terça-feira, 19 de junho de 2007

Medicamentos para emagrecer
Obesos à espera de um milagre

O consumo de medicamentos para combater a obesidade, independentemente de serem os que são prescritos por um médico ou aqueles que podem ser adquiridos livremente pelo utente sem necessidade de uma receita médica, pode desencadear comportamentos pouco saudáveis.


A conclusão é avançada num estudo elaborado por investigadores da Universidade da Pensilvânia, com o apoio de dois especialistas em Marketing da Wharton School of Business, nos Estados Unidos, que apontam as pessoas que mais facilmente optam por fármacos para emagrecer como as que também mais depressa recaem no sedentarismo e nos maus hábitos alimentares. De acordo com os especialistas, quando os pacientes são confrontados com um diagnóstico de obesidade, não dão imediatamente sinais de predisposição para trocar as batatas fritas e os chocolates por cenouras e caminhadas após as refeições.
Lisa Bolton e Americus Reed, professores da Wharton School of Business, e Kevin Volpp e Katrina Armstrong, da Escola de Medicina da Universidade da Pensilvânia, provaram que os indivíduos que contemplam a toma de um medicamento, com ou sem receita médica, para emagrecer, tornam-se mais propensos a adoptar hábitos alimentares perniciosos ou a optar por um estilo de vida mais sedentário. Trata-se do conhecido «efeito boomerang», que acontece, de acordo com aqueles peritos, por dois motivos: primeiro, a estratégia de marketing associada ao fármaco produz motivação no obeso, convencendo-o de que será fácil perder peso porque, em vez de lutar sozinho para queimar as gorduras, terá ajuda do químico.
Numa segunda linha de actuação o mesmo marketing dá a entender ao doente que ele não tem capacidade de levar uma vida saudável, que contemple alimentação saudável e prática regular de exercício físico. Não obstante, numa série de estudos conduzidos pelos investigadores, foi apurado que o «efeito boomerang» não tem a mesma dimensão em pessoas com um estilo de vida mais saudável. Os cientistas referem que “as pessoas parecem escolher a toma de suplementos num acto de fé, mais do que tendo em conta a evidência científica. Assumem que os medicamentos são “naturais” e que não podem fazer-lhes mal. As nossas pesquisas indicam que é assim de facto, mas tendo em conta cenários em que predomina o estilo de vida saudável”, atestam.

Carla Teixeira
Fonte: Medical News Today

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