quarta-feira, 20 de junho de 2007

Estudo: Historial familiar não é eficaz na detecção do cancro da mama

Os métodos actualmente utilizados para prever o risco de aparecimento do cancro da mama, baseados na análise do historial familiar, podem induzir em erro e não ser fiáveis, avança um novo estudo. Muitas vezes as famílias são reduzidas e não é possível aceder a toda a arvore genealógica para poder reconstruí-la e calcular um historial, sublinham os especialistas.

Os modelos de risco podem ajudar a determinar a possibilidade da mulher ser portadora de uma mutação dos genes BRCA1 e BRCA2 que a predispõem ao aparecimento da doença, explicaram os investigadores do “City of Hope Comprehensive Cancer Center”, na Califórnia. Caso o historial familiar indique que ela pode ser portadora do gene, é-lhe sugerido que proceda à realização de um exame para detectar as mutações. No entanto, o estudo publicado no “Journal of the American Medical Association” revelou que pode haver uma forma de melhorar o modelo de risco para que as previsões sejam mais precisas.

Nas famílias pequenas, o método em que é calculada a probabilidade do cancro ser herdado, não funciona, dizem os especialistas. “É necessário ter família para ter historial familiar sobre o cancro”, afirmou Jeffrey Weitzel, responsável pela investigação, salientando que “a maioria dos modelos utilizados para determinar quem deverá ser testado geneticamente foram baseados em famílias grandes, nas quais existiam vários casos de cancro”.

Enquanto apenas cinco em cada 10 dez por cento dos casos de cancro da mama são hereditários, as mulheres com mutações dos genes BRCA1 e BRCA2 correm um risco muito maior de vir a desenvolver outro cancro da mama ou um cancro no ovário. Este estudo “demonstra a influência da estrutura familiar nos modelos de cálculo de probabilidade de ocorrer uma mutação e a necessidade dos médicos terem em conta a estrutura familiar quando decidem aplicar um teste BRCA a um caso único na família numa detecção precoce de cancro da mama”, referiram os especialistas.

Os cientistas defendem que o acesso aos testes deve ser mais amplo, para que cada vez mais pessoas usufruam das vantagens dos exames de detecção dos genes, uma factor que poderá ter uma grande influência nos resultados, frisou Weitzel. “A falha na detecção de que uma mulher possa ser portadora do gene BRCA e o facto de não ser submetida aos procedimentos de prevenção pode custar-lhe a vida”, acrescentou o mesmo responsável.

Na elaboração do estudo, a equipa de Weitzel conjugou informação de mais de 1.500 mulheres tratadas em clínicas de cancro dos Estados Unidos da América. Os investigadores concluíram que as mulheres abaixo dos 50 anos de idade, portadoras de cancro da mama e inseridas numa estrutura familiar limitada – menos de duas mulheres com 45 anos ou mais velhas – tinham três vezes mais probabilidade de serem portadoras do gene BRCA do que aquelas que pertenciam a uma estrutura familiar mais ampla. “O historial família não é uma boa ferramenta. Não devemos discriminar mulheres [por terem uma estrutura familiar mais reduzida]. E se a mulher for adoptada? Porque devemos negar-lhe o acesso aos exames?”, alertou Weitzel.

Marta Bilro

Fonte: Forbes, Med Page, Reuters.

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