segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Monóxido de carbono: Alfama prova eficácia terapêutica

Empresa de biotecnologia portuguesa é a única no país e a segunda no mundo a desenvolver moléculas de CO para a saúde


O silêncio tomou conta da sala quando, na década de 90, Leo Otterbein, investigador na Universidade de Harvard, advogava a favor de um papel terapêutico para o monóxido de carbono (CO). Volvidos mais de dez anos, a Alfama – empresa de biotecnologia portuguesa – já deu provas mundiais do enorme potencial terapêutico do CO contra várias doenças.

Artrite reumatóide, aterosclerose, asma, trombose ou Alzheimer são algumas das doenças que estão na mira da Alfama através do desenvolvimento de pequenas moléculas que libertam monóxido de carbono (CORMs – CO Releasing Molecules). Combater as patologias, levando as doses certas, aos sítios certos do organismo humano é a missão da Alfama, há já cinco anos, num mercado (CORMs) que, embora em crescimento, se perspectiva gigantesco.


Fundada em 2002, esta empresa nacional possui uma tecnologia própria e inovadora, protegida por um pedido de patente internacional que cobre classes de moléculas libertadoras de CO, e com aplicação nos principais mercados mundiais. “Deste o início da actividade, a Alfama concebeu 170 CROMs e já sintetizou mais de 60, a maior parte dos quais, foram já testadas para parâmetros químicos e biológicos, com resultados muito positivos”, informa a farmacêutica.

A investigação é levada a cabo nos laboratórios do Instituto de Tecnologia Química e Biológica (ITQB) e do Instituto de Medicina Molecular (IMM). Paralelamente, a Alfama conta com parcerias estabelecidas desde a sua criação com várias empresas e institutos de investigação europeus de referência na área farmacêutica e biotecnologia, entre elas, constam entidades como a Serono e a gigante suiça Roche.

Em 2005, foi eleita a melhor start-up europeia, sagrando-se vencedora do Gate2Growth Venture Contest, da Comissão Europeia, a maior competição da Europa para empresas jovens provenientes de áreas tecnológicas que demonstrem alto potencial de crescimento. Nos primeiros meses de existência, a Alfama conseguiu angariar mais de 500 mil euros, sobretudo, provenientes de apoios governamentais.

A empresa tem presença internacional nos EUA através da Alfama, Inc, onde está sediada a organização legal e financeira da empresa. Recentemente, o seu trabalho atraiu o olhar de uma gigante farmacêutica norte-americana (IKARIA) com quem aceitou assinar acordo.


Efeito terapêutico em baixas doses

Não é novidade que o monóxido de carbono tem uma presença natural no organismo humano, desempenhando funções fisiologicamente importantes. A surpresa dá-se quando se fala em terapias com CO, isto porque, é reconhecido como um gás letal se administrado em volumes elevados. Desta forma, compreende-se que, tardiamente, tenha sido feita a descoberta, assim como, depreende-se que não foi tarefa fácil para os cientistas convencer o mundo de que este gás tem propriedades terapêuticas, nomeadamente, vasodilatadoras e anti-inflamatórias, entre outras.

De acordo com os especialistas, o tratamento com monóxido de carbono é tanto mais eficaz, quanto mais directamente for aplicado nos tecidos. Outro dos aspectos que a comunidade científica já assegurou é que o tratamento é feito muito abaixo dos níveis de toxicidade, ou seja, em doses pequenas.

Nuno Arantes-Oliveira é o rosto da Alfama e um dos mais reputados jovens empreendedores de Portugal. Doutorado em Genética, conquistou, também, distinção como cientista, sendo autor e co-autor de trabalhos de grande impacto.

“As moléculas que desenvolvemos têm a particularidade de serem desenhadas e produzidas de modo a poderem entrar no organismo, por exemplo, por via oral, e libertar o CO de uma forma controlável, nos locais onde ele é necessário”, esclareceu fonte da empresa, sublinhando que, com base nos resultados já obtidos em animais “sabemos, hoje, que estas moléculas podem realmente suprimir inflamações de uma forma, extraordinariamente eficaz, tendo, portanto, o potencial de virem a ser usadas no combate a um vasto leque de doenças graves.”

CO inalado para tratar malária

Recorde-se que, em Maio passado, foi noticiado na revista científica «Nature Medicine» que doses de monóxido de carbono (inaladas) podem inibir o surgimento de malária cerebral em animais expostos ao parasita. O mérito dos avanços no tratamento da doença foi português, os investigadores integram a Unidade de Malária do Instituto de Medicina Molecular e do Instituto Gulbenkian de Ciência que, mais tarde, anunciou um trabalho conjunto com a Alfama no sentido de testar a administração de CO por ingestão via oral, injectáveis ou intermusculares.

Em declarações à TVCiência, a autora principal do estudo, Ana Pamplona, explicou: “Neste trabalho nós demonstrámos que quando os ratinhos infectados com malária, neste caso, Plasmodium berghei ANKA, parasita específico de roedores, eram expostos a concentrações baixas de monóxido de carbono não desenvolviam malária cerebral.”

Na altura, a investigadora referia que a inalação “é um possível meio de levar o monóxido de carbono aos tecidos e aos alvos celulares que se pretendem” e destacando que a companhia de biotecnologia Alfama produz moléculas libertadoras de monóxido de carbono, anunciou: “Nós estamos a testar essas moléculas neste modelo experimental de malária cerebral, para ver se observamos os mesmos efeitos que vimos com o monóxido de carbono inalado.”
Recuperação de doentes transplantados

Recorde-se que, o farmacia.com.pt divulgou, recentemente, um outro estudo que reforça as propriedades terapêuticas do CO. Segundo a investigação conduzida por cientistas britânicos, pequenas doses de CO injectáveis ou soluvéis em água são benéficas para tratar doentes transplantados ou casos de artrite reumatóide e hipertensão pulmonar.

Ao que conseguiu apurara o farmacia.com.pt, em todo o mundo, existem apenas duas empresas que se dedicam ao desenvolvimento de CORMs. Ambas estão na fase de crescimento e uma delas é a Alfama. A empresa já publicou perto de 200 artigos científicos em revistas internacionais, entre elas, constam as famosas «Nature» e a «Science».

Raquel Pacheco

Fontes: http://www.alfama.com.pt/ /DE/Público/TVCiência/farmacia.com.pt

domingo, 28 de outubro de 2007

Malvinder Singh, CEO da companhia farmacêutica Ranbaxy
“Indústria dos genéricos vai continuar a crescer”


Por detrás do grande império da companhia farmacêutica indiana Ranbaxy, uma das maiores empresas na área do desenvolvimento de genéricos a nível mundial, há um homem que crê que a quota de mercado dos medicamentos sem marca vai continuar a crescer no mercado português, onde a Ranbaxy acaba de entrar. Malvinder Singh, CEO da firma indiana, esteve em Portugal.

Numa entrevista ao jornal «Médico de Família», o responsável pela Ranbaxy recordou que o mercado farmacêutico nacional evidenciou uma subida da quota de mercado dos medicamentos de um para 17 por cento, fenómeno que considerou “reflexo óbvio da receptividade crescente” dos portugueses aos medicamentos sem marca, embora esse não seja ainda, na sua opinião, um crescimento suficiente, na medida em que a quota de mercado dos genéricos deveria atingir no nosso país os 40 ou 50 por cento que já atinge em tantos outros países europeus.
Vincando a ideia de que a qualidade dos medicamentos genéricos é exactamente igual à dos compostos químicos comercializados pelas grandes multinacionais, Malvinder Singh afirmou que acredita que “a indústria dos genéricos vai continuar a crescer em Portugal”, mas acrescentou que, para isso acontecer, é importante que os médicos dêem o seu contributo, e “que continuem a apoiar a prescrição de produtos genéricos” ou, em alternativa, “permitam que as farmácias substituam os medicamentos prescritos, quando tal fizer sentido”, em termos de vantagens para o doente.
No seguimento de um período de 18 meses em que a companhia farmacêutica indiana concluiu 12 processos de aquisição de outras empresas, integrou a maior companhia independente de genéricos da Roménia, assumiu o controlo dos negócios daquela área no seio da GlaxoSmithKline em Espanha e Itália e tomou conta de uma firma importante no mercado do Benelux, o CEO da Ranbaxy disse que a empresa está atenta a novas oportunidades de negócio no espaço europeu, considerando que, “a nível global, a posição da Ranbaxy no mercado dos genéricos está consolidada: estamos no top das 10 maiores empresas do mundo e somos a maior empresa sediada num mercado de relevo, como é o indiano”.

Carla Teixeira
Fonte: «Médico de Família»
Pio Abreu, psiquiatra dos Hospitais Universitários de Coimbra
“Medicamentos bons estão a desaparecer”


Se é verdade que a Psiquiatria ainda vive muito na dependência do medicamento, segundo o psiquiatra dos Hospitais Universitários de Coimbra o “grande drama” daquela especialidade médica é mesmo o preconceito contra os fármacos mais antigos, eficazes mas mais baratos. Pio Abreu defende que “se os medicamentos forem baratos ninguém os vende, o Estado não assegura que continuem a existir, e o Infarmed muito menos”.

“É paradoxal e é uma tolice”, asseverou o clínico, numa entrevista publicada nesta semana pelo «Diário de Coimbra», em que disserta sobre muitas e diversas realidades ligadas à doença mental e às políticas de saúde no nosso país. Na opinião de Pio Abreu, essa dependência da Psiquiatria face ao medicamento “não tem de ser, necessariamente, um obstáculo, se os médicos souberem utilizar bem os medicamentos”. O problema – atesta – reside no facto de que “os medicamentos bons, os que já são antigos e muito baratos, estão a desaparecer”. No entanto, e apesar de serem alternativas “extremamente caras”, aponta a existência das psicoterapias e das reabilitações, que “implicam muitos recursos humanos”. Contudo, explica, “existem agora novas psicoterapias breves, coisas ligadas à hipnose ou aos movimentos oculares, por exemplo, eficazes e com menor custo”.

Carla Teixeira
Fonte: «Diário de Coimbra»
Semana do Diabético acontece de 7 a 14 de Novembro
Campanha solidária para sensibilizar os jovens


Numa antecipação de um conjunto de iniciativas que visa assinalar a Semana do Diabético, que tem lugar entre 7 e 14 de Novembro e culmina, na última daquelas datas, com o Dia Mundial da Diabetes, a Associação de Jovens Diabéticos de Portugal está a promover uma campanha de solidariedade para angariação de donativos que tem como mote a sensibilização dos mais novos e a desmistificação da diabetes de tipo 1 como doença incapacitante.

