segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Estudo anticoagulantes: rivaroxaban mais efectivo do que Lovenox

Resultados de um estudo de Fase III sugerem que o fármaco antitrombótico experimental rivaroxaban, da Johnson & Johnson e da Bayer AG, leva à existência de menos coágulos e a uma menor possibilidade de morte após cirurgia de substituição da anca do que o Lovenox (enoxaparina), da Sanofi-Aventis. Os dados foram apresentados no encontro anual da Sociedade Americana de Hematologia, em Atlanta.

Os pacientes do ensaio RECORD1 receberam ou rivaroxaban comprimidos ou Lovenox injectável durante cinco semanas após cirurgia de substituição da anca. Segundo os dados descobertos, o rivaroxaban demonstrou uma redução do risco relativo em 70 por cento no total do tromboembolismo venoso, em comparação com o Lovenox, enquanto os dois fármacos tiveram taxas de hemorragias semelhantes, um efeito secundário dos medicamentos anticoagulantes. Aproximadamente 1,1 por cento dos pacientes tiveram coágulos graves ou morreram no grupo do rivaroxaban, em comparação com 3,7 por cento dos que tomaram Lovenox.

A Bayer, que irá comercializar o fármaco na Europa assim que seja aprovado, submeteu um pedido à Agência Europeia de Medicamentos (EMEA) em Outubro para a aprovação de comercialização do rivaroxaban para a prevenção do tromboembolismo venoso devido a cirurgia ortopédica dos membros inferiores. Um pedido semelhante está planeado para ser apresentado à agência norte-americana que regula os medicamentos (FDA), em 2008, pela Johnson & Johnson, que irá comercializar o fármaco nos Estados Unidos.

Isabel Marques

Fontes: First Word, Bloomberg

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Ensaios clínicos: quando o resultado é a morte

Primeiro caso português em que família de vítima fatal apresenta queixa contra farmacêutica

Os ensaios clínicos de um medicamento para a artrite reumatóide - Humira (adalimumab) da Abbott – sentaram no banco dos réus um médico do Hospital São João, no Porto, acusado pelo Ministério Público de homicídio por negligência de uma paciente envolvida nos testes. O filho da vítima aponta falhas em Portugal e já denunciou às autoridades pelo menos mais três casos.

Trata-se do primeiro processo do género em Portugal. A família de uma mulher (que morreu em Fevereiro de 2004) apresentou uma queixa em tribunal contra a farmacêutica Abbott, alegando que a doente morreu por ter participado num ensaio clínico, onde estava a ser testado um medicamento daquele laboratório.

De acordo com a informação ventilada pela RTP, durante o processo, a paciente voluntária nos ensaios clínicos ter-se-á sentido mal com o tratamento e, apesar de as análises terem apontado insuficiência renal, o médico decidiu não interromper a experiência clínica do fármaco. A doente acabaria por morrer “vítima de infecção generalizada, falência de vários órgãos e inúmeras hemorragias.”

Segundo noticiou a TVI, aos familiares tinha sido garantido que o medicamento em ensaio era seguro. O certo é que, a empresa farmacêutica foi ilibada pelas autoridades, mas a família não desiste e garante que irá mover um processo para responsabilizar a empresa “por ocultação de informação sobre os riscos do medicamento e por alegada ocultação da morte da mãe às autoridades.”

Entretanto, ao que o farmacia.com.pt conseguiu apurar, para além da denúncia criminal contra a Abbott e contra o médico, a família avançou, também, para tribunal contra o Infarmed (Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde) e a EMEA (Agência Europeia de Medicamentos).

De referir que, aos familiares foi oferecida pela Abbott uma indemnização até um milhão de dólares -conforme consta da apólice do seguro feito em nome da farmacêutica – que, após a queixa, recusou qualquer acordo.

Indemnização "à america"...

“A Abbott, se pretende indemnizar doentes portugueses, deve, no mínimo, fazê-lo de acordo com os valores ‘standars’ que as farmacêuticas praticam nos Estados Unidos”, argumentou o filho da vítima fatal à RTP, concretizando que “a luta não é pelo dinheiro mas, sobretudo, pelos direitos dos doentes a saberem mais sobre os medicamentos que tomam e os riscos a que estão sujeitos.”

Recorde-se que, a última indemnização decidida por um tribunal norte-americano foi de 250 milhões de dólares, em que foi condenado o laboratório Merck Sharp and Dohme pelo medicamento Vioxx,.

Confrontado com o caso, fonte do Infarmed advogou que o departamento de farmacovigilância foi notificado de “apenas um caso de morte de um utilizador do medicamento Humira (adalimumab).”

Sobre as acções judiciais interpostas pela família da doente, a entidade reguladora nacional argumentou que “a suspensão da comercialização de medicamentos não decorre da alteração dos respectivos folhetos mas de uma avaliação benefício-risco desfavorável”, concretizando que “qualquer decisão está na EMEA.”

Europa: Bula ainda sem “infecções fatais”

Hoje, o fármaco em causa é comercializado na Europa e nos Estados Unidos. O certo é que, a ocorrência de infecções fatais é descrita na bula do Humira (adalimumab) como uma das possíveis reacções adversas graves somente nos EUA. “Em Portugal e na Europa, nem a informação constante no ensaio clínico a que se sujeitou a minha mãe, nem depois aquela que veio a integrar a bula do medicamento, quando ele passou a ser comercializado, referem esse risco”, alertou o queixoso.

Testes: RAM em cada 30 doentes

Em 2006, só no primeiro semestre, foram realizados mais de 200 ensaios clínicos em Portugal, uma prática que movimenta, anualmente, 15 milhões de euros e provoca uma reacção adversa medicamentosa (RAM) grave em cada 30 doentes, segundo o organismo responsável pelo sector - Comissão de Ética para a Investigação Clínica (CEIC).

Maioritariamente promovidos pela indústria farmacêutica, os ensaios clínicos conduzidos em humanos destinam-se a verificar os efeitos clínicos e farmacológicos de medicamentos experimentais, a fim de apurar a sua segurança e eficácia.

Raquel Pacheco

Fontes: RTP/TVI/Expresso/Infarmed/EMEA/Abbott/CEIC

EMEA adopta lista de exclusão de classe pediátrica

A Agência Europeia de Medicamentos (EMEA) adoptou uma lista de condições sintomáticas que irão preencher os critérios para exclusão da classe dos planos de investigação pediátrica (PIP), sob a regulação da União Europeia de medicamentos para uso pediátrico (No. 1901/2006).

Segundo a regulação pediátrica, as companhias que procuram aprovação, tanto para um novo produto medicinal, como para uma nova indicação, maneira de administração ou forma farmacêutica de um produto protegido por patente, devem submeter um PIP detalhando a sua estratégia para desenvolver o fármaco em todos os subgrupos da população pediátrica.

As exclusão destas obrigações estão disponíveis quando houver evidência de que o fármaco ou classe de fármacos apresenta a probabilidade de ser ineficaz ou inseguro, em parte, ou no total da população pediátrica; quando a doença ou condição a que o produto se destina ocorre unicamente em populações de adultos (estes são as exclusões da classe); ou quando o fármaco em questão não apresenta um beneficio terapêutico significativo, em relação a tratamentos existentes para pacientes pediátricos. As primeiras opções de exclusões de produtos específicos (três no total) foram emitidas pelo Comité Pediátrico (PDCO) da EMEA, num encontro nos finais de Outubro.

Após ter revisto os comentários de uma consulta pública sobre a lista de exclusões de classe sob o regulamento No. 1901/2006, o PDCO adoptou uma opinião positiva sobre a lista na reunião que decorrer entre 21 e 23 de Novembro. A EMEA subsequentemente aprovou a lista numa decisão final a 3 de Dezembro. Regulamentação adicional para os candidatos que tencionem desenvolver um fármaco para uma das condições listadas estará disponível brevemente.

Condições sintomáticas
A lista de condições sintomáticas, 17 no total, para as quais a classe de exclusão do PIP está disponível, inclui um número de cancros (por exemplo, tratamento do carcinoma do pulmão, mama e próstata, leucemia de células pilosas e mieloma múltiplo), assim como doenças neurodegenerativas (por exemplo, Alzheimer e Parkinson), e condições relacionadas com a idade, tais como degeneração macular e distúrbios da menopausa. As exclusões relacionam-se com o tratamento destas condições e não com os medicamentos para a sua prevenção ou diagnóstico.

O PDCO reconhece que podem existir casos enganadores destas condições ocorrerem na população pediátrica. Para além disso, a decisão da EMEA não exclui submissões voluntárias para um PIP para uma condição excluída. A publicação da lista de exclusões de classe não deve impedir um candidato de considerar o desenvolvimento de produtos medicinais para condições/indicações relacionadas ou diferentes para utilização na população pediátrica.

Isabel Marques

Fontes: www.pharmatimes.com

Inactividade pode afectar saúde mental

Estudo indica que prática de exercício reduz em um terço o risco de desenvolver Alzheimer

A inactividade física conduz mais facilmente à depressão e demência. A conclusão saiu de um estudo conduzido por investigadores britânicos que aponta o exercício físico como mais valia, não só para a saúde física, mas também, para mental.

De acordo com os resultados divulgados pela BBC - apresentados no âmbito de uma conferência da Fundação Britânica da Nutrição - quem se exercita vê o risco de desenvolver Alzheimer reduzido em um terço. Um outro estudo indica que as pessoas inactivas correm o dobro do risco de virem a sofrer de depressão.

Relativamente ao estudo da Universidade de Bristol - que fez a correlação entre a actividade física e a doença de Alzheimer - verificou-se que quem pratica exercício, tanto homens como mulheres, corre um risco menor (entre 30% a 40%) de vir a desenvolver esta doença mental.”

Segundo informa a BBC, o motivo da redução não foi apurado, no entanto, os investigadores acreditam que “poderá estar associado aos benefícios que o exercício traz ao sistema vascular, bem como à actividade química no cérebro.”

Por seu turno, o estudo apresentado pela Universidade de Strathclyde constatou que, apenas 35% dos homens e 24% das mulheres praticam a actividade física recomendada. Neste sentido, Nanette Mutrie, especialista em exercício e psicologia desportiva naquele estabelecimento de ensino revelou a existência de “evidências muito fortes de que o exercício físico consegue prevenir a depressão”, frisando que “as pessoas inactivas correm o dobro do risco de virem a sofrer de depressão.”

