segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Para que serve afinal o apêndice?

Se há órgão que sempre intrigou a comunidade médica e cientifica, nomeadamente acerca da sua função no corpo humano, esse órgão é o apêndice. No entanto, depois de décadas de interrogações, surge agora uma nova teoria, avançada por uma equipa de imunologistas norte-americanos, que indica que o apêndice é um órgão que funciona como uma espécie de armazém de boas bactérias que ajudam a proteger o sistema digestivo.

A teoria é avançada no Journal of Theoretical Biology e defende que este órgão, situado na primeira porção do intestino grosso, liberta no sistema digestivo uma dose de bactérias benéficas, sempre que se registe uma infecção ou morte da flora intestinal, que eliminam os agentes infecciosos.

Deste modo, a função do apêndice parece estar relacionada com a população de bactérias que habita e ajuda o sistema digestivo, como refere Bill Parker, co-autor do estudo e professor da Universidade de Duke, "o apêndice age como uma casa segura para esses microorganismos”.

Contudo, para os investigadores, a função deste órgão deixou de ser vital e actualmente é apenas uma herança dos tempos em que o Homem não tinha um sistema imunitário tão desenvolvido nem dispunha das condições de higiene actualmente existentes, pelo que hoje é um órgão mais incómodo que necessário.

Segundo Parker, "se a flora intestinal de uma pessoa morre, ela pode ser repovoada facilmente, adquirindo germes de outras pessoas". "Mas em tempos passados, quando epidemias de cólera eram frequentes e a população era menor, o apêndice tinha sua função", explica o investigador.

Apesar das dúvidas, o certo é que os apêndices inflamados causam, todos os anos, entre 300 a 400 mortes, nos EUA e em 2005, foram internados com apendicite 321 mil americanos.

O apêndice mede cerca de 10 centímetros e localiza-se na região inferior do abdómen. No interior deste órgão encontra-se um canal que faz a ligação ao intestino grosso e onde existem fezes semilíquidas. Quando estas fezes endurecem a passagem fica bloqueada e desencadeia-se a apendicite.

A apendicite pode ser restrita ao órgão inflamado ou provocar a sua ruptura. Quando isso acontece as defesas do organismo costumam bloquear a infecção em torno do apêndice originando um abcesso.

Quando o organismo não bloqueia a infecção, o conteúdo da mesma espalha-se pelo abdómen, provocando um quadro grave de peritonite aguda. Nesta última circunstância haverá dor difusa intensa, febre alta e um quadro tóxico grave, que exige a intervenção cirúrgica imediata.

Inês de Matos

Fontes: Sol, CNN, ABC da Saúde

Fármaco experimental eleva bom colesterol, sem aumentar pressão sanguínea

O fármaco para o colesterol ainda em desenvolvimento, anacetrapib (MK-0859), da Merck, apresentou resultados positivos ao elevar consideravelmente os níveis de bom colesterol, tendo demonstrado ser seguro e efectivo, não aumentando a pressão sanguínea.

Os dados da Fase IIb do estudo do anacetrapib, inibidor da proteína transportadora de ésteres de colesterol (CETP), demonstraram que o fármaco experimental aumentou os níveis de lipoproteínas de alta densidade, ou HDL-colesterol, o chamado "bom colesterol", em pacientes com dislipidemia, em cerca de 139 por cento, e não aumentou a pressão sanguínea, em comparação com placebo. Os dados foram apresentados na reunião da "Drugs Affecting Lipid Metabolism", em Nova Iorque.

No estudo, 589 pacientes com dislipidemia receberam aleatoriamente placebo ou uma de quatro doses de anacetrapib sozinho ou em combinação com o Lipitor, da Pfizer. Após oito semanas, os pacientes que receberam anacetrapib em monoterapia registaram um aumento de HDL-colesterol entre 44 e 139 por cento, em comparação com o aumento de 4 por cento apresentado pelo grupo de controlo. Os resultados demonstraram ainda que os pacientes que receberam anacetrapib em monoterapia experimentaram uma diminuição do LDL-colesterol, ou mau colesterol, entre 16 a 40 por cento, em comparação com os 2 por cento do grupo que receberam placebo.

Níveis mais elevados de bom colesterol reduzem até 40 por cento o risco de ataques cardíacos e morte devido a doença coronária, segundo um estudo publicado no mês passado na “New England Journal of Medicine”.

Este fármaco pertence à mesma classe do Torcetrapib, fármaco da Pfizer, que esteve ligado a um aumento da pressão sanguínea, tendo sido considerado, há um ano, responsável por um aumento das taxas de mortalidade. O Torcetrapib, que deixou de ser desenvolvido em Dezembro de 2006, prometia ser o medicamento mais vendido na história, e substituto do blockbuster Lipitor/Zarator, o fármaco da família das estatinas.

Analistas afirmaram que um fármaco que eleva os níveis de HDL pode tornar-se o medicamento com melhores vendas no mundo, com mais de 15 mil milhões de dólares de lucros. Qualquer companhia, que prove que o seu fármaco para aumentar o bom colesterol é seguro e efectivo na redução do risco de ataques cardíacos, tem o potencial para dominar o mercado do colesterol dos Estados Unidos no valor de 21 mil milhões de dólares por ano. A maioria dos pacientes que toma fármacos para reduzir o colesterol iria provavelmente aderir a um medicamento que eleva o bom colesterol, caso este esteja disponível.

O Lipitor/Zarator da Pfizer é actualmente o líder no mercado do colesterol com vendas na ordem dos 12,9 mil milhões de dólares. Contudo, o Lipitor irá enfrentar a concorrência dos genéricos a partir de 2010, quando expirar a patente, mas já tem vindo a perder vendas para os genéricos de fármacos concorrentes para o colesterol.

Isabel Marques

Fontes: First Word, Bloomberg, www.networkmedica.com

Crioestaminal apoia criação do «Biotec-Zone.net»

Primeiro portal de biotecnologia português já está disponível

A Crioestaminal, grupo laboratorial português na área da biotecnologia, apoiou a criação do «Biotec-Zone.net», o primeiro portal de internet português de biotecnologia. Conforme explicou Luís Gomes, administrador da empresa, o objectivo é promover o conhecimento científico naquela área.

Depois de ter sido contactada por estudantes da Escola Superior Agrária de Viana do Castelo, responsáveis pelo desenvolvimento do portal, a Crioestaminal decidiu apoiar a ideia de um site para congregar a informação na área da biotecnologia em Portugal, um projecto que classificou como “muito interessante”, afirmou Luís Gomes em declarações à agência Lusa.

Tal como já tinha sido noticiado pelo Farmacia.com.pt, o «Biotec-Zone.net» foi lançado no dia 3 de Outubro e pretende ser um espaço para a promoção de trabalhos científicos, conhecimento tecnológico, iniciativas e actividade empresarial na área da biotecnologia em Portugal, sendo que, está ainda “a dar os primeiros passos”, notou o administrador da Crioestaminal.

Para além de prestar apoio financeiro, a Crioestaminal proporciona, através do portal, visitas de estudantes de biotecnologia aos seus laboratórios, situados no Bicant Park, em Cantanhede.

Criada em Junho de 2003, a Crioestaminal emprega 30 pessoas, 90 por cento das quais ligadas à área de biotecnologia. Dois dos funcionários da empresa estão ligados à coordenação de projectos que estão a ser desenvolvidos em colaboração com o Instituto de Medicina Molecular, da Universidade de Lisboa, com o Centro de Neurociências de Coimbra, ligado à Universidade de Coimbra, e com o Instituto Superior Técnico (IST), revelou Luís Gomes.

Segundo o mesmo responsável, em 2006 a Crioestaminal facturou 3 milhões de euros e espera um aumento de 50 por cento do volume de negócios em 2007, para cerca de 4,5 milhões de euros.

Marta Bilro

Fonte: Diário Digital, Lusa.

Aprovações de novos fármacos estão em quebra nos EUA

O número de novos fármacos aprovados nos Estados Unidos da América tem vindo a diminuir e há já quem associe esta quebra à gestão da administração Bush. Durante os primeiros 81 meses da governação de George W. Bush a média de medicamentos aprovados foi significativamente inferior à registada no mesmo período em que Bill Clinton ocupou o governo norte-americano, refere Jim Kumpel, analista da Friedman Billings Ramsey.

No mandato de Bush a Administração Norte-Americana dos Alimentos e Fármacos (FDA) aprovou, em média, 80,7 candidaturas a novos fármacos e 20,6 novas entidades moleculares por ano. Na era de Clinton, a média anual para as aprovações de novos medicamentos situava-se nos 92,1 e nos 32,4para novas entidades moleculares.

Para o ano que corre também não se prevê grande evolução. De acordo com Kumpel, a FDA aprovou, até Setembro, apenas 51 novos fármacos, menos 25 por cento do que os 68 aprovados no mesmo período de 2006 e menos 13 por cento face aos 59 aprovados ao longo de uma média de 10 anos. Para além disso, salienta o especialista, as 10 aprovações de novas entidades moleculares concedidas até ao mês de Setembro representam uma quebra anual de 17 por cento e o número mais baixo dos últimos 10 anos, a par de 2005. (Ver gráfico abaixo)

“O abrandamento dramático nas novas aprovações de fármacos pode ser ampliado pela recente autorização da lei da taxa de utilização de medicamentos prescritos (PDUFA), que deve promover padrões de segurança. As empresas que dependem de novas aprovações de fármacos – quer sejam grandes produtores farmacêuticos, organizações de venda a contrato, ou consultores de novos lançamentos de medicamentos – estão claramente a ressentir os prejuízos”, refere Kumpel.


Marta Bilro

Fonte: Pharmalot.

Shire Pharmaceuticals vende portfólio de fármacos à Almirall

A empresa britânica Shire Pharmaceuticals anunciou a venda de um conjunto de medicamentos à farmacêutica espanhola Almirall por 151 milhões de euros, entre eles estão o Solaraze (Diclofenac), indicado no tratamento das queratoses actínicas, e o Vaniqa (Efluornitina), utilizado no tratamento do hirsutismo facial na mulher

De acordo com a Shire, a venda de alguns dos fármacos do seu portfólio vai permitir-lhe expandir o seu alcance a nível internacional. A farmacêutica pretende agora concentrar-se em tratamentos direccionados para as perturbações por défice de atenção, doenças gastrointestinais e terapias genéticas humanas.

“A nossa ênfase nos mercados internacionais reside no desenvolvimento de posições competitivas para os nossos produtos globais que preencham as necessidades de médicos especializados e dos seus doentes”, salientou o director executivo da empresa, Matthew Emmens.

A Shire, terceiro maior laboratório do Reino Unido, é uma das principais farmacêuticas especializadas do país, com operações em toda a Europa, nos Estados Unidos da América e no Canadá.

Marta Bilro

Fonte: Reuters, BBC News.

FDA autoriza Teva a produzir Valaciclovir genérico

A Teva Pharmaceutical Industries recebeu aprovação provisória da Administração Norte-Americana dos Alimentos e Fármacos (FDA) para produzir uma versão genérica do Valtrex (Valaciclovir), um medicamento da GlaxoSmithKline utilizado no tratamento do herpes.

