quinta-feira, 11 de outubro de 2007

25 por cento dos portugueses sofrem de depressão

A depressão afecta já cerca de 25 por cento dos portugueses, uma doença com tendência a aumentar, embora passe muitas vezes desapercebida. O alerta é do presidente da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental (SPPSM), Adriano Vaz Serra, que falou esta quarta-feira aos jornalistas, durante as comemorações do Dia Mundial da Saúde Mental.

A depressão uma doença mental "recorrente e incapacitante", afectando desta forma a vida pessoal, familiar e profissional dos doentes. Vaz Serra advertiu ainda que "é provável que a depressão venha a ultrapassar a gripe no século XXI", pois apesar de ser actualmente melhor reconhecida, esta doença mental é recorrente e, como a longevidade é cada vez é maior, tem tendência a aumentar.

Na opinião do presidente da SPPSM, uma doença psíquica não é localizada, pois é um transtorno do próprio cérebro que impede o funcionamento normal das pessoas, devendo caber aos responsáveis pelos cuidados primários de saúde detectá-las. Deste modo, "os clínicos gerais são os psiquiatras de vanguarda", pois "um doente [mental] não se queixa do que tem mas do que pensa ter".

"A identificação de uma doença mental, em especial da depressão, deve ser feita por um clínico, embora haja muitas depressões que passam desapercebidas, acabando a pessoa por não receber qualquer tipo de tratamento", salientou Vaz Serra.

Deste modo, o presidente da SPPSM defende que é "essencial manter um Serviço Nacional de Saúde adequado" que permita o tratamento a todas as pessoas que sofrem de uma doença mental. Contudo, em sua opinião, o SNS "falha muito" porque a identificação das situações é, muitas vezes, tardia e os tratamentos são "feitos de forma muito lenta".

“Os transtornos mentais são uma das causas mais proeminentes no suicídio”, lembra Vaz Serra, adiantando ainda que "cerca de 800 mil pessoas por ano, no Mundo, suicidam-se”.

Inês de Matos

Fonte: Lusa

GlaxoSmithKline adquire fármaco experimental para o melanoma avançado

A britânica GlaxoSmithKline Plc (GSK) adquiriu os direitos de licenciamento do fármaco experimental, na Fase III do estudo, para o tratamento do melanoma avançado, o STA-4783, da Synta Pharmaceuticals Corp, num acordo que pode render à companhia biotecnológica norte-americana mais de mil milhões de dólares (712 milhões de euros).

A Synta irá receber um pagamento inicial de 80 milhões de dólares, e pode receber, posteriormente, mais 885 milhões de dólares, se o fármaco atingir os objectivos relativos ao desenvolvimento, regulamentação e vendas. A GSK pode ainda adquirir até 45 milhões do stock da Synta.

Este acordo pelo fármaco, que está agora a iniciar a Fase III de um ensaio global com 600 pacientes, marca um passo em frente da GSK para impulsionar a sua pipeline através de alianças externas. A GSK, a maior farmacêutica da Europa, colocou os fármacos oncológicos numa área prioritária de desenvolvimento. Este acordo fortalece a pipeline de fármacos para o cancro em estádios avançados de testes, em que actualmente se incluem 10 programas de Fase III, segundo revelou o responsável pela investigação e desenvolvimento da GSK, Moncef Slaoui.

O fármaco injectável, o STA-4783, tem um novo mecanismo de acção que produz substâncias que matam as células cancerígenas, através do aumento dos níveis de oxigénio até ao ponto de ruptura, activando a morte programada destas células, sem danificar as células normais, pois estas têm uma tolerância mais elevada ao oxigénio.

Na Fase II do estudo, os pacientes com melanoma em estado avançado que tomaram o fármaco da Synta mais um agente comum de quimioterapia apresentaram uma sobrevivência média de 12 meses, em comparação com os 5,6 meses da quimioterapia sozinha. A sobrevivência livre de progressão mais que duplicou, 35 por cento contra 15 por cento, em seis meses. A Synta antecipa que também possa funcionar numa variedade de outros tipos de tumores, podendo também ser testado para a leucemia, cancro dos ovários e cancro pancreático.

Segundo o acordo, a Synta irá financiar todo o desenvolvimento do STA-4783 para o melanoma metastizado, a forma mais mortal de cancro da pele. As companhias irão partilhar os custos relacionados com desenvolvimento e comercialização do STA-4783 nos Estados Unidos, e a GSK irá ter direitos exclusivos em todos os outros sítios. Actualmente, existem poucos fármacos disponíveis para pessoas com cancro da pele avançado, que mata cerca de 70 por cento dos pacientes num ano.

Isabel Marques

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

MNSRM: 90% elege farmácia como local de compra

Portugueses apontam tradição e confiança no atendimento do profissional farmacêutico

Tradição e confiança são os motivos que movem 90% dos portugueses a comprar Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM) numa farmácia. Notoriamente à margem, fica a aquisição em supermercados e noutras lojas, com 7% e 3%, respectivamente. A conclusão saiu de um inquérito online feito pela DecoProteste.

Quais os locais onde costumavam comprar os seus medicamentos, foi a pergunta lançada aos consumidores cibernautas - entre os dias 30 de Julho e 10 de Agosto - através do canal «Prioridade à Saúde», no site da Proteste.

Segundo a edição deste mês da revista «Teste Saúde», “a tradição e a confiança no atendimento profissional farmacêutico são os principais responsáveis por esta realidade”, divulgando que “num total de 1.046 respostas, a maioria, 90%, elege a farmácia.”

A revista revela ainda que a “comodidade” e, também, a “impossibilidade” de adquirir MNSRM em certas regiões do país (noutros locais que não a farmácia) foram outros dos factores apontados no inquérito.

Raquel Pacheco
Fontes: «Teste Saúde»/FarmaNews

Exame colo-rectal: HUC utilizam pela primeira vez cápsula com câmaras integradas

Uma cápsula para examinar o cólon, de dimensões idênticas à de uma cápsula de vitaminas, munida com duas câmaras que filmam o interior do intestino, captando ao longo do percurso cerca de 150 mil imagens, vai ser pela primeira vez usada em Portugal, na próxima sexta-feira, pelos Hospitais da Universidade de Coimbra.

De acordo com o médico Hermano Gouveia, do Serviço de Gastrenterologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC), que vai aplicar a técnica pioneira, a cápsula endoscópica é ingerida de manhã pelo doente e a partir daí, pode fazer a sua vida normal, pois o filme é registado, ao longo das oito ou nove horas seguintes, num aparelho do tamanho de um telemóvel, que o doente transporta e depois deixa no hospital para os resultados serem analisados pelos especialistas.

Esta técnica tem-se revelado uma mais valia face às restantes técnicas de análise dos intestinos e do cólon, pois evita o desconforto que a colonoscopia tradicional provoca e que muitas vezes afasta os pacientes da realização do exame.

"É uma arma importante no rastreio do cancro colo-rectal. A colonoscopia tradicional tem vantagens e continua a ser a pedra de toque na terapêutica, na biopsia e na ressecção de póliplos, mas a cápsula endoscópica, por não causar desconforto, tem a vantagem de trazer pessoas para o rastreio", sublinhou o médico.

"Até aqui, para vermos o cólon tínhamos de introduzir o colonoscópio [um tubo flexível com cerca de 1,30 metros], sendo por vezes necessária anestesia. Agora, sem nenhum desconforto, obtemos a visão do cólon através de uma técnica fiável e confortável", disse o também vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia.

Este novo método representa "uma mudança completa" no diagnóstico das patologias do cólon e encontra-se já a ser utilizado neste serviço dos Hospitais da Universidade de Coimbra para examinar o intestino delgado.

A cápsula é fabricada em Israel, com custos que rondam os 1.500 euros e deverá começar a ser comercializada até ao final do ano.

O cancro do cólon e do recto é já o tipo de cancro mais frequente nos homens, embora, neste mesmo grupo, seja a quarta causa de morte oncológica. Já nas mulheres é o segundo tipo de cancro bem como a segunda causa de morte oncológica. Todos os anos surgem em Portugal cerca de cinco mil novos casos de cancro colo-rectal.

Uma alimentação equilibrada, peso controlado e a prática regular de exercício físico são alguns dos cuidados que podem evitar o aparecimento da doença.

Inês de Matos

Fontes: Lusa, Portal da Saúde

DecoProteste estuda «Farmácia Caseira»

A DecoProteste está a deslocar-se, durante este mês, a casa das famílias portuguesas para apurar que fármacos têm em casa, onde e como os guardam. Obter um retrato mais fiel possível dos hábitos dos consumidores é o objectivo do estudo intitulado «Farmácia Caseira».

A visita – que pode ser marcada em http://www.deco.proteste.pt/ – servirá “para ver que cuidados têm com os medicamentos, como prazos de validade, exposição à humidade ou ao sol, se estão alcance das crianças ou se guardam o folheto”, informa a associação de defesa do consumidor, ressalvando que os testemunhos são anónimos.

Raquel Pacheco
Fonte: DecoProteste

Fundação Portuguesa de Cardiologia organiza pequeno-almoço saudável

Preocupada com a qualidade do pequeno-almoço dos portugueses, a Fundação Portuguesa de Cardiologia vai promover, no próximo dia 16, data em que se comemora o Dia Mundial da Alimentação, a realização de um pequeno-almoço saudável. A refeição será preparada pelos chefes de cozinha Hernâni Ermida e Carlos Madeira, e ainda pelo cozinheiro João Simões e será servida a diversas personalidades de relevo.

