segunda-feira, 4 de junho de 2007

Gravidez e parto induzem incontinência


A gravidez e o parto provocam incontinência urinária em 20 por cento das mulheres. A conclusão é de um estudo de uma investigadora do Porto. Teresa Mascarenhas constatou que a doença diminui também, significativamente, a qualidade de vida destas mulheres.

Está provado que nos últimos três meses de gestação, alguma grávidas sofrem de incontinência urinária. Seis meses após o parto, estas mulheres podem manter a doença.
Estes são os resultados obtidos por um estudo pioneiro conduzido por Teresa Mascarenhas, docente e investigadora da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP).
O estudo, que teve como objectivo compreender os factores de risco para a incontinência urinária, avaliou uma amostra de 123 mulheres, entre os últimos três meses de gravidez e os primeiros seis meses pós-parto. Todas as mulheres em estudo eram saudáveis, sendo que nenhuma apresentava sintomas de incontinência urinária antes da gravidez.
A incontinência urinária é um importante problema de saúde dada a sua alta prevalência, o impacto na qualidade de vida e os custos que acarreta.
A Organização Mundial de Saúde identificou esta patologia como um problema maior de saúde pública, que afecta mais de 200 milhões de pessoas em todo o Mundo.
Durante a gravidez é sabido que estes sintomas são recorrentes mas temporários, desaparecendo após o parto na maior parte dos casos.
No entanto, Teresa Mascarenhas conseguiu descobrir que, nos últimos três meses de gestação, mais de metade das grávidas sofreram de incontinência (52%).
Segundo os resultados obtidos pela investigadora, seis meses após o parto, 20% das mulheres mantinham incontinência urinária, o que indica o carácter permanente da doença, nestes casos. Apenas 30% das mulheres estudadas mantiveram o controlo urinário durante a gravidez e após o parto.
Este estudo avaliou ainda o impacto da incontinência urinária na vida das doentes, tendo-se concluído que a doença diminui significativamente a qualidade de vida destas mulheres impondo limitações quotidianas e físicas, limitações sociais e pessoais, alterações do sono e até mesmo da energia.
De acordo com a análise efectuada, há uma diferença muito significativa no que toca a sintomatologia depressiva entre os dois grupos de mulheres estudadas, sendo que, as mulheres com incontinência apresentaram índices de sintomatologia depressiva muito superiores aos apresentados pelas mulheres continentes: 16%.
Ao que apurou o «Farmácia e Medicamento», actualmente, a FMUP (em colaboração com a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto) está também a desenvolver novos aparelhos que permitam fazer uma avaliação precisa da força muscular do pavimento pélvico, e a realizar estudos de simulação do parto vaginal, para perceber os biomecanismos subjacentes aos traumatismos obstétricos.

Raquel Pacheco
Fonte: Newsletter.UP

1 comentário:

ptcp disse...

Bom texto. O tema não é dos mais pertinentes para o conceito do farmacia.com.pt mas a forma como está escrito vai ao encontro das nossas expectativas. Bom trabalho.