De acordo com a farmacêutica israelita a aprovação final deverá ser concedida em Dezembro de 2009, altura em que expira, nos Estados Unidos da América (EUA), a patente do fármaco detida pela GlaxoSmithKline.

A Teva não é a única empresa interessada na produção de Valaciclovir genérico. O laboratório indiano Ranbaxy tem planos para introduzir no mercado um genérico do Valtrex em finais de 2009 e a Mylan recebeu também uma aprovação provisória da FDA para comercializar um genérico desta substância.

De acordo com a Teva, as vendas anuais do medicamento nos EUA renderam, em 2006, mais de 1,06 mil milhões de euros.

Marta Bilro

Fonte: Reuters, Business Week, Farmacia.com.pt.

Andrew Witty é o novo director executivo da GlaxoSmithKline

A farmacêutica britânica GlaxoSmithKline nomeou Andrew Witty para o cargo de director executivo. O actual presidente das operações farmacêuticas da GSK na Europa sucede a Jean-Pierre Garnier que vai retirar-se em Maio de 2008.

De acordo com a empresa, Witty foi eleito após um rigoroso processo de selecção. “O facto de termos conseguido seleccionar um sucessor para o JP entre três fortes candidatos internos é uma prova da qualidade de gestão da GSK”, afirmou Christopher Gent, presidente do maior laboratório farmacêutico europeu.

Na GlaxoSmithKline deste 1985, Andrew Witty ocupou o cargo de vice-presidente para a Ásia e Pacífico. Posteriormente, no Reino Unido, foi director do departamento de farmácia e distribuição e gestor do sector de produto internacional entre várias outras posições na área das vendas e marketing. Em Janeiro de 2003 assumiu a presidência da unidade de fármacos da GSK na Europa, que só deverá abandonar para se tornar o mais jovem director executivo da GlaxoSmithKline, aos 43 anos de idade.

Marta Bilro

Fonte: RTT News, Hemscott, Bloomberg, AFP.

domingo, 7 de outubro de 2007

Espera prejudica rastreio ao cancro colo-rectal

A espera prolongada para obter a confirmação de um diagnóstico é uma das principais falhas apontadas pelos médicos do que diz respeito ao rastreio do cancro colo-rectal que, em Portugal, dizem, apresenta várias lacunas. A escassez de “centros convencionados” agrava o combate ao problema, salienta o presidente do colégio de oncologia da Ordem dos Médicos, Jorge Espírito Santo.

Em Lisboa, nas clínicas convencionadas pelo Estado, um doente pode esperar até um mês e meio para fazer uma colonoscopia, avança a edição de Domingo do Diário de Notícias. Depois, ao chegar ao hospital a espera pode variar entre dois a três meses até que o doente tenha acesso a uma consulta de gastrenterologia, referiu Pilar Vicente, médica do Hospital de São José, em declarações àquele jornal.

Um compasso de espera que, em muitos casos, pode ser decisivo para detectar a doença atempadamente, até porque o cancro colo-rectal é a segunda causa de morte por cancro no mundo ocidental, apesar de ser um dos mais fáceis de prevenir. “Todos os dias morrem nove pessoas devido ao cancro do colo e do recto”, alertou o presidente da Sociedade Portuguesa de Endoscopia Digestiva (SPED).

Apesar da colonoscopia poder ser realizada nos hospitais públicos, a maioria dos doentes acaba por fazer o exame em clínicas privadas, podendo recorrer às que têm convenção com o Serviço Nacional de Saúde (SNS) que, no entanto, são insuficientes. "O hospital não está a dar resposta, pelo que os doentes recorrem a convencionados", referiu Margarida Damasceno, oncologista do hospital de São João.

Mesmo depois de confirmado o diagnóstico é preciso aguardar a triagem das consultas de gastrenterologia, explica Jorge Espírito Santo que defende a criação de “canais directos entre os centros de saúde e os hospitais”. Entre a marcação da consulta, exames de estadiamento e aspectos da terapêutica, o doente “chega a esperar dois meses”. Tudo isto sem contar com a espera pela cirurgia, que pode atingir os oito meses. Um conjunto de adversidades que levam o responsável a afirmar que “a situação não está boa para o doente oncológico”.

Aos médicos resta esperar que o novo programa de rastreio, preparado para o início do próximo ano, venha melhorar as condições dos doentes oncológicos.

Marta Bilro

Fonte: Diário de Notícias, Diário Digital, Saúde na Internet.

Inibidores de microARN combatem vírus na fase latente
Fazer sair o HIV do seu esconderijo...

Uma equipa de investigadores da Universidade Thomas Jefferson, com sede em Filadélfia, nos Estados Unidos, descobriu um método que permite combater o vírus responsável pela sida na fase latente, quando o HIV se mantém no organismo em estado inactivo, em que os medicamentos anti-retrovirais são incapazes de interferir.

Até agora essa incapacidade de actuar sobre o vírus enquanto ele se encontra em repouso tem sido o maior obstáculo à erradicação da doença. No entanto, os cientistas da Thomas Jefferson acreditam ter encontrado a fórmula para combater mais eficazmente o vírus. A investigação foi divulgada na edição electrónica da revista científica «Nature Medicine», e explica que as células de microARN, pequenas moléculas do genoma que regulam a expressão genética, e que são abundantes nas células TCD4 em repouco, têm papel preponderante na capacidade de persistência do HIV no organismo humano, já que desactivam a replicação do vírus e contribuem para o seu estado de latência. De acordo com os investigadores, esta descoberta poderá abrir uma via para fazer sair o HIV do seu esconderijo e eliminar do organismo a sida, antes mesmo de ela se manifestar.

Carla Teixeira
Fonte: AZ Prensa

REPORTAGEM

Erros de medicação ameaçam segurança no internamento
Quando a Saúde também está doente...


Dar entrada num hospital em busca da cura para uma doença e dias depois deixar as instalações ainda em pior estado é uma realidade relativamente comum em Portugal e no resto do mundo. À luz dos mais recentes dados da Organização Mundial de Saúde e de várias entidades nacionais, a qualidade dos serviços de saúde prestados no nosso país não é animadora. Erros humanos e efeitos adversos da medicação são as faces mais visíveis de um cenário dramático: e quando algo corre mal no atendimento hospitalar, é o doente que paga a factura. Às vezes com a própria vida...
De acordo com o que o farmacia.com.pt conseguiu apurar junto da OMS e das mais diversas forças actuantes no sector da prestação de cuidados de saúde em Portugal, as mais recentes estimativas demonstram que nos países desenvolvidos um em cada 10 doentes é alvo de um qualquer problema assistencial enquanto permanece hospitalizado. Entre as principais razões para que isso aconteça há a ter em conta os erros humanos ou os efeitos secundários adversos da medicação administrada em meio hospitalar. A título de exemplo, a OMS afirma que, "em alguns países, a proporção de injecções que são administradas com seringas ou com agulhas reutilizadas sem as submeter ao processo de esterilização é superior a 70 por cento". A organização refere que essa opção "expõe ao risco de infecções milhões de pessoas" e motiva anualmente 1,3 milhões de mortes em todo o mundo, designadamente devido à transmissão de doenças como as hepatites B e C e a sida.
Em Portugal os dados mais recentes sobre a segurança dos doentes hospitalizados remontam a 2005 e têm, quase todos, a chancela da associação de defesa do consumidor Deco. Naquele ano foram dois os números da revista «Proteste» dedicados à temática dos perigos associados ao internamento - infecções hospitalares e má qualidade da comida servida nas cantinas dos hospitais -, e uma investigação divulgada na edição de Setembro daquele ano na revista «Dinheiro & Direitos» deu a conhecer a existência de problemas como "listas de espera intermináveis, informação escassa aos pacientes e uma prestação de serviços cara e pouco eficiente”. O estudo referia ainda que, "quando os profissionais de saúde falham, as consequências para os utentes podem ser graves”, incluindo a morte, que de acordo com a mesma fonte atinge anualmente milhares de pessoas na rede nacional de hospitais. Depois da comida e do preço dos tratamentos, na edição nº265 da revista «Teste Saúde» era abordada a questão do ambiente hospitalar, com os técnicos da Deco a aferir que “mais de metade dos hospitais visitados no decurso do estudo revelava concentrações de microrganismos acima do limite máximo admitido pela Organização Mundial de Saúde”.

Sete mil mortes anuais
Os mais recentes dados disponibilizados pela Autoridade Nacional do Medicamento e dos Produtos de Saúde (Infarmed) apontam para a ocorrência de sete mil mortes anuais devidas a erros relacionados com a utilização de fármacos em ambiente hospitalar, e de cerca de 20 mil óbitos por ano associados a outros erros médicos. Ainda mais gravosas são as consequências das reacções adversas, que matam 106 mil doentes a cada ano que passa, e que em três quartos dos casos são perfeitamente evitáveis. Diante deste cenário, a Ordem dos Farmacêuticos salientou a necessidade de promover programas de gestão do risco hospitalar, envolvendo os hospitais, as empresas farmacêuticas, as distribuidoras e os profissionais.
Depois de, recentemente, o director-geral de Saúde ter referido que sete por cento dos pacientes internados nos hospitais portugueses contraem infecções devidas a erros médicos, o farmacia.com.pt foi ouvir a opinião de Margarida França, especialista de reconhecido mérito nesta matéria. Administradora hospitalar, vogal do Conselho Directivo do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e membro da Agência Nacional de Investigação, tendo sido também directora-adjunta do Instituto Português da Qualidade em Saúde, a perita aceitou comentar os números, avançando a sua convicção de que a solução estará no desenvolvimento e na implementação de programas mais rigorosos de gestão do risco hospitalar.
Em finais do passado mês de Setembro Margarida França participou numa conferência internacional realizada no Porto, e em que, sob a égide da presidência portuguesa da União Europeia, cerca de 400 académicos, decisores públicos e representantes de sistemas de saúde na UE debateram a «Segurança dos doentes – Investigação na prática», focalizando a discussão na problemática da “promoção e divulgação da acção e da investigação internacionais, o reforço do alargamento de um leque de iniciativas e a proposta, para a prática, de padrões baseados na evidência”.
Tendo em conta que, quando recorre a um qualquer serviço de saúde, o doente pretende curar-se das patologias que o atormentam, e considerando os números avançados na véspera daquele encontro pelo director-geral de Saúde, Francisco George, segundo o qual sete por cento dos doentes internados contraem infecções hospitalares, a especialista enfatizou, em declarações ao farmacia.com.pt, que "há programas de gestão do risco dirigidos especificamente para evitar e corrigir esses erros e incidentes”. Salientando que em meios como os hospitais, em que “há tantas pessoas doentes”, será impossível driblar totalmente os riscos de contágio de determinadas doenças, quer entre os pacientes que se encontram internados, quer mesmo entre os profissionais de saúde, Margarida França frisou que o papel desses programas de gestão de risco passa a ser o de “diminuir o impacto” dos riscos que não podem, de todo, ser evitados".