O evento, que decorrerá na Sala Marquês de Pombal, do Hotel Ritz Four Seasons, em Lisboa, está marcado para as 9h30m, “com o objectivo de analisar as mudanças registadas na alimentação dos portugueses e respectivas consequências”, informa a Fundação Portuguesa de Cardiologia em comunicado.

Presentes estarão figuras ilustres da vida pública portuguesa, como as ex- primeiras damas Maria Barroso, Maria José Ritta e Maria Cavaco Silva, actual primeira-dama nacional. Para além destas, estarão também presentes as apresentadoras Serenella Andrade e Teresa Guilherme, as jornalistas Felícia Cabrita e Fátima Campos Ferreira, entre várias outras mulheres de relevo.

“Começar o dia sem pequeno-almoço ou com um pequeno-almoço deficiente, pode ter consequências graves nas crianças e nos adultos já que o organismo recorre a reservas, o que leva rapidamente a um estado de fraqueza que interfere na concentração, na qualidade do trabalho e da escola e na falta de reflexos”, adverte a fundação.

A realização deste pequeno-almoço, que a fundação diz estar “fora da ementa dos portugueses”, pretende assinalar o Dia Mundial da Alimentação, comemorado desde 1981, sempre no dia 16 de Outubro, data da criação da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO).

A comemoração deste dia é assinalada em mais de 150 países e pretende alertar e consciencializar a opinião pública quanto a questões globais relacionadas com a nutrição e alimentação, sendo todos os anos eleito um tema em particular sobre o qual incidem as actividades comemorativas. Este ano, o tema escolhido pela FAO foi “O Direito à Alimentação”.

A Fundação Portuguesa de Cardiologia pretende ainda alertar para o problema da Obesidade, que cada vez mais se assume como a epidemia do século XXI, ensinando os portugueses a preparar refeições saudáveis, a começar pelo pequeno-almoço.

“De acordo com o Plano Nacional de Saúde, a obesidade é considerada a segunda causa de morte passível de prevenção. Na maioria dos países da Europa a obesidade é a epidemia em maior crescimento, afectando, anualmente, 10 a 40 por cento da população adulta”, informa o comunicado da federação.

“Nas crianças dos 7 aos 9 anos de idade a prevalência da pré-obesidade e da obesidade, em Portugal, é de cerca de 31,56%, sendo que as crianças do sexo feminino apresentam valores superiores às do sexo masculino. De salientar ainda que em Portugal, 50% dos adultos têm excesso de peso, dos quais 14% sofrem de obesidade”, segundo um estudo recente, citado pelo comunicado da Fundação Portuguesa de Cardiologia.

Inês de Matos

Fontes: Fundação Portuguesa de Cardiologia, Associação Portuguesa de Dietist

Tuberculose: OMS distribui medicamentos

19 países com maior índice da doença são os beneficiados

Fármacos contra a tuberculose vão ser distribuídos nos 19 países com maior índice de doentes. A beneficiação surge de um acordo de colaboração feito entre a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Unitaid, fundo internacional para a compra de medicamentos, noticiou a Agência EFE.

"Com esta colaboração, serão fornecidos medicamentos a mais de 750 mil pessoas que, de outra forma, talvez não receberiam tratamento ou o suspenderiam por falta de fármacos", afirmou um representante do Stop TB Partnership, departamento da OMS.

Segundo revelou Marcos Espinal, a iniciativa irá focalizar-se nos doentes que não respondem aos tratamentos comuns, reforçando que “fornecer fármacos contra a tuberculose às pessoas que precisam para que possam concluir o tratamento é a melhor forma de impedir que o vírus se torne resistente aos medicamentos."

Neste sentido, a Unitaid vai comprar os medicamentos no valor de 26,8 milhões de dólares e competirá à Stop TB Partnership a distribuição dos mesmos, até ao final de 2008. Entre outras, constam da lista das 19 nações eleitas o Bangladesh, Bósnia-Herzegovina, Mianmar, Iraque, Tadjiquistão, Burkina Fasso, Camarões, Costa do Marfim, Guiné, Mali, Moçambique, Ruanda.

De acordo com um responsável do Unitaid, Jorge Bermudez, a iniciativa das duas entidades passa, ainda, por escoar os fármacos contra a tuberculose com o intuito de, durante crises humanitárias, dar resposta durante a eventuais situações de escassez ou falta de previsão. “O projecto não só salvará vidas, como também, estabilizará o mercado, o que permitirá reduzir o preço dos medicamentos" sublinhou Bermudez.

Emergência mundial

Segundo a OMS, morrem mais pessoas de tuberculose, em todo o mundo, do que de qualquer outra doença infecciosa durável. Por ano, a doença mata, aproximadamente, dois milhões de pessoas. Um terço da população mundial encontra-se infectado pelo bacilo da tuberculose (bacilo de Koch) e estima-se o aparecimento de 8,8 milhões de novas notificações. Em 2005, nas 19 nações que serão beneficiadas foram detectados 75% dos casos.

Na opinião do pneumologista José Miguel Carvalho, a tuberculose "é uma doença que continua, em 2007 – 125 anos depois da descoberta do bacilo por Robert Koch e mais de 50 anos depois de se começar a dispor de medicamentos eficazes – a suscitar reacções de medo, de pânico, semelhantes às que antigamente se observavam."

A transmissão do micróbio da tuberculose processa-se pelo ar, através da respiração, que o faz penetrar no nosso organismo. Quando um doente com tuberculose tosse, fala ou espirra, espalha no ar pequenas gotas que contêm o bacilo de Koch. Uma pessoa saudável que respire o ar de determinado ambiente onde permaneceu um tuberculoso pode infectar-se. Note-se que um espirro de um doente com tuberculose projecta no ar cerca de dois milhões de bacilos. Através da tosse, cerca de 3,5 mil partículas são igualmente projectadas para a atmosfera.

Raquel Pacheco
Fonte: Agência EFE/Portal da Saúde

Dioxinas podem matar as células

Estudo português relaciona exposição com nocividade e alerta para grave problema da Saúde Pública

"A exposição prolongada do pulmão a pequenas concentrações de dioxinas tem efeitos altamente tóxicos, levando mesmo à morte de células." A conclusão saiu de uma investigação pioneira feita na Universidade de Coimbra.

Perceber os mecanismos envolvidos na disfunção pulmonar resultante da exposição a poluentes ambientais (dioxinas) foi o objectivo do estudo português que, em 2006, nasceu no Departamento de Zoologia da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC).

Hoje, com os resultados na mão, Carlos Palmeira (coordenador da investigação) está convicto de que “em qualquer ambiente onde houver uma elevada concentração de dioxinas, estamos perante um grave problema de Saúde Pública."

No comunicado da FCTUC a que o farmacia.com.pt teve acesso, o professor esclarece que, “numa primeira fase (in vitro) foram estudados os efeitos da Tetraclorodibenzo-p-dioxina (TCDD), umas das dioxinas presentes em maior quantidade na atmosfera, e dos Dibenzofuranos (DBZ).”

Os primeiros resultados divulgados pela equipa de investigadores de Coimbra assumem-se, assim, como um alerta particularmente relevante para a Saúde Pública, "na sequência de falta de informação relativa ao processo de co-incineração de resíduos tóxicos", concretizou Carlos Palmeira.

Raquel Pacheco
Fonte: Comunicado FCTUC

Associação quer combater estigmatização de doentes mentais

“ENCONTRAR+SE” lança campanha em Janeiro

A ENCONTRAR+SE - Associação de Apoio às Pessoas com Perturbação Mental Grave está a preparar uma campanha anti-estigma para ser lançada em Janeiro de 2008. O objectivo é promover a reabilitação psicossocial dos doentes mentais. A colocação de outdoors em todo o país e a passagem de spots televisivos são alguns dos passos desta iniciativa, revelou Maria Luísa Vieira de Campos, vice-presidente da instituição.

De acordo com a mesma responsável, está também previsto o lançamento de uma “música para a saúde mental”, que conta com a colaboração de cerca de 20 músicos e artistas nacionais, entre eles Zé Pedro (Xutos & Pontapés) e Rui Veloso.

“Está mais do que provado que as pessoas que sofrem de uma doença mental grave, como bipolar, esquizofrenia e depressão, têm dificuldades em se inserir na comunidade”, afirmou a psicóloga em declarações à agência Lusa, à margem do debate “A Saúde Mental Um Mundo em Mudança: O Impacto da Cultura e da Diversidade”, que decorreu esta quarta-feira no Porto.

A campanha surge para esclarecer a população e explicar que estas pessoas são doentes e não podem ser excluídas devido à sua doença, referiu Maria Luísa Vieira de Campos. “Só os poderemos ajudar se não os excluirmos”, sustentou, acrescentando que a ausência de respostas integradas de reabilitação tem condicionado a possibilidade de recuperação de muitas pessoas com doença mental grave. É preciso incutir mudanças na forma como a sociedade encara estes casos, até porque, segundo afirmou, esta realidade está presente numa em cada quatro famílias.

A importância de combater o estigma que rodeia estes pacientes foi também sublinhada pelo presidente da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental, Adriano Vaz Serra, uma vez que estes “são lesados nos seus direitos humanos, na maioria dos países”, tanto a nível profissional, social ou económico, vendo, por exemplo, ser-lhes recusado crédito à habitação.

A ENCONTRAR+SE que, esta quarta-feira, a par do Dia Mundial de Saúde Mental, comemora o seu primeiro ano de existência luta agora por encontrar um espaço próprio, onde possa apoiar doentes e familiares.

