quinta-feira, 28 de junho de 2007

Cervarix protege contra lesões pré-cancerígenas

O Carvarix, vacina contra o vírus do papiloma humano (HPV), que deverá ser lançada pela GlaxoSmithKline até ao final do ano corrente, revelou 100 por cento de eficácia na prevenção antecipada de lesões cancerígenas, em resultados preliminares de um ensaio clínico de Fase III. Os resultados podem representar uma ameaça para o Gradasil, vacina produzida pela Sanofi Pasteur MSD que já se encontra disponível do mercado, mas que oferece protecção apenas contra os tipos 16 e 18 do HPV.

O vírus do papiloma humano é responsável pelo aparecimento de 99 por cento dos casos de cancro do colo do útero, que em Portugal tem maior incidência do que em todos os outros países da Europa. Os dados do estudo, publicado no jornal “Lancet”, demonstram também que o Carvarix fornece protecção significativa contra infecções aliadas a vírus capazes de provocar cancro. O cancro cervical, ou cancro do colo do útero, é causado por vários tipos de HPV que se desenvolvem através do contacto sexual. A persistência de infecções provocadas por este vírus pode conduzir ao desenvolvimento de lesões pré-cancerígenas, que por sua vez podem gerar o aparecimento do cancro cervical, o segundo mais frequente entre todas as mulheres e o mais comum entre as mulheres mais jovens.

“A descoberta é muito aliciante porque as mulheres que participaram no estudo são representativas das pacientes analisadas pelos médicos no seu dia-a-dia”, salientou Jorma Paavonent, o principal responsável pela investigação e professor do departamento de ginecologia e obstetrícia no Hospital Central da Universidade de Helsinquia, na Finlândia. Para além disso, acrescentou o especialista, “isto fornece fortes indícios de que esta vacina pode proteger as mulheres contra as infecções que se podem gerar um cancro cervical”.

Os tipos 16 e 18 do vírus do papiloma humano são os principais alvos do Carvarix, que representam cerca de 70 por cento dos casos de cancro do colo do útero. Esta última fase de ensaios envolve 18.644 mulheres, com idades compreendidas entre os 15 e os 25 anos, oriundas de 14 países da Europa, Ásia e Pacífico, América do Norte e América Latina. De acordo com a farmacêutica britânica este é o ensaio clínico mais amplo realizado até à data, no que diz respeito à vacina do cancro cervical.

De acordo com os resultados temporários, o Carvarix deu provas de conferir uma protecção eficaz contra infecções persistentes caudas pelos tipos 45, 31 e 52 do HPV, que contribuem igualmente para o aparecimento do cancro do colo do útero. No entanto, um comentário adicional que acompanha a publicação do estudo, sublinha que apesar dos dados serem animadores, as suas interpretações são limitadas, dado o curto período de tempo que decorreu após o ensaio clínico, que em média costuma demorar 15 meses.

Por norma, são necessários vários anos para que células normais do cérvix (colo uterino) se transformem em células cancerígenas. O Cervarix, que aguarda aprovação das autoridades reguladoras norte-americanas e europeias, obteve, em Maio, a sua primeira licença de comercialização na Austrália, onde a sua utilização foi recomendada em mulheres com idades compreendidas entre os 10 e os 45 anos.

Marta Bilro

Fonte: The Australian, CNN Money, United Press International, Manual Merck.

1 comentário:

Rui Borges disse...

Excelente uma vez mais.