Raquel Pacheco

Fonte: BBC

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Seroquel XR apresenta dados positivos para depressão e ansiedade

A AstraZeneca Plc apresentou dados positivos do programa clínico de avaliação do antipsicótico Seroquel XR (fumarato de quetiapina) em pacientes com doença depressiva grave e perturbação da ansiedade generalizada.

Os dados clínicos de três ensaios, apresentados no 7º Fórum Internacional de Desordens de Humor e Ansiedade, em Budapeste, demonstraram que os pacientes com depressão grave e ansiedade generalizada que receberam Seroquel XR uma vez por dia experimentaram reduções significativas na gravidade dos sintomas, em comparação com os que receberam placebo, em qualquer um dos três ensaios.

Os ensaios fazem parte de um programa de desenvolvimento clínico que envolve mais de 7 000 pacientes, um dos maiores conduzidos para a depressão e ansiedade, segundo a AstraZeneca.

A companhia está a planear submeter pedidos para aprovação reguladora, procurando autorização para o tratamento, em 2008. O analista da Nomura Code, Paul Diggle, indicou que, caso seja aprovado, o fármaco pode registar centenas de milhões de dólares extra em vendas.

Isabel Marques

Fontes: First Word, Reuters,
www.hemscott.com

CE concede aprovação condicional ao Vectibix para o cancro do cólon metastizado

A Comissão Europeia (CE) concedeu aprovação condicional de comercialização para o Vectibix (panitumumab), da biotecnológica norte-americana Amgen Inc., para o tratamento do cancro do cólon metastizado.

O Vectibix recebeu autorização como monoterapia para o tratamento de pacientes que não responderam aos regimes habituais de quimioterapia, e que têm cancro do cólon que expressa o receptor do factor de crescimento epidérmico (EGFr), mas que não têm uma mutação no gene conhecido como KRAS. O Vectibix está delineado para bloquear o EGFr, que tem um papel no crescimento das células.

O Vectibix, um anticorpo monoclonal anti-EGFr totalmente humano, recebeu a decisão positiva da Comissão Europeia baseada na opinião positiva do Comité de Medicamentos de Uso Humano (CHMP), relativamente à autorização de comercialização, em Setembro deste ano.

Esta aprovação baseia-se numa avaliação positiva de benefícios e riscos numa população de pacientes que, actualmente, têm poucas opções de tratamentos disponíveis. Como parte da revisão do CHMP, foram fornecidos dados clínicos que suportam a utilidade do estatuto da mutação do KRAS como biomarcador para resultados clínicos.

Os reguladores europeus não aprovaram o primeiro pedido de comercialização da Amgen, mas recomendaram que fosse aprovado para pacientes cujo cancro não tem a mutação do KRAS.

Isabel Marques

Fontes:
www.networkmedica.com, www.rttnews.com, Reuters

Alzheimer: teste já disponível em Portugal

Investigador garante que em caso de resultado positivo "fiabilidade ronda os 85 %"

Detectar qual a probabilidade de uma pessoa vir a desenvolver Alzheimer já é possível em Portugal. O teste para despistar a doença está disponível no Instituto de Medicina Molecular, em Lisboa, avançou a Agência Lusa. A equipa portuguesa de investigadores está agora a trabalhar num teste que faculte resultados fiáveis também para o risco de incidência de Parkinson.

De acordo com o investigador Tiago Fleming Outeiro, da Unidade de Neurociência Celular e Molecular do Instituto de Medicina Molecular (IMM), o teste destinar-se-á somente às pessoas que preencham alguns critérios: “Para realizar o teste, é necessário que exista uma indicação médica nesse sentido, o que geralmente ocorre apenas com pessoas que reúnem determinadas condições, como terem mais de 60 anos ou possuírem doentes de Alzheimer na família”, clarificou.

Explicando que o teste “consiste na determinação dos níveis de 18 proteínas no plasma sanguíneo em doentes em estádios iniciais da doença” (ou seja, quando os sintomas ainda não se manifestaram) -, o investigador asseverou que, quando o teste dá um resultado positivo “a fiabilidade ronda os 85 por cento.”

No caso da resposta ser afirmativa, Tiago Fleming Outeiro considerou o facto de a pessoa poder necessitar de “acompanhamento psicológico”, ressalvando que “entre o resultado e o surgimento dos primeiros sintomas podem passar até cinco anos.”

Segundo revelou o investigador, a “imprecisão do tempo” - entre a obtenção de um resultado positivo e o desencadear da doença – “é um dos aspectos que a aperfeiçoar”, sublinhando que o objectivo dos estudos é “detectar a probabilidade de ocorrer a doença com o máximo de antecedência face ao aparecimento dos primeiros sinais.”

Perante o facto de ainda existir cura para a doença de Alzheimer, Tiago Outeiro destacou que “ao existir um conhecimento antecipado de que uma pessoa vai - quase garantidamente - sofrer da doença, podem-se colocar logo em curso terapias adequadas a cada caso”, reforçando que, pelo menos, poder-se-á “retardar o surgimento dos sintomas da patologia.”

No que concerne ao preço do teste, o investigador do IMM esclareceu: “Não é possível falar em 100, 200 ou 300 euros, pois o teste até pode ser feito a custo reduzido ou sem custos, se se comprovar que tem interesse para a investigação.”

Raquel Pacheco

Fonte: Lusa/IMM

OMS quer medicamentos adaptados às necessidades das crianças

A Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou um alerta para a necessidade de existirem dados mais fiáveis sobre a utilização de medicamentos em crianças. A instituição criticou os preços praticados e publicou a primeira lista internacional de fármacos pediátricos essenciais. Através da campanha “Fazer medicamentos à altura das crianças”, a OMS está também a concentrar os seus esforços nos medicamentos, incluindo antibióticos, analgésicos e anti-asmáticos, que necessitam de ser adaptados às necessidades das crianças.

A organização pede que haja uma maior aposta na investigação e desenvolvimento de fármacos combinados para o tratamento do VIH/Sida, tuberculose e malária, bem como nas “terapias apropriadas às crianças para um número de doenças tropicais negligenciadas”.

Segundo explicou Howard Zucker, director assistente da OMS, muitas crianças “não têm hipótese porque os medicamentos não são apropriados para a sua idade, não estão ao seu alcance ou têm preços demasiado elevados – custam até três vezes mais do que um medicamento para adultos”. O acesso atempado, seguro e efectivo aos medicamentos poderia salvar anualmente cerca de 6 milhões de crianças cuja morte é provocada por doenças tratáveis, salienta a OMS.

Para ajudar a fazer frente ao problema, a organização delineou a primeira lista internacional de medicamentos essenciais para crianças, da qual constam 206 produtos considerados seguros para estas e que travam patologias prioritárias. No entanto, “muito fica por fazer”, frisou Hans Hogerzeil, director da política e padrões de medicamentos das Nações Unidas. De acordo com o responsável, “existem medicamentos prioritários cuja utilização não foi adaptada às crianças ou que não estão disponíveis quando são necessários”.

Enquanto nos países pobres escasseiam os medicamentos pediátricos, no Ocidente, os dados sobre medicamentos pediátricos utilizados em crianças são demasiadamente reduzidos. “Nas sociedades industrializadas os medicamentos para adultos são prescritos a mais de metade das crianças quando tal não é permitido. Nos países em vias de desenvolvimento o problema reside no difícil acesso aos medicamentos”, afirma a OMS.

Além do lançamento desta campanha, a OMS também tem planos para aplicar os seus recursos na construção de um portal na internet dedicado aos ensaios clínicos com crianças e está a negociar com os governos uma alteração aos seus requisitos legais relativamente aos medicamentos pediátricos.

Marta Bilro

Fonte: Pharmalot, The Earth Times, Bloomberg, Thaindian News, http://www.who.int/medicines/publications/essentialmedicines/en/index.html.

Cientistas portuguesas recebem prémio

Projecto visa a aplicação de fármacos de forma mais eficaz

Aplicar os fármacos de forma mais eficaz e diminuir dos seus efeitos secundários no organismo é o objectivo de um projecto desenvolvido por três jovens cientistas e que lhes valeu um prémio de 20 mil euros como forma de incentivo à investigação desenvolvida por mulheres em Portugal.

“Tentamos preparar nanopartículas, que são pequenas esferas, com materiais lipidicos muito parecidos com os lípidos presentes no organismo humano, para que levem uma determinada droga ou substância para um determinado local de acção", explicou à Agência Lusa Eliana Souto, de 31 anos, doutorada em Nanotecnologia, Biofarmácia e Biotecnologia Farmacêutica pela Universidade Livre de Berlim e actualmente investigadora na Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade Fernando Pessoa.

Conforme referiu a mesma responsável, ao permitir que a substância seja dirigida para o local onde deve actuar é possível diminuir a quantidade de medicamento necessária, reduzindo os seus efeitos secundários no organismo humano e, consequentemente, o custo das terapêuticas. No entanto, o trabalho pode demorar ainda dois anos a concretizar, acrescentou Eliana Souto.

O prémio de apoio à investigação «Medalhas de Honra L'Oréal Portugal para as Mulheres na Ciência», no valor individual de 20 mil euros, distinguiu ainda duas outras cientistas envolvidas em projectos dedicados ao estudo do cancro do pulmão e síndrome metabólica.

Iola Duarte, de 32 anos, investigadora do Laboratório Associado CICECO da Universidade de Aveiro, foi contemplada por estudos para compreender o comportamento metabólico dos tumores e chegar a modelos de classificação capazes de distinguir tecido tumoral de tecido normal. O projecto poderá dar origem a um novo meio de diagnóstico precoce destes tumores que complemente a análise convencional.

O desenvolvimento de um projecto que pretende identificar quais são as alterações metabólicas e moleculares que ocorrem nos doentes com a síndrome metabólica garantiu um dos prémios à investigadora Anabela Rolo, 30 anos, do Centro de Neurociências e Biologia Celular do Departamento de Zoologia da Universidade de Coimbra. O objectivo deste trabalho é prevenir a diabetes tipo II através de uma terapêutica que interrompa o ciclo de alterações metabólicas destes pacientes.

Atribuído pela quarta vez em Portugal, o prémio, no valor individual de 20 mil euros, resulta de uma parceria entre a L'Oréal Portugal, a Comissão Nacional da UNESCO e a Fundação para a Ciência e a Tecnologia, inspirado no programa internacional L'ORÉAL-UNESCO For Women in Science, que desde 1999 tem atribuído prémios a investigadoras de todo o mundo.

Marta Bilro

Fonte: Sol, Lusa.