Marta Bilro

Fonte: Diário Digital, Lusa.

Doenças neuromusculares afectam cinco mil portugueses

Dados recentes de um inquérito realizado em 11 das 13 Consultas de Neuropediatria existentes no país revelaram a existência, nos últimos 10 anos, de 659 doentes com doenças neuromusculares em idade pediátrica. Estima-se que, no total, cinco mil portugueses sofram desta patologia. Os números foram revelados esta quarta-feira, na abertura do 2º Simposium sobre Avanços em Doenças Neuromusculares e vertebro-medulares, organizado pela Faculdade de Medicina do Porto e pelo Serviço de Pneumologia do Hospital de S. João

De origem genética e hereditária as doenças neuromusculares são progressivas e englobam um conjunto de mais de 40 patologias diferentes já identificadas, abrangendo as doenças dos músculos (Miopatias), doenças dos nervos (Neuropatias) doenças dos cornos anteriores da medula (Atrofias Espinhais) e as perturbações da junção neuromuscular (Miastenias). Apesar das diferentes designações, todas têm em comum a falta de força muscular.

A doença afecta frequentemente os músculos respiratórios e o músculo cardíaco, dando origem a dificuldades respiratórias e cardíacas. O doente neuromuscular está, por isso, dependente de apoios e ajudas técnicas (cadeiras de rodas eléctricas ou andarilhos para a locomoção, computadores para a escrita, apoios de cabeça e/ou outras ajudas para a manipulação) para realizar as tarefas mais simples.

Apesar de serem fisicamente incapacitantes, na grande maioria dos casos, estas doenças não afectam as aptidões intelectuais nem cognitivas. Estes doentes são diariamente confrontados com diversas dificuldades que, com o apoio de equipas multidisciplinares, englobando neurologistas, pneumologistas, fisiatras, ortopedistas e psicólogos poderiam ser minoradas.

“Um diagnóstico correcto e atempado permitirá uma intervenção terapêutica precoce e útil e uma reabilitação adequada”, defendeu João Carlos Winck, do Serviço de Pneumologia do S. João e responsável pela organização do encontro.

A insuficiência respiratória e a pneumonia são as principais causas de morbilidade e de mortalidade nestas doenças, referiu o especialista, consequências que poderiam ser minoradas através de uma intervenção atempada. “Se a abordagem for feita de uma forma pró-activa, ou seja, antes que o pulmão atrofie, perca elasticidade e volume, então será possível, com ajudas mecânicas, manter estes doentes em casa e livres de complicações”, salientou, lamentando a falta de informação com que muitos destes doentes se deparam e que muitas vezes é fatal.

“Num futuro próximo será possível desenvolver neuropróteses, algo que permitirá, através de ligação a neurónios cerebrais, fazer com que um doente tetraplégico consiga mexer um dedo ou dois e, assim, por exemplo, manipular uma cadeira de rodas eléctrica”, adiantou João Carlos Wink. A perda de autonomia total é uma das complicações mais graves nestes doentes e se for possível que “mexam um dedo ou dois poderão adquirir maior autonomia, recuperando funções motoras”.

A tecnologia já existe, estando apenas a ser sujeita a afinações técnicas, explicou o responsável acrescentando que se ela puder ser “aliada à reabilitação física tradicional, permitirá certamente recuperar funções perdidas, proporcionando a reintegração de alguns destes doentes na vida activa”.

Marta Bilro

Fonte: Diário Digital, Lusa, Associação Portuguesa de Doentes Neuromusculares, Apifarma.

ISLA promove pós-graduação em Marketing e Consumo de Produtos Naturais

O Instituto Superior de Línguas e Administração de Lisboa (ISLA) vai realizar a quarta edição da pós-graduação em Marketing e Consumo de Produtos Naturais. Destinado aos licenciados em Farmácia, interessados em aprofundar os seus conhecimentos de plantas medicinais, fitoterapia e suplementos alimentares, o curso tem início marcado para o mês de Novembro e é creditado pela Ordem dos Farmacêuticos.

Ministrada em dois semestres, num total de 210 horas em horário pós-laboral, esta pós-graduação conta com um corpo de docentes credenciados nos sectores da Farmácia, Nutrição, Gestão e Marketing.

Para Dário Félix Rodrigues, coordenador do curso, esta é uma oportunidade para “aprofundar o conhecimento de uma área complementar da Saúde que está em franco crescimento na Europa e nos EUA, mediante a informação científica dos benefícios dos produtos naturais e das técnicas de gestão e de marketing determinantes para o êxito da respectiva comercialização, contando-se para tal com um corpo docente de excelência”.

História dos Produtos Naturais, Farmacologia dos Produtos Naturais, Comportamento do Consumidor na Era da Informação, Marketing de Produtos Naturais e Técnicas de Venda e Informação Científica são algumas das disciplinas que fazem parte do plano de estudos. O período de inscrições termina a 31 de Outubro.

Marta Bilro

Fonte: E-mail do Farmacia-press, Isla.pt.

Especulação sobre interesse da Pfizer faz subir acções da Sanofi-Aventis

Os rumores sobre o possível interesse da Pfizer em adquirir uma parte da Sanofi-Aventis estão a causar alvoroço junto dos accionistas. As acções da farmacêutica francesa subiram 3 por cento após a divulgação da notícia, para depois estabilizarem nos 30,93 euros, registando um aumento de 1,6 por cento.

Cerca de 23 por cento da Sanofi-Aventis são detidos pela Total e pela L'Oreal, e não é segredo que a Total pretende livrar-se das suas acções. Declarações proferidas em Agosto pelo director financeiro da Total, Robert Castaigne, deixaram claro que a empresa iria vender os seus títulos “progressivamente”. Para além disso, no mês de Maio, o director executivo da empresa, Christophe de Margerie, afirmou que a venda deveria realizar-se “provavelmente dentro de pouco tempo”.

Uma porta-voz da Total disse ao portal DrugResearcher.com que a empresa tem uma participação de 13,13 por cento na Sanofi-Aventis, porém recusou-se a comentar a especulação acerca do interesse da Pfizer, dizendo apenas que no final de 2012 a empresa já terá vendido todas as acções do laboratório que ainda possui.

Por sua vez, a L’Oreal, que detém perto de 10 por cento da Sanofi-Aventis, disse em Junho que a venda dos seus títulos não estava iminente, algo que foi confirmado por um porta-voz da empresa que garantiu também que esta posição não se alterou.

Há rumores indicam que a norte-americana Pfizer terá abordado a Total, há cerca de quatro anos, com a intenção de comprar a sua parte das acções, o que aconteceu antes da fusão entre a Sanofi e a Aventis, que deu origem a uma empresa com uma capitalização de mercado na ordem dos 86,4 mil milhões de euros, um montante elevado mesmo para as finanças da maior farmacêutica mundial.

As duas empresas apresentam, porém, determinadas linhas de investigação que se assemelham e ambas tiveram recentemente que enfrentar algumas contrariedades. A Sanofi viu o Acomplia (Rimonabant) ser rejeitado por um painel de conselheiros da Administração Norte-Americana dos Alimentos e Fármacos e consequentemente ser retirada a sua candidatura a novo fármaco. A Prizer sofreu uma quebra no preço das suas acções devido ao fracasso dos ensaios clínicos de fase III que envolviam o torcetrapib, sendo que, este ano, já eliminou postos de trabalho e encerrou unidades de produção.

À parte da especulação e dos rumores que correm na imprensa não houve ainda qualquer manifestação ou comentário ao assunto por parte de nenhuma das empresas envolvidas.

Marta Bilro

Fonte: BioPharma-Reporter.com, Farmacia.com.pt.

Cervarix à venda segunda-feira por 433 euros

O Cervarix, vacina contra cancro do colo do útero produzida pela GlaxoSmithKline, vai estar disponível em Portugal a partir de segunda-feira e vai custar 433,23 euros no total das três doses, avança a agência Lusa, citando uma fonte ligada ao processo.

A vacina, que protege contra as estirpes 16 e 18 do vírus do Papiloma Humano (HPV), foi aprovada pela Comissão Europeia no final do mês de Setembro e vai competir com o Gardasil, da Merck, que se encontra à venda no mercado português desde o início do ano por 481,35 euros, no total das três doses necessárias.

Cada dose da nova vacina custará 144,41 euros, o que no total das três doses representa uma poupança de 48 euros face à vacina da Merck comercializada em parceria com a Sanofi Pasteur. Para além do preço, há ainda outra dissemelhança entre os dois fármacos, isto porque o Cervarix protege apenas contra as estirpes 16 e 18 do vírus, responsáveis pela maioria dos casos de cancro do colo do útero, enquanto que o Gardasil oferece protecção contra os tipos 6, 11, 16 e 18 do HPV.

A vacina contra o cancro do colo do útero não é comparticipada pelo estado português o que significa que os custos têm que ser totalmente suportados pelas utentes que resolvam optar pela sua toma.

No entanto, o executivo está já a estudar uma possível inclusão da vacina no Plano Nacional de Vacinação. Para que tal seja possível, a Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed) está a analisar estudos de custo-efectividade, mas a decisão final sobre a comparticipação cabe ao ministro da Saúde.

No sentido de avaliar as estratégias de vacinação mais adequadas, a Direcção-Geral da Saúde e a comissão técnica de vacinação têm também analisado a doença e o contexto epidemiológico português.

Marta Bilro

Fonte: Diário Gigital, Lusa, Portugal Diário, Farmácia.com.pt.