Carla Teixeira
Fonte: Organização Mundial de Saúde, Infarmed, Ordem dos Médicos, Ordem dos Farmacêuticos, Ordem dos Enfermeiros, contactos telefónicos

sábado, 6 de outubro de 2007

Lançada nova dose diária de Advagraf na Europa

A nova formulação do imunossupressor Advagraf (tacrolimus, de libertação prolongada) está agora disponível na União Europeia (UE), proporcionando uma opção de dosagem mais adequada (uma vez por dia) para os pacientes que foram submetidos a um transplante de órgãos, segundo revelou a Astellas no 13º Congresso da European Society for Organ Transplantation (ESOT), em Praga.

O Advagraf é a formulação de toma única diária do Prograf (tacrolimus, duas vezes por dia), um agente imunossupressor líder na prevenção da rejeição de órgãos transplantados, desenvolvido pela Astellas.

Sendo o primeiro inibidor da calcineurina com a opção de dosagem de toma única diária, o Advagraf tem o potencial de ajudar a melhorar os resultados clínicos, devido à melhoria da aceitação do órgão. As investigações demonstraram que os medicamentos de toma única diária apresentam mais do dobro da probabilidade de os pacientes tomarem a medicação como foi prescrita, em comparação com dosagens de duas vezes por dia.

A maior parte dos receptores de transplantes estão em regimes com múltiplos fármacos, que fazem com que a aceitação do órgão ao longo da vida seja um grande desafio. As investigações sugerem que 20 a 50 por cento dos pacientes de transplantes de órgãos não tomam os medicamentos correctamente, pondo-se a eles próprios em risco de consequências médicas.

Falhar apenas algumas doses da terapia de imunossupressores pode pôr os transplantados em risco de rejeição aguda tardia do enxerto, revelando-se uma ameaça à sobrevivência do enxerto.

Segundo o professor Rutger Ploeg, Secretário-Geral da ESOT, uma opção de dosagem de toma única diária para um imunossupressor inibidor da calcineurina são excelentes notícias, tanto para os pacientes como para os médicos, e é um grande passo em frente, no que se refere à preocupação crescente da rejeição de órgãos.

O Advagraf foi aprovado na UE para a profilaxia da rejeição de transplante (terapia primária e de manutenção) em receptores adultos de rim ou fígado, e já está disponível no Reino Unido e na Alemanha, devendo ser lançado em outros dez países europeus antes do fim do ano.

A actual crise na doação de órgãos na UE demonstra que qualquer coisa que ajude a reduzir o risco de graves consequências médicas, associadas à rejeição nos transplantados, é bem-vinda.

Isabel Marques

Fontes: PMFarma, www.prnewswire.co.uk

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Daiichi Sankyo procura aprovação europeia de terapia de combinação para a hipertensão

A Daiichi Sankyo Europe GmbH apresentou um pedido para a aprovação do novo fármaco anti-hipertensor de combinação em 28 países europeus. Este fármaco, CS-8663, trata-se de uma combinação fixa de duas substâncias: o bloqueador dos receptores da angiotensina II (ARB), e o antagonista dos canais de cálcio, amlodipina. Este pedido vem no seguimento da aprovação de comercialização desta terapia nos Estados Unidos.

Caso seja aprovada, a nova combinação para o tratamento da hipertensão está delineada para pacientes que não conseguem controlar adequadamente a pressão sanguínea com outras terapias. Os resultados dos ensaios clínicos da terapia de combinação de olmesartan/amlodipina (CS-8663) demonstraram uma redução significativa da pressão sanguínea.

Segundo a responsável pela Investigação Clínica da Daiichi Sankyo Europe, a Dra. Petra Laeis, actualmente, a hipertensão é considerada a causa de morte número um. A maioria dos pacientes necessita de dois ou mais medicamentos para normalizar a pressão sanguínea. A Dra. Laeis sublinhou ainda que a nova combinação fixa demonstrou ser efectiva e bem tolerada num elevado número de pacientes. Isto também se verificou em pacientes com a pressão sanguínea muito elevada no início da terapia.

A Dra. Laeis acrescentou ainda que a combinação de dois agentes conhecidos, o olmesartan e amlodipina, num único comprimido proporciona aos médicos outra opção de tratamento efectiva para a hipertensão, que pode levar a melhores resultados, uma vez que os pacientes estão mais propensos a utilizá-la correctamente.

O olmesartan já é comercializado pela Daiichi Sankyo, e é o bloqueador dos receptores da angiotensina que apresentou o maior crescimento nas vendas na Europa. A amlodipina é um dos antagonistas dos canais de cálcio mais frequentemente utilizados em muitos países europeus.

Isabel Marques

Fontes: PMFarma, www.pharmatimes.com

Investigadores estudam origem genética dos tumores na zona do pescoço

Uma equipa do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP) encontra-se a estudar a origem genética dos tumores benignos que costumam aparecer na zona do pescoço, uma investigação que surge na sequência de um trabalho idêntico realizado em Espanha.

O estudo, publicado pelo “Journal of Clinical Endocrinology Metabolism”, comparou o aparecimento esporádico e o genético de dois tipos de tumores, o paragangliomas e o feocromocitomas, por norma benignos e raros, em casos clínicos do Hospital Central das Astúrias, Espanha.

Em colaboração com os hospitais de São João (Porto) e Pedro Hispano (Matosinhos), os técnicos do IPATIMUP vão agora observar, no norte do país, casos de doentes que não apresentem nenhum historial clínico, procedendo da mesma forma que os colegas espanhóis.

De acordo com Jorge Lima, co-autor do estudo, em Espanha “estes doentes, quando chegavam aos médicos, não tinham história clínica nenhuma, ou seja, aparentemente eram doentes esporádicos, não tinham nenhum familiar próximo com tumores idênticos, eram caso único.”

Contudo, depois de várias análises os investigadores descobriram que muitas famílias espanholas apresentavam mutações dos genes SDH, alterações genéticas subjacentes a estes tumores, e demonstraram que cerca de 22 por cento dos doentes com paragangliomas que se supunham esporádicos, "não familiares", eram casos familiares ocultos.

Para Jorge Lima, esta descoberta representa um grande passo para o conhecimento da doença, pois permite que os médicos monitorizem as pessoas que apresentem alterações “mas que ainda não desenvolveram a doença”, ao mesmo tempo que permite a identificação da “doença num estádio muito precoce, de forma que possa ser facilmente tratável”.

A deficiência no gene de doentes familiares é apenas parcial, adianta o especialista, pois "quando há uma deficiência total deste gene, o que os indivíduos têm é uma doença neurodegenerativa grave chamada doença de Leigh", que normalmente implica a morte durante a infância, explica Lima.


Inês de Matos

Fontes: Público, Lusa

Comparticipação da vacina contra o cancro do cólon do útero

Comissão Técnica de Vacinação apresenta relatório até Novembro

A Comissão Técnica de Vacinação deverá apresentar até Novembro, o relatório que ditará a inclusão ou exclusão da vacina contra o cancro do colo do útero do programa nacional de vacinação. A garantia é dada pela subdirectora-geral de Saúde, Graça Freitas, que em declarações ao Diário de Noticias admitiu ainda que "tal tão significa que fique logo tomada uma decisão sobre o assunto", pois a última palavra cabe ao ministro da Saúde.

A comissão continua a analisar a informação disponível, adiante a dirigente, isto apesar da escassez de dados que tem dificultado a investigação, que vai já em largos meses.

Para Graça Freitas, antes de se tomar uma decisão, é "fundamental saber exactamente quanto é que a doença pesa no País, para que se possa fazer a análise do custo/benefício".

No entanto, os número podem iludir. Se por um lado é verdade que por cada 100 mil portugueses, existem apenas 0,017% de mulheres afectadas, 17 em cada 100 mil, por outro lado o número de casos mortais é muito elevado, uma mulher por dia.

De acordo com a Associação Europeia do Cancro do Colo do Útero (ECCA), Portugal deve optar por incluir a vacina no plano nacional de vacinação, sob pena de a protecção a esta doença se restringir apenas às pessoas mais ricas, visto que o seu custo é elevado. No mercado nacional, as três doses necessárias custam no total 480 euros.

O director-geral da ECCA, Philip Davis, sugeriu ainda a criação de uma base de dados para melhorar o rastreio preventivo feito à população, declarando ainda que gostaria de ver alargada a presença portuguesa nesta organização, até porque os portugueses precisam de mais informação sobre a doença.

A ECCA publica diversos folhetos informativos e mantêm uma página na Internet, mas esta informação não está disponível aos portugueses, uma vez que os folhetos, ainda que estejam adaptados para 17 países, não são distribuídos em Portugal e a pagina on-line não se encontra traduzida em português.

De forma a colocar na agenda europeia a prevenção contra este tipo de cancro, a ECCA criou um grupo de trabalho com a participação de 40 membros do Parlamento Europeu e quer expandi-lo de modo a influenciar directamente as políticas nacionais.

Apesar de em Abril o PS ter rejeitado no Parlamento um um projecto de resolução do Partido Ecologista «Os Verdes» que recomendava ao Governo a inclusão da vacina contra o VPH no Programa Nacional de Vacinação, o ministro da Saúde, Correia de Campos, manifestou já a sua abertura para estudar a viabilidade da orçamentação daquela vacina no Orçamento de Estado de 2008, ainda que não exista um compromisso nesse sentido.

A vacina deve ser administrada a crianças e adolescentes de ambos os sexos, com idades entre os nove e os 15 anos, e a mulheres dos 16 aos 26 anos.

Actualmente, os métodos de detecção mais comuns são o teste de papanicolau e um rastreio molecular de HPV, que os médicos recomendam às mulheres com mais de 30 anos.

Inês de Matos

Fonte: Diário de Noticias, RTP, Diário Digital

Mylan e UCB chegam a acordo sobre a patente do genérico do Keppra

A Mylan Inc., especializada em genéricos, e o grupo farmacêutico belga UCB Societe Anonyme e UCB Pharma Inc chegaram a um acordo para resolver a litigação pendente relativamente à patente dos comprimidos de levetiracetam 250mg, 500mg e 750mg, a versão genérica do fármaco Keppra da UCB para a epilepsia.

Desde Março de 2004 que as companhias têm estado a disputar a patente da UCB, que expira em Julho de 2008, no Tribunal Distrital dos Estados Unidos para o Distrito do Norte da Geórgia. Os processos judiciais envolvem a Mylan Laboratories e a Mylan Pharmaceuticals, Dr Reddy's Laboratories, e a Cobalt Pharmaceuticals e referem-se à patente do levetiracetam, ingrediente activo do Keppra.

Segundo o acordo, a Mylan poderá vender os comprimidos genéricos de levetiracetam a partir do dia 1 de Novembro de 2008, antes de expirar a exclusividade de comercialização da UCB, a 14 de Janeiro de 2009.

As partes envolvidas não revelaram os restantes termos do acordo com a Mylan, e com a Dr Reddy's e a Cobalt. Contudo, as acções estão sujeitas a revisão por parte das autoridades anti-trust norte-americanas.

Os comprimidos de levetiracetam tiveram vendas nos Estados Unidos de aproximadamente 742 milhões de dólares, nos 12 meses que terminaram a 30 de Junho de 2007.

