente nas células saudáveis”, segundo explicou o investigador Steven Kridel, e a descoberta desse aspecto permitiu abrir novos caminhos à ciência médica.
Num outro estudo, que teve por base a administração de rosigliatazona em ratinhos de laboratório, uma equipa de cientistas do Instituto Dana-Farber do Cancro, com sede em Boston, descobriu que a reconversão daquele fármaco para a diabetes é capaz de aumentar a eficácia de vários químicos usados no combate ao cancro. A investigação, publicada na revista «Cancer Cell», explica que a combinação desses platinos (medicamentos de grande toxicidade que muitas vezes geram resistência nos pacientes, que deixam de responder à medicação) com a rosiglitazona reduz significativamente o crescimento dos tumores no pulmão e nos ovários.

Carla Teixeira
Fonte: El Mundo
Adesivo da Novartis para doentes de Alzheimer
Exelon Patch aprovado nos Estados Unidos


O grupo farmacêutico Novartis, com sede na Suíça, anunciou hoje ter recebido a aprovação da norte-americana Food and Drug Administration para a introdução no mercado do Exelon Patch, um adesivo para aplicação na pele que surge como uma alternativa aos medicamentos de administração oral no tratamento do Alzheimer.

De acordo com a Novartis, a FDA aprovou o uso do novo tratamento em pacientes com demência ligeira ou moderada provocada por aquela doença progressiva e de degeneração gradual do cérebro. O patch deve ser aplicado nas costas, no peito ou no antebraço do doente, e mantém estável a distribuição do fármaco no organismo, melhorando a sua tolerância e permitindo a um maior número de doentes receber doses de medicação mais eficazes.
A empresa farmacêutica estima em cerca de 18 milhões o número de doentes de Alzheimer a nível mundial. Em Portugal, segundo dados da Associação Portuguesa de Familiares e Amigos de Pessoas com Alzheimer, que em 2006, com o apoio da Novartis, lançou um manual do cuidador daqueles doentes, são actualmente cerca de 60 mil os cidadãos afectados por aquela doença degenerativa progressiva.

Carla Teixeira
Fonte: Agência Reuters, APFADA e Novartis