FDA autoriza produção de genérico para tratar epilepsia

Roxane, Glenmark e Sun vão comercializar Oxcarbazepina

A Administração Norte-Americana dos Alimentos e Fármacos (FDA) concedeu autorização para a produção das primeiras versões genéricas do Trileptal (Oxcarbazepina), um fármaco indicado no tratamento de crises epilépticas.

A Roxane Laboratories Inc, a Glenmark Pharmaceuticals Ltd e a Sun Pharmaceutical Industries vão agora poder comercializar Oxcarbazepina genérica a preços mais reduzidos do que o equivalente de marca produzido pela Novartis.

“A FDA exige que os medicamentos genéricos tenham a mesma qualidade, resistência, pureza e estabilidade do que os fármacos de marca”, afirmou Gary J. Buehler, director do departamento de medicamentos genéricos da FDA. Numa nota enviada ao Farmácia.com.pt, a entidade reguladora do sector farmacêutico nos Estados Unidos da América (EUA) “garante que os medicamentos genéricos são seguros e eficazes, oferecendo uma alternativa aos americanos para escolherem os seus medicamentos prescritos”.

De acordo com a FDA foram aprovadas três dosagens do fármaco – 150 miligramas, 300 miligramas e 600 miligramas. As vendas do Trileptal nos EUA, em 2006, renderam mais de 388 milhões de euros.

Marta Bilro

Fonte: FDA, Reuters.

Fim-de-Semana Solidário junta mulheres mastectomizadas no Parque das Nações

Com o objectivo de sensibilizar a população e os profissionais de saúde para os problemas das mulheres mastectomizadas, a Associação “Ame e Viva a Vida” vai realizar pelo segundo ano consecutivo, no Parque das Nações, o Fim-de-Semana Solidário. O evento realiza-se nos próximos dias 13 e 14 e que com várias iniciativas culturais e com a presença de diversas figuras públicas que abraçam esta causa.

Durante estes dois dias, será prestado mais um contributo para a causa das mulheres mastectomizadas, através de um evento que conta com iniciativas a vários níveis: cultural, social, musical, teatral e moda. Concretizado com apoios externos, o único retorno resultará da venda dos seus materiais durante o fim-de-semana.

As iniciativas contarão com a presença de diversas figuras públicas, como as actuações musicais, onde estarão presentes Paco Bandeira, Rouxinol Faduncho, Paula Teixeira, Maria João Quadros e Toy. Nos desfiles de moda vão desfilar colecções dos estilistas Nuno Baltazar e Augustus, vestidas por mulheres mastectomizadas.

Fazem ainda parte do programa momentos culturais como “A Mulher e a Pintura” com Emília Nadal e “A mulher e o Teatro” com Maria do Céu Guerra, assim como a visualização de alguns vídeos de divulgação do cancro da Mama e testemunhos de doentes para a divulgação desta causa.

Ao longo deste fim-de-semana, a Associação “Ame e Viva a Vida” vai fazer uma demonstração das suas actividades, que passam por proporcionar momentos de lazer e cultura a todas as mulheres mastectomizadas, enquadradas sempre na luta contra o Cancro da Mama.

Esta associação, criada a 23 de Maio de 2006, é composta por um grupo de mulheres mastectomizadas, sobreviventes de Cancro da Mama e que, voluntariamente, se disponibilizam para apoiar todas as mulheres com esta doença e as suas famílias.

Baseada no lema “Ame e Viva a Vida”, a associação pretende ser um porto de abrigo para todas as mulheres que sofram de cancro da mama, encontrando-se a funcionar nas antigas instalações do Núcleo de Senologia, do Hospital do Desterro.

O cancro da mama é ainda a primeira causa de morte entre as mulheres portuguesas com idades compreendidas entre os 35 e os 55 anos. Contudo, os últimos avanços terapêuticos ao nível da prevenção e do diagnóstico precoce, assim como a evolução dos tratamentos, têm vindo a diminuir a taxa de mortalidade desta doença.

Inês de Matos

Fontes: Jasfarma, Associação “Ame e Viva a Vida”

“Sistema imunitário virtual” pode ajudar no desenvolvimento de fármacos

Um grupo de cientistas, liderado por matemáticos, está a construir um modelo de respostas imunes, através da utilização de dados experimentais do mundo real, para gerar um modelo virtual do sistema imunitário humano, que poderá ser então usado para projectar fármacos. O modelo promete ajudar a comunidade científica multidisciplinar a trabalhar em conjunto para criar avanços médicos para os pacientes.

O grupo pertence à “Immunology Imaging and Modelling (I2M) Network”, fundada pelo “Biotechnology and Biological Sciences Research Council” do Reino Unido, que está sediada na Universidade de Leeds, mas que também envolve equipas multidisciplinares de investigadores de um número variado de locais, incluindo do “Cancer Research”, do Reino Unido, e do “National Institute for Medical Research”.

O sistema imunitário é um dos sistemas mais fascinantes e complexos do corpo humano e, apesar dos enormes avanços recentes na ciência médica, incluindo muitos fármacos que se direccionam para o sistema imunitário, os cientistas ainda não compreendem totalmente como funciona. Este não só orquestra os processos pelos quais o organismo combate as doenças, como também, no caso de situações como a diabetes e a artrite reumatóide, pode também causar a doença.

A coordenadora da network, a Dr Carmen Molína-Paris, afirmou que a capacidade de seguir o rasto de parasitas e células em tempo real, utilizando novas técnicas de imagética, está a permitir descobrir novos indícios, e irá ajudar os cientistas a analisar as interacções entre as diferentes partes do sistema imunitário. Isto irá fornecer um modelo teórico e computacional do sistema imunitário, proporcionando uma imagem completa a que os investigadores de todas as disciplinas se poderão referir, e na qual se poderão basear.

As companhias farmacêuticas estão cada vez mais a utilizar modelos matemáticos para prever até que ponto um fármaco é bom, ou mau. Estes modelos variam entre prognosticar efeitos atómicos (utilizando mecânica quântica), efeitos moleculares (que avaliam se o fármaco se liga bem ao alvo), até todos os órgãos ou organismos (predizendo os resultados de ensaios clínicos).

Estes avanços têm sido tornados possíveis por computadores mais potentes, que conseguem efectuar os cálculos necessários num espaço de tempo adequado. Além disso, as ferramentas estão a tornar-se cada vez mais amigas do utilizador, o que significa que já não só são utilizadas por especialistas. As técnicas têm um papel crucial a desempenhar na ajuda à indústria farmacêutica para evitar falhanços nas últimas etapas, e assim baixar o custo do desenvolvimento de fármacos.

A imunologia tem sido tradicionalmente uma ciência qualitativa, descrevendo os componentes celulares e moleculares do sistema imunitário e as suas funções. Contudo, existe uma necessidade iminente de perceber melhor como os componentes operam conjuntamente como um todo, e de fornecer esta informação num formato quantitativo que pode ser acedido por toda a comunidade científica.

Segundo a Dra. Molína-Paris, a imunologia matemática está a desenvolver-se para ser uma disciplina, onde a modelação ajuda todos os indivíduos a interpretar dados e a resolver controvérsias. Ainda mais importante, aponta novas experiências permitindo mais e melhores interpretações quantitativas.

Isabel Marques

Fontes:
www.in-pharmatechnologist.com, www.eurekalert.org

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Prémios Pfizer 2007 distinguem trabalhos sobre multiplicação celular e regeneração óssea

A entrega dos Prémios Pfizer de Investigação 2007 decorreu esta terça-feira no Salão Nobre da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e premiou um trabalho sobre o processo de multiplicação celular e outro sobre regeneração óssea, nas áreas da investigação básica e clínica, tendo ainda sido atribuída uma bolsa de estudo a um projecto de investigação sobre patologias cardíacas, na área da investigação geriátrica.

Os investigadores do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) e do Serviço de Fisiologiada Faculdade de Medicina da Universidade do Porto foram galardoados nas categorias de investigação básica e investigação em geriatria, enquanto que na área da investigação clínica foi premiada uma colaboração que envolveu investigadores de várias instituições nacionais.

O prémio de Investigação básica, no valor de 20 mil euros, foi atribuído ao trabalho “A formação dos centrossomas: será preciso um molde?”, de Ana Rodrigues Martins e Mónica Bettencourt Dias.

Este trabalho tinha já sido publicado em Maio na revista Science e permite romper com ideias vigentes desde o século XIX que faziam crer que o centrossoma - estrutura presente em todas as células e que regula a sua multiplicação - funcionaria como modelo para a multiplicação das células.

De acordo com Mónica Bettencourt Dias, uma das autoras do estudo, este trabalho veio demonstrar que "basta que se verifique a presença da molécula SAK - presente em todos os organismos celulares - e que esta registe um aumento de actividade para que se possam reproduzir centrossomas".

Esta investigação permitiu perceber como o centrossoma se forma e, a muito longo prazo, pode abrir possibilidades quanto ao "diagnóstico e prognóstico do cancro", uma doença na qual se verifica uma "desregulação na multiplicação de células", explicou a investigadora.

A bolsa de investigação contemplou a área da geriatria e foi entregue à investigação “Avaliação da resposta ventricular esquerda à estenose aórtica na população idosa antes e após tratamento cirúrgico: correlações clínicas, morfofuncionais e moleculares” , de Adelino Leite-Moreira, Cristina Gavina, Inês Falcão Pires, Roberto Roncon-Albuquerque Jr., André Lourenço, Antónia Teles, Marta Oliveira.