Isabel Marques

Fontes: www.networkmedica.com, Forbes, Reuters, CNNMoney.com
Biocant Park assina contrato com a Biogen Idec
Esclerose múltipla sob investigação


A empresa norte-americana Biogen Idec associou-se ao Biocant Park, em Cantanhede, numa parceria para dar corpo a um projecto de investigação que visa encontrar marcadores moleculares para um diagnóstico mais preciso e uma melhor caracterização da esclerose múltipla.

Em comunicado enviado ao farmacia.com.pt, o Biocant Park explica que a associação entre as duas entidades remonta ao passado mês de Julho e ocorre no âmbito de um Sponsored Research Agreement, contando com o envolvimento de investigadores afectos ao Biocant Park, ao Centro de Neurociências e Biologia Celular e aos Hospitais da Universidade de Coimbra. As actividades de investigação deverão ter lugar, na sua maioria, nas instalações do Biocant Park.
Na mesma nota, os responsáveis pela estrutura científica com sede em Cantanhede atestam que a Biogen Idec, cotada em bolsa, é uma das maiores empresas do ramo da biotecnologia a nível mundial. Especializada na descoberta, no desenvolvimento, na produção e na comercialização de medicamentos para patologias neurológicas, doenças auto-imunes e cancros, emprega nas suas instalações, que estão espalhadas por todo o mundo, cerca de 4500 pessoas. Este é o primeiro contrato deste género que a Biogen Idec celebra no nosso país, numa atitude que a Biocant Park diz ser uma demonstração da "confiança nas competências e nos recursos do Biocant Park e dos seus parceiros para a investigação nesta área", seguindo todos os parâmetros e exigências da indústria.

Carla Teixeira
Fonte: Biocant Park

Fármaco para a Síndrome de Hunter, Elaprase, aprovado no Japão

O fármaco biotecnológico Elaprase (idursulfase), da companhia britânica Shire, recebeu aprovação de comercialização, para o tratamento da Síndrome de Hunter, por parte da agência japonesa de medicamentos. A gestão das vendas e a distribuição do fármaco estarão a cargo da Genzyme.

O Elaprase, desenvolvido pela Shire Human Genetic Therapies Inc., é a primeira e única terapia enzimática de substituição aprovada para pessoas com Síndrome de Hunter. Este fármaco é administrado numa infusão semanal, e destina-se a tratar a causa fundamental da Síndrome de Hunter ao substituir a enzima iduronate-2-sulfatase, que está ausente ou que não é suficiente nas pessoas com esta doença.

O fármaco irá ser comercializado pela Genzyme no Japão e noutros países da Ásia/Pacífico, como parte de um acordo com a Shire. A Genzyme planeia lançar o Elaprase este trimestre, a seguir à aprovação de reembolso. Segundo o acordo entre as duas companhias, a Genzyme irá registar as vendas na região e conceder um terço das vendas líquidas à Shire. A Genzyme declarou que irá pagar 3 milhões de dólares à Shire pela aprovação de comercialização no Japão, e irá efectuar pagamentos na ordem dos 4 milhões de dólares quando forem atingidos objectivos.

A Síndrome de Hunter, também conhecida como Mucopolissacaridose II, (MPS II) é uma doença genética rara que afecta os homens, que resulta numa insuficiência enzimática, o que provoca a acumulação de desperdício das células nos tecidos e órgãos, que começam a falhar, levando a graves complicações clínicas, podendo resultar na morte prematura. A raridade da doença torna o Elaprase um fármaco órfão com uma base limitada de pacientes.

Apesar do só haver menos de 2 mil pacientes em todo o mundo, estima-se que as vendas do Elaprase cheguem aos 340 milhões de dólares até 2011.

Desde a sua aprovação nos Estados Unidos, em Julho de 2006, o Elaprase está actualmente aprovado para comercialização em 34 países em todo o mundo.

Isabel Marques

Fontes: www.networkmedica.com, www.hemscott.com, Reuters, CNNMoney.com

FDA cria projecto para acelerar aprovação de genéricos

A Administração Norte-Americana dos Alimentos e Fármacos (FDA) está empenhada em encurtar o tempo de revisão e aprovação de medicamentos genéricos. A entidade reguladora delineou um programa que visa aumentar o número e variedade de genéricos à disposição dos utentes, já que estes fármacos “geralmente custam menos que os equivalentes de marca”, refere a FDA num comunicado enviado ao Farmacia.com.pt.

O “Generic Initiative for Value and Efficiency” (GIVE), nome atribuído ao projecto, deverá permitir à FDA modernizar e tornar mais eficiente o processo de aprovação de medicamentos genéricos, “para fazer face ao número crescente de candidaturas para medicamentos genéricos” que se tem vindo a verificar. Durante o ano fiscal de 2007 a FDA aprovou 682 medicamentos genéricos, um crescimento de 30 por cento relativamente a igual período do ano anterior, refere o mesmo documento.

“O GIVE estabelece formas de maximizar a utilização dos nossos recursos para que a FDA possa reavaliar e aprovar genéricos de maior qualidade durante o novo ano fiscal que se avizinha”, afirmou Gary Buehler, director do departamento de medicamentos genéricos da FDA.

No âmbito deste novo projecto, a autoridade reguladora norte-americana prevê a concessão de prioridade na avaliação de genéricos que sejam os primeiros a surgir dentro da sua classe de fármacos e não estejam sujeitos a patentes ou protecções de exclusividade. Até ao momento as candidaturas para aprovação eram analisadas por ordem de chegada.

Dentro do novo quadro de alterações está também previsto um aumento do número de profissionais responsáveis pela revisão das candidaturas de medicamentos genéricos, que actualmente são 215, e um esforço para favorecer a comunicação com a indústria. De acordo com os responsáveis, a FDA tem actualmente 1.300 candidaturas de medicamentos genéricos acumuladas, sendo que, actualmente, são necessários 16 a 17 meses para concluir uma revisão.

Numa reacção à notícia, Kathleen Jaeger, presidente da Associação de Farmacêuticas Genéricas, salientou que existem “sérias questões legislativas e de regulação que devem ser tratadas para dar origem a um verdadeiro aumento no número de genéricos colocados no mercado a preços sustentáveis”. A responsável incita a FDA a resolver “problemas nucleares” que estão a impedir que medicamentos genéricos cheguem ao mercado, como é o caso da utilização de petições de cidadãos por parte das empresas de medicamentos de marca para atrasar as acções reguladoras.

Marta Bilro

Fonte: FDA; FirstWord, CNN Money.

Wyeth adquire Haptogen

Farmacêutica norte-americana quer estimular descoberta de biotecnológicos

A Wyeth adquiriu a empresa de biotecnologia escocesa Haptogen, especializada no desenvolvimento de tecnologias para a criação de novas proteínas terapêuticas. A farmacêutica pretende assim fortalecer a sua capacidade de descoberta de medicamentos biotecnológicos. Os detalhes financeiros envolvidos no negócio não foram divulgados.

A compra da Haptogen fornece ao laboratório norte-americano “um conjunto de tecnologias de descoberta biotecnológica de próxima geração que complementam os esforços progressivos de descoberta bioterapêutica da Wyeth”, afirmou Frank Walsh, vice-presidente executivo do departamento de descoberta da Wyeth Research.

Para além disso, a Haptogen tem desenvolvido tecnologias para a criação de proteínas terapêuticas melhoradas que têm potencial para serem administradas de forma mais conveniente, assim como de penetração nas células e nos órgãos.

Após a conclusão do processo de aquisição, a Haptogen passará a integrar a Wyeth Discovery Research.

Marta Bilro

Fonte: CNN Money, RTT News, Pharma Times.

CE aprova Aclasta no tratamento da osteoporose

A Comissão Europeia aprovou a comercialização do Aclasta (Ácido zoledrónico), da Novartis, um medicamento contra a osteoporose e o enfraquecimento ósseo que só deverá ser administrado uma vez por ano em mulheres na pós-menopausa.

O fármaco, comercializado nos Estados Unidos da América (EUA) como Reclast desde Agosto, é administrado anualmente através de uma perfusão intravenosa de duração não inferior a 15 minutos.

O Aclasta demonstrou benefícios na redução do risco de fracturas em zonas do corpo tipicamente afectadas pela osteoporose, como é o caso da anca, da coluna e dos pulsos. De acordo com um comunicado emitido pela farmacêutica suíça, a autorização europeia aplica-se aos 27 estados-membros, bem como à Noruega e Islândia.

“Estamos muito satisfeitos por receber aprovação da UE, especialmente por ter surgido logo após uma decisão semelhante nos EUA”, afirmou James Shannon, chefe do sector de desenvolvimento da Novartis. O responsável acredita que a decisão é sinónimo de uma confiança generalizada no Aclasta “que fornece aos médicos e pacientes uma forma completamente inovadora de gerir a osteoporose”.

O Aclasta pertence a uma classe de medicamentos denominados bifosfonatos, há muito utilizados para tratar a osteoporose mas cujos efeitos no coração suscitaram recentemente algumas dúvidas.

Um estudo publicado em Maio no “New England Journal of Medicine” sugeria que as mulheres que tomaram Reclast (Ácido zoledrónico) ou Fosamax (Ácido alendrónico) apresentavam mais probabilidade de desenvolver fibrilação auricular grave. As conclusões levaram a Administração Norte-Americana dos Alimentos e Fármacos (FDA) a dar início a uma revisão da ocorrência de casos de batimentos cardíacos irregulares em doentes medicados com biofosfonatos.

Marta Bilro

Fonte: Market Watch, PharmaLive, CNN Money, Reuters, Infarmed, Farmacia.com.pt.

Doentes podem sugerir prescrição ao seu médico
Estudos confirmam poupança com genéricos

A Associação Portuguesa de Medicamentos Genéricos defende que é preciso informar melhor os cidadãos portugueses relativamente às vantagens daqueles fármacos, e exortou os doentes a sugerirem ao seu médico assistente a prescrição de genéricos, sempre que eles já estejam disponíveis para o tratamento da doença de que padecem.

Os genéricos são medicamentos cuja patente laboratorial já expirou, e portanto, não obstante essa pequena diferença, são exactamente iguais aos fármacos de marca comercializados nas farmácias. Não faz sentido a ideia, relativamente generalizada, de que os genéricos, por serem mais baratos, são menos eficazes. Perante esta evidente falta de conhecimento dos portugueses que pensam desta forma, a Apogen preconiza o aumento das campanhas de sensibilização e de informação, desejando que elas expliquem aos pacientes e a toda a sociedade que a qualidade dos medicamentos genéricos é garantida pelo Infarmed, como a dos restantes produtos farmacêuticos, e que, ao consumir genéricos, os doentes diminuem, às vezes de um modo bastante significativo, a despesa com tratamentos.
Salvaguardando a autonomia do profissional de saúde na prescrição medicamentosa, a Apogen refere que "os doentes poderão informar-se junto do seu médico se há no mercado um medicamento genérico para o tratamento da sua doença, e pedir-lhe que o prescreva". Se o médico concordar, o doente tem garantida a eficácia e qualidade do medicamento originador, com a vantagem de, normalmente, pagar menos. Disponíveis há mais de 10 anos em países como a Holanda, a Dinamarca ou a Alemanha, os genéricos fizeram a sua entrada no mercado farmacêutico português bastante mais tarde, e só a partir de 2004 passaram a ser receitados com maior regularidade. Vários são, segundo a Apogen, os estudos que atestam a poupança com o recurso àqueles medicamentos.