Em comunicado de imprensa enviado ao farmacia.com.pt, Paulo Madureira, doente diabético que preside à AJDP, alerta para o facto de a diabetes de tipo 1 ser actualmente “uma das doenças crónicas mais comuns entre os jovens”, e que, por não poder ser prevenida, na medida em que não tem relação directa com os hábitos de cada pessoa, pressupõe, quando é diagnosticada em crianças ou jovens, que estes estejam informados e aprendam a controlá-la. Segundo o responsável pela associação, “é fundamental que os jovens saibam que a doença não vai torná-los diferentes, mas compreendendo que terão de aprender a adoptar novas rotinas, de modo a continuarem a ser livres”.
A Associação de Jovens Diabéticos de Portugal, que em 2005 criou o inovador conceito da Semana do Diabético, é uma instituição de solidariedade social sem fins lucrativos que assume como principal missão a desmistificação da diabetes de tipo 1 como uma doença incapacitante. Para cumprir esse objectivo, e contando sempre com o apoio de várias entidades, a AJDP organiza diversas actividades – como campos de férias ou a recente Expedição Atlas 2007, em que um grupo de doentes escalou o Monte Toubkal, em Marrocos –, sempre com a finalidade de contribuir para uma maior integração do diabético na sociedade.
No âmbito da nova campanha de solidariedade a associação dispõe de uma conta, com o NIB 003300000001796753318, para onde os interessados em apoiar esta causa poderão desde já canalizar os seus donativos. A ideia da Semana do Diabético surgiu em 2005, na reacção à ideia generalizada no seio da AJDP de que era preciso fazer com que os jovens e a sociedade em geral tomassem consciência da realidade da diabetes em Portugal (estima-se que a doença afecte actualmente cerca de 650 mil cidadãos portugueses, entre os quais haverá cerca de 10 por cento de crianças e jovens). “Formar, informar, esclarecer, desmistificar e promover o convívio e o desporto, a par de uma alimentação saudável, são apenas alguns dos objectivos da AJDP durante as comemorações deste programa, que é único em todo o mundo”, refere a associação.
Nas duas edições anteriores, em 2005 e 2006, a iniciativa permitiu a promoção de várias actividades, como rastreios para a população, jogos de paintball para jovens diabéticos, lançamento do livro «No pico da liberdade», caminhadas familiares, exposição de fotografias das actividades da associação e as Jornadas Viver a Diabetes, que este ano cumprirão também a sua terceira edição. Para este ano a AJDP promete “muitas surpresas”, abrindo o seu site, no endereço http://www.ajdp.org/, a todos os interessados em colaborar no projecto ou em sugerir ideias para um melhor resultado.

Sobre a diabetes
Tal como o farmacia.com.pt tem vindo a noticiar, os últimos dados da Federação Internacional da Diabetes apontam para a existência de cerca de 246 milhões de diabéticos em todo o mundo, prevendo-se que esse número possa ultrapassar os 380 milhões já em 2025. Todos os dias são diagnosticados 200 novos casos de diabetes de tipo 1 em crianças e jovems, havendo actualmente mais de 440 mil doentes com menos de 14 anos à escala global. Em Portugal serão cerca de 650 mil os diagnosticados com a doença, 10 por cento dos quais na sua forma mais grave.
Segundo explica a AJDP, “a diabetes é uma doença endócrina que se caracteriza pela fraca ou inexistente produção de insulina no pâncreas ou pela resistência à mesma, que conduz a um aumento de concentração de açúcar no sangue (glicemia). Essencialmente há dois tipos de diabetes: o tipo 1, ou diabetes mellitus, em que o pâncreas cessa de vez a produção de insulina, tornando necessária a sua administração por outra via (injecções diárias ou inalação), e o tipo 2, mais comum nos países mais avançados, em que o corpo apresenta resistência à absorção da insulina, apesar de ela circular no sangue do paciente”.
Ainda segundo a Associação de Jovens Diabéticos de Portugal, o segundo tipo de diabetes pode ter vários tratamentos: uma dieta um pouco mais rigorosa, comprimidos que visam diminuir a resistência à insulina ou, nos casos mais acentuados, a administração daquela substância, sendo sempre “essencial a prática de exercício físico”. Num último cenário, é ainda possível uma diabetes temporária, que é relativamente comum durante a gravidez (diabetes gestacional), ou no seguimento de uma outra doença.

Carla Teixeira
Fonte: AJDP, Comunicado de imprensa da Hill & Knowlton Portugal, farmacia.com.pt

sábado, 27 de outubro de 2007

Benefícios da cessação tabágica aparecem em apenas 20 minutos

Bastam 20 minutos sem fumar para a tensão arterial de um fumador descer, mas para que o risco de enfarte diminua são precisas 24 horas sem consumir qualquer cigarro, de acordo com a Associação Portuguesa de Pneumologia (APP).

A APP avisa também que a tosse e o cansaço, provocados pelo consumo continuado de tabaco, levam de um a nove meses a desaparecer e apenas 12 meses sem tabaco conseguem reduzir para metade o risco de contrair doença coronária.

Um fumador tem uma maior probabilidade de vir a sofrer de doenças cardiovasculares, do que alguém que nunca fumou, e só passados 10 a 15 anos é que o risco de ter doenças do coração fica igual ao de um não fumador.

Para reduzir para um terço o risco de enfarte e de morte é necessário passar um ano e esse risco só fica equivalente a um não fumador após três ou quatro anos. Contudo, para reduzir em 50 por cento o risco de acidente vascular cerebral é necessário que passem cinco anos depois de abandonado o vício do tabaco.

Os dados referentes aos benefícios da cessação tabágica indicam que só depois de 10 anos sem fumar é que se consegue diminuir o risco de cancro do pulmão, mas que, por mais tempo que passe, o órgão não volta ao normal, como o pulmão de um não fumador.

Relativamente à gravidez, deixar de fumar antes da gestação permite às mulheres terem crianças com o mesmo peso dos bebés nascidos de mães não fumadoras. Mesmo que a mulher continue a fumar até à 30ª semana, o peso do bebé será, ainda assim, superior aos filhos de quem fuma durante toda a gestação.

Durante a gravidez cerca de 30 por cento das mulheres optam por deixar de fumar, mas 80 por cento delas acaba por ter uma recaída depois do parto.

Inês de Matos

Fonte: Lusa

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Lucro da Schering-Plough duplica

Aumento suportado por medicamentos contra o colesterol - Vytorin e Zetia

O lucro da Schering-Plough - companhia norte-americana de química e farmacêutica - duplicou no terceiro trimestre deste ano. A suportar o aumento estiveram as vendas dos seus medicamentos contra o colesterol: Vytorin e Zetia.

De acordo com a Bloomberg, o resultado líquido da Schering-Plough aumentou para os 750 milhões de dólares, ou 45 cêntimos por acção, no terceiro trimestre de 2007 face aos homólogos 309 milhões de dólares, ou 19 cêntimos por acção. O valor dos resultados ficou, no entanto, 2 cêntimos abaixo do esperado pelos analistas.

Para Barbara Ryan, analista do Deutsche Bank Securities, "a empresa apresentou resultados que ficaram abaixo das estimativas, o que surpreendeu, uma vez que, era esperado que beneficiassem da fraqueza do dólar face ao euro. A companhia está numa fase de transição com a compra da Organon", considerou.

Segundo o «Diário Económico», as acções da Schering-Plough seguem a perder 2,67 dólares, ou 8,2%, para os 30,04 dólares na abertura da sessão (segunda-feira). Os títulos do grupo já valorizam 38% desde o início do ano.

Raquel Pacheco

Fonte: Bloomberg/DE

Medicamentos para cancro e sida em breve nas farmácias

Infarmed anunciou que fármacos poderão ser dispensados nos próximos meses

As farmácias vão passar a vender medicamentos para o cancro e para a sida, revelou o Infarmed. Até agora, só os hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) disponibilizavam estes fármacos. Embora prevista, a medida divide opiniões - ora agrada, ora continua a levantar vozes de discórdia…

É uma promessa antiga assumida pelo Governo e subscrita no «Compromisso com a Saúde» - tendo em vista a liberalização da propriedade das farmácias e a melhoria do acesso dos cidadãos aos medicamentos – assinado, dia 26 de Maio de 2006, entre a tutela e a Associação Nacional de Farmácias (ANF). Esta semana, finalmente, chegou a garantia de que o processo se encontra “em fase avançada”.

De acordo com o «Diário Económico» o anúncio foi feito pelo presidente da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed), Vasco Maria, depois de o ministro da Saúde ter asseverado que o processo de venda destes medicamentos fora dos hospitais está avançado.

“Está em fase adiantada a preparação da dispensa pelas farmácias de fármacos para o cancro e sida”, disse Correia de Campos, levando o presidente do Infarmed a revelar que “os medicamentos chegam às farmácias nos próximos meses.”

"Perigo para a Saúde Pública"

A medida já suscitou reacções e, segundo os especialistas ouvidos pelo DE, a venda de medicamentos para o cancro e para a sida nas farmácias “pode ser um grande perigo para a saúde pública.”

Recorde-se que, em 2006, quando Correia de Campos anunciou a preparação desta medida que permite às farmácias a administração de medicamentos altamente "agressivos e dispendiosos" - nas palavras do ministro - a doentes com patologias como cancro, sida e doenças hematológicas, a Ordem dos Médicos (OM) rejeitou liminarmente a possibilidade.

Evocando constituir "um enorme risco para a saúde pública", o bastonário da OM, Pedro Nunes, argumentou (na altura) que “a toma de anti-retrovirais por doentes com sida fora do quadro da rigorosa vigilância médica actualmente seguida acarretaria o risco do surgimento de vírus resistentes aos medicamentos", sublinhando que "isso já aconteceu com o bacilo da tuberculose e poderá acontecer, também, com o vírus da sida."

Raquel Pacheco

Fonte: DE/OM

Fármaco para hepatite C crónica recebe estatuto fast track

A agência norte-americana que regula os medicamentos (FDA) concedeu o estatuto fast track ao tratamento experimental da hepatite C crónica, o R7128, desenvolvido pela companhia biofarmacêutica norte-americana Pharmasset Inc. e pela suíça Roche. O fármaco poderá ser um concorrente do Telaprevir, da Vertex, e do Boceprevir, da Schering-Plough.

O R7128 é um pró-fármaco, uma forma química modificada, do PSI-6130, inibidor oral da polimerase, nucleosídeo análogo da citidina do vírus da hepatite C (VHC), que está a ser desenvolvido pelas duas companhias. O fármaco está delineado para aumentar a absorção, distribuição e propriedades metabólicas do PSI-6130, que inibe o vírus da hepatite C de se reproduzir.

Foi concedido o estatuto fast track ao R7128 principalmente devido à necessidade de tratamentos do VHC com novos mecanismos de acção, administração oral, perfis de resistência diferentes e melhor segurança e eficácia do que os padrões de cuidados de saúde existentes, tanto para tratamento de pacientes naive, como para o tratamento de pacientes experientes.

A Pharmasset está actualmente a inscrever um ensaio inicial para avaliar o R7128 em combinação com as terapias correntes para a hepatite C, Pegasys (interferão peguilado) e Copegus (ribavirina), da Roche.

Um analista da Stifel Nicolaus, Edward Nash, comentou que não espera que o R7128 seja aprovado antes de 2012, projectando a primeira parte dos lucros do fármaco em 65,4 milhões de dólares em 2012.