O investigador do Serviço de Fisiologia da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Adelino Leite Moreira, um dos vencedores da Bolsa Pfizer de investigação, considera que este prémio é "crucial num país que se esforça, mas que tem parcos recursos para a investigação".

Com um valor de 60 mil euros, esta bolsa de investigação vai permitir estudar as "repercussões cardíacas da estenose valvular aórtica", uma calcificação da válvula aórtica que leva a uma perda de maleabilidade e que dificulta o bombear do sangue para o organismo. O esforço que este mau funcionamento provoca no coração leva a uma hipertrofia, ou seja, a um aumento da massa muscular cardíaca, e a que o coração trabalhe no limite das suas capacidades.

O trabalho que os investigadores se propõem desenvolver pretende aliar a caracterização clínica dos doentes - em aspectos como idade, sexo, características bioquímicas - a testes laboratoriais para se perceber por que é que nos doentes com a válvula aórtica substituída, apenas em alguns se verifica a redução da hipertrofia.

Já a investigação clínica premiou um trabalho sobre regeneração óssea, fruto da colaboração do Instituto Gulbenkian da Ciência, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, da Universidade de Coimbra, da Universidade Técnica de Lisboa, da Universidade do Minho e do Instituto de Biotecnologia e Bioengenharia.

“Avaliação dos marcadores bioquímicos de formação óssea e suas correlações com os minerais séricos durante o processo de cicatrização óssea em osteotomias e defeitos ósseos de dimensão crítica ao nível da tíbia na ovelha como modelo experimental de investigação em ortopedia” da autoria de Isabel Dias, Carlos Viegas, Jorge Azevedo, Paulo Lourenço, Emília Costa, Adriano Rodrigues, António Ferreira, Rui Reis e António Cabrita, foi o trabalho galardoado com um prémio de 20 mil euros.

Os Prémios Pfizer de Investigação existem desde 1957 e este ano receberam 53 candidaturas.

Inês de Matos

Fontes: Lusa, Ciência Hoje, Jasfarma

Combinação de fármacos contra o HIV/Sida retarda degradação cerebral

Uma equipa de investigadores da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, concluiu que a combinação de fármacos utilizada no tratamento do HIV/Sida consegue retardar a degradação cerebral causada pelo vírus. A investigação foi publicada no jornal Neurology e permite avaliar o progresso da degradação do cérebro que frequentemente ocorre nestes pacientes.

A combinação de vários medicamentos, conhecida como terapia anti-retroviral altamente activa ou HAART, permite inibir o vírus, mas não o remove do organismo, ou seja, os pacientes não atingem a cura, mas a terapia impede que os seus sistemas imunitários se degradem, como acontece com os pacientes que não seguem o tratamento.

O HIV ataca o cérebro e todo o sistema nervoso, sendo que antes de a terapia HAART estar disponível cerca de 20% das pessoas infectadas tinha problemas de demência. Contudo, nem todos os fármacos que compõem a mistura produzem efeito no cérebro, dai que os investigadores não tenham ainda conseguido perceber completamente de que forma agem estes medicamentos.

Na investigação participaram 53 indivíduos infectados com HIV/Sida que ao longo de um ano receberam tratamento com recurso à terapia HAART. Antes do tratamento, 21 dos pacientes apresentavam elevados níveis de uma proteína chamada neurofilamento (NFL), que os investigadores acreditam ser a responsável pela degradação cerebral causada pelo vírus.

Após três meses de tratamento com a HAART, os altos níveis de NFL apresentados por alguns pacientes desceram vertiginosamente, até um nível considerado normal, em cerca de metade dos doentes. Ao fim de um ano, os pacientes que continuavam a apresentar altos níveis de NFL eram apenas quatro. À excepção de um paciente, todos os outros continuaram a apresentar níveis normais desta proteína, ao longo de um ano.

Para Asa Mellgren, um dos investigadores responsáveis pelo estudo, “este tipo de tratamento parece travar o processo neurodegenerativo causado pelo HIV”.

“Este estudo confirma que a proteína de neurofilamento é uma ferramenta muito importante, que permite marcar a monitorização das lesões cerebrais nos indivíduos com HIV e avaliar a eficácia da terapia HAART”, conclui o investigador.

Inês de Matos

Fonte: Reuters

Optherion recebe financiamento para desenvolver fármaco para a degeneração macular

A companhia biotecnológica Ophterion recebeu um apoio financeiro de diversos investidores, no valor de 37 milhões de dólares, para desenvolver o primeiro fármaco contra um problema imunitário associado à degeneração macular de forma "seca", uma doença ocular que potencialmente provoca cegueira.

A Optherion irá começar a testar uma versão fabricada de uma proteína, que é frequentemente anómala nas pessoas com degeneração macular. Esta proteína anómala foi descoberta ao examinar os genes das pessoas com a doença e os das pessoas saudáveis. O tratamento irá concentrar-se na degeneração macular relacionada com a idade (DMI) de tipo seco, que coloca cerca de 70 milhões de idosos em risco de perder a visão.

Estudos da Universidade de Iowa e da Universidade de Yale sugerem que uma forma defeituosa de uma proteína, denominada factor H do complemento, pode danificar a mácula ao aumentar a inflamação. A Optherion está a apostar na possibilidade de outra forma do factor H, que aparece nas pessoas com um risco muito menor de degeneração macular, poder prevenir que a forma seca da doença piore. As investigações sugerem que o factor H normal poderá acalmar a inflamação. A companhia pagou às universidades pelos direitos para trabalhar no factor H e noutra proteína, factor B do complemento.

A Optherion irá iniciar a investigação, em testes in vitro e em animais, para determinar se o seu fármaco poderá conter os danos nos tecidos oculares. O fármaco irá actuar numa fase mais inicial da doença do que o Macugen, da Pfizer, e o Lucentis, da Genentech, que tratam a forma húmida mais avançada.

A degeneração seca da mácula, a parte mais sensível do olho, ocorre quando o produto de desperdícios, as drusas, começam a acumular-se nos tecidos. As drusas podem ser identificadas em imagens da retina como pequenas manchas de cor clara e amarelada em redor da mácula. Na degeneração macular atrófica (seca), deposita-se um pigmento na mácula sem deixar sinais de crostas, sangue ou perda de nenhum outro líquido. Na degeneração macular exsudativa (húmida), a substância perdida (exsudada) forma um montículo, geralmente rodeado de pequenas hemorragias. Finalmente, o montículo contrai-se e deixa uma cicatriz. Normalmente, ambas as formas afectam os dois olhos ao mesmo tempo. A forma seca pode progredir para a forma mais grave, a degeneração macular húmida.

Os fundos para o estudo foram cedidos pela unidade Healthcare Financial da General Electric Co., Johnson & Johnson, Biogen Idec Inc., Purdue Pharmaceutical Products LP, Quaker BioVentures, Domain Associates e Pappas Ventures.

Isabel Marques

Fontes: www.networkmedica.com, Bloomberg, Manual Merck, http://www.deetc.isel.ipl.pt/

Cyclacel Pharma adquire negócio farmacêutico focado em oncologia

A biofarmacêutica Cyclacel Pharmaceuticals Inc. adquiriu todos os bens da companhia privada Align Pharmaceuticals e Align Holdings por valores que variam entre os 3,3 milhões dólares e os 3,8 milhões de dólares.

Esta aquisição fornece à Cyclacel as bases para construir uma organização comercial focada no tratamento do cancro, o que vem complementar o leque de produtos oncológicos e hematológicos em desenvolvimento, e insere-se na estratégia da Cyclacel de construir um negócio biofarmacêutico diversificado.

A pipeline de desenvolvimento da Cyclacel inclui três candidatos a fármacos de pequenas moléculas, ainda em ensaios clínicos em pacientes oncológicos, uma significativa pipeline pré-clínica e um mecanismo produtivo de descoberta de fármacos. Os produtos em desenvolvimento da companhia são: capecitabina (CYC682), um análogo nucleosídeo de modulação do ciclo celular, disponível oralmente, na Fase II do desenvolvimento clínico para o tratamento do linfoma cutâneo de células T, e na Fase I em pacientes com doenças hematológicas; seliciclib (CYC202), um inibidor da quinase dependente da ciclina, oral, na Fase II dos estudos para o tratamento do cancro do pulmão, e que também está a ser avaliado para o cancro nasofaringeal; e o CYC116, Aurora quinase e inibidor de VEGFR2 (factor de crescimento endotelial vascular), também oral, na Fase I dos ensaios, em pacientes com tumores sólidos.

A Align comercializa três produtos, utilizados principalmente para lidar com os efeitos da radiação ou da quimioterapia em pacientes com cancro: o Xclair Cream, um creme hidrolipídico formulado especificamente para ser utilizado em casos de dermatite causada por radiação; o Numoisyn Liquid, uma solução oral usada para substituir a saliva natural quando as glândulas salivares estão danificadas, e o Numoisyn Lozenges, que melhora os sintomas subjectivos de boca seca e é tomado oralmente, dissolvendo-se lentamente na boca.

Todos os produtos foram lançados nos Estados Unidos em Janeiro de 2006, e continuarão a ser aí comercializados directamente pela Align Pharmaceuticals, LLC, a subsidiária pertencente à Cyclacel estabelecida recentemente para efeitos de transacção.

Isabel Marques

Fontes: Reuters, Business Wire

Canadá retira Prexige

Fármaco alvo de reavaliação pela União Europeia; Infarmed ordena «vigia» em doentes que fazem a toma

Dois meses após a Austrália, foi a vez do Canadá retirar do mercado o Prexige (lumiracoxib) – fármaco administrado no tratamento da osteoartrose. Nas decisões pesaram as notificações que apontam efeitos adversos graves a nível hepático.