Carla Teixeira
Fonte: Jornal do Centro de Saúde, Médicos de Portugal
Medida aprovada pela câmara de deputados brasileiros
Cancro da próstata com medicação gratuita

Os cidadãos brasileiros portadores de hiperplasia benigna ou cancro da próstata vão passar a receber gratuitamente a medicação de que necessitam, cuja despesa será suportada pelos serviços públicos de saúde. A câmara de deputados do governo brasileiro deu o seu aval à aprovação de um projecto de lei apresentado pelo deputado Rafael Guerra, do partido PSDB-MG. A aprovação parlamentar tem carácter definitivo, mas a proposta terá de ser analisada pelas comissões de Finanças e Tributação, Constituição e Justiça e Cidadania, estando a sua entrada em vigor dependente da agilidade desse processo.

O autor do projecto de lei, citado pela Agência Câmara, referiu que a hiperplasia benigna tem consequências que variam entre um simples desconforto durante a micção e "dificuldades mais sérias", enquanto o cancro da próstata apresenta uma "similaridade de antecedentes", mas revela tendência para a formação de metástases e para a morte prematura do paciente. Dados do Instituto Nacional do Cancro (Inca) atestam o surgimento de 47 mil novos casos daquela neoplasia por ano no Brasil, número que registou, entre 1979 e 2004, um aumento de 95,5 por cento na taxa de mortalidade associada à doença. Neste momento o governo brasileiro já assegura gratuitamente o acesso à medicação dos doentes com sida.
Em Portugal morrem anualmente 1800 homens na sequência de um cancro da próstata. Trata-se de uma prevalência daquele problema que equivale a cinco casos mortais por cada dia que passa. Todos os anos são igualmente diagnosticados quatro mil novos doentes. A neoplasia da próstata afecta cerca de 30 por cento dos portugueses com idade superior a 50 anos. Inicialmente o carcinoma não revela quaisquer sintomas, mas é, depois do cancro do pulmão, a doença oncológica mais comum nos homens portugueses.

Carla Teixeira
Fonte: Câmara dos deputados do governo brasileiro, farmacia.com.pt
Anti-inflamatório continua à venda em Portugal
Prexige retirado do mercado no Canadá


O governo canadiano anunciou nesta quinta-feira a decisão de retirar do mercado o anti-inflamatório Prexige (lumiracoxib), produzido pela suíça Novartis. A medida, acompanhada da anulação da autorização de comercialização do fármaco, foi justificada pelo ministro da Saúde local com a ocorrência de problemas hepáticos graves nos pacientes a quem era administrado, e surge depois de a Austrália ter retirado o medicamento e de a FDA ter recusado a sua aprovação nos Estados Unidos. Nas farmácias portuguesas o Prexige continua disponível...

Tal como o farmacia.com.pt tem vindo a noticiar, as notificações de efeitos adversos graves a nível hepático decorrentes da utilização do lumiracoxib suscitaram preocupação em todo o mundo. Em Agosto a Autoridade Nacional do Medicamento e dos Produtos de Saúde em Portugal (Infarmed) dava conta da introdução de novas restrições ao uso daquele medicamento, mas decidia manter, como agora, a sua disponibilidade no mercado luso, esclarecendo que grande parte das situações de efeitos nefastos relatadas estaria ligada à utilização de doses diárias superiores às autorizadas na União Europeia, estando em marcha na Agência Europeia do Medicamento a reavaliação da segurança do Prexige.
O Infarmed, que quando eclodiu a onda de preocupação em torno do lumiracoxib rapidamente encetou contactos com as suas congéneres europeias no sentido de definir normas comuns para o receituário do Prexige, recorda agora que "o perfil de segurança hepática" daquele medicamento "tem vindo a ser acompanhado por este organismo em conjunto com a Comissão de Medicamentos de Uso Humano e com o Grupo de Trabalho de Farmacovigilância da Agência Europeia do Medicamento". Nessa medida, profissionais de saúde e doentes que possam ter necessidade de maiores informações deverão contactar o Centro de Informação do Medicamento e dos Produtos de Saúde do Infarmed, através da Linha Verde do Medicamento, pelo telefone 800222444, ou por e-mail, para centro.informacao@infarmed.pt. Em alternativa, poderão canalizar as suas dúvidas para o Departamento de Farmacovigilância da Autoridade Nacional do Medicamento, pelo telefone 217987140, ou por correio electrónico, digitando o endereço electrónico farmacovigilancia@infarmed.pt.

Carla Teixeira
Fonte: Portugal Diário, Agência Lusa, Infarmed, farmacia.com.pt

Excesso de glóbulos brancos na menopausa inflaciona risco de cancro

Mulheres com um elevado grau de glóbulos brancos no sangue, durante a menopausa, correm um maior risco de vir a sofrer de vários tipos de cancro, como o cancro da mama, colorectal, endometrial e do pulmão. Esta é a conclusão de um estudo norte-americano, recentemente apresentado, que estabelece a relação entre o número de glóbulos brancos e a incidência do cancro.

De forma a procederem à elaboração do estudo, os investigadores da Fundação HealthPartners Research observaram 143.748 mulheres registradas numa iniciativa de promoção da saúde das mulheres (WHI), todas na faixa etária dos 50 aos 79 anos e que de inicio não revelavam quaisquer problemas cancerígenos.

Depois de efectuada a contagem dos glóbulos brancos em cada uma das mulheres, os investigadores verificaram que aquelas que apresentavam uma maior concentração destas células tinham maiores probabilidades de sofrerem de cancro, relativamente às mulheres que apresentaram contagens mais baixas. No que respeita ao cancro da mama o risco era 15 por cento mais elevado, 19 por cento no caso do cancro colorectal, 42 por cento quanto ao cancro endometrial e 63 por cento no caso do cancro do pulmão.

A taxa de mortalidade destes quatro tipos de cancro é também mais elevada entre as mulheres com mais glóbulos brancos, tal como acontece com a taxa global de mortalidade por cancro.

De acordo com Karen L. Margolis, uma das responsáveis pelo estudo, “uma contagem de glóbulos brancos superior ao normal, acima de 7 por exemplo, é sempre alarmante e deve ser um caso constantemente vigiado, principalmente se tiver um carácter persistente e desconhecido”.

Todavia, apesar dos resultados do estudo demonstrarem a existência de uma relação entre um elevado grau de glóbulos brancos e o desenvolvimento de cancro, não significa que todas as pessoas que apresentarem resultados altos venham a sofrer de cancro. Este continua a ser um risco muito reduzido, comparativamente com o consumo de tabaco, por exemplo.

De qualquer forma, os investigadores advertem que o aumento de glóbulos brancos na circulação sanguínea indica quase sempre o desenvolvimento de infecções e inflamações.


Inês de Matos

Fonte: Reuters

Cardiologistas espanhóis testam transplante de células estaminais por cateter

A Clínica Universitária de Navarra, Espanha, anunciou esta quinta-feira que se encontra a testar a eficácia do transplante de células estaminais adultas através de um cateter colocado no coração dos pacientes.

A investigação, que conta com a participação de 50 pacientes, prima pela inovação de proceder à implementação das células estaminais no coração dos pacientes com recurso à colocação de um cateter e não através de cirurgia aberta.

Posteriormente utilizada em animais, esta técnica foi já autorizado pela Agência Espanhola do Medicamento e encontra-se a ser aplicada em pacientes que sofreram um enfarte do miocárdio e apresentam uma disfunção ventricular.

O primeiro passo é a extracção de células do tecido muscular da perna do paciente, a partir das quais se obtêm as células estaminais, que são depois cultivadas em laboratório até se conseguir um número suficiente para realizar o transplante.

Na fase de cultivo das células, os investigadores utilizam soro do próprio paciente, contrariamente ao que acontece noutras experiências, nas quais se usa soro de origem animal.

Para o cardiologista da Clínica Universitária de Navarra Juan José Gavira, este procedimento evita possíveis infecções, alergias ou reacções imunológicas, uma vez que evita a introdução de proteínas estranhas ao organismo.

Após um mês de cultivo, as células obtidas são injectadas nas zonas afectadas do coração do paciente, através de um cateter especial de injecção.

Em 14 dos 50 participantes dos testes, as intervenções têm decorrido "de forma satisfatória", adiantam os cardiologistas espanhóis.

Inês de Matos
Fonte: Lusa

Cardiologista Fernando de Pádua vence Prémio Nacional de Saúde 2007

O Prémio Nacional de Saúde de 2007 foi esta quinta-feira atribuído ao cardiologista Fernando de Pádua, pelo seu “pioneirismo e dedicação ao trabalho de promoção e prevenção” da doença cardiovascular, adiantou a porta-voz do júri, Maria Irene da Silveira.

O médico, “pioneiro na utilização inteligente da divulgação de mensagens para a saúde”, é o actual presidente do Instituto Nacional de Cardiologia, do qual foi fundador, tendo sido também fundador de uma Fundação homónima, em 2002.

“ Há 40 anos que o médico Fernando de Pádua se dedica à promoção da saúde e prevenção da doença, numa atitude pedagógica e altruísta, tendo sido fundador de instituições, autor de 300 trabalhos publicados nos media, intervindo regularmente na televisão”, justifica Irene da Silveira, bastonária da Ordem dos Farmacêuticos.

“A escolha foi difícil, dado que os quatro candidatos eram de elevado nível”, admitiu a porta-voz, mas a eleição foi decidida pela “distinção de Fernando de Pádua, no que diz respeito à sua visão estratégica em termos de prevenção, tendo recorrido intensivamente aos orgãos de comunicação social”.

Fernando de Pádua foi também o responsável pela criação da Fundação Portuguesa de cardiologia, em 1979, tendo ainda fundado o Núcleo de Estudos de Cardiologia Preventiva da Faculdade de Medicina de Lisboa e o Centro de Estudos de Cardiologia Preventiva do Instituto Nacional de Saúde.

A atribuição do prémio ocorre anualmente, sempre no dia 4 de Outubro, data em que se comemora a criação da Direcção Geral de Saúde (DGS), em 1899. Criado em 2006 pelo Ministro da Saúde Correia de Campos, o prémio visa distinguir “uma personalidade que tenha contribuído, inequivocamente, para a obtenção de ganhos em saúde ou para o prestigio das organizações de saúde no âmbito do Serviço Nacional de Saúde (SNS)”, de acordo com o despacho publicado em Diário da República.

Este ano, o júri foi constituído pelo director do Instituto de Higiene e Medicina Tropical Jorge Torgal e pelos bastonários das Ordens dos Médicos, Enfermeiros e Farmacêuticos, e teve como presidente o médico Walter Osswald.

Inês de Matos

Fonte: Lusa

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Lançamento trágico do talidomida foi há 50 anos

Fármaco da Grünenthal responsável por malformações congénitas; farmacêutica alemã ultrapassa passado dramático e substância renasce no mercado com a Celgene

Depois dos anos negros que se seguiram ao desastre do lançamento da talidomida – há precisamente 50 anos pela Grünenthal e que causou malformações congénitas em mais de 10 mil crianças -, a farmacêutica alemã conseguiu relançar-se no mercado e tem um volume de vendas da ordem dos 700 milhões de euros, noticiou o jornal «Diário Económico».