Em situações especiais, a FDA autoriza que o processo de pesquisa e registo de um novo fármaco seja feito num tempo mais reduzido. Os fármacos experimentais à procura de aprovação por parte da FDA recebem a designação de fast track quando são intencionados para o tratamento de doenças graves e potencialmente fatais, e que demonstram o potencial de ir ao encontro de necessidades ainda não atendidas para essas doenças.

A hepatite C é uma doença infecciosa de origem sanguínea que afecta o fígado, e é a principal causa da doença hepática crónica e de transplante do fígado. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que perto de 180 milhões de pessoas em todo o mundo, ou aproximadamente 3 por cento da população mundial, estão infectadas com o vírus da hepatite C.

A Pharmasset também está a desenvolver o Clevudine, que se direcciona para o vírus da hepatite B, e o Racivir, uma terapia para o VIH para ser utilizado em combinação com outros fármacos aprovados para o VIH.

Isabel Marques

Fontes: www.networkmedica.com, Reuters, CNNMoney

Excisão de amígdalas pode piorar qualidade de sono infantil

Investigadores analisaram sono de 55 crianças nas 5 noites antes e 5 noites após a cirurgia

Retirar as amígdalas pode piorar a qualidade do sono das crianças. A conclusão saiu de um estudo norte-americano publicado na revista «Journal of Pediatric Psychology».

De acordo com os investigadores da Yale School of Medicine, os resultados apontam para uma queda importante na qualidade do sono das crianças, após a excisão das amígdalas. “Pelo menos um terço dos participantes (55 crianças) manifestou redução da eficiência do sono após a cirurgia”, anunciou a equipa norte-americana.

Neste um terço, constataram ainda que, as mais predispostas à diminuição da qualidade do sono "incorreram em maior magnitude de dor pós-operatória e revelaram ser crianças com pior relacionamento social e ansiosas.”

Os cientistas da Yale analisaram as modificações no padrão de sono de 55 crianças, com idades entre 6 e 12 anos, as quais foram acompanhadas nas 5 noites antes e 5 noites após a cirurgia.

As amígdalas - massa de tecido linfóide, em forma oval, que se situa na garganta - fazem parte do sistema imunitário. No entanto, se por um lado, podem proteger contra as infecções do tracto respiratório superior (bactérias e vírus), por outro lado, podem ser foco de obstruções e infecções de repetição, abrindo caminho a problemas de audição e respiração. Perante este quadro, sofrem um crescimento excessivo sendo a excisão, em muitos casos, a solução a seguir.

Raquel Pacheco

Fonte: Journal of Pediatric Psychology

Vacina experimental para o cancro da Antigenics mostra-se promissora

A companhia biotecnológica norte-americana Antigenics Inc. revelou que a vacina experimental Oncophage (vitespen), uma terapia estimuladora do sistema imunitário, demonstrou efectividade em pacientes com cancro do cérebro recorrente.

Os dados de fase intermédia, de um pequeno estudo realizado em 12 pacientes com glioma de alto grau, revelaram que 11 dos pacientes que receberam Oncophage aumentaram a sobrevivência por mais 6,5 meses, desde a altura da recorrência. O glioma é um tipo de cancro que afecta o sistema nervoso central que começa nas células gliais, isto é, nos tecidos conectivos que envolvem e suportam as células nervosas.

O estudo também revelou que todos os pacientes demonstraram uma resposta imune significativa específica de tumores, após a vacinação com o Oncophage. Além disso, os pacientes com doença residual mínima, na altura da primeira vacinação, mostraram mais probabilidades de sobreviver para além de nove meses, em comparação com pacientes com doença residual significativa. Os investigadores não identificaram qualquer efeito adverso ou toxicidade que possam ser atribuídos à vacina.

O Oncophage, copiado do tumor individual de cada paciente, está delineado para programar o sistema imunitário para atingir as células cancerígenas desse mesmo paciente. O Oncophage foi associado a um bom perfil de segurança, e foi-lhe concedido pela FDA as designações de “fast track”, em situações especiais a FDA autoriza que o processo de pesquisa e registro de um novo fármaco seja feito num tempo mais reduzido, e de fármaco órfão, tanto no melanoma metastizado, como no carcinoma das células renais.

A Antigenics recentemente submeteu um pedido ao Ministério de Saúde Pública russo para receber autorização de comercialização do Oncophage como tratamento adjuvante para pacientes com cancro dos rins de risco intermédio.

Isabel Marques

Fontes: www.networkmedica.com, Reuters, Forbes, www.antigenics.com

Siemens aumenta sistema de pesquisa e monitorização do HIV-1

Aperfeiçoamento traz maior rendimento e flexibilidade aos laboratórios

O Kit de Genótipo de HIV-1 (Trugene) e o Sistema OpenGene de Sequenciamento Aberto de DNA contam, agora, com o suporte do iMac OSX, sistema operacional da Apple, anunciou a Siemens Medical Solutions Diagnostics.

Segundo explicou David Okrongly, vice-presidente da Siemens Medical Solutions Diagnostics, “o sistema Trugene, baseado no iMac OSX, permite que os laboratórios tenham melhor rendimento e flexibilidade durante a pesquisa e monitoração do HIV-1."

O também director de Diagnósticos Moleculares da empresa alemã acrescentou que o produto “é uma solução integrada composta de hardware, software e produtos químicos para identificação de mutações de resistência relevantes no HIV que é agora aperfeiçoada com o sistema iMac OSX”, frisando que “os usuários observarão mais eficiência com o novo software OpenGene 4.0, uma melhor gestão de dados e capacidades simplificadas de interconexão.”

David Okrongly destacou que a Siemens “tem o compromisso de oferecer soluções de sequenciamento clinicamente validadas e comprovadas para os nossos clientes de diagnóstico molecular que permitem que os médicos personalizem o tratamento do paciente."

O sistema está disponível na Europa, região Ásia-Pacífico, Canadá, América do Sul e América Latina como um produto com a marcação CE (Conformidade Europeia).

Raquel Pacheco

Fonte: PRNewswire/www.siemens.com/diagnostics

Kosan e Roche terminam parceria para novo anticancerígeno

A Kosan Biosciences Inc e a farmacêutica Roche vão por termo ao acordo de colaboração estabelecido entre as duas empresas com vista ao desenvolvimento e comercialização do epothilone e que deveria dar origem a um novo medicamento destinado ao tratamento do cancro.

A Kosan, que iniciou a parceria com a Roche em Setembro de 2002, diz agora que, após um período transitório, irá readquirir os direitos mundiais de desenvolvimento do KOS-1584 e de outros produtos candidatos com base no epothilone.

Tendo em consideração “as nossas conversações com a Roche acreditamos que o fim da colaboração do epothilone foi provocado por uma reorganização das prioridades de pesquisa e desenvolvimento do grupo Roche e não pelo valor do programa do epothilone”, afirmou o presidente e director executivo da Kosan, Robert G. Johnson.

A substância pertence a uma nova classe de medicamentos que actuam impedindo a divisão adequada das células e, desta forma, inibindo a propagação da doença.

Marta Bilro

Fonte: Reuters, PR Newswire, CNN Money.

Wyeth quer aprovação para utilizar Tygacil no tratamento da pneumonia

A farmacêutica Wyeth submeteu uma candidatura de aprovação suplementar à Administração Norte-Americana dos Alimentos e Fármacos (FDA) para comercializar o Tygacil (Tigeciclina) enquanto tratamento para a pneumonia. O antibiótico é actualmente utilizado em pacientes com infecções complicadas da pele e tecidos moles e infecções complicadas intra-abdominais.

De acordo com o laboratório a candidatura já foi aceite pela FDA que vai analisar a nova indicação proposta pela Wyeth para utilizar o Tygacil em pacientes que sofrem de pneumonia adquirida na comunidade, uma infecção pulmonar grave com risco de morte significativo.

Dois ensaios clínicos que envolveram a participação de 846 doentes demonstraram que o medicamento curou cerca de 90 por cento dos pacientes hospitalizados com pneumonia adquirida na comunidade. A taxa de sucesso para o Levaquin (levofloxacina), o tratamento habitualmente utilizado nestes casos, situa-se nos 86 por cento, afirmou a Wyeth.

O fármaco insere-se na classe das glicilciclinas, antibióticos que são eficazes no combate a algumas bactérias que desenvolveram resistência a outros antibióticos.

Marta Bilro

Fonte: Reuters, CNN Money, Infarmed, Sociedade Portuguesa de Pneumologia.

Descoberta molécula que bloqueia multiplicação do HIV

Um grupo de investigadores do Instituto de Genética Molecular de Montpellier, França, desenvolveu um protótipo de medicamento capaz de bloquear a multiplicação do vírus da sida, revela um artigo publicado na revista norte-americana Plos Pathogens.

A molécula química, desenvolvida em testes laboratoriais, ataca os mecanismos celulares que usam o VIH (vírus da imunodeficiência humana) para se multiplicar, enquanto os actuais fármacos tentam atingir os próprios mecanismos do vírus.

“Em vez de atacar os componentes que o vírus transporta consigo, nós pretendemos atingir aqueles que são usados na célula”, afirmou Jamal Tazi, investigador do Instituto Genético e Molecular, citado pela agência France Press.

De acordo com os responsáveis pelo estudo, a descoberta pode abrir portas a “uma nova estratégia para desenvolver uma classe inovadora de medicamentos ani-HIV” que permitam evitar que o vírus, ao longo de mutações e adaptações sucessivas, encontre uma forma de resistir à acção do medicamento.

Os vírus assemelham-se a"envelopes" de proteínas carregados de material genético e que necessitam de entrar em células vivas para se reproduzirem. Ao infectar uma célula imunitária, o VIH introduz o seu próprio material genético no ADN e desvia o mecanismo celular em seu proveito para produzir novamente o vírus. Numa das primeiras fases, é necessária a produção de ARN (ácido ribonucleico), espécie de intermediário do ADN, que serve para fabricar proteínas virais.

A molécula química (ICD16) descoberta pelos cientistas do Instituto de Genética Molecular e da Universidade de Montpellier tem capacidade para impedir a maturação dos ARN do vírus. A partir de um «ARN pré-mensageiro», a maquinaria celular produz uma espécie de trabalho de reconstrução: as enzimas retiram as partes consideradas intrusas e voltam a colar os pedaços restantes para constituir o ARN mensageiro. Este processo é bloqueado graças a uma molécula química testada, que é eficaz tanto nos vírus criados em laboratório como nos vírus isolados em pacientes.

No entanto, são ainda necessários testes laboratoriais exaustivos levados a cabo em animais e ensaios clínicos com seres humanos para que se possa garantir a segurança e eficácia da molécula descoberta, um processo que deverá demorar ainda alguns anos.

Marta Bilro

Fonte: AFP, Diário Digital, Lusa.