O anúncio - avançado pela Agência Lusa - foi feito pelo Ministério da Saúde canadiano, alegando que o medicamento comercializado pelo laboratório suiço Novartis, “tem potenciais efeitos indesejáveis para o fígado". Recentemente, - tal como noticiou o farmácia.com.pt - também a Administração Norte-Americana dos Alimentos e Fármacos (FDA) recusou aprovar a venda do Prexige.

Porém, o risco dos efeitos secundários deste fármaco ainda não convenceu a UE ao ponto de retirá-lo do mercado. A dúvida espoletou apenas na Agência Europeia do Medicamento a reavaliação da sua segurança.

Por cá, a Autoridade Nacional do Medicamento e dos Produtos de Saúde (Infarmed) aplicou novas restrições à prescrição do mesmo do Prexige, tendo ordenado a monitorização regular da função hepática nos doentes que estejam a tomar o medicamento, advertindo que “não deve ser usado em pacientes com hepatopatia actual, nem em pessoas que devido a antecedentes, possam estar em risco.”

Raquel Pacheco
Fontes: Lusa/MNI

Uganda vai produzir anti-retrovirais

Fármacos deverão estar disponíveis em Janeiro de 2008

Abriu portas esta segunda-feira, no Uganda, uma unidade de produção de medicamentos para combater o HIV e a malária. A fábrica, inaugurada pelo chefe de Estado ugandês, Yoweri Museveni, está instalada na capital, Kampala, e deverá permitir reduzir os custos de importação destes fármacos essenciais à sobrevivência de muitos dos cidadãos do país.

"Os ugandeses terão acesso ao fornecimento permanente de medicação e também, esperamos, a preços muito mais baratos, porque eliminamos o elemento do transporte e da manufactura noutros países", afirmou esta segunda-feira o ministro da Saúde do Uganda, Stephen Malinga, em declarações à BBC.

Os fármacos vão ser produzidos pela Quality Chemicals em conjunto com a farmacêutica indiana Cipla e deverão estar disponíveis já a partir de Janeiro de 2008.

O Quénia, país vizinho do Uganda, alberga uma fábrica semelhante que já produz o Atripla, também denominado como comprimido “três em um”, que resulta da combinação entre o Efavirenz, o Tenofovir e a Emtricitabina. Para além disso, fornece lamelas de comprimidos para várias regiões da África Oriental. O mesmo acontece com a África do Sul que começou a produzir os medicamentos localmente há cerca de quatro anos, depois de resolver algumas disputas de patentes com farmacêuticas ocidentais.

A taxa de infecção com HIV/sida e malária na África subsariana é das mais elevadas do mundo. Os dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) indicam que apenas 41 por cento dos ugandeses que precisam de anti-retrovirais têm acesso ao tratamento.

Por poder ser tomado de uma só vez, este comprimido tem a vantagem de levar os pacientes a cumprir mais facilmente a terapia prescrita e, ao mesmo tempo, travar a emergência, e consequentemente a transmissão, de estirpes do vírus resistentes aos medicamentos.

Marta Bilro

Fonte: Diário de Notícias, BBC News, Reuters Africa, Farmacia.com.pt.

Casas da Saúde: Uma solução integrada de cuidados clínicos

Mais de 20 serviços médicos à disposição dentro do mesmo espaço

“Imagine um local onde, num ambiente de conforto, qualidade e bom gosto, qualquer cidadão pode aceder a todos os serviços de saúde que necessita”, ir a uma consulta, fazer exames complementares, fazer uma refeição e ainda visitar um familiar na residência sénior. É este o conceito das 25 “Casas da Saúde” projectadas pelo grupo Sanusquali e que deverão surgir nos 18 distritos de Portugal continental até 2012.

Centradas na definição de uma “loja do cidadão da saúde”, estas unidades permitirão agregar num mesmo espaço uma grande diversidade de prestadores de cuidados de saúde, no qual a única excepção é a cirurgia com internamento. A ideia, que já tinha sido noticiada pelo Farmacia.com.pt, consiste na criação de um espaço de saúde especializado, funcional e útil, que permitirá aos utentes beneficiar de consultas, realizar exames ou concretizar prescrições, no mesmo local, no mesmo dia e num curto período de tempo.

O projecto é da autoria da Sanusquali, um grupo criado em Maio deste ano especificamente para este projecto, que conta com o envolvimento de vários médicos e empresários ligados ao ramo da saúde. O valor total do investimento deverá ascender aos 1.239 milhões de euros e vai criar mais de cinco mil postos de trabalho. A Casa da Saúde terá as portas abertas a todos os utentes do Serviço Nacional de Saúde que disponham de seguro de saúde ou que lá se dirijam a título particular.

Para além das preocupações na área da saúde, a Sanusquali não descuidou a protecção ambiental. O edifício das Casas de Saúde, da responsabilidade dos arquitectos Belém Lima e Ricardo Oliveira, está já registado no Green Guide for Health Care, o primeiro guia de edifícios verdes para o bem-estar da indústria.

Cada Casa da Saúde colocará à disposição dos utentes os seguintes serviços médicos: USF – Unidade de Saúde Familiar/Centro de Saúde, Policlínica, Centro de Genética, Clínica da Criança, Clínica da Mulher, Clínica do Coração, Clínica de Gastro, Clínica Oftalmológica, Clínica Ortopédica, Clínica de Otorrino, Clínica de Medicina Física e Reabilitação, Clínica Cirúrgica, Clínica Dentária, Clínica da Dor, Bloco Operatório, Laboratório de Análises Clínicas, Laboratório de Oftlalmologia, Oficina da Alergia, Centro de Imagiologia, Empresa de Higiene e Medicina do Trabalho, Centro de Enfermagem, Empresa de Apoio Domiciliário, Residencial Sénior, Laboratório de Medicina Nuclear e Centro de Radioterapia.

Para complementar o rol de serviços de cuidados de saúde à disposição haverá também restaurante, café, papelaria/livraria, banco, seguradora, cabeleireiro, lavandaria, florista, health club, spa/estética e OTL/parque de diversões. As unidades de saúde privadas deverão funcionar entre as 7h30 e as 22h00, sendo que as marcações de consultas e exames são realizadas através de um call center apoiado por um sistema informático preparado para verificar a disponibilidade de toda a rede de consultas e serviços, inclusivamente propondo alternativas.

Marta Bilro

Fonte: Casadasaude.pt, Diário de Coimbra, Ambiente Online, Farmacia.com.pt.

Viagra, Cialis e Levitra revelam potencial rejuvenescedor

Os medicamentos para o tratamento da disfunção eréctil, como o Viagra (Sildenafil), o Cialis (Tadalafil) ou o Levitra (Vardenafil) correm o risco de ver a sua utilização alargada a público muito mais vasto, já que um estudo realizado por cientistas italianos revelou que estes fármacos têm potencialidades anti-envelhecimento que poderão ser benéficas tanto para os homens como para as mulheres.

De acordo com a investigação orientada por Antonella Bertozzi, andrologista do Hospital Santa Chiara de Pisa, os fármacos utilizados na disfunção eréctil são inibidores potentes e selectivos da fosfodiesterase tipo 5, uma categoria de fármacos que pode ter efeitos de rejuvenescimento. Os resultados da investigação, publicados no jornal Corriere della Sera, indicam que os medicamentos demonstram efeitos rejuvenescedores no coração, artérias, cérebro e na protecção do organismo.

Apesar do estudo se ter concentrado na análise da actuação do Tadalafil, substância activa do Cialis, os cientistas referem que as outras moléculas têm efeitos semelhantes, visto que bloqueiam a enzima que inibe a libertação de óxido nítrico, que promove a erecção.

Para realizar esta investigação, Antonella Bertozzi analisou vários pacientes a quem tinha sido receitado o medicamento, começando por avaliar se o rejuvenescimento das células endoteliais - coração e vasos sanguíneos - com que se deparou, não estaria apenas relacionado com os efeitos positivos do sexo.

Posteriormente, foram analisados 40 doentes não fumadores e com graus elevados de sedentarismo, e medidos os níveis de radicais livres e de óxido nítrico em circulação. Dez dias depois verificou-se uma diminuição de 50 por cento nos níveis de radicais livres, que impedem o bom funcionamento das células e são responsáveis pelo envelhecimento, afectando os vasos sanguíneos e o sistema nervoso central. O estudo conclui, por isso, que a capacidade para reduzir a produção de radicais livres seria suficiente para atrasar o processo de envelhecimento.

Numa segunda fase, os investigadores estenderam o âmbito do estudo para avaliar o efeito destas substâncias nas mulheres e a dose mínima necessária para se processar o rejuvenescimento. Uma vez que “a simples presença dos radicais livres é responsável pela alteração de todas as células e estruturas vivas”, refere Bertozzi, e “encontrar uma forma de as bloquear, abre novas perspectivas”. No entanto, acrescenta a especialista em andrologia, “é necessário aprofundar a pesquisa, já que é preciso dar o salto da terapia de órgãos para a terapia de organismos anti-envelhecimento e não apenas para homens”.

Para aprofundar a pesquisa foi já constituído um grupo de estudos interdisciplinar. "Naturalmente, vamos ter de fazer testes com baixas doses e por períodos prolongados. Em média, deverá tratar-se de um par de comprimidos por semana", diz a médica. Ainda assim, é necessário ser prudente e aguardar o resultado dos testes que deverão revelar com precisão a dose indicada, visto que o consumo de óxido nítrico em excesso pode provocar o efeito contrário e apressar o envelhecimento.