A talidomida apareceu, há 50 anos, como o único medicamento capaz de acabar com a ansiedade, as insónias e aliviar os enjoos e a má disposição das mulheres grávidas. Contrariamente aos barbitúricos (muito usados naquela altura), o fármaco não apresentava contra-indicações, nem aparentes efeitos tóxicos, nem mesmo com o aumento gradual da dosagem. O certo é que, mais tarde, foi retirado do mercado apontado como responsável pelas malformações congénitas de mais 10 mil crianças. Estes desastres pessoais custaram à Grünenthal milhões gastos em indemnizações.


Desastre na génese da farmacovigilância

Na última década, a substância - (C13H10N2O4) apesar dos efeitos teratogénicos e de potencial risco - foi reintroduzida na literatura médica indicada para doenças graves e de prognóstico reservado. Aliás, ainda na década de 60, a talidomida reapareceu como uma alternativa no tratamento de várias doenças do foro dermatológico. Esta descoberta foi o ponto de partida para novos estudos sobre os efeitos da talidomida, sendo a sua administração para o tratamento do eritema nodoso leproso aprovada pela FDA em 1968. Hoje, diz-se que os problemas descobertos em 1961, marcaram a génese da farmacovigilância, desencadeando a regulação dos ensaios clínicos.

Do seu dramático passado, a substância renasceu para um futuro promissor. Actualmente este fármaco é comercializado pelos laboratórios Celgene com o nome comercial Thalomid. Mas os seus desastrosos efeitos teratogénicos obrigam a que a sua administração esteja sujeita a um apertado sistema de controlo pela FDA e pela Celgene, através de um «Sistema para a Educação sobre a Talidomida e Segurança da sua Prescrição» (STEPS na silga em inglês).


Apenas médicos registados no programa STEPS podem prescrever este medicamento com propriedades anti-angiogénicas, anti-inflamatórias e imunomoduladoras tem, hoje em dia, potencial utilidade em vários quadros clínicos, nomeadamente, em doenças reumáticas, neoplásicas, dermatológicas, hematológicas, inflamatórias, sida, caquexia, insuficiência cardíaca, meningite tuberculosa e outras.

Raquel Pacheco
Fonte: «Diário Económico»/www.ff.up.pt/Netfarma

Portugal vai vigiar mosquitos com impacto na saúde


Programa de colheita e análise arranca em 2008 e cobre todo o país

Portugal terá, em 2008, um programa de vigilância dos mosquitos em todo o território nacional. O objectivo é procurar os vírus que têm impacto na saúde humana.

Com a colaboração da Direcção-Geral de Saúde (DGS) o programa, funcionará, pelo menos, durante um ano. A competência das colheitas será das administrações regionais de saúde e a responsabilidade das análises caberá ao Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA).

Em declarações à Agência Lusa, Sofia Núncio, investigadora do INSA adiantou que o instituto dará formação a profissionais das administrações regionais de saúde “para ensinar a fazer as colheitas dos mosquitos, e serão fornecidas armadilhas, equipamentos próprios para capturar mosquitos."

A possibilidade de doenças como a Malária e o Dengue reaparecerem na Europa espoletou nos investigadores e autoridades europeias um olhar mais atento face às patologias transmitidas por mosquitos.

Raquel Pacheco
Fontes: Lusa/OM(Norte)

APF: Portugal apresenta falhas no rastreio ao cancro do colo do útero

Numa altura em que tanto se fala na importância da prevenção, a Associação para o Planeamento da Família (APF) alerta para o facto de Portugal estar a falhar no rastreio ao cancro do colo do útero. Apesar dos testes de despistagem estarem à disposição de todas as mulheres portuguesas de forma gratuita, apenas a região Centro do país tem obtido resultados positivos.

“Só não faz quem não quer”, salienta Maria João Trindade, responsável da APF, “trata-se de um exame gratuito contemplado pelo Plano Nacional de Saúde. É um direito de todo o cidadão português, todos nós podemos e devemos exigir”, acrescentou. Para além disso, a realização do rastreio exige apenas um simples exame ginecológico.

As falhas registadas derivam do “mau funcionamento dos serviços”, nomeadamente porque há falta de recursos humanos na área dos cuidados primários de saúde, considera Maria João Trindade. Ainda assim, na zona Centro há bons resultados, visto que, segundo referiu, é muito raro surgir no IPO (Instituto Português de Oncologia) de Coimbra um carcinoma invasivo.

Aconselhado a todas as mulheres entre os 25 e os 64 anos, o rastreio do cancro do colo do útero pode ser feito no centro de saúde, porém é um exame (citologia) que “sai muito caro ao Serviço Nacional de Saúde”. Apesar disso, o tipo de análise de rastreio ao cancro do colo do útero em Portugal é mais barato do que outra técnica mais avançada já em utilização noutros países - o teste do víruso do Papiloma Humano (HPV).

A principal diferença é que a citologia usada em Portugal tem uma “taxa de sensibilidade mais baixa” do que o teste do HPV, como precisou Daniela Pinto, investigadora do IPO do Porto, a participar no Eurogin - congresso europeu sobre cancro do colo do útero, a decorrer em Monte Carlo, citada pela agência Lusa.

Apesar de admitir que o país não tem capacidade financeira para tal, Maria João Trindade considera que o “ideal” seria incluir a vacina contra o HPV no Programa Nacional de Vacinação. “Uma taxa de 37 por cento de comparticipação da vacina (que no total das três tomas custa 480 euros) já seria razoável”, disse.

Por outro lado, refere Maria João Trindade, há o risco de que uma imunização universal leve as pessoas a descuidarem o rastreio, que deve ser realizado anualmente nos primeiros dois anos e, caso não sejam detectados problemas, pode passar a ser feito com intervalos de três anos.

Actualmente existem duas vacinas contra o cancro do colo do útero, o Gardasil da Merck, e o Cervarix, produzido pela GlaxoSmithKlin, sendo que, de momento, apenas a primeira está disponível no mercado Português. O elevado preço da vacina torna-a inacessível a muitas mulheres portuguesas, pelo que a Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde está já estudar uma possível comparticipação do medicamento.

Portugal é um dos países da União Europeia onde as taxas de incidência do cancro do dolo do útero são mais elevadas, com perto de 17 casos por cada cem mil habitantes. Anualmente são diagnosticados cerca de 960 novos casos.

Marta Bilro

Fonte: Diário Digital, Público, Farmacia.com.pt.

Nigéria faz ultimato à Pfizer

Defensores dos direitos humanos ameaçam boicotar produtos da farmacêutica

Na Nigéria o panorama é cada vez mais hostil para a Pfizer. Vários grupos de defensores dos direitos humanos manifestaram-se esta quarta-feira junto aos escritórios da farmacêutica norte-americana na cidade de Kano e ameaçaram organizar uma campanha nacional e internacional de boicote aos produtos e serviços da farmacêutica em todo o mundo. O objectivo é garantir que a multinacional indemnize as famílias das vítimas que alegadamente foram prejudicadas ou faleceram devido à ingestão de Trovan Floxacin (trovafloxacina).

O antibiótico foi utilizado para combater uma epidemia de meningite bacteriana, sarampo e cólera que assolava a Nigéria em 1996, provocando a morte a 12 mil pessoas. No entanto, após a administração do fármaco 11 crianças morreram e 189 sofreram várias deformações, incluindo surdez, cegueira, paralisia e danos cerebrais.

O governo nigeriano alega que o laboratório terá camuflado as suas verdadeiras intenções quando se propôs a ajudar as vítimas de uma epidemia de meningite bacteriana, engendrando “um esquema” para “deformar e esconder as suas principais intenções” e testar os efeitos do medicamento.

A Pfizer rejeitou as acusações desde o início afirmando que o ensaio clínico com Trovan Floxacin levado a cabo no país teve “o aval do Governo nigeriano com todo o conhecimento de causa”. De acordo com a farmacêutica todos os requisitos éticos foram tidos em conta na aplicação do tratamento e “em conformidade com o compromisso da empresa para com a segurança dos doentes”.

Recentemente, o comissário de justiça de Kano ameaçou deter o ex-director executivo da Pfizer, Bill Steere, em conjunto com outros nove funcionários da empresa caso os mesmos não compareçam em tribunal no próximo mês para responder às acusações que lhes são imputadas.

“Acreditamos que só com as indemnizações às vítimas é que haverá paz e justiça…Estamos a fazer um ultimato à Pfizer que termina a 1 de Fevereiro de 2008; caso a Pfizer se recuse a pagar as indemnizações às vítimas do ensaio clínico com Trovan vamos desencadear uma campanha massiva a nível nacional e internacional para que haja um boicote aos produtos serviços da Pfizer”, cita o portal AllAfrica.com.

“Iremos de casa em casa, loja em loja, mercado em mercado. Iremos insistir e apelar ao nosso povo para que deixem de comprar os produtos da Pfizer. A Pfizer é um demónio e uma empresa que perpetrou o mal na Nigéria, e não acreditamos que o nosso povo no Norte da Nigéria, e mesmo o de outras partes de África deva ser usado como cobaia para ensaios clínicos de fármacos prejudiciais que não foram utilizadas em nenhum outro local do mundo”.

Marta Bilro

Fonte: AllAfrica.com, Pharmalot, Farmacia.com.pt.

Amgen suspende construção de nova unidade de produção na Irlanda

A empresa biofarmacêutica Amgen pôs de parte os planos para a construção de um laboratório na Irlanda no valor de 709 milhões de euros e que deveria gerar 1.100 novos postos de trabalho.

A decisão que levou ao adiamento do projecto por tempo indeterminado baseou-se no “ambiente de evolução dos negócios globais da Amgen” e não tem qualquer relação particular com a Irlanda, informou o grupo numa nota emitida esta quarta-feira. A Amgen disse ainda que irá encerrar todas as operações da empresa naquele país, mas que vai manter em sua posse o local onde deveria nascer a nova unidade de produção.

Anunciado no inicio de 2006, o novo laboratório era principalmente destinado à produção de medicamentos para o tratamento da anemia, como é o caso do Aranesp (Darbepoetina alfa), para fornecimento do mercado europeu e deveria estar concluído em 2012.

A Amgen, que viu os negócios afectados devido a um maior controlo nas restrições de regulação dos medicamentos, adoptou uma estratégia de redução de custos que inclui um corte de 14 por cento no número de trabalhadores da empresa, medida anunciada em Agosto.

Marta Bilro

Fonte: LA Times, Reuters.

Recordati adquire Orphan Europe: Uma aposta nas doenças raras

A farmacêutica italiana Recordati anunciou a aquisição da Orphan Europe, uma empresa especializada no desenvolvimento de terapias para o tratamento de doenças raras ou órfãs. O negócio, que envolve 135 milhões de euros, deverá estar concluído até ao final do ano.

