terça-feira, 19 de junho de 2007

Pesquisa- Síndrome de Hurler e Fenda Palatina

A genética refere-se à transmissão de informação de vários níveis. A nível molecular, o DNA compreende os genes, que são parte dos cromossomas. Cada um dos nossos triliões de células contêm dois pares de cromossomas, e cada conjunto é uma cópia do genoma.

Assim, as células interagem e agregam-se em tecidos, os quais por sua vez combinam-se para formar órgãos e sistemas.
Os genes individuais existem em variantes que diferem umas das outras por pequenas mudanças na sequência de bases do DNA. As variantes de um gene são chamadas de alelos, e estas mudanças na sequência de DNA surgem por um processo chamado de mutação. Algumas mutações são prejudiciais, causando doenças; outras fornecem variação, tais como sardas na pele; e algumas mutações podem ser na verdade úteis.

Os genes são partes de estruturas maiores chamadas cromossomas, que também incluem proteínas nas quais o DNA se enrola. A célula humana tem 23 pares de cromossomas. Vinte e dois pares são autossómicos, ou seja, cromossomas que não diferem entre os sexos masculino e feminino. Os outros dois cromossomas, o X e o Y, são cromossomas sexuais.

Todas as doenças estão ligadas aos nossos genes. A informação contida nos nossos genes é tão importante que uma única alteração pode originar uma doença hereditária grave, predispor-nos para o desenvolvimento de uma doença crónica, ou tornar-nos mais vulneráveis a uma doença infecciosa.

O genoma humano contém aproximadamente 70000 a 100000 genes. Alterações ou mutações em certos genes são responsáveis por, aproximadamente, 4000 diferentes doenças hereditárias severas. Estas doenças são designadas de Doenças Mendelianas, doenças de gene único, ou Doenças Monogénicas porque uma alteração num único gene provoca a doença. No entanto são doenças relativamente raras mas que em termos mundiais afectam milhões de pessoas. Como exemplo destas doenças temos: fibrose cística, Síndrome de Hurler, doença de Tay – Sachs, Hemofilia entre outras.

Assim, a Doença Poligénica ou Multifactorial, é um conjunto de doenças hereditárias produzidas pela combinação de múltiplos factores ambientais e mutações em vários genes, normalmente de diferentes cromossomas.
Devido a este conjunto de causas complexas, são mais difíceis de analisar do que as doenças mendelianas.
As características multifactoriais incluem características comuns como a cor da pele, a altura, doenças e condições comportamentais e tendências.
Tanto as características mendelianas como as poligénicas podem ser multifactoriais. Grande parte das doenças existentes são de origem poligénica uma vez que estão associadas a vários genes.

A Síndrome de Hurler, é uma doença genética que se estima afectar aproximadamente um em cada 400.000 indivíduos. Estes doentes não produzem a forma natural da enzima alfa-L-Iduronidase, que é necessária para a degradação lisossómica de glicosaminoglicanos.
Os lisossomas são degradadores dos produtos da própria célula, de restos de organelos, macromoléculas ou ainda de produtos que são hidrolisados pela célula.

Na doença de Hurler como temos a falta da enzima alfa-L-Iduronidase, gera-se uma acumulação deste substrato no citoplasma da célula, ficando os lisossomas sobrecarregados.

O Síndrome de Hurler resulta de uma transmissão autossómica recessiva e mostra como a consanguinidade aumenta a probabilidade das pessoas poderem ter filhos afectados. O tratamento passa por administração intravenosa da enzima alfa-L-Iduronidase e
transplante de medula óssea, pode melhorar alguns dos sintomas desta doença e ainda pode prevenir o atraso mental.

No caso da fenda palatina sabe-se que em cada ano que passa nascem em todo o mundo centenas de bebés com malformações da boca. Estima-se que cerca de 600 recém-nascidos nasçam com fenda palatina – deformação que ocorre quando os dois lados do céu-da-boca não se unem devidamente.
Na maior parte dos casos, o problema é congénito, mas até ao momento pouco mais se sabia. Uma equipa de cientistas do Imperial College de Londres investigou o problema e acabou por descobrir o gene causador da fenda palatina. É o gene TBX22 no cromossoma X.

As fendas labiais e palatinas são originadas no período intra-uterino. Algumas das causas das fendas podem ser: Hereditárias: estudos demonstram que o risco de se ter um filho com o problema é de 5% quando um dos pais ou um irmão for fissurado, e será de até 30% quando um dos pais e um irmão o seja; Carência alimentar: a maioria dos fissurados pertence a famílias paupérrimas, com alimentação deficiente em Riboflavina, Ácido Fólico, Ácido Pentotênico, Vitamina E, Nicotinamida; Influências Psicológicas: distúrbios emocionais da mãe, durante o primeiro trimestre de gestação, podem provocar interferência na circulação do feto, causando a formação de fissuras; Doenças Infecciosas: estudos demonstram que 12 a 15% das mães, que contraíram a rubéola no primeiro trimestre de gestação, deram nascimento a crianças com fendas orais.

O tratamento da fenda labial e fenda palatina envolve diversas especialidades médicas, incluindo cirurgiões plásticos, ortodontistas, fonoaudiólogos e outros. O tratamento pode estender-se por vários anos.
A cirurgia para fechar a fenda labial geralmente é realizada com um ou dois meses de idade. Cirurgias posteriores podem ser necessárias se houver envolvimento nasal extenso.
A fenda palatina geralmente é fechada durante o primeiro ano de vida, a fim de melhorar o desenvolvimento normal da fala. Até a realização da cirurgia, uma prótese geralmente é colocada sobre o palato para facilitar a alimentação.
Embora o tratamento possa estender-se por vários anos e exigir várias cirurgias dependendo do comprometimento, a maioria das crianças afectadas por este distúrbio pode atingir aparência, fala e alimentação normais. Para alguns, os problemas de fala podem continuar.

Trabalho de Liliana Duarte

Fontes: : www.cienciaviva.pt
http://www.avera.org/avera/adam/5/001204.adam
http://www.genzyme.com.pt/corp/pt_p_port.asp
http://health.allrefer.com/health/hurler-syndrome-diagnosis-tests.html
http://www.medterms.com/script/main/art.asp?articlekey=3821
http://www.sciencemuseum.org.uk/exhibitions/genes/images/1-3-4-2-0-0-0-0-0-0-0.jpg
http://www.msd-brazil.com/msd43/m_manual/mm_sec23_254.htmhttp://www.jornaldosite.com.br/arquivo/anteriores/ivan/artivan74.htm

Livros
Lewis, RICHI, Genética Humana, Guanabara Koogan, 5ª edição, Rio de Janeiro.

Griffiths, ANTHONY J.F., Genética, McGRAW HILL, Interamericana, 7ª edição, Madrid.

Beisson, Janine; “A Genética”; Edição nº10029/1807; Publicações Europa- -América; Lisboa 1973.

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