Workshop esclarece utilização das bombas de insulina

A Associação de Jovens Diabéticos de Portugal (AJDP) está a organizar um workshop com o objectivo de esclarecer os diabéticos sobre a utilização de bombas de insulina. A iniciativa, que surge na sequência da decisão do Governo de comparticipar esta terapêutica a 100%, vai decorrer no Auditório da Faculdade de Medicina do Hospital de São João no Porto, no dia 15 de Dezembro, entre as 9h30 e as 13 horas.

Os custos elevados deste dispositivo médico fazem com que o tratamento seja acessível apenas para uma pequena minoria. No entanto, a comparticipação permitirá, já a partir de Janeiro, que os três mil euros necessários para a aquisição das bombas, assim como os 100 a 150 euros mensais para os consumíveis, sejam suportados pelo Estado.

O tratamento com insulina, “A Terapia com Bomba de Insulina - Benefícios para o diabético” ou a “Nutrição na Diabetes – Aprender a contar hidratos de carbono”, são alguns dos temas que vão estar em debate.

Através de um reservatório com insulina de acção rápida ligada a um tubo fino, a bomba de insulina permite que esta seja conduzida até um cateter colocado debaixo da pele, que terá de ser substituído de 3 em 3 dias. Desta forma, consoante as refeições, a actividade física ou o stress, o diabético pode variar a quantidade de insulina administrada sem necessidade de picadas.

Segundo os dados da Federação Internacional da Diabetes, a doença afecta 246 milhões de pessoas a nível mundial e prevê-se que este número atinja os 380 milhões em 2025. Todos os dias são diagnosticadas 200 novos casos de crianças com diabetes tipo 1 e estima-se que, em todo o mundo, mais de 440 mil crianças com menos de 14 anos tenham diabetes tipo 1.

Em Portugal existem cerca de 650 mil portugueses diagnosticados com diabetes. Calcula-se que 65 mil portugueses sejam diabéticos tipo 1.

A participação no workshop é gratuita, porém os interessados deverão inscrever-se através do número 967 077 057 ou do e-mail ajdp@ajdp.org.

Marta Bilro

Fonte: Comunicado Hill and Knowlton.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

CHMP recomenda Betaferon nas etapas iniciais de esclerose múltipla

O Comité de Medicamentos de Uso Humano (CHMP), da Agência Europeia de Medicamentos (EMEA), recomendou a extensão da rotulagem do fármaco da Bayer AG, o Betaferon/Betaseron (Interferão beta-1b), para o tratamento da esclerose múltipla nas fases iniciais.

O CHMP apoia que a rotulagem da injecção de Betaferon indique que pode atrasar a progressão da incapacidade quando utilizado logo após o primeiro ataque da doença. O Betaferon demonstrou, num estudo, retardar o início de posteriores incapacidades quando é administrado aos primeiros sinais da doença debilitante, em comparação com situações quando o tratamento é adiado.

Especificamente, os resultados do estudo, denominado BENEFIT, demonstraram que o tratamento com o Betaferon pouco depois do primeiro evento clínico ou ataque de esclerose múltipla retarda o desenvolvimento da progressão contínua da incapacidade por mais de três anos em 40 por cento, quando comparado com tratamentos retardados. Nenhuma outra terapia para a esclerose múltipla demonstrou este efeito nesta população de pacientes iniciais. A Comissão Europeia normalmente aprova a decisão do comité num período de três meses.

O Betaferon, conhecido como Betaseron nos Estados Unidos e Canadá, foi o primeiro fármaco modificador de doença introduzido para a esclerose múltipla, e é um tratamento bem estabelecido em todo o mundo. Nos Estados Unidos, Europa e Japão, o Betaferon foi aprovado para todas as formas de reincidência da doença. 16 anos de seguimento de pessoas tratadas com Betaferon demonstraram que este é seguro e bem tolerado.

Esclerose Múltipla

A esclerose múltipla é uma doença crónica e progressiva que afecta o sistema nervoso central – o cérebro, medula espinal e nervos ópticos – e a probabilidade de incapacidade aumenta com o tempo que uma pessoa sofre da doença. O tecido gordo que envolve e protege as fibras nervosas perde-se, inibindo a sua capacidade de conduzir impulsos eléctricos. Contudo, a causa exacta da doença é desconhecida. Os sintomas variam de pessoa para pessoa e podem ser imprevisíveis. Entre eles incluem-se: fadiga ou cansaço, visão turva, fraqueza numa ou mais extremidades, dormência, visão dupla, espasticidade, rigidez e sensação de membros pesados, dores, comichão, perturbações da bexiga e perturbações da fala.

Isabel Marques

Fontes: www.networkmedica.com, Bloomberg, CNNMoney, PharmaLive, www.anem.org.pt

Pfizer e Adolor Corp desenvolvem dois novos analgésicos

A Pfizer Inc iniciou uma colaboração exclusiva a nível mundial com a Adolor Corporation para desenvolver e comercializar dois novos compostos analgésicos, para a artrite reumatóide e para o tratamento da dor aguda posterior a cirurgias dentárias.

Um dos fármacos da Adolor, que está mais avançado, o ADL5859, está em ensaios de Fase II para a dor associada à artrite reumatóide e à dor aguda após cirurgia dentária. Também estão planeados programas adicionais para o composto experimental em pacientes com neuropatia diabética periférica, e em pacientes com osteoartrite.

A Adolor espera começar os ensaios clínicos iniciais para testar o outro fármaco, o ADL5747, no primeiro trimestre de 2008. Contudo, a companhia não revelou para que condição será testado este fármaco candidato.

Ambos os produtos são conhecidos como agonistas do receptor opióide Delta, e têm o potencial de tratar um amplo leque de condições inflamatórias, neuropáticas e de dor aguda. Com base na avaliação pré-clínica em modelos animais, o agonista Delta pode demonstrar efeitos na dor inflamatória, entre outras condições dolorosas. Além disso, pensa-se que os agonistas Delta modulam outros processos biológicos que se podem manifestar em estados de doenças ou condições, tais como cardioprotecção, bexiga hiperactiva, e depressão.

Um dos três receptores opióides, o receptor Delta, tem utilidade potencial numa variedade de indicações, incluindo na modelação da dor. Através de uma plataforma de investigação registada, baseada em receptores opióides humanos clonados, a Adolor identificou uma série de novos agonistas Delta oralmente activos, ou seja, compostos que estimulam selectivamente o receptor opióide Delta. Os compostos Delta podem ter uma série de potenciais vantagens, incluindo um perfil de efeitos secundários melhorado, em comparação com os agonistas dos receptores de mu-opióides.

A Pfizer irá pagar inicialmente 32 milhões de dólares à Adolor, e até 233 milhões de dólares caso determinados objectivos sejam atingidos. Nos Estados Unidos, a Pfizer irá partilhar os lucros e as despesas com a Adolor numa proporção de 60/40. Fora dos Estados Unidos, a Pfizer irá financiar o desenvolvimento das actividades e a Adolor irá receber regalias sobre as vendas da Pfizer.

Isabel Marques

Fontes:
www.networkmedica.com, Reuters, Business Wire, www.bizjournals.com

Novartis planeia lançar quatro fármacos oncológicos até 2011

A Novartis AG espera lançar quatro novos fármacos oncológicos até 2011, podendo pelo menos um desses fármacos atingir vendas de mil milhões de dólares anualmente, segundo informa o "The Wall Street Journal".

A Novartis planeia relatar dados positivos do RAD001 relativamente à sua efectividade contra o linfoma, junto da Sociedade Americana de Hematologia, no final da semana, segundo o presidente da unidade de oncologia da Novartis, David Epstein. Este é o primeiro novo fármaco que a companhia pretende introduzir no mercado.

A companhia está também a testar o RAD001 contra diversos tipos de cancro, incluindo tumores endócrinos e carcinoma das células renais. A companhia também tenciona lançar o ASA404 para o cancro do pulmão de não-pequenas células, o SOM230 para um grupo raro de tumores neuroendócrinos e o LBH589 para o linfoma cutâneo de células T. Como estes fármacos são experimentais ainda poderão falhar nos testes humanos ou serem rejeitados pelos reguladores. Em Julho, o ASA404 supostamente falhou nos testes humanos contra o cancro do ovário.

Muitos dos novos fármacos para o tratamento do cancro, que a Novartis está a testar, são terapias direccionadas, o que significa que tentam bloquear as moléculas específicas que ajudam o cancro a espalhar-se.

Um antigo professor da Escola de Medicina de Harvard, William Sellers, que se juntou a Novartis como chefe da investigação oncológica em Novembro de 2005, tem posto particular ênfase no estudo das terapias direccionadas.

Isabel Marques

Fontes: First Word, Reuters, The Wall Street Journal Online, www.rttnews.com

Trabalhadores nocturnos mais vulneráveis ao cancro

As alterações no relógio biológico dos trabalhadores nocturnos fazem com que a sua imunidade seja reduzida, deixando-os mais vulneráveis ao risco de vir a sofrer de cancro, revela um relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS).

De acordo com uma análise da Agência Internacional de Investigação sobre Cancro da OMS (IARC), “os turnos laborais que implicam uma alteração aos ritmos biológicos do sono podem ser cancerígenos para o ser humano”. O trabalho vai ser publicado na íntegra em Janeiro, na revista “Lancet Oncology”.

A melatonina, um antioxidante natural, é produzida no cérebro durante a noite depois de o organismo ter estado exposto à luz do dia. Quando se permanece acordado durante a noite origina-se uma alteração desse processo e os níveis desta hormona tornam-se insuficientes para proteger o ADN de danos que podem provocar cancro, explica o estudo da IARC.

Para além disto, o facto de estas pessoas não descansarem adequadamente durante o dia é outra das hipóteses avançadas pelos cientistas, uma vez que o sistema imunológico destes indivíduos fica debilitado, tornando-os mais vulneráveis ao ataque das células cancerígenas.

Apesar de o estudo admitir que são necessários mais trabalhos que confirmem esta ligação e eliminem outros factores de risco neste segmento da população a OMS pondera a hipótese de, no futuro, vir a classificar o trabalho nocturno como “provável ou possivelmente cancerígeno”.

Ao longo de vários anos, 24 investigadores analisaram todas as investigações publicadas acerca desta matéria tendo verificado que nalguns dos trabalhos a incidência de cancro da mama é superior entre as mulheres que trabalharam de noite durante longos períodos, como as enfermeiras. No caso dos homens cuja jornada laboral começava ao anoitecer evidenciou-se um maior risco de cancro da próstata.