“Acreditamos que o mercado dos medicamentos que tratam doenças raras vai crescer significativamente em resultado da identificação de um número crescente de doenças raras e ao aumento da consciencialização que conduz ao diagnóstico e tratamento de mais doentes”, afirmou Giovanni Recordati, director executivo da empresa com o mesmo nome.

As doenças órfãs são descritas pela Administração Norte-Americana dos Alimentos e Fármacos como aquelas que afectam menos de 200 mil pessoas nos Estados Unidos da América ou as que não apresentam uma “expectativa razoável” de que os custos de desenvolvimento possam vir a ser repostos pelas vendas dos medicamentos. Já na Europa o conceito diverge. A definição oficial europeia indica que uma doença rara é aquela que afecta menos de cinco em casa 10 mil pessoas, e que é fatal ou severamente debilitante.

De acordo com dados da Orphan Europe, actualmente, existem entre 6.000 e 8.000 doenças que encaixam nestas definições e, apesar dos incentivos financeiros ao desenvolvimento de medicamentos órfãos, as terapias comercializadas respondem apenas a 200 a 300 destas doenças.

Giovanni Recordati acredita que a sua empresa pode tirar partido desta situação e deve focar-se em áreas especializadas. A Orphan Europe, agora adquirida pela Recordati, tem subsidiárias em10 países e representações em sete nações. A empresa comercializa, de momento, 10 medicamentos e possui um conhecimento profundo das autoridades e dos procedimentos necessários ao desenvolvimento, aprovação para comercialização e distribuição de medicamentos órfãos.

Marta Bilro

Fonte: DrugResearcher.com, LeRevenu.com.

Merck quer expandir aplicação do Gardasil aos homens

EMEA está a analisar a inclusão de novas indicações para a vacina

A Merck tem planos para alargar a utilização do Gardasil. A hipótese já tinha sido colocada por alguns investigadores e vem agora a confirmar-se com a própria farmacêutica a divulgar as suas intenções de expandir a utilização do Gardasil aos homens. Por outro lado, a Sanofi Pasteur MSD, responsável pela comercialização da vacina na Europa, já submeteu um pedido à Agência Europeia do Medicamento (EMEA) para incluir nas indicações da vacina a prevenção contra o cancro vaginal e vulvar.

O Gardasil, vacina contra o papilomavírus humano (HPV), previne o cancro do colo do útero e outras doenças provocadas pelo HPV, nomeadamente os seus quatro tipos de vírus mais cancerígenos: 06, 11, 16 e 18, e foi pioneira no mercado durante largos meses. Os analistas acreditam, por isso, que o produto possa gerar mais de 990 milhões de euros durante o primeiro ano no mercado norte-americano. Porém, essas previsões podem vir a sofrer alterações, visto que a Merck veio a público afirmar que já deu inicio a estudos para provar que a vacina pode também prevenir infecções nos homens.

“Os homens são os principais transmissores do vírus do papiloma humano”, afirmou Elmar Joura, professor da Escola Médica da Universidade de Viena. “Existem evidências clínicas que justificam a administração do Gardasil em rapazes enquanto medida de saúde primária”, acrescentou.

Por sua vez, a Sanofi Pasteur MSD, que comercializa a vacina na Europa em conjunto com a Merck, submeteu um pedido de actualização da licença do Gardasil junto das autoridades europeias, para incluir a prevenção contra o cancro vaginal e vulvar, provocados pelas estirpes 16 e 18 do vírus do papiloma humano. “A Agência Europeia do Medicamento (EMEA) aceitou a candidatura e já começou a análise”, refere um comunicado emitido pela Sanofi Pasteur.

Este poderá ser mais um trunfo a favor do Gardasil que em Setembro viu chegar ao mercado europeu o seu primeiro rival. O Cervarix, cujos principais alvos são as estirpes 16 e 18 do HPV, responsáveis por cerca de 70 por cento dos casos de cancro do colo do útero, está disponível nalguns países europeus há cerca de uma semana. Porém, a vacina da GlaxoSmithKline não deverá entrar no mercado norte-americano antes de2008.

Benefícios para os rapazes

Um estudo divulgado em Agosto, elaborado por especialistas do Centro Médico Anderson da Universidade do Texas, sugeria que o Gardasil poderia também vir a ser administrado em rapazes adolescentes para ajudar a evitar os casos de cancro relacionados com o sexo oral.

O número crescente de casos em estudo demonstra que o vírus do papiloma humano, responsável pelo cancro do colo do útero, está também relacionado com cerca de metade dos casos de cancro da garganta ou orofaríngeos, referiam os investigadores.

A análise, publicada no jornal “Cancer”, aconselhava os cientistas a apressarem os estudos da vacina contra o HPV em adolescentes do sexo masculino, para que a utilização da vacina pudesse expandir-se.

“Encorajaríamos a industria e os cientistas a estudarem a eficácia em rapazes e homens para que o programa de vacinação possa ser alargado”, afirmou Erich Sturgis, professor de cirurgia de cabeça e pescoço no Centro Médico Anderson e o principal autor do artigo. “Sabemos que os homens estão a ficar expostos e que uma maior proporção de cancros orofaríngeos são causados pelo HPV”, acrescentou.

Marta Bilro

Fonte: Reuters, Bloomberg, Farmacia.com.pt.

“Banhóleum creme gordo” e produtos da “Karen 2” reintroduzidos no mercado

A Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed) autorizou a reintrodução no mercado de novos lotes com novas fórmulas do produto “Banhóleum creme gordo” e de vários produtos da marca “Karen 2”.

Numa nota de carácter urgente, emitida esta quarta-feira, o Infarmed justifica a recolocação no mercado do produto “Banhóleum creme gordo” com base num relatório da sociedade “Sofex Farmacêutica, Lda.”, empresa responsável pelo produto. De acordo com o Infarmed o documento assegura que as embalagens se encontram em conformidade com a legislação em vigor aplicável, designadamente, que os lotes a introduzir, não possuem na sua composição o conservante “Methyldibromo glutaronitrile”.

Por sua vez, a decisão que restitui ao mercado os produtos “Keren 2 Ampolas Antiqueda Bifásicas Mulher”, “Keren 2 Ampolas Antiqueda Bifásicas Homem”, “Keren 2 Ampolas Manutenção Mulher” e “Keren 2 Ampolas Manutenção Homem” da marca “Keren 2”, tem por base algumas garantias semelhantes dadas pela “Nicepharma – Especialidades Farmacêuticas, Lda.”. A empresa responsável pela colocação no mercado dos referidos produtos assegura que as embalagens a introduzir no mercado se encontram em conformidade com a legislação em vigor aplicável, ou seja, que os lotes não possuem na sua composição ou rotulagem o conservante “Methyldibromo glutaronitrile”.

Ambos os produtos foram recolhidos em Agosto depois de ter sido detectada uma inscrição do rótulo que indicava a presença de “Methyldibromo glutaronitrile” na sua composição, ingrediente cuja utilização em produtos cosméticos e de higiene corporal está restrita apenas àqueles que se destinam a ser enxaguados, o que não é o caso destes.

Marta Bilro

Fonte: Infarmed, Farmacia.com.pt.

Solução para a dor crónica pode estar na malagueta

Uma equipa de cientistas norte-americanos descobriu que a substância que faz com que as malaguetas sejam picantes consegue bloquear a dor quando combinada com um anestésico, sem prejudicar o movimento ou outras sensações como o toque.

O estudo foi esta semana divulgado pela revista Nature e contou com o financiamento dos National Institutes of Health (NIH - conjunto de institutos nacionais de saúde dos EUA).

Os investigadores acreditam que este tratamento pode ser usado em procedimentos cirúrgicos e até em crianças de berço, podendo ainda influenciar novos tratamentos para ajudar os milhões de pacientes que sofrem de dor crónica.

Os investigadores combinaram a 'capsaicin', a mesma substância que torna as malaguetas picantes, com uma droga chamada QX-314, derivada da lidocaína, um dos anestésicos locais mais utilizados.

Esta combinação explora uma característica única dos neurónios sensíveis à dor, de forma a bloquear a sua actividade sem danificar as funções das outras células, contrariamente ao que sucede com os analgésicos usados actualmente nas cirurgias, que obstruem a actividade de todos os tipos de neurónios causando torpor, paralisia e outras perturbações do sistema nervoso.

A lidocaína bloqueia os impulsos eléctricos em todas as células nervosas, aliviando assim a dor, sendo que, sozinho, o seu derivado QX-314 não consegue atravessar as membranas das células nervosas para bloquear a respectiva actividade eléctrica.

Contudo, ao combinar este anestésico com a 'capsaicin', os investigadores verificaram que droga abre poros na membrana das células nervosas, denominados canais TRPV1, que se encontram apenas nestas membranas, o que permite que o QX-314 passe, bloqueando assim selectivamente a actividade destas células.

A descoberta surge depois de diversos testes de laboratório, através dos quais os investigadores tinham já percebido que esta combinação aplicada em neurónios isolados de ratos levavam a que os animais conseguissem tolerar melhor o calor do que o habitual.

Posteriormente, procedeu-se à injecção da combinação junto ao nervo ciático dos animais e os ratos tratados não mostraram sinais de dor. Cinco de seis animais continuaram a movimentar-se e comportar-se normalmente, demonstrando assim que a droga pode parar a dor, sem bloquear os neurónios que controlam o movimento.

De acordo com os resultados dos testes, a droga demora cerca de meia hora para bloquear totalmente a dor em ratos e promove o alívio da dor durante várias horas.

Inês de Matos
Fonte: Sol

Unidade móvel inicia campanha de vacinação anti-gripe no concelho de Mértola

A Câmara Municipal de Mértola, no distrito de Beja, anunciou hoje que, já a partir da próxima segunda-feira, os idosos, doentes crónicos e diabéticos do concelho vão poder contar, pela sexta vez consecutiva, com a Unidade Móvel Médico-Social de Mértola, que regressa à estrada para mais uma campanha de vacinação anti-gripe.

Em funcionamento desde 2002, esta unidade móvel já atendeu mais de 5.400 pessoas e mais uma vez, deverá percorrer todas as freguesias do concelho, até dia 08 de Novembro.

De acordo com o município de Mértola, as inscrições podem ser efectuadas nas localidades de residência dos utentes no próprio dia da vacinação, junto da Unidade Móvel Médico-Social. Os diabéticos e doentes crónicos, além do cartão de utente, devem fazer-se acompanhar de um comprovativo da doença, emitido pelo centro de Saúde.

A vacina é gratuita, uma vez que é a autarquia que suporta a totalidade da despesa, mas os beneficiários da campanha têm que residir no município e estar inscritos no centro de Saúde local, que também colabora na iniciativa.

A Unidade Móvel Médico-Social de Mértola é uma carrinha com mobiliário e equipamento médico e conta com uma equipa constituída por um enfermeiro, um assistente social, um psicólogo e um animador social, que trabalham em articulação com técnicos da autarquia e do centro de Saúde.

O serviço destina-se principalmente à população mais idosa e às famílias mais desfavorecidas do concelho.

Para além das campanhas de vacinação contra o vírus da gripe, esta unidade móvel ofereceu já rastreios à diabetes e ao colesterol, bem como acções de sensibilização sobre higiene oral, cancros da pele e da mama, auto-medicação, acidentes domésticos e tabagismo.