Marta Bilro

Fonte: Diário de Notícias, Corriere dela Serra, Ciência Viva.

CE: Indústria farmacêutica é a que mais investe em I&D

O sector farmacêutico lidera, pela primeira vez, a lista de indústrias que mais gastaram em Investigação e Desenvolvimento (I&D) no ano passado, revela um estudo apresentado pela Comissão Europeia (CE).

A mesma análise indica que as empresas farmacêuticas e biotecnológicas gastaram 15,7 por cento mais face à avaliação anterior, num total de 70,5 mil milhões de euros investidos da I&D em 2006, superando o sector das tecnologias, hardware e equipamento, com um gasto de 64,5 mil milhões de euros. A nível mundial, o investimento das empresas em I&D aumentou 10 por cento comparativamente ao anterior balanço.

A Pfizer destaca-se como o maior investidor individual, com 5,76 mil milhões de euros gastos, ultrapassando a Ford Motors, que registou um investimento de 5,5 mil milhões de euros. Para além do laboratório norte-americano há mais duas farmacêuticas no top 10 dos maiores investidores mundiais, é o caso da Johnson & Johnson em terceiro lugar e da GlaxoSmithKline a ocupar o sétimo posto e a destacar-se enquanto o maior investidor europeu. Logo a seguir à Pfizer, J&J e GSK, surgem como maiores investidoras a Sanofi-Aventis, a Roche, a Novartis, a Merck, a AstraZeneca, a Amgen e a Eli Lilly.

O relatório da CE compara ainda os gastos em I&D e as vendas anuais das empresas, o que poderá ser encarado como uma avaliação da qualidade dos produtos. No entanto esta é uma questão problemática para uma indústria na qual uma grande parte das inovações em biotecnologia não apresenta quaisquer vendas. Ainda assim, entre as grandes empresas farmacêuticas, a Amgen e a Merck são as que gastam uma maior proporção das suas vendas em I&D (mais de 20 por cento cada).

O estudo faz ainda uma avaliação aos gastos da I&D com funcionários, porém, esta pode ser considerada uma comparação injusta, uma vez que o volume de vendas das grandes farmacêuticas as forçam a possuir uma grande quantidade de funcionários que nada têm que ver com a I&D.

Outro dos problemas que se coloca a este tipo de análises estatísticas prende-se com o facto de alguns dos lucros provenientes da I&D serem contabilizados a dobrar, graças aos acordos de licenciamento. Embora o número de parcerias deste tipo se tenha mantido, ou aumentado ligeiramente, o preço dos acordos cresceu significativamente.

Os custos da investigação para uma grande farmacêutica vão incluir uma fatia do dinheiro gasto no licenciamento de potenciais fármacos ou tecnologias de pequenas empresas. Assim, o pré-acordo inicial de investigação é contabilizado por duas vezes – uma primeira pela contabilidade da pequena empresa e uma outra pelo pagamento adiantado relativo ao acordo de licenciamento.

De acordo com o analista Michael McCully, as empresas que mais estabelecem acordos de licenciamento na indústria farmacêutica, como é o caso da Merck, Novartis, GSK e AstraZeneca, concretizaram entre 35 e 57 acordos em 2004. O impacto destas parcerias nos gastos totais da I&D não é claro, uma vez que os pagamentos iniciais são muito inferiores ao valor total do negócio.

Marta Bilro

Fonte: DrugResearcher.com.

FDA pondera vender fármacos de rotina sem receita médica

A Administração Norte-Americana dos Alimentos e Fármacos (FDA) está a considerar a hipótese de permitir a venda sem receita de alguns medicamentos sujeitos a prescrição. O objectivo é facilitar o acesso aos medicamentos dos doentes que os tomam de forma rotineira, para que estes os possam adquirir apenas com a consulta do farmacêutico.

Para que tal possa realizar-se, a FDA está a criar uma nova categoria de fármacos, na qual estariam incluídos alguns medicamentos de rotina como é o caso das pílulas anticoncepcionais, dos medicamentos contra o colesterol ou contra a dor de cabeça. Para dispensar a receita médica, nestes casos, é o farmacêutico que fica responsável por verificar que os utentes cumprem determinados critérios antes de lhes venderam um medicamento. Para além disso, o farmacêutico deve também indicar ao cliente qual a utilização correcta do medicamento.

Caso “os doentes não possam ir ao médico por algum motivo, esta pode ser uma forma de conseguirem o produto directamente através do farmacêutico”, afirmou Ilisa Bernstein, directora do departamento de assuntos farmacêuticos da FDA. "Acreditamos que certos medicamentos mais fracos, mas que estão apenas disponíveis após consulta médica, podem ser vendidos depois de uma consulta com o farmacêutico. Isto aumentaria bastante o acesso dos pacientes", acrescentou a responsável.

Porém, a ideia não agrada aos médicos, que alertam sobre os riscos da automedicação, capaz de provocar graves problemas aos doentes. “Os pacientes não são médicos. Permitir às pessoas auto diagnosticarem-se e tratarem-se por conta própria não é melhor alternativa”, considera Anmol Mahal, gastroenterologista e presidente da “California Medical Association”.

Por sua vez, a Sociedade Americana de Farmacêuticos do Sistema de Saúde está satisfeita com a possibilidade visto que, desde 1985, tem vindo a defender a criação de uma categoria de fármacos “intermédia”. A ideia vai ser discutida pela FDA no dia 14 de Novembro.

Marta Bilro

Fonte: Medical News Today, USA Today, Achei USA.

Merck ganha em tribunal novo processo sobre o Vioxx

A farmacêutica Merck alcançou a décima primeira vitória na longa batalha legal que envolve o anti-inflamatório Vioxx (Rofecoxib), retirado do mercado em 2004 depois de um estudo interno ter demonstrado que após 18 meses de tratamento, a toma do medicamento aumentava o risco de acidentes cardiovasculares.

O mais recente caso judicial envolveu uma queixa apresentada por Refik Kozic, um jogador de futebol norte-americano, vítima de uma ataque cardíaco em 2001, altura em que tinha 50 anos de idade e depois de ter tomado Vioxx durante apenas nove semanas. A Merck alegou que o ataque cardíaco de Kozic foi provocado pela aterosclerose do paciente, bem como por outros factores, incluindo o colesterol elevado.

“Acreditamos que as provas demonstraram que a Merck agiu com responsabilidade e que o Vioxx não foi a causa do ataque cardíaco de Kozic”, afirmou Mike Brock, da Rushton, Stakely, Johnston & Garrett, responsáveis pela defesa da farmacêutica.

No final, os jurados decidiram 11 vezes a favor da Merck e cinco a favor dos queixosos naquele que foi o primeiro caso do Vioxx a ir a julgmento no estado da Flórida. No entanto, o laboratório enfrenta ainda mais de 27 mil processos na justiça norte-americana que põem em causa a fiabilidade do medicamento.

Marta Bilro

Fonte: Pharma Times, Reuters.

Pozen vai entregar, dentro de dias, dados adicionais do Trexima à FDA

A Pozen, companhia biotecnológica norte-americana, e a britânica GlaxoSmithKline (GSK) adiantaram que vão entregar, nos próximos dias, à FDA a documentação adicional relativamente ao fármaco em desenvolvimento para a enxaqueca, o Trexima.

Como o farmacia.com.pt atempadamente noticiou, a agência norte-americana tinha solicitado, em Agosto, mais dados para clarificar a informação não clínica e as preocupações sobre a genotoxicidade, o potencial de danificar o AND celular, que pode levar a desenvolver mutações e cancro, do fármaco. Para além disso, também serão submetidos dados de rotina sobre a segurança clínica actualizados.

Previamente as companhias reuniram-se com a FDA para discutir o plano de resposta à carta de aprovação emitida pela agência reguladora. A Pozen espera que a FDA demore cerca de seis meses a rever o pedido, apesar da companhia poder vir a pedir uma revisão acelerada.

O fármaco, que é uma combinação do Imitrex, da GSK, com o genérico Naproxeno, já recebeu duas cartas de aprovação da FDA, que contêm condições que têm de ser cumpridas para o produto poder ser aprovado. Sabe-se que as companhias necessitam de trabalhar rapidamente, antes do fármaco poder ser copiado por farmacêuticas genéricas, visto que a patente de exclusividade do Imitrex termina em 2009.

A Pozen não informou com exactidão quando estariam concluídos os estudos clínicos, mas estava previsto demorarem entre seis meses a um ano, o que prejudicaria as vendas do medicamento.

Segundo o acordo entre as duas companhias, a Pozen ficará a cargo das actividades de desenvolvimento pré-clínico, clínico e de regulamentação, enquanto a GSK será responsável pela formulação, desenvolvimento, fabrico e comercialização.

Isabel Marques

Fontes: www.networkmedica.com, Reuters, www.rttnews.com

Nobel da Medicina distingue responsáveis pela criação de ratos transgénicos

O Prémio Nobel da Medicina de 2007 foi esta segunda-feira atribuído a dois investigadores americanos e um britânico, pela manipulação genética de células embrionárias de ratos, um trabalho que viria a revelar-se fundamental para a investigação de doenças como o Alzheimer ou o cancro.

Os norte-americanos Mario Capecchi e Oliver Smithies e o britânico Martin Evans, cujos trabalhos de investigação foram desenvolvidos separadamente, criaram ratos transgénicos e descobriram como inactivar um gene, uma técnica essencial no domínio terapêutico que é reconhecida como a base da biomedicina do século XXI.