FDA reavalia genérico do Wellbutrin XL

Doentes queixam-se de dores de cabeça e ansiedade provocadas pelo Budeprion XL

A Administração Norte-Americana dos Alimentos e Fármacos (FDA) está a investigar um conjunto de queixas associadas a uma versão genérica do antidepressivo Wellbutrin XL (Bupropiom). Os utentes terão reportado a ocorrência de dores de cabeça, ansiedade e outras indisposições depois de tomarem o medicamento.

O FDA está também a reavaliar a fórmula científica do fármaco, denominado Budeprion XL, depois de um grupo de consumidores ter publicado os resultados de um estudo que demonstravam diferenças chave entre este medicamento e o original de marca.

Os testes, levados a cabo pelo ConsumerLab.com, surgiram depois dos doentes que estavam a ser tratados com o Budeprion XL começarem a queixar-se de que o medicamento provocava dores de cabeça severas, problemas digestivos, ansiedade, tremores e insónia. Depois disso, um outro portal, o peoplespharmacy.com, afirmou que mais de 250 pessoas se teriam queixado do fármaco.

O Budeprion XL é produzido nos Estados Unidos da América pela Impax Laboratories Inc. e comercializado pela farmacêutica israelita Teva Pharmaceutical Industries Ltd. O director financeiro da Impax, Arthur Koch, disse que a empresa está a estudar os resultados apresentados pelo ConsumerLab, salientando que o fármaco foi sujeito a uma avaliação científica completa.

De acordo com os ensaios divulgados pelo ConsumerLab, o Budeprion XL de toma diária única libertou 34 por cento do seu ingrediente activo duas horas depois da sua ingestão, comparativamente a 8 por cento para o medicamento original. “Tem sido um abrir de olhos para todos”, comentou Tod Cooperman, presidente do ConsumerLab.com em declarações à Associated Press. “Faz-nos questionar se os genéricos serão sempre equivalentes ao produto original. Se [o ingrediente activo] é libertado em escalas tão diferentes é difícil acreditar que actuarão da mesma forma no organismo”, acrescentou.

A FDA disse não poder disponibilizar dados que corroborassem a descoberta divulgada pelo ConsumerLab. “A FDA não pode fornecer exemplos nos quais os genéricos revelaram não actuar da forma esperada. A FDA tem muitos anos de experiencia em reavaliações de medicamentos genéricos e tem muita confiança na qualidade e equivalência dos medicamentos genéricos”, afirmou a entidade reguladora.

O Wellbutrin XL, comercializado em Portugal com o mesmo nome, não tem nenhum equivalente genérico no nosso país.

Marta Bilro

Fonte: Associated Press, International Herald Tribune, Pharmalot.

Discussão online sobre direitos de propriedade intelectual
Em defesa da inovação e da saúde pública


Foi lançado nesta quinta-feira, por um grupo de “opinion makers” de nível internacional, um fórum online que pretende fomentar o debate de questões relacionadas com a propriedade intelectual, a inovação na indústria farmacêutica, a protecção por patentes e a investigação na área da saúde pública. O debate está instalado no endereço electrónico http://www.essentialinnovation.org/.


Trata-se de um novo recurso global que se centra no diálogo sobre o papel dos direitos de propriedade intelectual na área da pesquisa e da inovação, onde também estarão disponíveis os comentários e as análises dos especialistas que tenham em conta a importância da inovação contínua e dos direitos de propriedade, bem como as consequências potencialmente nefastas de um enfraquecimento desses direitos em termos da saúde pública mundial. É um fórum sem precedentes na história da indústria farmacêutica mundial, que demonstra um elevado grau de cooperação entre investigadores, académicos, médicos e inventores de bens e produtos que visam salvar ou melhorar a vida dos seres humanos.
O novo site surge num momento em que tem sido crescente a onda de ataques à propriedade intelectual no desenvolvimento de novos fármacos, em que a organização Médicos sem Fronteiras francesa veio a público defender que “as patentes não constituem um factor relevante no estímulo da investigação e do desenvolvimento de novos produtos, enquanto a Tailândia e o Brasil violaram a lei, a coberto de um esquema que pretendia “mascarar” uma acção irregular de uma oferta de medicamentos mais baratos aos doentes, e a própria Organização Mundial de Saúde se prepara para, já no próximo mês, considerar a introdução de novas políticas que, de acordo com os especialistas, “enfraquecem significativamente a protecção intelectual de quem concebe e produz medicamentos.

Carla Teixeira
Fonte: PRNewswire

Atribuição de novas farmácias vai evitar concentração de propriedade

Ministério da Saúde nega que seja dada preferência a não farmacêuticos

Não existe qualquer dispositivo de preferência a não farmacêuticos nos concursos para novas farmácias”, a garantia foi dada esta quinta-feira pelo Ministério da Saúde através de um comunicado no qual desmente uma notícia publicada pelo Diário de Notícias que alegava que os não farmacêuticos seriam privilegiados nos concursos para abertura de novas farmácias. O que se pretende, segundo o ministério, é evitar a concentração da propriedade destes estabelecimentos.

Em causa estão as normas que vão reger a candidatura às cerca de 350 novas farmácias que aguardam para ser abertas, um ponto integrante do novo regime jurídico da propriedade das farmácias, mas que ainda está por regulamentar e que depende da consulta dos parceiros.

A intenção, refere o ministério, é evitar a concentração da propriedade. Nesse sentido, a proposta prevê “uma graduação dos concorrentes em função do número de farmácias, detidas, exploradas ou geridas, sendo graduado em primeiro lugar, em caso de igualdade, o concorrente com menor número de farmácias”.

O projecto de portaria determina que os proprietários de actuais farmácias - ou farmacêuticos que não sejam donos mas que estejam já ligados a um estabelecimento com funções de gestão - são preteridos em relação aos outros interessados que entram de novo no negócio. O importante, por isso, é ser novo no ramo, independentemente de ser ou não licenciado em farmácia.

Assim, um farmacêutico que não detenha a propriedade de qualquer farmácia não será preterido por qualquer outro membro da população que pretenda entrar no negócio. A regra aplica-se apenas aos farmacêuticos que já possuem um estabelecimento do género, com a intenção de evitar a concentração.

Atribuição por sorteio

Caso ambos os candidatos à abertura de novas farmácias se enquadrarem no “critério decisivo” para garantir o primeiro lugar, isto é, não tenham ligação a qualquer farmácia existente, é a sorte que vai ditar o vencedor.

De acordo com o Ministério da Saúde, o sorteio é o “único modo” equitativo, transparente e objectivo” para escolher a quem atribuir a exploração destes estabelecimentos à luz da nova lei que estabelece o regime jurídico da propriedade das farmácias e que entra em vigor no dia 1 de Novembro.

"Impõe-se como critério decisivo para a graduação o menor número de farmácias detidas, exploradas ou geridas pelo concorrente", lê-se no documento do Ministério da Saúde. O objectivo é limitar a concentração da propriedade que, segundo a nova lei, não pode ultrapassar os quatro estabelecimentos por pessoa ou sociedade.

A Ordem dos Farmacêuticos e a Associação Nacional de Farmácias (ANF) já reagiram ao projecto de portaria através da emissão de pareceres. A bastonária, Irene Silveira, refere que já mandou "sugestões para flexibilizar" os documentos. Por sua vez, a ANF alertou para o facto deste método não ter em consideração a qualidade das propostas. "Aparentemente, deixa de importar ao Estado a qualidade da assistência farmacêutica que cada um dos candidatos se propõe prestar".

Estas medidas inserem-se no “Compromisso com a Saúde” um protocolo assinado entre o Governo e a Associação Nacional das Farmácias (ANF), a 26 de Maio de 2006, tendo em vista a liberalização da propriedade das farmácias e a melhoria do acesso dos cidadãos aos medicamentos.

No entanto, o presidente da ANF, João Cordeiro, está descontente com o rumo das medidas previstas para o sector no âmbito deste compromisso. Durante o colóquio sobre a actividade farmacêutica, que decorreu terça-feira na Assembleia da República, o responsável acusou novamente o Ministério de avançar apenas com a parte do acordo que lhe interessa e de "adiar sucessivamente e sem justificação" a prescrição por princípio activo (DCI), a venda de medicamentos até aqui só dos hospitais e o alargamento de novos serviços nas farmácias. "Temo que o compromisso não seja integralmente cumprido, ou que avance com aspectos restritivos", afirmou aos jornalistas.

Marta Bilro

Fonte: Diário de Notícias, Diário Digital, Fábrica de Conteúdos, Ordem dos Farmacêuticos, Diário Económico.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Manual sobre doenças cardiovasculares facilita predição e terapia

Profissionais de saúde de todo o mundo poderão recorrer a livro de bolso pioneiro

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), um novo livro de bolso auxiliará, sobremaneira, os profissionais de saúde na identificação de pessoas sob risco elevado de ataque cardíaco.

«Pocket Guidelines for Assessment and Management of Cardiovascular Risk» é o nome do manual que permitirá, também, adoptar o tratamento mais eficaz face ao quadro clínico dos doentes vítimas enfarte cardíaco ou acidente vascular cerebral (AVC).

Segundo os investigadores da OMS, trata-se de um “sistema pioneiro de predição de risco para ataques cardíacos e derrame, que poderá ser utilizado mundialmente.”

No manual, constam informações adaptadas para qualquer situação, em qualquer país e com qualquer tipo de paciente. O livro informa ainda sobre os factores de risco mais, comumente, implicados na ocorrência de doenças cardiovasculares.

Nas estimativas da OMS, as doenças cardiovasculares são a principal causa de mortes em todo o mundo, sendo responsáveis por um terço dos óbitos registados. A organização vaticina que, em 2015, poderão morrer cerca de 20 milhões de pessoas devido a complicações cardiovasculares.

Raquel Pacheco

Fonte: OMS
No âmbito do ciclo de conferências «Saúde sem fronteiras»
Doenças cardiovasculares em debate na Guarda


A sala da Assembleia Municipal da Guarda acolhe nesta sexta-feira uma conferência subordinada ao tema «Doenças cardiovasculares: prevenção, atitudes e terapêuticas», que ao longo de toda a manhã acolhe diversos especialistas. A sessão acontece no âmbito do ciclo «Saúde sem fronteiras», que arrancou em Março e terá uma última sessão no dia 23 de Novembro, dedicada ao tema «Medicamentos genéricos: generalização e racionalização».

De acordo com o programa do evento, a que o farmacia.com.pt teve acesso, no encontro desta manhã participam Luís Providência, da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, Cândido Martín Luengo, da Faculdade de Medicina de Salamanca, e ainda vários representantes da Ordem dos Enfermeiros e de internos do Hospital Sousa Martins, seguindo-se um momento de debate das ideias suscitadas ao longo das intervenções.
Na sessão do dia 23 de Novembro, que como a de hoje arrancará pelas 9h30 e terminará cerca de três horas mais tarde, usarão da palavra Alfonso Domínguz Gil-Hurlé, da Faculdade de Medicina da Universidade de Salamanca, Frederico Teixeira, da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, e representantes da Ordem dos Farmacêuticos e da Associação Nacional de Farmácias. No fim da sessão haverá também um debate.
O ciclo «Saúde sem fronteiras», que vai já na sua terceira edição, surge de uma parceria do Centro de Estudos Ibéricos, da Câmara Municipal da Guarda, com as Ordens dos Médicos, dos Enfermeiros e dos Farmacêuticos, com a Escola Superior de Saúde da Guarda e com a Associação Nacional de Farmácias. A coordenação científica é assegurada em conjunto por Manuel Santos Rosa, da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, e por José Ignacio Paz Bouza, da Faculdade de Medicina da Universidade de Salamanca, em Espanha.