O mais recente reconhecimento público que esta unidade móvel recebeu foi o Prémio Nacional de Boas Práticas na Administração Local, na categoria B (sustentabilidade local), atribuido pela Direcção-Geral das Autarquias Locais.

Inês de Matos

Fonte: Lusa
Uma das mais bem equipadas do Brasil
Libbs abre fábrica de medicamentos


A Libbs Farmacêutica inaugurou recentemente em Embu, no Estado de São Paulo, no Brasil, uma das mais modernas e bem equipadas plataformas de desenvolvimento de medicamentos do país. Trata-se do primeiro empreendimento aprovado pelo Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Cadeia Produtiva Farmacêutica (Profarma), que representa um investimento de 100 milhões de reais.

A abertura da nova unidade de produção de fármacos coincide com a inauguração do Centro de Desenvolvimento Integrado Libbs, que diz respeito a um consórcio de laboratórios que têm como objectivo desenvolver novas formulações de medicamentos. O projecto inclui ainda uma unidade de química fina vocacionada para a produção de hormonas que a companhia farmacêutica actualmente exporta para diversos países em todo o mundo. Criada em 1958, a Libbs compete num sector caracterizado por um enorme grau de exigência e inovação, com o objectivo de "oferecer medicamentos cada vez mais eficazes, seguros e acessíveis" às populações que deles necessitam. Tecnologia e investigação são as apostas mais vincadas da empresa, que encontrou na automação a resposta para a busca de maior qualidade no processo de produção, escrupulosamente controlada em todas as fases, desde as matérias-primas ao acondicionamento final dos fármacos, sempre de acordo com as normas internacionais. Actualmente a Libbs Farmacêutica é auto-suficiente e desenvolve nos seus laboratórios matérias-primas como amiodarona, tibolona, mazindol, bromoprida, gestodeno, paroxetina, cilostazol e desogestrel.

Carla Teixeira
Fonte: InvestNews, Libbs.com.br

Dívida dos hospitais público atinge pico na actual legislatura
Estado deve 768,3 milhões ao sector farmacêutico

Dois anos e meio depois de o actual governo ter tomado posse, a dívida dos hospitais públicos portugueses à indústria farmacêutica situa-se hoje no valor mais alto da actual legislatura. As entidades públicas empresariais demoram, em média, 379 dias a efectuar os pagamentos aos laboratórios fornecedores de medicamentos e meios de diagnóstico. O montante em dívida ascende já aos 768,3 milhões de euros...

As contas avançadas nesta quarta-feira pelo semanário «Expresso» são da Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (Apifarma) e concernem um universo de 50 companhias farmacêuticas a que o Serviço Nacional de Saúde adquiriu fármacos e equipamentos a cujo pagamento ainda não procedeu. A Apifarma atesta que transitou do ano passado para este uma dívida de 632,9 milhões de euros, após três meses de contracção, e garante que, desde o passado mês de Janeiro, aquele montante não pára de aumentar.
A variação homóloga do montante em dívida sofreu um aumento de 12,5 por cento, e parte considerável (515,7 dos 768,3 milhões) está a pagamento há mais de três meses, enquanto em Agosto de 2006 a dívida com mais de 90 dias era inferior em 26,4 pontos percentuais à actual. Segundo o «Expresso», também o prazo médio para saldar o pagamento tem vindo a alargar, cifrando-se nos 309 dias em Janeiro para actualmente chegar aos 379. Confrontado com estes números, o Ministério da Saúde adiantou que está a ser preparado "um plano de redução das dívidas do Estado aos fornecedores", que recorrerá ainda às verbas do Orçamento de Estado para este ano. A Apifarma equaciona levar o caso aos tribunais, se a tutela não regularizar a situação de modo pronto.

Carla Teixeira
Fonte: «Expresso»

Psiquiatra americana lança livro que relaciona doença bipolar com criação artística

Foi hoje apresentado em Portugal o primeiro livro que explora a relação entre a doença bipolar e a criação artística. “Tocados pelo Fogo”, da autoria da psiquiatra americana Kay Redfield Jamison, revisita autores como Edgar Allan Poe, Lord Byron, Van Gogh e Virgínia Wolf, artistas bipolares "marcados pela genialidade e pela loucura".

O prefácio da edição portuguesa do livro pertence a José Manuel Jara, psiquiatra do Hospital Júlio de Matos, em Lisboa, para quem "as pessoas com uma vida mais agitada e temperamental, com relações afectivas muito intensas, são mais predispostas para a arte".

"A arte pode funcionar como uma reparação do equilíbrio perdido em consequência da variação de humor", característica da doença bipolar. Para José Manuel Jara, também presidente da Associação de Educação e Apoio na Esquizofrenia, são os estados mais depressivos que levam os doentes bipolares a uma maior predisposição para a criação artística.

Tradicionalmente designada por maníaco-depressiva, a doença bipolar é uma patologia psiquiátrica caracterizada por variações acentuadas do humor na mesma pessoa, com crises repetidas de depressão e de euforia, com repercussão nas sensações, emoções, ideias e no comportamento.

Na opinião do psiquiatra esta é “uma doença misteriosa”, que contem "uma parte criativa muito importante, que representa uma coincidência entre a genialidade e a loucura". No entanto, a ideia de que a criatividade se esgota com o tratamento da doença é, segundo Jara, um mito que é preciso explicar, pois considera que "o tratamento dos doentes bipolares deve ser acompanhado de forma a não eliminar a sua criatividade".

Ao longo da história, diversos são os casos de artistas que eram "génios marcados pela loucura”, como Lord Byron, poeta britânico associado ao Romantismo, e Schumann, "um talento musical e também literário", aponta o psiquiatra. No panorama nacional os exemplos são também inúmeros, como Antero de Quental, Florbela Espanca ou Mário de Sá Carneiro, três escritores cuja obra reflecte uma brusca oscilação de humor, culminando com o suicídio.

José Manuel Jara considera a obra "útil, com muitos dados científicos e também de grande valor literário". "No fundo, é um livro que representa um interface entre a medicina e as ciências humanas e que consegue um bom equilíbrio entre o aspecto científico e artístico".

Kay Redfield Jameson é também autora do livro "Uma Mente Inquieta", no qual aborda a sua própria experiência enquanto doente bipolar. Autora de vários livros, é professora de psiquiatria na Escola de Medicina da Universidade John Hopkins, Estados Unidos, sendo considerada uma das maiores especialistas norte-americanas em desordem bipolar.

Inês de Matos

Fonte: Lusa

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Cientistas britânicos desenvolvem vacina contra o cancro

Cientistas britânicos estão mais perto de desenvolver uma vacina para tratar cancros causados pelo vírus de Epstein Barr (VEB). Os investigadores revelaram que os testes iniciais de uma nova vacina direccionada para o vírus, associado a um variado número de cancros, está a demonstrar-se efectiva. Os cientistas afirmaram que registaram um aumento da resposta imune contra células cancerígenas infectadas com o vírus de Epstein Barr.

O vírus de Epstein Barr normalmente não causa problemas de saúde, mas este tipo comum de vírus do herpes está associado a variados tipos de cancro, incluindo linfomas e carcinoma da nasofaringe. Agora, os investigadores da Universidade de Birmingham e do Hospital Royal Marsden, em Londres, esperam que a vacina que estão a desenvolver, que estimula o sistema imunitário a atacar as células cancerígenas infectadas com o VEB, leve a um avanço na luta contra estas doenças.

Os testes iniciais, realizados em pacientes com tumores VEB positivos, são promissores e sugerem que a vacina produz realmente a resposta imune necessária. A nova vacina ataca duas proteínas (EBNA1 e LMP2) que estão expressas nas células cancerígenas infectadas com o vírus. Se o organismo for capaz de produzir uma resposta imune às proteínas existentes nas células cancerígenas, isto proporciona um mecanismo natural para atacar a doença. O próximo passo é avaliar quão efectivo este processo pode ser no ataque aos tumores.

Um dos investigadores do Institute for Cancer Studies da Universidade de Birmingham, Neil Steven, afirmou que os cientistas estão cada vez mais a procurar formas de utilizar as vacinas do cancro para estimular o sistema imunitário do organismo contra tumores. O Dr. Steven acrescentou que o VEB é um alvo óbvio, porque está presente em vários tumores.

Os pacientes receberam a vacina, em injecções na pele, três vezes em intervalos de três semanas. Os resultados iniciais, apresentados na conferência do “National Cancer Research Institute”, em Birmingham, numa amostra de três pacientes, demonstraram que a injecção da vacina estimulou uma resposta imune limitada.

Os investigadores estão actualmente a recrutar pacientes com tumores VEB positivos que já receberam quimioterapia, e não têm qualquer outra opção de tratamento.

O Dr. Steven afirmou ainda que é provável que a vacina seja utilizada conjuntamente com quimioterapia, possivelmente para prever o reaparecimento ou a disseminação da doença ligada ao vírus. Uma vacina com sucesso poderá ter uma aplicação a nível mundial, aumentando os benefícios da quimioterapia e da radioterapia.

O investigador sublinhou que as vacinas para o cancro têm um enorme potencial para futuro uso clínico. Um estudo semelhante com a mesma vacina está a ser conduzido em Hong Kong.

Isabel Marques

Fontes:
www.pharmatimes.com, www.medindia.net

Estado do Kentucky processa Purdue Pharma

Publicidade ao OxyContin volta a gerar contestação

Os 120 condados do Kentucky, em conjunto com várias cidades e o próprio estado, vão processar a Purdue Pharma por publicidade enganosa ao OxyContin (Oxicodona), um analgésico que pertence ao grupo dos alcalóides opiáceos naturais e que tem sido protagonista de vários episódios controversos.

“Este é um acontecimento importante não só para os residentes do Condado de Pike, mas para todos os habitantes do Kentucky cujas vidas foram devastadas devido aos efeitos deste narcótico poderoso e altamente aditivo”, refere uma declaração proferida por Wayne Rutherford, director do Condado de Pike e juiz. “Esta empresa tem que ser responsabilizada pelos seus erros. Este processo não tem que ver com dinheiro, mas sim com as pessoas que foram afectadas e contactaram com a devastação que este medicamento provocou no Kentucky”, acrescenta o mesmo documento.

Um porta-voz do condado avançou que os queixosos exigem uma indemnização de valor não especificado referente aos custos de prescrição gastos pelos consumidores e pelo estado do Kentucky e governos locais, bem como pelos danos causados.

Recorde-se que, em Maio de 2007, a Purdue foi considerada culpada pela FDA pelo crime de publicitação de falsas propriedades do OxyContin com a intenção de defraudar e enganar. A empresa terá ministrado formação errada aos seus vendedores para que estes promovessem o analgésico opióide como menos propenso a abuso, vício, tolerância e dependência física que os outros analgésicos opióides. Na sequência desse processo, em Julho do ano corrente o ex-presidente da empresa, o advogado principal e outro antigo quadro executivo da empresa foram condenados ao pagamento de 448,5 milhões de euros.

Marta Bilro

Fonte: Pharmalot.com, Farmacia.com.pt, Infarmed.