segunda-feira, 4 de junho de 2007

J.Pinto de Costa fala abertamente sobre medicina legal em Portugal aos futuros Jornalistas

No passado dia 3 de Maio, a Universidade Fernando Pessoa, recebeu a convite da Professora Rosa Sampaio, o Professor Doutor J. Pinto da Costa.


Os alunos de Ciências da Comunicação do 2º e 3º Ano, puderam durante 2 horas esclarecer algumas dúvidas relacionadas com a medicina legal. O Professor começou, por fazer uma breve apresentação sobre a sua profissão e definiu alguns parâmetros sobre como iria decorrer a entrevista. Medicina Legal tal como explicou Pinto da Costa é «a aplicação de conhecimentos médico biológicos ao direito de um modo geral, das mais diversas expressões de dever, seja ele direito criminal, civil, nas questões de trabalho e desporto».No entanto, muitas vezes existe medicina legal sem haver direito, logo Pinto da Costa esclarece que «é a aplicação de conhecimentos médico biológicos ao direito e até fora disso, quando não há direito». A Medicina legal tem, assim, uma barreira, pois muitas vezes falamos dela sem ainda haver direito. «Não será só a aplicação ao direito mas a algo que pode, em muitas circunstâncias substitui-lo, como por exemplo os costumes, tradições, ética, moral, ou seja, há todo um sentido de percurso de entendimento que substitui o direito», esclarece o Professor.Pinto da Costa disse ainda que «a palavra Medicina é pequena demais para a grandiosidade da medicina».


Em toda a sua abordagem o Professor, sempre que tinha hipótese não deixava de fazer alguma critica «hoje em dia o prémio Nobel da Medicina é ganho por Químicos, Farmacêuticos e Bioquímicos. O nome “Prémio Nobel da Medicina” está lá só por tradição, pois deveria ser chamado de Prémio Nobel das Ciências da Saúde», conta em tom de brincadeira.


Sempre bem-humorado respondeu a todas as perguntas dos alunos, com muito sentido de humor e sempre com uma linguagem muito dirigida ao público-alvo, jovens adultos. «Utilizo na minha abordagem um discurso provocatório, para vocês fazerem perguntas», conta.As perguntas elaboradas pelos alunos estiveram ligadas com diversos temas. Desde a importância que um jornalista deve ter de medicina legal, ao caso de Gisberta, a prostituta encontrada morta na cidade do Porto, passando por perguntas ligados com a sida, Pinto da Costa respondeu e mostrou saber falar de tudo, com muita naturalidade.No final da sua entrevista, pudemos visualizar alguns slides trazidos pelo professor, contendo alguma informação e fotografias de cadáveres autopsiados.Numa autópsia ficamos a saber que existem 4 etapas: a primeira está ligada com a informação, a segunda com a análise do local, a terceira com o vestuário e a quarta com a posição do corpo.Pinto da Costa diz ainda que acha pouco correcto, os jornalistas dizerem que a autópsia foi inconclusiva, pois na sua opinião «não existem autópsias inconclusivas». Dizer que morreu de paragem cardíaca é «um disparate», conta o professor.


Na sua opinião, os jornalistas e até mesmo advogados, devem ter algum tipo de formação ligada com medicina legal, para depois não serem cometidos erros, tanto na forma como explicam e condenam os indivíduos. Pinto da Costa, aproveita para contar e ridicularizar um caso conhecido, «tive uma experiência em que uma juíza tinha em sua posse um “facalhão”, e me veio perguntar se com aquela prova o indivíduo tinha intenção de matar», conta perplexo.Muitas outras situações ficaram por contar. Fundamentalmente, percebemos que séries como CSI ou Ossos, que fazem bastante sucesso actualmente, não correspondem tanto à realidade, como muitas vezes pensamos.Iniciativas como estas são importantes para a formação dos estudantes e espera-se que se voltem a repetir.


Sandra Cunha e Liliana Duarte

Fonte: Doutor J. Pinto da Costa

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