Carla Teixeira
Fonte: Fábrica de Conteúdos, Diário «As Beiras», Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, programa do evento

Vírus pode desencadear cancro

Estudo norte-americano sugere que cancro nasce de células mortas; investigadores chamam-lhe “Paradigma de Fénix”

À luz de um estudo publicado (na edição de quarta-feira) da revista «PLoS One», da Public Library of Science, os vírus podem contribuir para o desenvolvimento de cancro. A teoria é sustentada pelos cientistas com base na morte excessiva das células normais, revertendo-se no crescimento de células sobreviventes com características cancerígenas.

De acordo com os investigadores, da Universidade de Pittsburgh, nos EUA,
os vírus podem agir como forças de selecção natural ao eliminar células normais, que suportam a replicação viral e deixar para trás as células que adquiriram defeitos ao longo do seu percurso. “Quando este processo é repetido, incessantemente, pode desenvolver-se cancro”, frisou o coordenador do estudo, Preet Chaudhary.

A relação (vírus/cancro) tem alavancado várias investigações e são diversos os mecanismos de ligação sugeridos pela comunidade científica. Uma hipótese conhecida é a de que o material genético do vírus alteraria a célula ao infectá-la, levando-a a crescer descontroladamente e, eventualmente, provocando cancro.

Sabe-se, também, que a infecção com vírus tem sido associada a diversas formas de cancro em humanos, incluindo os linfomas de Hodgkin e não-Hodgkin, sarcomas (tumores malignos do tecido conjuntivo) e cancro de garganta e de fígado. Outra das hipóteses avançadas sugere que alguns vírus promovem o cancro ao causar inflamação crónica.

No entanto, para a equipa de Pittsburgh, os vírus conduzem ao cancro, mas de uma maneira menos directa: "Achamos que possa estar em jogo um mecanismo separado, de modo que um dano celular - tal como uma infecção viral - selecciona alguns clones mutantes preexistentes e promove o seu posterior crescimento e multiplicação, originado, eventualmente, a emergência de células plenamente cancerígenas", relatou Preet Chaudhary à «PLoS One».

Segundo explicou o investigador à PLoS One, “à semelhança da influência da selecção natural durante a evolução, o excesso de células mortas - e não a sua ausência - pode ser uma força decisiva para o aparecimento inicial do cancro”, acrescentando que chamam a este processo “Paradigma de Fénix, no qual o cancro, teoricamente, nasce das cinzas das células mortas", sustentou Chaudhary.

Estudo do gene K13

Os investigadores desenvolveram o estudo com base em células infectadas com o vírus Herpes - associado ao sarcoma de Kaposi (KSHV) - e examinaram um gene conhecido como o K13, o qual activa um caminho previamente implicado no desenvolvimento de cancro.

De acordo com os resultados divulgados, as células com baixa expressão de K13 permitiram a replicação do KSHV tendo morrido logo a seguir e as células com expressão mais alta de K13 emergiram depois da replicação do KSHV e mostraram expressão defectiva de duas proteínas-chave conhecidas como promotoras de cancro.

Chaudhary não deixou de realçar que “caso o paradigma seja validado em estudos futuros, terá implicações não apenas para o melhor conhecimento dos processos envolvidos no cancro, mas também, para o desenvolvimento de estratégias efectivas para a sua prevenção e tratamento."

Raquel Pacheco

Fonte: PLoS One/ CBCNews

Investigação lipídica pode «dar luz» a tratamentos

Químico holandês destaca importância da sinalização celular dos lípidos na investigação de doenças e ao serviço da saúde

Trazer novas soluções (terapias) para velhos problemas (doenças) através do estudo dos lípidos foi o desafio lançado, no Porto, pelo químico Gerrit Van Meer da Universidade de Utrecht, na Holanda.

O investigador falava no âmbito do «V Simpósio Internacional da Sociedade Portuguesa de Doenças Metabólicas» - que decorreu, esta semana, no Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC) - onde destacou a importância da biologia lipídica (cellular lipidomics) na descoberta de respostas.

Ao considerar que “ainda há muito a saber” face à importância da sinalização celular dos lípidos, Van Meer exemplificou: "Depois de 40 anos de investigação e de uns quantos Prémios Nobel ainda não sabemos exactamente onde o colesterol está na membrana celular e como se move" sublinhando que "a doença de Alzheimer tem uma componente ligada ao colesterol (um esteróide).”

Reforçando que “o estudo lipídico tem um papel fundamental ao nível da investigação em doenças”, o químico holandês defendeu “um maior investimento no desenvolvimento de tecnologias capazes de estudar nessa área” e “fortalecer as ligações entre quem desenvolve essas tecnologias e a comunidade que investiga os lípidos.”

Para Gerrit Van Meer, é também de extrema importância "harmonizar todas as práticas ao nível da lipídica na União Europeia, de forma a conseguir uma padronização dos métodos de análises lipídicas", acrescentando que urge, igualmente, criar de uma rede de centros de investigação em lipídica “para que o conhecimento detido por cada um seja mais facilmente acessível e disponível”, sustentou.

Na opinião do especialista, “não basta formar pessoas boas em genómica, em investigação ou em lipídica”, advogando, por isso, o investimento em capital humano, “pessoas que saibam quais são as necessidades de clínicos, das indústrias e da academia," frisou.

Lipídica (ou lipidómica) é um subgrupo da metabolómica que quantifica e caracteriza todos os lípidos existentes nas células e nos organismos com o objectivo de determinar os mecanismos moleculares pelos quais os lípidos actuam.

Dos oito tipos de lípidos já identificados, destacam-se três classes principais: os glicerolípidos (65% de todos os lípidos que compõem as membranas), esfingolípidos (cerca de 10% de todos os lípidos constituintes nas membranas) e os esteróides (25%).

Relativamente aos esfingolípidos, Jairaj Acharya, do Instituto Nacional do Cancro de Frederick, nos Estados Unidos, esclareceu que são componentes estruturais do plasma e da membrana. Afectam processos de secreção de proteínas e de endocitose (processo de transporte de macromoléculas para o interior das células eucarióticas).

Raquel Pacheco

J&J e Galapagos juntas para desenvolver fármacos para artrite reumatóide

A norte-americana Johnson & Johnson e a companhia biotecnológica belga Galapagos assinaram um acordo mundial para descobrir, desenvolver e comercializar terapêuticas orais de pequenas moléculas para a artrite reumatóide (AR). A Galapagos pode vir a ganhar até mil milhões de dólares com este negócio.

Segundo o acordo, a J&J poderá escolher até 12 programas dos alvos de AR internamente identificados da Galapagos. A companhia belga será responsável por descobrir produtos candidatos dos alvos seleccionados pela J&J, e irá desenvolvê-los através de testes de Fase IIa. A J&J irá depois ter uma opção de licenciar exclusivamente estes compostos, e irá assumir todos os desenvolvimentos posteriores e as responsabilidades de comercialização.

A J&J irá efectuar pagamentos iniciais de 17 milhões de euros (24,2 milhões de dólares) à Galapagos, que também poderá receber até 73 milhões de euros (104 milhões de dólares) em pagamentos quando forem atingidos objectivos de descoberta, desenvolvimento, reguladores e de vendas, por cada composto licenciado à J&J. A companhia belga será elegível para receber regalias sobre as vendas mundiais de qualquer dos produtos aprovados.

Em destaque incluem-se mais de 430 milhões de euros em pagamentos quando forem atingidos objectivos de desenvolvimento e reguladores caso seja lançado mais do que um produto, e até pagamentos de 346 milhões de euros quando forem atingidos objectivos de vendas, assim como quantias de dois dígitos em regalias.

Adicionalmente, a companhia norte-americana obteve uma opção para licenciar os produtos candidatos da Galapagos provenientes de outros programas de AR internos, incluindo o programa mais avançado da companhia baseado no alvo da quinase GT418.

Segundo o CEO da Galapagos, Onno van de Stolpe, esta é provavelmente a maior aliança de investigação do mundo centralizada na artrite reumatóide. A companhia espera ter três fármacos candidatos em ensaios clínicos para a artrite reumatóide em 2009. O CEO da companhia sublinhou ainda que a J&J está claramente à procura de uma nova geração de fármacos para substituir o Remicade, que é uma injecção e que os pacientes não gostam, sendo que somente 30 por cento respondem à terapia. O fármaco proveniente da aliança com a Galapagos poderá ser em forma de comprimido. Van de Stolpe acrescentou ainda que o objectivo da aliança é ter um tratamento no mercado entre 2012 e 2013.

Isabel Marques

Fontes: www.networkmedica.com, First Word, Reuters

Despedimentos no sector farmacêutico agravam-se em 2007

O cenário de contenção e competitividade financeira que tem caracterizado a indústria farmacêutica e biotecnológica nos últimos tempos levou a uma série de cortes no número de postos de emprego. Entre demissões, reestruturações, cortes ou acções de reorganização, o processo tem vindo a agravar-se e 2007 está a revelar-se particularmente crítico para o sector.

As preocupações relacionadas com o término de patentes, o falhanço nas vendas de alguns produtos devido a preocupações de segurança e as constantes aquisições são alguns dos motivos que justificam as reduções de postos de trabalho levadas a cabo por algumas farmacêuticas. O portal “Fierce Biotech” elaborou uma lista das cinco empresas farmacêuticas e biotecnológicas com cortes mais significativos à qual o “Pharmalot” acrescentou alguns nomes:

1. Pfizer – 10.000 postos de trabalho;
2. AstraZeneca – 7.600 postos de trabalho;
3. Bayer – 6.100 postos de trabalho;
4. Johnson & Johnson – 5.000 postos de trabalho;
5. Amgen – 2.600 postos de trabalho;
6.
GlaxoSmithKline – 1.650 postos de trabalho (inclui apenas os EUA e Porto Rico)
7. Novartis – 1.260 postos de trabalho;
8. Abbott – 200 postos de trabalho (diz respeito apenas ao sector de investigação).

Marta Bilro

Fonte: Fierce Biotech, Pharmalot.

Medicamentos personalizados preocupam população

Estudo revela que há quem prefira ignorar predisposições genéticas

A possibilidade dos medicamentos virem a ser prescritos de forma personalizada está a causar preocupações junto da população. Um estudo financiado pelo Conselho de Investigação Social e Económica do Reino Unido (ESRC na sigla inglesa) revela que há quem prefira manter-se na ignorância relativamente às suas susceptibilidades genéticas ou mesmo à probabilidade de vir a desenvolver determinada doença, como o cancro.