Marta Bilro

Fonte: Diário Digital.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Novo fármaco para a psoríase procura aprovação nos Estados Unidos e Europa

As unidades da Johnson & Johnson, Centocor Inc e Janssen-Cilag International NV, apresentaram pedidos de aprovação para o ustekinumab (CNTO 1275) à agência norte-americana que regula os medicamentos (FDA) e à Agência Europeia do Medicamento (EMEA), para o tratamento da psoríase em placas moderada a grave em adultos.

Os pedidos basearam-se num programa de desenvolvimento completo, incluindo dados de dois grandes ensaios de Fase III multicêntricos, aleatórios, duplamente cegos e controlados por placebo, envolvendo 2 000 pacientes, que avaliaram a segurança e a eficácia do ustekinumab.

O ustekinumab é um novo anticorpo monoclonal humano com um novo mecanismo de acção que atinge as citoquinas interleucina-12(IL-12) e interleucina-23 (IL-23), proteínas que ocorrem naturalmente e que são importantes na regulação das respostas imunitárias, pensando-se que estão associadas a alguns distúrbios inflamatórios provocados por uma resposta imunitária, incluindo a psoríase.

Estima-se que 125 milhões de pessoas em todo o mundo tenham psoríase, incluindo cerca de 7,5 milhões de americanos e 10 milhões de europeus.

A Centocor descobriu o ustekinumab e detém os direitos de comercialização exclusivos do produto nos Estados Unidos. A Janssen-Cilag tem os direitos de comercialização exclusivos em todos os países fora dos Estados Unidos.

Isabel Marques

Fontes: www.networkmedica.com, CNNMoney, PharmaLive

Células cancerígenas podem resistir à quimioterapia

Descoberta alemã alerta para mecanismo que permite enzima superar alguns danos da terapia e levar a célula a multiplicar-se

O objectivo da quimioterapia é que a célula cancerígena deixe de se reproduzir. No entanto, investigadores da Universidade de Ludwig Maximilians, na Alemanha, anunciaram ter descoberto um mecanismo que ajudará as células tumorais a resistirem à quimioterapia.

À luz do estudo publicado na revista «Science» a equipa alemã analisou um processo sequencial onde terá constatado que uma enzima é capaz de fazer novas cópias de ADN para que as células tumorais possam continuar a multiplicar-se.

“Observou-se que uma enzima, denominada de eta-polimerasa, pode superar alguns danos causados pela quimioterapia, recuperando ADN danificado e prolongando, assim, a vida da célula tumoral”, explicaram.

Segundo informa a «Science», neste estudo, "os investigadores observaram quatro estruturas de ADN com enzimas eta-polimerasa - em diferentes fases do processo de resolver estes defeitos do ADN - para tentarem compreender com exactidão como se superam e se reparam as lesões de ADN."

Raquel Pacheco

Fonte: Science

FDA: Estatuto fast-track para fármaco para a distrofia muscular de Duchenne

A agência norte-americana que regula os medicamentos (FDA) concedeu o estatuto fast-track ao fármaco experimental AVI-4658, da companhia biotecnológica norte-americana AVI BioPharma Inc, para o tratamento da distrofia muscular de Duchenne (DMD), um distúrbio genético fatal que afecta as crianças.

O fármaco candidato utiliza a tecnologia “Exon Skipping PreRNA”, ou ESPRIT, da companhia, para beneficiar potencialmente os pacientes com DMD que têm mutações no exon 51 do gene da distrofina. Em modelos animais, esta tecnologia demonstrou a capacidade de contornar selectivamente os exons defeituosos, assim restaurando os níveis quase normais da produção de distrofina. A companhia acredita que ao utilizar o AVI 4658 para transpor o exon 51, podem ser produzidos níveis clinicamente relevantes de distrofina, limitando a posterior piora da função muscular em alguns pacientes.

A companhia planeia iniciar o ensaio clínico do fármaco, que recentemente recebeu o estatuto de medicamento órfão, em meados de 2008, para avaliar a sua segurança e potencial eficácia em pacientes ambulatórios com DMD.

A distrofia muscular de Duchenne é o distúrbio genético fatal mais comum que afecta as crianças em todo o mundo. É uma doença devastadora e incurável que desgasta os músculos, causada pela mutação no gene da distrofina, uma proteína que tem um papel estrutural importante nas fibras musculares. Quando a distrofina está em falta ou não funciona o resultado é a perda de membrana e danos na fibra, levando à degeneração e morte da fibra muscular.

A designação fast-track é concedida para facilitar o desenvolvimento e para acelerar a revisão dos fármacos para doenças graves e potencialmente fatais, de modo a que estes cheguem ao mercado mais rapidamente. O estatuto significa que a companhia pode submeter dados à FDA à medida que ficam disponíveis e recebe o feedback da agência, em vez de ter de esperar e entregar tudo ao mesmo tempo.

Isabel Marques

Fontes: www.networkmedica.com, Reuters, CNNMoney, www.businesswire.com

Decifrado receptor que pode ajudar a produzir novos medicamentos

Cientistas acreditam que proteína descodificada tem grande potencial para criar fármacos mais eficazes

Investigadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, e do Laboratório de Biologia Molecular de Cambridge, no Reino Unido, conseguiram decifrar uma membrana proteínica específica, que terá um grande potencial para fabricar medicamentos.

“Este tipo de membranas é responsável por algumas doenças do corpo humano e pode ser utilizado para produzir novos fármacos e mais eficazes para o futuro”, afirmou o norte-americano e líder do estudo, Brian Kobilka.

Salientando que mais de metade dos medicamentos dados aos doentes funcionam porque têm como objectivo um determinado receptor das células do corpo, para curar uma doença, os cientistas revelaram que a investigação permitiu decifrar um destes receptores.

“A maioria destas hormonas e neurotransmissores funcionam através destes receptores. Todos eles estão estruturalmente relacionados, o que significa que, sabendo mais de um receptor específico, serão possíveis avanços em relação a todos”, explicou Brian Kobilka.

De acordo com o investigador norte-americano, o receptor decifrado tem “um papel importante em doenças do coração, regulação da pressão sanguínea, inflamação e desordens psicológicas”, concretizando que “são candidatos ideais para terapias de vários tipos de doenças.”

Raquel Pacheco

Fonte: Medscape/ http://www2.mrc-lmb.cam.ac.uk/ www.stanford.edu/

Congestão nasal afecta mais de 450 mil portugueses

Primeiro estudo sobre prevalência da sintomatologia revela que 18% da população tem problemas crónicos com a respiração pelo nariz

Mais de 450 mil portugueses, com mais de 15 anos de idade, sofre de congestão nasal grave, sendo que, a maior incidência recai sobre as mulheres. Os resultados saíram do primeiro estudo português sobre a prevalência desta sintomatologia.

Desenvolvido pelas Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC) e pela Sociedade Portuguesa de Otorrinolaringologia (SPO), o estudo teve por objectivo “caracterizar a população no que diz respeito à prevalência da congestão nasal em Portugal Continental”, informam em comunicado enviado ao farmacia.com.pt.

Na nota, as entidades destacam ainda que, com este estudo “foi possível também construir de um modo pioneiro um índice de congestão nasal que pode levar, se muito elevado, a procurar ajuda médica para diagnóstico e tratamento do problema.”

De acordo com os resultados divulgados, 19% dos inquiridos relataram nariz entupido ou congestionado, 16% mencionou o corrimento nasal ou o pingo no nariz e 15% disse acordar de manhã com o nariz tapado, ou seja, congestionado.

“Se 4,6% da população refere sintomas muito graves de congestão nasal, mais 13,3% refere esta sintomatologia com características moderadas, o que aproximará dos 18% a percentagem dos habitantes adultos que têm problemas crónicos com a respiração pelo nariz”, concluíram.

Sintomas

A congestão nasal é um sintoma que, para além da sua relação com as infecções respiratórias, está muito associado a outras patologias crónicas tais como a rinite alérgica ou a rinossinusite.

Segundo a SPAIC, os sintomas mais frequentes são “nariz entupido, pressão nos seios nasais, respirar pela boca, dificuldades em ter cheiro e dificuldades em descongestionar o nariz, corrimento nasal (pingo do nariz) e dificuldades em trabalhar ou estudar.”

Raquel Pacheco

Fontes: farmacia-press/SPAIC

APDP promove V Congresso de Educadores em Diabetes

Relação entre os profissionais de saúde e o doente é o tema central

A pensar nos profissionais de saúde que no dia-a-dia lidam directamente com a diabetes e com o doente diabético, a Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP) promove, nos próximos dia 6 e 7 de Dezembro, em Lisboa, o V Congresso de Educadores em Diabetes.

“É objectivo deste encontro aprender com a troca experiências das equipas de educação, mas também, associar num mesmo tempo de formação os vários elementos que as compões: médicos, enfermeiros, nutricionistas, dietistas, psicólogos, pedagogos e pessoas com diabetes”, esclarece a APDP em comunicado de imprensa enviado ao farmacia.com.pt.

De acordo com a nota, o congresso - que decorrerá durante dois dias no Hotel Altis - conta com cerca de 400 participantes. “São profissionais de saúde que irão reunir-se em grupos de trabalho e trocar experiências diversas que tocam temas tão diversos como a atitude do próprio formador, as estratégias para a decisão, a gestão de tempo, as metodologias de ensino inseridas na educação em grupo até aos cuidados a ter com o pé ou a contagem de hidratos de carbono.”

A importância da relação entre os profissionais de saúde e o doente é o tema central que girará em torno das sessões. Durante o programa serão, também, abordados “temas teóricos que versam a actividade educativa, bem como actividades práticas orientadas por especialistas nas várias áreas ligadas à diabetes”, informa a associação.

Destacando a consulta como o ponto basilar e o cerne para “a constituição de um bom relacionamento”, a APDP considera tratar-se de “um momento crucial para o conhecimento mútuo, para a construção de uma relação de confiança e de compreensão partilhada, razão por que todos os aspectos que a envolvem devem ser analisados em pormenor”, frisou.


“Educação do doente é elemento terapêutico”

Para o director clínico da APDP e coordenador do Programa Nacional de Prevenção e Controle da Diabetes, José Manuel Boavida, “a educação do doente deve ser entendida por todos como um elemento terapêutico fundamental para o controlo metabólico, prevenção das complicações tardias e integração social da pessoa com diabetes.”

