quinta-feira, 28 de junho de 2007

Risco de transmissão de esclerose múltipla é igual em pais e mães

Os homens e mulheres que sofrem de esclerose múltipla têm probabilidades iguais de transmitir a doença aos filhos, revela um estudo do Neurology, o jornal Sociedade Americana de Neurologia, e que contraria uma investigação recente que alegava que o risco da doença ser transmitida através do pai era duas vezes superior.

A equipa de especialistas analisou 3.088 famílias canadianas nas quais um dos pais era portador de esclerose múltipla. Das 8.401 crianças inseridas nessas famílias, 798 sofriam de esclerose múltipla. Os cientistas observaram que os números de transmissão da doença eram muito semelhantes, com 9,41 por cento para o pai e 9,76 por cento para a mãe. “Curiosamente, observámos também que quando meios-irmãos são ambos portadores de esclerose múltipla, há claramente um maior efeito maternal, com a mãe a ser tendencialmente a progenitora comum”, frisou George Ebers, professor de neurologia clínica na Universidade de Oxford.

Os investigadores não encontraram qualquer evidência que apoiasse a teoria recentemente divulgada de que os homens eram mais resistentes à esclerose múltipla por comportarem uma carga genética mais pesada sendo, por isso, mais aptos à transmissão do risco genético aos filhos. “O nosso estudo envolveu 16 vezes mais pessoas do que o anteriormente publicado e desfaz possíveis dúvidas acerca da teoria amplamente divulgada do modelo de susceptibilidade à hereditariedade de esclerose múltipla através dos genes múltiplos”, afirmou Ebers.

Segundo dados da Associação Nacional de Esclerose Múltipla (ANEM), a doença afecta mais de um milhão de pessoas em todo o mundo. Os estudos epidemiológicos apontam para a existência de 450 mil pessoas com esclerose múltipla só na Europa, sendo a incidência maior nos países nórdicos. Estima-se que o número de doentes em Portugal se aproxime dos cinco mil.

De acordo com a ANEM, a esclerose múltipla é uma doença inflamatória crónica, desmielinizante e degenerativa, do sistema nervoso central que interfere com a capacidade do mesmo em controlar funções como a visão, a locomoção, e o equilíbrio. Denomina-se esclerose pelo facto de, em resultado da doença, se formar um tecido parecido com uma cicatriz, que endurece, formando uma placa em algumas áreas do cérebro e medula espinal. Denomina-se múltipla, porque várias áreas dispersas do cérebro e medula espinal são afectadas. Os sintomas podem ser leves ou severos, e aparecem e desaparecem, total ou parcialmente, de maneira imprevisível.

Para além de um programa de exercícios e ginástica muscular, os medicamentos são também imprescindíveis, nomeadamente os relaxantes musculares, pois permitem reduzir a tensão dos músculos e melhorar os movimentos. São também utilizados imunomoduladores, como os interferões-beta ou o acetato de glatiramero, que actuam no sistema imunitário. O Grupo de Estudos de Esclerose Múltipla (GEEM) refere que «o Estado português gasta anualmente pelo menos cerca de 35 milhões de euros» a tratar esses doentes, à razão de dez mil euros por cada um.

Marta Bilro

Fonte: Forbes, CTV.ca, Reuters, Associação Nacional de Esclerose Múltipla.

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