Brian Wynne, professor e director associado do Cesagen, um dos três centros de investigação da Rede de Genómicos do ESRC, realizou um inquérito para determinar a opinião do público acerca da utilização dos testes genéticos com vista à prescrição e desenvolvimento de fármacos. Wynne e Elisa Pieri concentraram-se em questionar camadas da população cuja opinião é por vezes difícil de obter, como os idosos, os jovens e os pais com crianças pequenas, bem como os membros de comunidades étnicas.

Os resultados salientam as fortes preocupações, incómodos e responsabilidades a que poderiam estar sujeitas as pessoas face à possibilidade de descobrirem o que o futuro lhes reserva em termos genéticos.

“Contrariamente ao que muitas vezes se escreve acerca dos medicamentos personalizados, os membros da população frisaram o quanto essas opções provocariam impacto e tensão no seio das famílias, ao mesmo tempo que poderiam conduzir à estigmatização”, afirmou Wynne. De acordo com o investigador, os inquiridos receiam também que tal hipótese venha a barrar-lhes o acesso a serviços chave, como os seguros, hipotecas, cobertura médica e oportunidades de emprego.

A possibilidade de avaliar as predisposições genéticas de um indivíduo para uma determinada doença é, sem dúvida, algo de positivo. O que o estudo sublinha é que, na prática, esta possibilidade pode vir a levantar problemas de carácter ético.

O termo “medicamentos personalizados” não se refere apenas aos testes de predisposição genética mas também à utilização de informação genética para a prescrição de medicamentos, ou combinação de fármacos que vão mais eficazes no tratamento da doença de um paciente específico.

Vários fármacos actualmente comercializados vêm já acompanhados de testes de diagnóstico para verificar se o doente está apto à administração dos mesmos, é o caso do Herceptin (trastuzumab), produzido pela Genentech.

Apesar da hipótese agradar a muitas pessoas, há ainda quem tenha dúvidas e os resultados demonstram que a indústria farmacêutica e os cientistas têm um logo caminho a percorrer para assegurar que os testes genéticos possam ser utilizados de acordo com os preceitos éticos de forma a garantir à população que os devem realizar.

Ainda que as suspeitas de estigmatização associadas a este procedimento sejam postas de parte, permanece ainda a questão dos custos. Os participantes deste inquérito consideram que a condição social e financeira de cada indivíduo terá relevância na concretização efectiva das alterações aos estilos de vida e ao tratamento sugeridos pelos testes.

Marta Bilro

Fonte: OutSourcing-Pharma.com, Politics.co.uk.

GlaxoSmithKline regista quebra de 5,8% nos lucros do terceiro trimestre

A GlaxoSmithKline anunciou uma quebra de 5,8 por cento nos lucros do terceiro trimestre deste ano relativamente ao período homólogo de 2006. Os resultados vão obrigar a maior farmacêutica europeia a um corte nos postos de trabalho de forma a melhorar a sua performance num ambiente de negócios cada vez mais exigente.

O laboratório britânico registou um lucro de 1,9 mil milhões de euros entre Julho e Setembro de 2007, menos 5,8 por cento do que os 2,1 mil milhões de euros registados no terceiro trimestre de 2006.

A competitividade dos genéricos e uma redução de 38 por cento nas vendas do Avandia (maleato de rosiglitazona), para os 323,5 milhões de euros no trimestre em análise, são as principais causas apontadas para esta descida nos lucros.

Apesar de enfrentar alguns “desafios significativos”, o director executivo da empresa, Jean-Pierre Garnier, considera que “a GlaxoSmithKline continua no caminho certo para conseguir alcançar os resultados estipulados para este ano”.

A empresa tem agora planos para proceder a um corte de 2,15 mil milhões de euros nos custos, uma medida que prevê o desenvolvimento de uma produção mais eficiente, alterações ao modelo de vendas, melhorias na eficácia e redução dos postos de trabalho.

JP Garnier escusou-se a revelar o número de empregos que serão suprimidos, afirmando que a empresa vai ainda proceder a conversações com os funcionários.

Marta Bilro

Fonte: Market Watch, Diário Económico, Dinheiro Digital, Globo Online.

OMS prevê aumento da capacidade de produção de vacinas contra gripe pandémica

4,5 mil milhões de vacinas até 2010

A Organização Mundial de Saúde (OMS) acredita que, até 2010, poderão ser produzidas anualmente a nível global 4,5 mil milhões de vacinas contra uma possível pandemia de gripe, um aumento que fica a dever-se às mais recentes descobertas científicas.

"Com a capacidade de produção de vacinas anti-gripe a aumentar, começaremos a ficar melhor posicionados para tratar de uma pandemia de gripe", afirmou Marie-Paule Kieny, directora da iniciativa da OMS para a pesquisa de vacinas. Isto porque o desenvolvimento de uma fórmula mais eficiente permitiu que as farmacêuticas conseguissem produzir mais vacinas contra a gripe do que o que estava anteriormente previsto.

De acordo com Kieny, os grandes grupos farmacêuticos, como a Novartis, a GlaxoSmithKline e a Sanofi-Pasteur, conseguiram este ano desenvolver a sua produção de vacinas contra a gripe, passado de 350 milhões de doses, em 2006, para 565 milhões. Em 2010, os laboratórios terão capacidade para produzir mil milhões de doses de vacinas sazonais, por ano, acrescentou a responsável.

Esta nova estimativa vem aliviar as preocupações da OMS e da maioria dos especialistas em saúde que acreditam que o mundo não está preparado para o surgimento de uma pandemia de gripe. Este tipo de epidemias globais surge, em média, três vezes em cada século, sempre que emerge uma nova estirpe de gripe para a qual os humanos ainda não estão imunizados.

A gripe pandémica afecta gravemente três a cinco milhões de pessoas a cada ano, sendo responsável por 250 mil a 500 mil mortes, principalmente entre a população idosa e os doentes crónicos.

Marta Bilro

Fonte: Folha Online, Reuters, Medical News, Today.

Ministério da Saúde esclarece atribuição de novas farmácias

“Não existe qualquer dispositivo de preferência a não farmacêuticos”

Num esclarecimento enviado à Ordem dos Farmacêuticos, o Ministério da Saúde refere que a informação veiculada na imprensa acerca do concurso para atribuição de novas farmácias “carece de fundamento”, garantindo que não se propõe que seja dada preferência a não farmacêuticos. Em causa está uma notícia avançada pelo DN esta quarta-feira que afirmava que o Ministério da Saúde pretendia dar preferência aos não farmacêuticos na abertura de novas farmácias.

O Ministério afirma que “nos projectos de diploma regulamentares da propriedade das farmácias de oficina, actualmente em preparação, não existe qualquer dispositivo de preferência a não farmacêuticos nos concursos para novas farmácias”.

O que consta da proposta é o estabelecimento de “uma graduação dos concorrentes em função do número de farmácias, detidas, exploradas ou geridas, sendo graduado em primeiro lugar, em caso de igualdade, o concorrente com menor número de farmácias”.

Neste sentido, um farmacêutico que não detenha a propriedade de qualquer farmácia não será preterido por qualquer outro membro da população que pretenda entrar no negócio. A regra aplica-se apenas aos farmacêuticos que já possuem um estabelecimento do género, com a intenção de evitar a concentração.

Marta Bilro

Fonte: Ordem dos Farmacêuticos, Diário Económico.

Sorteio elege proprietários de novas farmácias

É a sorte que vai ditar o vencedor de um concurso público para a abertura de uma nova farmácia. De acordo com o Ministério da Saúde, o sorteio é o “único modo” equitativo, transparente e objectivo” para escolher a quem atribuir a exploração destes estabelecimentos à luz da nova lei, refere a edição desta quinta-feira do Diário de Notícias.

O método vai ser aplicado aos que ficarem empatados em primeiro lugar. Sendo que, o “critério decisivo” para garantir o primeiro lugar é o concorrente não estar ligado a nenhuma farmácia existente.

O projecto de portaria, ao qual o jornal teve acesso, determina que os proprietários de actuais farmácias - ou farmacêuticos que não sejam donos mas que estejam já ligados a um estabelecimento com funções de gestão - são preteridos em relação aos outros interessados que entram de novo no negócio. O importante, por isso, é ser novo no ramo.

"Impõe-se como critério decisivo para a graduação o menor número de farmácias detidas, exploradas ou geridas pelo concorrente", lê-se no documento do Ministério da Saúde. O objectivo é limitar a concentração da propriedade que, segundo a nova lei, não pode ultrapassar os quatro estabelecimentos por pessoa ou sociedade.

Para simplificar o processo e uma vez que a lei que enquadra o sector já salvaguarda “os requisitos para o funcionamento de uma farmácia que satisfazem o interesse público” a portaria do ministério não estabelece mais critérios. Nesse sentido, diz o documento, não é razoável «basear a escolha em critérios artificiais».

A Ordem dos Farmacêuticos e a Associação Nacional de Farmácias (ANF) já reagiram ao projecto de portaria através da emissão de pareceres. A bastonária, Irene Silveira, refere que já mandou "sugestões para flexibilizar" os documentos. Por sua vez, a ANF alertou para o facto deste método não ter em consideração a qualidade das propostas. "Aparentemente, deixa de importar ao Estado a qualidade da assistência farmacêutica que cada um dos candidatos se propõe prestar".

Marta Bilro

Fonte: Diário de Notícias, Diário Digital.

Não farmacêuticos vão ter prioridade para abrir novas farmácias

O Ministério da Saúde pretende dar preferência aos não farmacêuticos na abertura de novas farmácias. Os licenciados em farmácia não ficam excluídos da possibilidade de se candidatarem, porém, serão ultrapassados pelo resto da população que queira entrar neste negócio pela primeira vez, avança a edição desta quarta-feira do Diário de Notícias.

O novo regime jurídico da propriedade das farmácias, que entra em vigor no dia 1 de Novembro, retira aos farmacêuticos a exclusividade sobre a propriedade destes estabelecimentos. As normas que vão reger a candidatura às cerca de 350 novas farmácias que aguardam para ser abertas são um ponto que ainda está por regulamentar, algo que deverá acontecer depois de serem consultados os parceiros.

O presidente da Associação Nacional das Farmácias (ANF), João Cordeiro, está descontente com o rumo das medidas previstas para o sector que constam do compromisso assinado entre esta associação e o Governo. Durante o durante o colóquio sobre a actividade farmacêutica, que decorreu terça-feira na Assembleia da República, o responsável acusou novamente o Ministério de avançar apenas com a parte do acordo que lhe interessa e de "adiar sucessivamente e sem justificação" a prescrição por princípio activo (DCI), a venda de medicamentos até aqui só dos hospitais e o alargamento de novos serviços nas farmácias. "Temo que o compromisso não seja integralmente cumprido, ou que avance com aspectos restritivos", afirmou aos jornalistas.

Marta Bilro

Fonte: Diário de Notícias, Fábrica de Conteúdos.