Raquel Pacheco

Fonte: APDP/farmacia-press

Pé Diabético: Cooprofar promove curso

A cada 30 segundo é amputado um membro em todo o mundo

Dotar os formandos de conhecimentos específicos sobre a doença do pé diabético - patologia, diagnósticos e tratamentos – é o objectivo de mais um curso promovido pela Cooprofar (Cooperativa dos Proprietários de Farmácia) que, desde 1975, dedica-se à distribuição de produtos farmacêuticos em Portugal.

O pé diabético traduz-se numa perda da sensibilidade dos membros inferiores. Submetidos a excessos de pressão, os pés ganham lesões que, se não forem tratadas a tempo, poderão levar a uma amputação. Em muitos dos casos, não são tratados, porque não são sentidos. Outra dificuldade detectada refere-se aos diabéticos obesos ou aqueles cuja doença já provocou cegueira, não conseguindo, assim, ver os pés.

Em todo o mundo, a cada 30 segundos é amputado um membro devido ao pé diabético. A realidade de um cenário alarmante moveu a Cooprofar a fomentar junto dos associados, profissionais de saúde e do público em geral um curso que decorre, hoje e no próximo dia 6, no Hotel Mélia Ria, em Aveiro.

De acordo com fonte da empresa, o conteúdo programático focalizará a Epidemiologia do pé diabético; Fisiopatologia do pé diabético; Etiologia da ferida no pé diabético; Tratamento da ferida no pé diabético; Aconselhamento ao diabético na prevenção e após ferida e o papel da Medicina Hiperbárica no tratamento de pé diabético.

Com a duração de oito horas (das 19h00 às 23h30) a formação será ministrada por profissionais de saúde na área da enfermagem que desempenham funções no Hospital Pedro Hispano: Manuel Lopes, Filipe Alvarilhão e Edgar Cachada.

Segundo os dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a diabetes é a terceira causa de morte no mundo, onde 7,6 por cento da população sofre da doença. A OMS prevê que os índices de mortalidade aumentem 25% na próxima década, caso não sejam tomadas as medidas necessárias para travar o avanço da epidemia, pondo em causa a actual esperança média de vida. Em Portugal, estima-se que existam já mais de 700 mil diabéticos.

Raquel Pacheco

Fonte: Cooprofar/OMS/farmacia.com.pt

Sida: Fiocruz vai produzir novo fármaco antiretroviral

Os laboratórios da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Brasil, vão começar a produzir um dos novos medicamentos usados na terapêutica antiretroviral, anunciou o director da Farmanguinhos, Eduardo de Azeredo Costa.

Congratulando-se com o facto de o laboratório ter provado que tinha condições de produzir o medicamento com o mesmo princípio activo dentro do Brasil, o dirigente da Farmanguinhos considerou que "é sempre bom reforçar e lembrar que a atitude da prevenção é a mais importante. Ninguém pode relaxar o factor prevenção e pensar que há medicamentos bons, pois não é porque nós produzimos fármacos que podemos pensar que o problema da sida se resolverá assim. Ajuda, trata, mas não mata o vírus”, frisou.

Uma ideia que foi concretizada pelo coordenador da Associação Brasileira Interdisciplinar de Sida (Abia), Veriano Terto: "Ainda não existe uma vacina ou um fármaco que seja capaz de retirar o vírus do corpo da pessoa infectada. A prevenção ainda é o melhor remédio. Não é porque existe o tratamento para a sida que o problema está resolvido, o tratamento não significa a cura", reforçou.

De acordo com os dados da Organização das Nações Unidas (ONU) há, em todo o mundo, 33 milhões de doentes com sida. Só no Brasil, em 2007, já foram registados cerca de 13 mil casos.
Raquel Pacheco

Fonte: Agência Brasil/Reuters

FDA vai avaliar efeitos colaterais de medicamento antitabágico

Casos relatados associam início da toma com ideias suicidas e sonolência…

A entidade reguladora dos alimentos e fármacos, nos Estados Unidos, (Food and Drug Administration – FDA) garante que irá averiguar o relato de efeitos colaterais feito por doentes administrados com Champix (tartarato de vareniclina) - medicamento antitabágico produzido pelos laboratórios Pfizer.

Depressão, pensamento e comportamento suicidas, pesadelos, tonturas, fadiga, sonolência, dores de cabeça, insónia, náuseas e vómito são alguns dos efeitos adversos descritos. Neste sentido, a FDA – juntamente com a MHRA (Medicines and Healthcare Products Regulatory Agency) – já asseverou que está a analisar "todos efeitos secundários possíveis e previstos na bula do fármaco."

Contudo, segundo revela uma avaliação preliminar, muitos dos casos narrados reflectem “uma associação entre o início do tratamento (de alguns dias a semanas) do Champix com a concepção de ideias suicidas e alteração de humor."

No entanto, nestes casos, o papel do fármaco não está totalmente esclarecido pois sabe-se que a cessação do fumo - com ou sem tratamento - aparece associada a sintomas de retirada da nicotina e à exacerbação de doenças psiquiátricas subjacentes. Porém, nem todos os intervenientes (dos casos relatados) tinham uma história de doença psiquiátrica pré-existente e, nem todos, tinham parado de fumar.

Face a estes episódios, a FDA destacou a sua atenção, ressalvando, porém, que ainda não chegou a uma conclusão se esta informação requer alguma acção regulatória e se irá actualizar o documento quando houver informações ou análises viáveis.

De referir que, segundo os testes realizados com o medicamento - e divulgados oportunamente pelo farmacia.com.pt - , 44% dos tabagistas terão deixado de fumar depois do tratamento, comparativamente com os 18% que receberam um placebo e os 30% que tomaram outro fármaco - bupropiona (genérico do Zyban).

Raquel Pacheco

Fontes: FDA/Medicines and Healthcare products Regulatory Agency/PharmaNews

Medcenter e Medscape lançam juntos novo portal









Em Portugal, Espanha e na América Latina

A Medcenter, empresa multinacional de educação médica e serviços de marketing especializada no sector farmacêutico, e a WebMD, empresa líder mundial no sector de informação em saúde e proprietária do Medscape (maior portal médico mundial) anunciaram, ontem, uma parceria que resultou num novo portal para médicos.

Acessível através do endereço - www.medcenter.com/medscape - o novo portal vai oferecer desde notícias médicas, informações sobre as principais doenças, até à cobertura dos principais congressos médicos internacionais e educação médica continuada.

Wayne Gattinella, presidente da WebMD considera que a expansão para Portugal, Espanha e América Latina “vai permitir capitalizar as oportunidades nestes importantes mercados e oferecer aos médicos informação médica actualizada para melhorar o seu conhecimento e prática clínica", anunciando que “está ainda a ser potencializada a rede de médicos e o relacionamento com as comunidades científicas da Medcenter nestas regiões, com o intuito de trazer o conteúdo médico relevante e actualizado do Medscape para estes importantes mercados."

Neste sentido, foi dada a garantia de que o novo portal oferecerá aos médicos o melhor do Medscape e da Medcenter. “O Medscape fornece o conteúdo médico original para clínicos gerais e especialistas, além de outros profissionais de saúde. A Medcenter oferece soluções nas áreas de educação médica, serviços de marketing e pesquisa de mercado”, esclareceu.

“Melhor canal de comunicação com médicos”

Carlos Eduardo Reis, presidente da Medcenter, subscreveu a satisfação relativa à parceria, reforçando a convicção de que “a credibilidade, experiência e a base de médicos usuários dos nossos serviços, na Europa e na América Latina, associados à marca e à extraordinária quantidade de conteúdo de qualidade da Medscape, permitirão a Medcenter oferecer aos nossos clientes da indústria farmacêutica o melhor canal de comunicação com os médicos."

Segundo explicou o responsável, o portal trará as versões em português e espanhol do extenso conteúdo Medscape e será divulgado pela Medcenter para os mais de 250 milmédicos usuários de seus serviços e para toda a comunidade médica através das sociedades científicas que certificam as actividades de educação médica da Medcenter, realizadas na Europa e na América Latina.

Raquel Pacheco

Fonte : PRNewswire / http://www.corp.medcenter.com

“Cocktails” de fármacos para a sida podem preservar cérebro

Os “cocktails” de fármacos para a sida podem restringir as lesões cerebrais associadas ao HIV-1, sugere um estudo sueco publicado no jornal «Neurology».

À luz de uma investigação conduzida por uma equipa da Universidade Goteborg, na Suécia, - que envolveu 53 doentes com HIV de ambos os sexos - o tipo de tratamento analiasado parece parar o processo neurodegenerativo causado pelo vírus.

De acordo com Asa Mellgren, professora que coordenou o estudo, o HIV pode atacar o cérebro e os nervos para provocar danos no sistema imunitário. “Antes da introdução dos ‘cocktails’ de fármacos – designados como terapêutica antiretroviral altamente eficaz (HAART na sigla em ingês) - cerca de 20% dos doentes desenvolviam demência”, informou, ressalvando que, “nem todos os fármacos usados nestas combinações penetram no cérebro, logo, não se sabe muito bem o quanto a HAART ajudou.”

Segundo explicou a investigadora, “foi testado o líquido cefalorraquidiano dos doentes” (também designado de fluido cerebrospinal, apresenta um aspecto límpido e transparente e localiza-se ao nível do sistema nervoso central) e “foi-lhes administrada HAART durante um ano”, rematando que “antes do tratamento, 21 doentes tinham elevados níveis de proteína leve dos neurofilamentos, que se julga indicar os danos cerebrais.”

Desta feita, os cientistas suecos revelaram que, três meses após o tratamento com HAART, “os níveis elevados da proteína baixaram para valores normais em quase metade dos doentes e, após um ano, apenas quarto doentes tinham ainda níveis elevados da proteína leve dos neurifilamentos.”

Perante os resultados, Asa Mellgren disse acreditar que este tipo de tratamento “parece parar o processo neurodegenerativo causado pelo HIV", destacando que o estudo “confirma que a proteína leve dos neurifilamentos é útil como marcador para a monitorização dos danos cerebrais em indivíduos com HIV e para avaliar a eficiência da HAART."

Raquel Pacheco

Fontes: http://www.neurology.org/Reuters

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Exercício pode aumentar produção de antidepressivo natural no cérebro

Investigadores da Escola de Medicina da Universidade de Yale em New Haven, nos Estados Unidos, descobriram uma molécula com propriedades antidepressivas que é produzida pelo cérebro como resultado do exercício físico. As conclusões da investigação foram publicadas na edição digital da revista “Nature Medicine”, apontando novas formas para tratar a depressão.