Medida inclui corte de postos de trabalho
GlaxoSmithKline em redução de custos


A companhia farmacêutica britânica GlaxoSmithKline, a segunda maior do mundo e a mais importante na Europa, confirmou nesta quarta-feira uma quebra de 5,8 por cento nos seus lucros líquidos relativos ao terceiro semestre deste ano, por comparação com o mesmo período de 2006, e anunciou a implementação de um plano de redução de custos que inclui o corte de alguns empregos.

Segundo informações avançadas pela imprensa internacional, os resultados trimestrais da companhia, de 11,02 milhões de dólares (menos 2,68 milhões do que no período homólogo de 2006), não são animadores, e impulsionaram o objectivo de uma poupança de até 3,1 milhões, que incluirá o corte de alguns postos de trabalho na área das vendas, acompanhada de uma revisão nas operações em curso em algumas unidades fabris da companhia. Uma retracção de sete pontos percentuais nas vendas no mercado norte-americano, onde a competição dos medicamentos genéricos terá originado uma queda de 38 por cento nas vendas dos medicamentos da família Avandia, poderá justificar parte destes resultados, segundo afirma a companhia.

Carla Teixeira
Fonte: InvestNews

Acordo internacional para combater falsificações

CE preocupada com produtos farmacêuticos falsificados

A União Europeia (UE), Estados Unidos, Japão e outras nações vão negociar um novo Acordo contra a Falsificação Comercial (Anti-Counterfeiting Trade Agreement, ACTA) que tem como objectivo combater a cópia e produção não autorizada de produtos registados, e a contrafacção em todo o mundo. A Comissão Europeia (CE) está principalmente preocupada com a crescente incidência de produtos farmacêuticos falsificados a entrar no mercado.

A CE e o Gabinete do Representante do Comércio Externo dos EUA (Office of the United States Trade Representative, USTR) anunciaram planos para o novo pacto, vendo-o como a forma de fortalecer os esforços para proteger os direitos de propriedade intelectual a nível mundial, e proteger os consumidores de falsificações fracas e potencialmente perigosas. A Comissão Europeia está à procura da autorização dos 27 Estados-Membros da UE para negociar o novo acordo com grandes parceiros de negócios, no qual também estão incluídos Coreia do Sul, México, Nova Zelândia, Canadá e Suiça.

Enquanto que o novo acordo está preparado para abranger todos os aspectos das infracções à propriedade intelectual (desde cosméticos falsificados a partes de aviões contrafeitas), a CE expressou uma preocupação particular relativamente à crescente incidência de produtos farmacêuticos falsificados que chegam ao mercado. Na verdade, a situação mais preocupante é o aumento estrondoso do tráfico de medicamentos contrafeitos dos quais mais de 2,7 milhões foram interceptados nas fronteiras da UE em 2006, e que estão reconhecidos como estando na base de 10 por cento do comércio mundial de medicamentos. A maior parte destes fármacos falsificados vão para os países mais pobres do mundo.

Os dados da UE, lançados em Junho, revelam um grave aumento dos medicamentos contrafeitos em 2006, provenientes originariamente da Índia, China e dos Emirados Árabes Unidos. Este rápido aumento de fármacos falsificados, nos últimos anos, levou a CE a colocar especial ênfase em lidar com medicamentos contrafeitos, e com os efeitos perigosos, potencialmente fatais, que podem ter nos consumidores.

Deste modo, a Comissão recentemente solicitou que fosse iniciado um estudo para poder ter uma ideia mais clara do problema da contrafacção, especificamente nos produtos farmacêuticos. O estudo europeu iniciou há alguns meses, procurando identificar de onde provêem os fármacos falsificados, que tipo de produtos são e que canais são utilizados para a sua distribuição ilegal.

O porta-voz da CE, Ton van Lierop, declarou que a Comissão quer ter uma visão global da extensão dos medicamentos contrafeitos. Os resultados do estudo são esperados durante a primeira metade do próximo ano, e espera-se que forneçam alguns esclarecimentos daquilo que se está a tornar crescentemente num problema premente em todo o mundo.

O acordo ACTA espera juntar a comunidade internacional para criar uma frente unida para combater a praga de contrafacções que afecta todas as indústrias, e reforçar os direitos globais de propriedade intelectual. Os pontos-chave do pacto focam a cooperação internacional para harmonizar padrões e melhorar a comunicação, estabelecer práticas para promover uma protecção mais forte da propriedade intelectual, e a criação de uma estrutura legal robusta, moderna, que reflecte a natureza mutável do roubo da propriedade intelectual na economia global.

Isabel Marques

Fontes: www.outsourcing-pharma.com, Bloomberg, www.euractiv.com, www.siliconrepublic.com

Estudo italiano analisou qualidade de vida dos doentes
Diabéticos preferem bomba de insulina


Um estudo realizado em Itália analisou a qualidade de vida de 1341 diabéticos de tipo I e concluiu que os doentes submetidos à terapia com bomba de insulina vivem com menos restrições motivadas pela diabetes do que aqueles que têm de sujeitar-se às injecções diárias. Os resultados obtidos no estudo Equality I são muito semelhantes à realidade portuguesa.

A análise italiana aferiu que as restrições normalmente associadas à diabetes, designadamente em termos de regime alimentar e dos episódios de hipoglicemia (40 por cento inferior nos doentes que se submeteram à terapia com a bomba de insulina), concorrem para a insatisfação dos doentes diabéticos, e que no caso dos que utilizam o novo método o descontentamento em relação ao tratamento é 70 por cento menos incisivo. No âmbito do estudo foram constituídos dois grupos de doentes: 481 receberam tratamento com a bomba e 860 foram tratados com as múltiplas injecções diárias.
Antonio Nicolucci, médico director do Laboratório de Epidemiologia Clínica de Diabetes e Cancro do Instituto Mario Negri Sud de Chieti, em Itália, declarou, a propósito destes dados, que “a terapia com a bomba de insulina resultou numa redução do número de episódios hipoglicémicos, produzindo um efeito positivo sobre a qualidade de vida dos doentes, e mesmo aqueles que têm diabetes complicadas e difíceis de controlar ficaram satisfeitos quando utilizaram a bomba de insulina”. De acordo com os dados mais recentes da Federação Internacional da Diabetes, que o farmacia.com.pt já ventilou num artigo publicado há dias, actualmente haverá, à escala mundial, cerca de 246 milhões de pessoas, prevendo-se que o número de diabéticos possa atingir os 380 milhões em 2025. Todos os dias são diagnosticados 200 novos casos de crianças com diabetes de tipo I e estima-se que mais de 440 mil jovens com menos de 14 anos têm aquela doença. Em Portugal existem cerca de 650 mil portugueses diagnosticados com a doença, 10 por cento dos quais com a sua forma mais grave, para a qual não existe prevenção.

Carla Teixeira
Fonte: Comunicado de imprensa da Hill and Knowlton Portugal

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Exame ao sangue pode prever Alzheimer

Descoberta pode ser forte contributo no diagnóstico e tratamento precoce
Cientistas norte-americanos desenvolveram um exame sanguíneo que poderá ajudar a determinar - até seis anos de antecipação - o surgimento da doença de Alzheimer, permitindo, assim, a planificação de um tratamento precoce.

“O exame é seguro em 100 por cento dos casos, por isso, pode ser um forte contributo no diagnóstico e tratamento deste tipo degenerativo de demência senil mais propagado pelo mundo”, garantiu a equipa de investigadores da University School of Medicine, na Califórnia (Estados Unidos) que conduziu o estudo divulgado na revista «Nature Medicine».

Até agora, uma das maiores dificuldades existentes era determinar se as falhas de memória de carácter leve são indicativos de uma deterioração mental severa. Segundo informaram os cientistas, o exame em questão permite identificar certas transformações num grupo de proteínas no sangue que servem para transportar as mensagens: "Do mesmo modo que um psiquiatra pode deduzir muitas coisas ouvindo as palavras de um paciente, "escutando" diferentes proteínas podemos verificar que algo não funciona com as células", clarificou um dos autores do estudo, Tony Wyss-Coray.

"É excitante. Julgo que a descoberta tem um potencial enorme", considerou, por seu turno, o diretor do Gladstone Institute of Neurological Disease da Universidade da Califórnia, Lennart Mucke.

De acordo com a Associação Portuguesa de Familiares e Amigos da Doença de Alzheimer (APFADA), a doença afecta mais de 70 mil pessoas. Um número que, segundo a associação, agravar-se-á, uma vez que, “as pessoas vivem mais e, por isso, crescem as probabilidades de a patologia se desenvolver.”

Raquel Pacheco

Fonte: Agência EFE/«Nature Medicine»/farmacia.com.pt

Brasil: Medicamentos responsáveis por 40% das intoxicações

Uso indiscriminado ed fármacos ocupa o primeiro lugar entre os agentes causadores de intoxicações em todo mundo, diz OMS

Os medicamentos são responsáveis por 40% dos casos de intoxicação, concluiu um levantamento inédito feito, no Brasil, pela Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo.

Segundo a pesquisa, divulgada este mês, cerca de 90% das intoxicações por fármacos aconteceram por via oral e, em 85% dos casos, ocorrem em casa.

Os resultados do estudo evidenciaram, também, que o problema acontece na maioria dos casos com pessoas do sexo feminino (59%); com crianças até aos 5 anos (34%) e com adolescentes (17,6%).

Os fármacos antidepressivos e os analgésicos lideram a frequência dos casos de intoxicação, apurou ainda aquela entidade de saúde brasileira numa pesquisa que foi feita a partir de dados levantados durante dez anos em onze Centros de Assistência Toxicológica (Ceatox).

No sentido de evitar estes episódios, Margareth José Dias, farmacêutica da Vigilância Sanitária, referiu que “é fundamental que os medicamentos fiquem longe do alcance das crianças, que é a faixa mais exposta a acidentes”, acrescentando que, “igualmente importante é ler sempre a bula, para evitar possíveis efeitos colaterais.”

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), também ressalta que o consumo inadequado de fármacos, nomeadamente, através da automedicação representa um cenário de grande risco e efeitos colaterais.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o uso indiscriminado de medicamentos ocupa o primeiro lugar entre os agentes causadores de intoxicações. Além disso, a percentagem de internamentos hospitalares provocadas por RAM (Reacções Adversas a Medicamentos) ultrapassa 10%.

Raquel Pacheco

Fonte: Folha Online/Notícias Terra/OMS

ImClone Systems manifesta interesse na Biogen Idec

Empresa de biotecnologia norte-americana continua à venda

A Biogen Idec, que produz os medicamentos contra esclerose múltipla - Avonex (Interferão beta-1a) e Tysabri (Natalizumab)- informou continuar sem comprador.

A empresa no ramo da biotecnologia - que tem uma capitalização de mercado de 19,3 bilhões de dólares - afirmou ter contratado o Goldman Sachs e a Merrill Lynch para ajudar a encontrar um comprador, adiantando já ter recebido "expressões de interesse".

Um dos interessados - revelou a Biogen em comunicado de imprensa - é o investidor bilionário Carl Icahn que, recentemente, assumiu o controle da empresa de biotecnologia ImClone Systems.

Na opinião do analista da Morningstar, Damien Conover, "potenciais interessados vão ser, provavelmente, as grandes farmacêuticas, bem como, aquelas que já têm parcerias com a Biogen."

Recentemente, - tal como noticiou o farmacia.com.pt – a empresa anunciou que a administração foi autorizada a avaliar se terceiros teriam interesse em adquirir a companhia por um preço e termos que representem um melhor valor para seus accionistas do que a farmacêutica continuar a executar sua estratégia numa base autónoma e dedicada.

Lucro abaixo do previsto

Ontem, a Biogen Idec divulgou que os lucros caíram 24% no terceiro trimestre e confirmou a meta de resultados para o ano. A companhia norte-americana registrou lucros líquidos de 119,4 milhões de dólares (0,41 por acção), sendo que, no período homólogo do ano anterior, os ganhos foram de 156,6 milhões, (0,45 por acção).

Parceria com Biocant Park

Recorde-se que, este mês, a empresa norte-americana Biogen Idec associou-se ao Biocant Park, em Cantanhede, numa parceria para dar corpo a um projecto de investigação que visa encontrar marcadores moleculares para um diagnóstico mais preciso e uma melhor caracterização da esclerose múltipla.

Raquel Pacheco

Fonte: Globo Online/ Morningstar/ monitormercantil.com

Aborto negligente é pandemia global

Especialistas mundiais defendem acesso universal a um atendimento que permita uma segura interrupção da gravidez

Alertar para a pandemia em que se tornou o aborto feito sob risco, negligente ou clandestino foi o tema que esteve na agenda da pioneira «Conferência Global sobre Aborto Seguro» que decorreu, esta semana, em Londres. Ampliar o acesso ao aborto seguro no mundo inteiro foi o repto lançado.

Numa demonstração sem precedentes de preocupação global, perto de 800 especialistas de saúde pública, representantes governamentais e defensores da saúde das mulheres de todo o mundo estiveram reunidos, em Londres. O objectivo foi estabelecer um ímpeto na redução do alarmante ónus causado por abortos inseguros na saúde e na vida das mulheres.

Organizada pelas Organizações Não-Governamentais (ONGs) Marie Stopes International (MSI) e Ipas and Abortion Rights – entidades que promovem a saúde e os direitos das mulheres – a «Conferência Global sobre Aborto Seguro» reconheceu o direito das mulheres à autodeterminação no exercício de suas opções reprodutivas e incentivou esforços em prol de uma reforma jurídica segura.

"Pediram-me para discursar durante 15 minutos, mas neste período de tempo, duas mulheres, provavelmente no mundo em desenvolvimento e provavelmente jovens, estão a morrer”, afirmou com veemência Mark Lowcock, Diretor-Geral de Políticas e da Divisão Internacional do Departamento Britânico de Desenvolvimento Internacional.

O responsável – que falava na sessão de abertura do certame – frisou que, pelo menos, “66 mil mulheres morrem anualmente como resultado directo de abortos inseguros", acrescentando que “a tragédia é ainda maior porque nós temos a tecnologia para prevenir quase todas essas mortes e continua-se a varrer esse problema para baixo do tapete."

De referir que, a publicação médica «The Lancet» considerou o aborto inseguro um dos problemas de saúde mais neglicenciados de nossa época. Um problema controverso que foi debatido durante dois dias à escala mundial por representantes de quase 60 países.

Um maior acesso a serviços de aborto seguro foi o apelo que saiu daquela que foi a primeira conferência global de todas desse género.

Portugal: 3000 abortos em três meses

Em Portugal, registaram-se três mil abortos em três meses de vigência da nova lei. Contudo, há uma região que mantém o registo zero em matéria de interrupções voluntárias da gravidez - a ilha da Madeira. "Até ao momento, não se registou na Madeira nenhum pedido de aborto dentro do novo enquadramento jurídico, nem casos com complicações pós-aborto. O que significa que a região autónoma é líder no planeamento familiar", declarou ao «Diário de Notícias» o secretário regional dos Assuntos Sociais, Jardim Ramos.

Apesar dos dados oficiais, é difícil acreditar que, de um dia para o outro, as mulheres madeirenses tenham deixado de fazer interrupções de gravidez sem sair da região. Segundo refere o DN, “há clínicas no Funchal que, há anos, praticam a IVG, com internamento e acompanhamento médico.”

Raquel Pacheco
Fonte: PRNewswire/DN/The Lancet
Simpósio «Prevenção, foto-educação e diagnóstico precoce»
Prevenir e tratar o cancro de pele


A Liga Portuguesa Contra o Cancro promove nesta quinta-feira, pelas 14h30, no auditório do Núcleo Regional do Norte, no Porto, um simpósio subordinado ao tema «Prevenção, foto-educação e diagnóstico precoce», que se insere num ciclo de conferências essencialmente destinado aos técnicos de saúde – médicos, psicólogos, enfermeiros, assistentes sociais, farmacêuticos e outros –, mas também a voluntários e à sociedade.

De acordo com informações avançadas ao farmacia.com.pt por fonte da organização do evento, a sessão pretende “alertar para os sintomas e as causas” do melanoma, focando também os aspectos do diagnóstico e do tratamento e prevenção. Nesta conferência intervêm diversos especialistas em cancro de pele, dermatologistas e cirurgiões. Vítor Veloso, presidente da Liga Portuguesa Contra o Cancro, faz as honras na sessão de abertura do simpósio, passando depois a palavra a Fernando Ribas, dermatologista e vice-presidente da Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo. A cargo do dermatologista José Carlos Domingues, do IPO do Porto, estará o tema «Precancerosas, cutâneas e mucosas», com a sessão final a ser entregue a Cristina Vasconcelos, da Clínica de Dermatologia Derma-Hightech, que falará sobre «Tumores cutâneos benignos e epiteliais malignos».
À luz do comunicado enviado ao farmacia.com.pt, a incidência de casos de cancro da pele tem vindo a sofrer uma tendência de aumento ao longo dos últimos anos, podendo esse progressivo crescimento corresponder a uma subida real do número de casos ou a uma maior taxa de diagnósticos precoces da doença, resultante de um possível estado de maior alerta por parte dos cidadãos. Embora reconheçam que a situação em Portugal não é dramática, os médicos consideram-na “preocupante”, e é nessa medida que avisam da importância de uma consulta após o Verão, altura em que “o sol é responsável por cerca de 90 por cento dos cancros de pele”, pelo que, insistem, “é preciso manter a prevenção, condicionar alguns hábitos e estar alerta para alguns sinais típicos da doença”.

Carla Teixeira
Fonte: Liga Portuguesa Contra o Cancro – Núcleo Regional do Norte
Estudo em andamento não revelou efeitos colaterais graves
Medicamento experimental renova esperança contra o cancro


A Mersana Therapeutics, companhia farmacêutica especializada em terapias contra o cancro, anunciou os resultados preliminares de um estudo de fase I de um fármaco experimental, o XMT-1001, que de acordo com a experiência em curso, que acompanha 12 pacientes com tumores sólidos avançados, parece demonstrar a ausência de efeitos colaterais graves.

Edward A. Sausville, médico, professor de Medicina e responsável pela área de Pesquisa Clínica do Centro Greenebaum de Cancro da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, apresentou estes dados no âmbito de uma conferência internacional subordinada ao problema dos alvos moleculares e terapêuticas, realizado na cidade de São Francisco, na Califórnia. O estudo de fase I pretendia aferir dos níveis de segurança, tolerância e farmacocinética do XMT-1001 intravenoso em doentes com tumores sólidos em estado avançado. O medicamento experimental da Mersana Therapeutics tem como substância activa a camptotecina, e é um inibidor da topoisomerase I com potente actividade antitumoral.
Comentando os resultados agora divulgados, o executivo-chefe da Mersana Therapeutics, Robert Fram, afirmou que os dados relativos ao ensaio clínico de fase I “demonstram que, em seres humanos, a camptotecina é libertada de forma gradual da plataforma Fleximer” (um novo material biodegradável e bio-inerte passível de ser ligado quimicamente a moléculas pequenas e a medicamentos biológicos), de modo a evitar os problemas comuns de segurança associados a medicamentos desta classe. Até agora – garantiu o médico – “não detectámos qualquer evidência de graves efeitos colaterais ligados ao medicamento, e o estudo está em andamento”.
Até ao momento, de acordo com o médico, “o XMT-1001 tem sido bem tolerado pelos pacientes”. Os resultados preliminares, frisou, “demonstram um perfil farmacocinético favorável, com baixos níveis de camptotecina, totais ou livres, recuperados na urina”. Segundo um comunicado emitido pela companhia farmacêutica, “o XMT-1001 é o mais avançado medicamento candidato baseado na plataforma Fleximer da Mersana”. Em estudos pré-clínicos foi bem tolerado e mais eficaz do que a camptotecina ou o irinotecan, segundo refere a empresa.

Carla Teixeira
Fonte: Mersana Therapeutics, PRNewswire
Laboratórios e associação de genéricos contra alterações
Brasil pondera mexer na lei das patentes


A Comissão de Desenvolvimento Económico, Indústria e Comércio do Brasil promoveu nesta quarta-feira uma audiência pública com o objectivo de discutir a lei de patentes e o desenvolvimento do sector farmacêutico no país. Laboratórios e associação de genéricos foram unânimes na recusa de alterações, designadamente no que toca à diminuição do tempo de vigência das patentes.

Em nome da Interfarma – Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa, o presidente do conselho consultivo daquela entidade foi ao debate dizer que diminuir o tempo da patente dos medicamentos é “impedir o desenvolvimento da indústria farmacêutica no Brasil”, já que, segundo argumentou Jorge Raimundo, “em menos de 10 anos não é possível desenvolver um medicamento”. Na opinião daquele responsável, o Estado não pode dar aos laboratórios prerrogativas para desrespeitar a lei, frisando que, “no mundo inteiro, o que existe é a ideia de que o Estado tem o direito de requerer o uso exclusivo de produtos patenteados em caso de emergência nacional”.
No mesmo encontro, realizado no parlamento brasileiro, também o vice-presidente da Associação Pró-Genéricos afirmou que, ao longo dos 11 anos de vigência da actual lei de patentes no país, nunca as empresas que produzem medicamentos genéricos incorreram em qualquer tipo de incumprimento. Odnir Finotti explicou que o actual diploma legal “é respeitado, porque a inovação tecnológica é muito importante para o sector”, acrescentando que, “se a lei actual está a funcionar não há motivos para a alterar”. O objectivo do debate que foi dinamizado pela comissão é o de ponderar eventuais mudanças na Lei 9.279/96, que regulamenta a propriedade intelectual no país, principalmente no que diz respeito à possível redução do prazo de vigência das patentes, que actualmente varia entre os 15 e os 20 anos no Brasil.

Carla Teixeira
Fonte: Agência Câmara