Segundo relataram os investigadores norte-americanos, o exercício parece aumentar a produção de um químico que ocorre naturalmente no cérebro com efeitos antidepressivos em ratos.

Estudos têm descoberto que o exercício pode ajudar a aliviar os sintomas da depressão, mas as razões para este benefício ainda não tinham sido clarificadas. Para o novo estudo, os cientistas, dirigidos pelo Dr. Ronald Duman, utilizaram uma ferramenta chamada “microarray”, microchips de ADN, para examinar a forma como o exercício alterou a actividade dos genes nos cérebros dos ratos, e para identificar os genes cuja expressão muda. Os investigadores focaram-se numa região do cérebro, o hipotálamo, que tem sido implicado na regulação do humor e na resposta do cérebro à medicação antidepressiva.

Os cientistas descobriram que os ratos que tinham tido uma semana cheia de exercícios numa roda giratória demonstraram actividade alterada num total de 33 genes, a maioria dos quais nunca tinha sido identificada antes. Em particular, o exercício aumentou a actividade no gene que codifica um factor de crescimento do nervo, conhecido por VGF. Os factores de crescimento do nervo são pequenas proteínas importantes no desenvolvimento e manutenção das células nervosas.

Além disso, quando os autores administraram uma versão sintética do VGF no cérebro dos ratos, este produziu um efeito antidepressivo robusto em testes estandardizados em animais colocados em situações de stress.

As descobertas apontam o VGF como alvo para novos fármacos antidepressivos, segundo Duman e os seus colegas. Este tipo de medicamentos iriam actuar através de um mecanismo completamente diferente em relação aos antidepressivos existentes, que são efectivos para cerca de 65 por centos dos pacientes, sublinharam os investigadores.

Segundo o principal investigador, a maior descoberta é ter sido identificado um factor chave que está por detrás dos efeitos antidepressivos do exercício, uma informação que pode ser utilizada para o desenvolvimento de novos agentes terapêuticos.

Isabel Marques

Fontes: AZPrensa, Reuters Índia

FDA concede revisão prioritária ao Treanda para a Leucemia Linfocítica Crónica

A agência norte-americana que regula os medicamentos (FDA) concedeu o estatuto de revisão prioritária ao Treanda (hidrocloreto de bendamustina), da companhia biotecnológica Cephalon Inc, para o tratamento de primeira linha da Leucemia Linfocítica Crónica (LLC).

O Treanda é um análogo de purina/alquilante híbrido. Os dados pré-clínicos demonstram que este híbrido actua em duas formas para matar as células cancerígenas. O Treanda danifica o ADN nas células cancerígenas, o que leva ao modo normal da morte das células, “apoptose”, ou morte celular programada. Também impede que estas células se dividam para criar novas células cancerígenas. Esta acção dupla do fármaco pode ser atribuída ao seu desenho químico único.

A agência concedeu o estatuto de medicamento órfão ao Treanda para o tratamento da LLC em Agosto de 2007, o que poderá resultar em sete anos de comercialização exclusiva para esta indicação, caso seja aprovado. A Cephalon apresentou a candidatura do Treanda para o tratamento da LLC em Setembro de 2007, e a FDA irá tomar uma decisão no final de Março de 2008.

A FDA concede o estatuto de revisão prioritária a fármacos que, caso sejam aprovados, irão fornecer grandes avanços nos tratamentos, ou que poderão proporcionar um tratamento aos pacientes quando não existe uma terapia adequada. Quando um fármaco recebe o estatuto de revisão prioritária significa que a FDA irá avaliar e decidir se o aprova em seis meses, em vez dos habituais dez ou mais meses.

A companhia também está a estudar o fármaco para o tratamento do Linfoma de Não- Hodgkin.

Isabel Marques

Fontes: www.networkmedica.com, Reuters, CNNMoney

Merck & Co e Addex desenvolvem fármacos para Parkinson

A norte-americana Merck & Co Inc, através da sua filial Merck Sharp & Dohme Research Ltd, entrou num acordo de colaboração com a companhia biotecnológica suíça Addex Pharmaceuticals para o desenvolvimento de uma nova classe de fármacos disponíveis oralmente para tratar a doença de Parkinson, e para outras doenças, num negócio que poderá render à companhia helvética mais de 170 milhões de dólares.

O acordo entre as duas companhias visa descobrir e desenvolver moduladores alostéricos positivos que atingem o receptor de glutamato metabotrópico ou mGluR4. O glutamato é um neurotransmissor chave no cérebro humano, uma importante molécula sinalizadora envolvida no controlo de múltiplas funções cerebrais, desde o controlo motor ao humor.

Crê-se que a activação selectiva do mGluR4 é uma forma de contornar o sistema de dopamina e que pode corrigir os circuitos que regulam a excitabilidade motora. Isto tem o potencial de fornecer benefícios paliativos significativos na doença de Parkinson. A Addex apontou que os investigadores da Merck ajudaram a definir o potencial terapêutico de atingir o mGluR4 para tratar a doença de Parkinson.

A Merck e a Addex irão colaborar no desenvolvimento pré-clínico, e a Merck irá assumir independentemente o desenvolvimento clínico. A Addex tem a opçao de co-promoção em determinados países da União Europeia, e irá participar num comité conjunto de supervisão para o desenvolvimento clínico.

A Merck & Co irá efectuar um pagamento inicial à Addex no valor de 3 milhões de dólares, e será elegível para pagamentos de investigação, desenvolvimento e reguladores quando forem atingidos objectivos, na ordem dos 106,5 milhões de dólares para o primeiro produto desenvolvido para múltiplas indicações.

Outros pagamentos por objectivos até 61 milhões de dólares poderão ser efectuados caso sejam desenvolvidos mais um ou dois fármacos. A Addex irá ainda ser elegível para receber regalias sobre as vendas de qualquer produto resultante desta colaboração, contudos estes valores não foram revelados.

A doença de Parkinson é um distúrbio do movimento debilitante devido à morte ou danificação de determinadas células nervosas no cérebro que produzem moléculas sinalizadoras, conhecidas como dopaminas. A maior parte dos sintomas associados à doença de Parkinson, como tremores, rigidez e lentidão são causados pela falta de dopamina.

Isabel Marques

Fontes: www.networkmedica.com, Reuters, CNNMoney, www.rttnews.com

Antidiabético Avandia aumenta risco de fractura óssea

Medicamento estimula acção de células que degradam ossos

O Avandia (maleato de rosiglitazona), um medicamento da GlaxoSmithKline destinado ao tratamento da diabetes, estimula a actividade de uma célula que conduz ao processo normal de reabsorção dos ossos, tornando-os mais dispostos a fracturas. A conclusão resulta de um novo estudo publicado na revista “Nature Medicine”.

Alguns estudos anteriores tinham já sugerido a existência de um risco acrescido de fracturas ósseas entre as mulheres medicadas com Avandia. Esta nova análise vem agora oferecer uma explicação.

O risco de fractura era inicialmente atribuído à acção do medicamento para inibir um determinado tipo de células, os osteoblastos, responsáveis pela construção do osso. O novo estudo, elaborado em ratos, revelou que o medicamento pode também enfraquecer o osso ao impulsionar a acção dos osteoclastos, células que degradam o osso naturalmente.

Os ossos do corpo são saudáveis quando se mantém o equilíbrio entre os osteoclastos e os osteoblastos, as células que constroem os ossos. Se alguma destas células sofre alterações de número, os ossos tornam-se mais finos, mais frágeis e mais aptos à ocorrência de fracturas.

“O nosso estudo sugere que a utilização da rosiglitazona a longo prazo no tratamento da diabetes tipo II pode causar osteoporose devido à reabsorção do osso e à diminuição de formação óssea. Uma vez que o Avandia é eficaz no controlo da glucose e na reestruturação do equilíbrio da insulina no organismo, não recomendamos que os pacientes parem o tratamento. Devem-se equilibrar os benefícios e as complicações”, afirmou Ron Evans, professor no “Salk Institute for Biological Studies”, em La Jolla, na Califórnia, e autor do estudo.

O Avandia e e outros quatro fármacos da mesma classe foram associados a um aumento do risco de ocorrência de ataque cardíaco. A Administração Norte-Americana dos Alimentos e Fármacos resolveu acrescentar novas advertências às características do medicamento, mas não suspendeu a sua comercialização.

Situação semelhante ocorreu na Europa, onde o antidiabético permanece no mercado. Depois de avaliar a segurança cardíaca do fármaco, a Agência Europeia de Medicamentos (EMEA) concluiu que os benefícios são superiores aos riscos.

Esta descoberta poderá agora contribuir para uma melhor compreensão dos efeitos secundários de medicamento, fornecendo uma base para o desenvolvimento de um novo fármaco que os possa eliminar.

Marta Bilro

Fonte: Reuters, eFluxMedia, USnews.com.

Novartis fixa acordo com MorphoSys para aceder a anti-corpos humanos

A farmacêutica suíça Novartis prepara-se para fazer um pagamento no valor de 409 milhões de euros à empresa de biotecnologia alemã MorphoSys como parte de um acordo para o desenvolvimento de fármacos baseados em anti-corpos humanos.

O montante total envolvido na parceria, que deverá prolongar-se durante 10 anos, poderá ser superior a 680 milhões de euros, dependendo dos pagamentos por objectivos inerentes ao sucesso de desenvolvimento clínico e às aprovações de comercialização dos produtos.

De acordo com um comunicado divulgado este Domingo pelas duas empresas, a Novartis poderá dispor de acesso quase exclusivo à biblioteca de anticorpos humanos da MorphoSys e a quaisquer avanços futuros alcançados durante a colaboração.

O acordo surge na sequência de uma colaboração já existente, que tinha sido suspensa em 2004. A Novartis reserva a opção de prolongar o acordo por mais dois anos, ou de lhe pôr termo passados sete anos caso se verifiquem determinadas circunstâncias, adiantou a MorphoSys.

“Este é um acordo transformador para a MorphoSys”, afirmou o director executivo da empresa Simon Moroney. “Esta aliança proclama um novo capítulo no nosso desenvolvimento corporativo”, acrescentou.

Os anticorpos terapêuticos inteiramente humanos evitam a utilização de matéria animal para reduzir o risco de reacções adversas nos pacientes. Os medicamentos de anticorpos actualmente comercializados permitiram revolucionar o tratamento de doenças como a artrite reumatóide ou determinados cancros, porém a sua utilização é limitada devido ao seu tamanho molecular.

Marta Bilro

Fonte: Guardian Unlimited, Reuters.

Lacunas no funcionamento da FDA põem cidadãos em risco

Relatório alerta para incapacidades logísticas e falta de funcionários

A Administração Norte-Americana dos Alimentos e Fármacos (FDA) tem falta de financiamento para poder acompanhar os avanços científicos, uma lacuna que pode estar a pôr em perigo a vida dos cidadãos, alertam os conselheiros da entidade reguladora dos Estados Unidos da América.

A FDA sofre de uma “pletora de incapacidades”, incluindo uma taxa de inspectores de alimentos “extremamente baixa” e uma falta de cientistas que compreendam as novas tecnologias, afirma o relatório elaborado pelo subcomité de um painel externo. As conclusões vão ser discutidas esta segunda-feira, noticia a Bloomberg.

De acordo com a análise destes especialistas, a FDA precisa de mais fundos monetários e melhores sistemas informáticos. Para além disso, deveria ser reestruturada para integrar um líder científico. A autoridade reguladora norte-americana dispõe de um orçamento superior a 1,3 mil milhões de euros e fiscaliza, anualmente, a comercialização de mais de 1 bilião de produtos, incluindo alimentos, medicamentos, cosméticos e dispositivos médicos.

“Sem um aumento substancial de recursos, a agência não tem poder para melhorar o seu desempenho” tornando-se incapaz de ir ao encontro das expectativas dos consumidores norte-americanos, salienta o relatório. Esta situação “vai prejudicar não só a saúde da população dos EUA, mas também a saúde da nossa economia”, acrescentam os responsáveis pelo estudo.

O relatório descreve ainda vários avanços científicos em áreas como o genoma ou a nenotecnologia, frisando que a FDA não pode monitorizar os produtos adequadamente uma vez que não consegue acompanhar a ciência. A FDA sofre de “sérias deficiências científicas”, conclui o documento.

Ao longo da última década a FDA tem vindo a recebe cada vez mais relatórios sobre efeitos secundários associados a medicamentos prescritos e não houve um aumento de funcionários que pudessem revê-los, refere o estudo que acusa também o Congresso de exigir que a FDA assuma mais responsabilidades sem lhe providenciar os devidos financiamentos para contratar funcionários.

Marta Bilro

Fonte: Bloomberg, Azstarnet.com, Tennessean.com.

sábado, 1 de dezembro de 2007

Recolha voluntária de lote de Tardyferon Fol

A Pierre Fabre Médicament Portugal, Lda está a proceder à recolha voluntária de um lote de Tardyferon Fol (Sulfato ferroso + Ácido fólico), um medicamento utilizado na prevenção dos défices em ferro e ácido fólico durante a gravidez e lactação. A medida foi desencadeada por um erro de impressão respeitante ao prazo de validade e à indicação incorrecta de um dos excipientes.

De acordo com uma nota informativa de carácter “urgente”, divulgada pela Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed), em causa está o lote n.º G00305, val: 11/2009, do medicamento Tardyferon Fol 60 comprimidos revestidos.

A recolha surge na sequência da detecção de um erro de impressão nos materiais de embalagem primária, secundária e no folheto informativo, respeitante ao prazo de validade, uma vez que, onde se lê “Novembro de 2009” dever-se-ia ler “Novembro de 2007”. Para além desta irregularidade, foi ainda detectada uma incorrecção relativamente à indicação de um dos excipientes, dibutylphtalato, quando o correcto seria triethylcitrato.

A detecção destas anomalias levou o Conselho Directivo do Infarmed a ordenar a suspensão imediata da comercialização deste lote de medicamento.

Marta Bilro

Fonte: Infarmed.

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Sanofi-Aventis e Regeneron desenvolvem anticorpos terapêuticos humanos

A francesa Sanofi-Aventis SA e a biotecnológica norte-americana Regeneron Pharmaceuticals Inc entraram num acordo global e estratégico de colaboração para desenvolver e comercializar anticorpos terapêuticos totalmente humanos, utilizando a tecnologia registada da Regeneron, VelociSuite (incluindo a VelocImmune).

Adicionalmente, a Sanofi-Aventis irá aumentar o seu investimento na companhia norte-americana de quatro por cento para 19 por cento, através da compra de 12 milhões de novas acções num total de 312 milhões de dólares.

O representante da área de investigação da Sanofi-Aventis, Jean-Claude Muller, declarou que o acordo irá ajudar a companhia a atingir o objectivo de avançar 20 potenciais novos fármacos para desenvolvimento anualmente. Um anticorpo que atinge o receptor de interleucina-6 (IL-6) já iniciou ensaios para a artrite reumatóide, enquanto um segundo anticorpo que atinge a ligando-4 similar a Delta está planeado para iniciar o desenvolvimento clínico em 2008.

Os anticorpos terapêuticos totalmente humanos evitam a utilização de material animal para reduzir o risco de qualquer tipo de reacção adversa nos pacientes.

Como parte da colaboração, a Sanofi-Aventis irá fazer um pagamento inicial de 85 milhões de dólares à Regeneron, e irá fornecer cerca de 475 milhões de dólares em financiamentos durante os próximos cinco anos. Em troca, a Sanofi-Aventis irá garantir uma opção exclusiva para co-desenvolver cada candidato do portfólio da colaboração.

A Regeneron irá ter o direito de co-comercializar todos os fármacos da colaboração numa base global, caso estes sejam aprovados, e dividir metade dos lucros dos produtos vendidos nos Estados Unidos. Fora do país, a Sanofi-Aventis terá o direito a lucros entre os 55 por cento e os 65 por cento dos fármacos comercializados.

As duas companhias já estão a desenvolver um fármaco oncológico experimental denominado aflibercept, que pertence à mesma classe do blockbuster Avastin, da Genentech Inc e da Roche Holding AG.

Isabel Marques

Fontes: First Word, Reuters, Regeneron

Antidepressivo Lexapro apresenta resultados positivos em adolescentes

A norte-americana Forest Laboratories Inc e a Lundbeck apresentaram dados preliminares positivos de um ensaio de Fase III do antidepressivo Lexapro/Cipralex (oxalato de escitalopram) em adolescentes. A companhia norte-americana antecipou que irá apresentar um pedido de aprovação do fármaco à agência norte-americana que regula os medicamentos (FDA) durante 2008.

Os resultados demonstraram que os pacientes com idades compreendidas entre os 12 e 17 anos com episódios depressivos major que receberam o fármaco experimentaram uma melhora significativa nos sintomas da depressão, em comparação com aqueles que tomaram placebo. Espera-se que sejam divulgados dados adicionais do estudo em 2008.

Isabel Marques

Fontes: www.networkmedica.com, First Word

Estudo identifica alergias alimentares e medicamentosas em crianças

Iniciativa da Universidade de Aveiro envolve 600 participantes

Os problemas alérgicos são uma preocupação frequente para muitos cidadãos e a sua prevalência continua a aumentar em Portugal. Através de um projecto que envolve perto de 600 crianças, do distrito de Aveiro, com idades compreendidas entre os 0 e os 10 anos de idade, a Universidade de Aveiro espera identificar cerca de 25 por cento das crianças com problemas alérgicos, derivados de alergias alimentares, medicamentosas ou de outro tipo.

A iniciativa, que pretende identificar crianças com doenças alérgicas que pela sua patologia possam correr risco de vida, conta com a participação de dezanove escolas do ensino público e privado e desenvolve-se em três fases, ao longo deste ano lectivo. O projecto é da responsabilidade dos departamentos de Ciências da Educação e Didáctica e Tecnologia Educativa da Universidade de Aveiro, em parceria com a Associação Ambiente e Alergias para a Promoção e Protecção da Saúde – Infantasma.

Numa primeira fase será aplicado um inquérito aos encarregados de educação que permitirá detectar a existência de casos de alergia. Num plano posterior serão aprofundadas as causas, recorrendo a consultas e testes gratuitos e, por último, serão ministrados workshops e actividades de formação a todos os elementos da comunidade escolar. No final, a Infantasma irá apetrechar as escolas com um kit composto pelos medicamentos necessários a administrar em caso de choque anafiláctico.

Um dos principais objectivo passa por assegurar que todos os que rodeiam as crianças estejam preparados para reagir face a qualquer situação urgência alergológica, nomeadamente uma alergia alimentar, medicamentosa, uma alergia venenosa ou crises de asma.

Os responsáveis pelo projecto esperam assim identificar cerca de 25 por cento das crianças com problemas alérgicos, das quais 1 a 2 por cento sofrerão de problemas graves, com origem em alergias alimentares, medicamentosas ou de outro tipo.

Um estudo recente realizado pela Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC) revelou que entre as crianças em idade pré-escolar, 21,5 por cento apresentavam queixas de rinite no último ano, mas destas apenas 35,8 por cento estavam diagnosticadas e 36,5 por cento medicadas. Os últimos dados estatísticos indicam que cerca de 40 por cento da população jovem portuguesa sofre de rinite alérgica e 12 por cento de asma.

Marta Bilro

Fonte: Educare.pt, CienciaPT, UA Online, Diário Digital.

Pfizer expande investigação e desenvolvimento na Ásia

A farmacêutica norte-americana Pfizer quer expandir o seu sector de investigação e desenvolvimento em direcção à Ásia. Entre os principais alvos da empresa estão a China, Índia, Japão e Coreia do Sul.

O maior laboratório farmacêutico mundial instalou um centro de investigação em Xangai, em 2005, e tem planos para alargar as suas actividades de pesquisa clínica a nível global. De acordo com Martin Mackay, presidente do departamento de investigação e desenvolvimento global, a Ásia é o trunfo da empresa uma vez que o mercado farmacêutico naquele continente deverá crescer para os 136 mil milhões de euros em 2017.

“A China vai ser muito importante para nós, o centro de Xangai será excepcionalmente relevante”, afirmou Mackay em declarações à Reuters. “Estamos de olho na Coreia, Índia e outros países”, acrescentou o mesmo responsável.

Mackay não adiantou pormenores quanto ao plano de expansão da Pfizer mas disse que a empresa está bastante satisfeita com os progressos feitos no centro de investigação e desenvolvimento de Xangai, desde a sua abertura, há dois anos.

Marta Bilro

Fonte: Reuters, Market Watch.

Investigadores revertem envelhecimento da pele do rato

Uma equipa de cientistas da Universidade Stanford, nos Estados Unidos da América, conseguiu reverter o processo de envelhecimento da pele do rato através do bloqueio da actividade de uma proteína produzida por um único gene.

“Este gene torna-se cada vez maia activo com a idade”, mas “não existe para nos envelhecer. É activo em vários processos, incluindo no sistema imunitário e na inflamação”, explicou Howard Chang, professor assistente de dermatologia na Universidade Stanford e responsável pela investigação.

De acordo do Cheng, o gene em questão, responsável pela produção da proteína denominada NF-kappa-B, não será utilizado enquanto “fonte de juventude” num futuro próximo. A proteína tem uma variedade de funções, algumas envolvidas no cancro, e os efeitos secundários ainda desconhecidos devem ser explorados antes de se avaliar a sua segurança. No entanto, uma das aplicações possíveis poderá ser a de ajudar a sarar ferimentos mais rapidamente em pessoas idosas, referiu o investigador.

O mais emocionante nesta descoberta é o facto do gene poder ter um efeito imediato nas células envelhecidas, salientou Chang. “As pessoas sabem que se pode interferir no processo de envelhecimento através de intervenções drásticas, como a restrição das calorias. Agora estamos a falar de um único gene que, se bloqueado num indivíduo que já é velho, pode devolver às células um estado rejuvenescido, pelo menos temporariamente”.

Os investigadores depararam-se com a NF-kappa-B ao procurarem dados existentes sobre os genes que se tornam mais ou menos activos à medida que as pessoas envelhecem. Durante esse processo, descobriram que a actividade de alguns desses genes é reguladas pela proteína.

Posteriormente utilizaram um modelo de rato geneticamente desenvolvido para testar o efeito provocado pela inibição da actividade da NF-kappa-B numa amostra de células da pele. Duas semanas depois, uma amostra de pele pertencente a um rato com 2 anos de idade e submetida ao tratamento não só apresentava a mesma actividade genética de um animal recém-nascido mas também aparentava mais juventude, com mais divisão de células.

A descoberta vem fundamentar a teoria de que o envelhecimento não é um simples processo de desgaste mas antes o resultado de alterações genéticas específicas, disse Chang. Para além disso, demonstra que pelo menos a nível local e temporário, essas alterações podem ser travadas, acrescentou. Ainda assim, advertiu o cientista, é preciso ter em conta que o manuseamento do gene tem que ser feito com precaução devido ao envolvimento da NF-kappa-B numa grande quantidade de processos distintos no organismo.

O próximo passo é perceber qual o efeito, a longo prazo, de bloquear o processo de envelhecimento durante algum tempo. “Será que o tecido vai envelher novamente de forma rápida depois de parado o tratamento, ou irá demorar muito mais tempo a envelhecer? É importante desvendar estas questões”, concluiu Chang.

Marta Bilro

Fonte: The Earth Times, Forbes.

Merck investe 200 milhões de euros em fábrica de vacinas na Irlanda

A farmacêutica Merck vai investir 200 milhões de euros na construção de uma nova unidade de produção no sul da Irlanda destinada ao desenvolvimento de vacinas e medicamentos biológicos. Esta será a terceira representação do laboratório norte-americano no país.

O anúncio foi feito pela Agência para o Desenvolvimento Industrial da Irlanda (IDA) que considerou que a iniciativa representa “uma consolidação muito importante do elevado perfil da Irlanda enquanto localização de sucesso para investimentos globais substanciais na área da biotecnologia”.

A empresa disponibilizou 200 milhões de euros para aceder ao terreno de construção no Parque de Negócios e Tecnologia da IDA, em Carlow, onde pretende edificar a nova fábrica. De acordo com a IDA, a Merck tem também planos para explorar o cenário académico irlandês em busca de oportunidades no sector dos biológicos.

O projecto deverá estar concluído e a funcionar em 2011, empregando 170 pessoas distribuídas pelos sectores da produção, investigação e desenvolvimento, controlo de qualidade, gestão e administração.

A Merck não é a única empresa farmacêutica a investir na Irlanda. A Abbott, por exemplo, tem sete unidades de produção no país, a Johnson & Johnson seis, a Pfizer cinco e a Schering Plough e a GlaxoSmithKline têm ambas quatro. A Irlanda tem-se tornado um ponto fulcral para a indústria, estabelecendo-se como o destino mais popular para o desenvolvimento e produção fora dos Estados Unidos da América, salienta a IDA.

Marta Bilro

Fonte: In-PharmaTechnologist.com

ONU: Mundo sem preparação suficiente para possível pandemia de gripe

Os progressos registados no último ano, no que diz respeito à prevenção da gripe das aves, não foram suficientes para permitir preparar o mundo para uma possível pandemia. A conclusão resulta de um relatório divulgado esta quinta-feira pela ONU e pelo Banco Mundial que alerta para o facto de persistir o risco de uma mutação do vírus H5N1 numa forma facilmente transmissível ao homem.

A verificar-se esta possibilidade, a mutação “teria o potencial de provocar uma pandemia de gripe» à escala mundial, alerta o relatório. “A ameaça pandémica levou a maior parte dos governos a melhorar as suas técnicas de detecção, controlo e reacção aos agentes patogénicos. No entanto, numerosos planos nacionais não são suficientemente operacionais e a coordenação destes planos entre os países exige maior atenção”, sublinha o mesmo documento.

A maior mobilidade das pessoas e dos bens, assim como as mudanças que se verificam no ecossistema são factores chave na probabilidade de movimentação dos agentes patogénicos, explicou David Navarro, coordenador da luta contra a gripe na ONU e co-autor do relatório, citado pelo Diário Digital. Nesse sentido, “a segurança a longo prazo da humanidade exige que todos os países se preparem em conjunto para enfrentar” tal situação, advertiu.

A permanência do vírus

A difusão do vírus nos últimos três anos aconteceu muito rapidamente na Ásia oriental, depois na África do Norte e do Oeste, na Europa central e mesmo no Reino Unido, lembra o relatório, baseado em dados fornecidos por 143 países. Apenas durante o mês de Novembro, novos focos de gripe das aves foram detectados na Arábia Saudita, Birmânia, Reino Unido e Roménia.

Em 2005 o vírus foi detectado em 16 países, em 2006 o número de países subiu para 55 e este ano serão 60, de acordo com o relatório.

Apesar das técnicas de reacção rápida desenvolvidas por vários países, que lhes permitem conter e depois controlar os novos focos detectados, seis nações constituem ainda casos preocupantes, isto porque, entre eles o vírus H5N1 é considerado enzoótico, o que significa que continua a alastrar-se entre as aves domésticas e selvagens.

A Indonésia representa o caso mais grave, sendo que a situação prevalece em todo o país. O vírus é também enzoótico em algumas regiões do Bangladesh, China, Egipto, Nigéria e Vietname

Marta Bilro

Fonte: Diário Digital, Lusa.

Farmácias: "Novas competências afastam utentes dos hospitais”

Sindicato abre «guerra» contra medida da tutela alegando: “violação da lei, irresponsabilidade, consumismo, falta de controlo e qualidade”…

No início deste mês, o Ministério da Saúde atribuiu às farmácias competências nas áreas de diagnóstico e terapêutica. Contra a medida levantou-se a voz do Sindicato das Ciências e Tecnologias da Saúde (SCTS) para acusar a tutela de “irresponsabilidade” e vaticinar a futura prestação destes serviços das farmácias “sem controlo e qualidade”.

Desde o dia 2 de Novembro – data em que foi publicada a Portaria N.º1429/2007 – o Governo autorizou às farmácias a prestação em áreas especializadas de diagnóstico e terapêutica, nomeadamente, fazer rastreios da diabetes, cancro da próstata e de doenças cardiovasculares.

O certo é que, a medida catapultou ondas de desagrado no sector, especificamente, no SCTS que - em comunicado enviado ao farmacia.com.pt (intitulado «Farmácias Podem Prestar Serviços Sem Controlo e Qualidade») – manifesta, veementemente, uma posição de indignação, argumentando que os diagnósticos nas farmácias “vão afastar os cidadãos dos hospitais, atirando-os para consumismos em saúde.”

“Com esta medida, o Ministro da Saúde violou o regime jurídico das farmácias de oficina, contido no Decreto-Lei nº 307/2007, de 31 de Agosto, dado não estar previsto, neste diploma, qualquer competência das farmácias nas áreas de diagnóstico e terapêutica, nem tão pouco do Infarmed, enquanto entidade reguladora do sector”, afirma a direcção nacional na nota.

Catalogando como “grosseira a violação da lei e do papel das farmácias na prestação de serviços e cuidados de saúde”, o SCTS considera que a situação gerada pela tutela “reveste-se de uma grande gravidade e irresponsabilidade”, sustentando que “para além de colocar as farmácias fora de qualquer controlo em matéria de exames de diagnóstico e terapêutica, permite uma concorrência desleal com os laboratórios e clínicas de diagnóstico e terapêutica, sujeitas a regras específicas de licenciamento, fiscalização e qualificação de recursos humanos.”

A equacionar à situação que define como, por si só, de “grave”, o sindicato denuncia a “inexistência de mecanismos de controlo das actividades referentes a eventuais check-ups, efectuados sem equipamento fiável, pessoal qualificado”, vaticinando que os resultados a obter serão “grosseiros e susceptíveis de posterior esclarecimento médico e novos exames pagos pelos utentes.”

No entanto, a medida do Ministério da Saúde é ainda encarada pelos dirigentes sindicais como “não ingénua”, justificando que, assim, “a tutela desresponsabiliza-se da prevenção e esvazia os Centros de Saúde das acções que deveriam desenvolver, designadamente, nos rastreios do cancro, da diabetes, das doenças cardiovasculares, da obesidade e da osteoporose” e como “pior” - apontou o SCTS – “atiram os utentes para consumismos em saúde, agravando a factura e os custos particulares.”

Face ao cenário traçado e às preocupações expressas, fonte da direcção nacional (no Porto) anunciou que já expôs a situação à Autoridade da Concorrência e à Entidade Reguladora da Saúde, encontrando-se a aguardar o parecer de ambas.

Entretanto, segundo conseguiu apurar o farmacia.com.pt, a Associação Nacional de Farmácias (ANF) já reagiu às acusações do SCTS asseverando que “as farmácias cumprem a lei, disponibilizando condições, instalações e equipamentos adequados.”

A ANF não deixou de sublinhar ainda que as farmácias são “estabelecimentos licenciados e fiscalizados pelo Infarmed e que darão um contributo positivo na área de diagnóstico.”

Raquel Pacheco

Fonte: Comunicado da delegação Norte do SCTS