A descoberta dos três galardoados permite inactivar um gene, ou seja, neutralizá-lo. Os cientistas alteraram em laboratório o código genético destes animais, de forma a conseguir «ligar» e «desligar» certos genes que tanto os ratos como os seres humanos partilham.

“O que desenvolvemos foi uma forma de modificar os genes dos ratos, de forma a que seja possível trabalhar com modelos de doenças humanas, estudar sua patologia, assim como desenvolver novas terapias", disse à Reuters Mario Capecchi.

Segundo o comité do Prémio Nobel, o estudo de genes permite aumentar os conhecimentos de “inúmeros genes no desenvolvimento embrionário, na fisiologia adulta, no envelhecimento e nas doenças”.

O campo de aplicação destas descobertas é vasto, podendo contribuir para encontrar tratamentos para doenças degenerativas como o Alzheimer, mas também o cancro, a diabetes e as doenças cardiovasculares.

Em 2001, o trio havia já sido galardoado com o Prêmio Albert Lasker para Pesquisa Médica Básica, que é tido como a versão norte-americana do Nobel, já que muitos dos investigadores que receberam este prémio foram depois distinguidos com o Nobel.

O prémio de 10 milhões de coroas suecas (1,54 milhão de dólares) distinguiu pela segunda vez consecutiva uma descoberta na área da genética, pois já em 2006, os americanos Andrew Fire e Craig Mello haviam sido galardoados pela descoberta de um mecanismo natural de bloqueio dos genes, que permite lutar contra agentes infecto-contagiosos.

O Nobel da Medicina foi o primeiro de seis prémios a ser anunciado este ano, faltando o da Química, Física, Literatura, Paz e Economia. Os prémios são entregues todos os anos a 10 de Dezembro, aniversário da morte do fundador Alfred Nobel.

Inês de Matos

Fontes: Reuters, Lusa, Diário Digital

Hikma Pharmaceuticals pretende adquirir Arab Pharmaceutical por 163,6 milhões de dólares

A Hikma Pharmaceuticals Plc, companhia jordana cotada em Londres, fez uma oferta condicional no valor de 163,6 milhões de dólares (116 milhões de dinares) para adquirir o laboratório Arab Pharmaceutical Manufacturing Co., tendo em vista ganhar tranquilizantes genéricos e medicamentos cardiovasculares. A oferta é condicional até à conclusão bem sucedida das devidas diligências, e da aprovação dos accionistas da Arab Pharmaceutical.

Segundo o porta-voz da Hikma, Jon Coles, a Arab Pharmaceutical fornece produtos para serem distribuídos pela rede de comercialização da Hikma. Sendo assim, comprar é uma extensão lógica do negócio da farmacêutica. A Hikma vê um determinado número de razões estratégicas para o acordo, acrescenta ainda Coles. As companhias têm produtos complementares e, de uma vez só, este negócio expande a capacidade de fabrico, a pipeline de novos produtos, e a força de vendas da Hikma.

A Hikma gastou mais de 250 milhões de dólares, este ano, para adquirir fármacos genéricos e licenciados para poder comercializá-los no Médio Oriente. A Arab Pharmaceutical tem 85 produtos registados em 22 países, e também fabrica alguns produtos licenciados de companhias farmacêuticas líderes a nível mundial.

A Hikma, fundada em 1978, desenvolve e comercializa fármacos genéricos e de marca, incluindo ácido fólico, lítio e um produto para a hipertensão. A companhia jordana está a focalizar-se no Médio Oriente e no Norte de África, comercializando produtos em 18 países destas regiões, assim como nos Estados Unidos e na Europa. Em Janeiro, comprou as germânicas Ribosepharm GmbH, por 45 milhões de dólares, para adquirir tratamentos para o cancro, e a Thymoorgan Gmbh, em Abril, por um valor não revelado, para acrescentar fármacos injectáveis ao lote de produtos. Em Agosto, a companhia acordou adquirir a egípcia Alkan Pharma, por cerca de 61 milhões de dólares.

Isabel Marques

Fontes: Bloomberg, www.marketwatch.com, www.rttnews.com, www.networkmedica.com

Cancro da próstata: Cirurgia de remoção garante maior sobrevivência a longo prazo

Os homens com cancro na próstata que optem pela remoção desta glândula têm maior probabilidade de vencer a doença, conseguindo uma maior esperança de vida, principalmente se forem jovens ou se o cancro for do tipo agressivo. Esta é a conclusão a que chegou um estudo apresentado, esta segunda feira, por uma equipa de investigadores da Universidade de Genebra, na Suiça.

A investigação teve inicio em 1989 e decorreu ao longo de vários anos, baseada na observação de 844 indivíduos com cancro na próstata em estado precoce e com diferentes terapias de combate à doença prescritas.

Os investigadores concluíram que, a curto prazo - até cinco anos -, quase não existia diferença entre as taxas de sobrevivência das diversas terapias. No entanto, após 10 anos, os resultados apresentavam diferenças muito consideráveis. Os pacientes tratados com recurso a radioterapia, por exemplo, apresentavam, ao longo destes anos, um maior risco de morte, comparativamente aos doentes que optaram por remover a próstata.

Após uma década, a taxa de sobrevivência dos pacientes que se submeteram a uma prostectomia (cirurgia para remoção da próstata) era de 83 por cento, enquanto que a do tratamento por radioterapia era de 75 por cento e a do tratamento com hormonas era de apenas 41 por cento.

“ É cada vez maior a evidência de que a cirurgia é a melhor opção, a que oferece uma maior possibilidade de sobrevivência a longo prazo, nomeadamente em homens com cancros mais agressivos, mais jovens ou cujos tumores estejam ainda num estado precoce”, conclui o estudo.

De acordo com os investigadores, esta deverá ser a primeira pesquisa a estabelecer uma comparação entre “os efeitos de todas as terapêuticas usadas” para tratar determinada doença, comparando também as respectivas taxas de sobrevivência.

Inês de Matos

Fonte: Reuters

GSK aposta na investigação de antibióticos da Anacor Pharmaceuticals

A britânica GlaxoSmithKline Plc (GSK) assinou um acordo estratégico, potencialmente avaliado em milhares de milhões de dólares, com a Anacor Pharmaceuticals para explorar o know-how da companhia biotecnológica norte-americana na descoberta, desenvolvimento e comercialização de novos medicamentos antibióticos.

A Anacor irá primeiramente ser responsável pela descoberta e desenvolvimento de candidatos a fármacos à base de pequenas moléculas contendo boro, através da prova clínica de conceito. Esta colaboração proporciona à GSK acesso à química baseada em boro contra alvos seleccionados, da Anacor. A maior farmacêutica da Europa terá a opção exclusiva de seleccionar produtos candidatos direccionados até quatro alvos de descoberta, e com o potencial de ter, no mínimo, oito opções de produtos, e de licenciar cada composto para posterior desenvolvimento e comercialização numa base global.

A Anacor irá receber um pagamento inicial de 12 milhões de dólares, e 10 milhões de dólares em financiamento equitativo. A Anacor também será elegível para receber pagamentos, que podem chegar até aos 252 milhões de dólares, quando forem atingidos objectivos relativamente a descobertas, desenvolvimento, comercialização e regulação, e até 331 milhões de dólares por cada produto.

Os candidatos a novos fármacos irão ser desenvolvidos ao abrigo do “Centre of Excellence for Drug Discovery” dedicado às doenças infecciosas e que foi recentemente criado pela GSK. A companhia tinha anunciado, em Fevereiro, que estava a preparar a unidade para a descoberta de novos fármacos para preencher a necessidade, ainda não atendida, de melhores tratamentos, particularmente tendo em vista o crescente problema relacionado com a resistência aos medicamentos e a emergência de “superbactérias”, tais como, Staphylococcus aureus resistentes à meticilina (MRSA).

Isabel Marques

Fontes: www.networkmedica.com, Reuters, www.rttnews.com

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Para que serve afinal o apêndice?

Se há órgão que sempre intrigou a comunidade médica e cientifica, nomeadamente acerca da sua função no corpo humano, esse órgão é o apêndice. No entanto, depois de décadas de interrogações, surge agora uma nova teoria, avançada por uma equipa de imunologistas norte-americanos, que indica que o apêndice é um órgão que funciona como uma espécie de armazém de boas bactérias que ajudam a proteger o sistema digestivo.

A teoria é avançada no Journal of Theoretical Biology e defende que este órgão, situado na primeira porção do intestino grosso, liberta no sistema digestivo uma dose de bactérias benéficas, sempre que se registe uma infecção ou morte da flora intestinal, que eliminam os agentes infecciosos.

Deste modo, a função do apêndice parece estar relacionada com a população de bactérias que habita e ajuda o sistema digestivo, como refere Bill Parker, co-autor do estudo e professor da Universidade de Duke, "o apêndice age como uma casa segura para esses microorganismos”.

Contudo, para os investigadores, a função deste órgão deixou de ser vital e actualmente é apenas uma herança dos tempos em que o Homem não tinha um sistema imunitário tão desenvolvido nem dispunha das condições de higiene actualmente existentes, pelo que hoje é um órgão mais incómodo que necessário.

Segundo Parker, "se a flora intestinal de uma pessoa morre, ela pode ser repovoada facilmente, adquirindo germes de outras pessoas". "Mas em tempos passados, quando epidemias de cólera eram frequentes e a população era menor, o apêndice tinha sua função", explica o investigador.

Apesar das dúvidas, o certo é que os apêndices inflamados causam, todos os anos, entre 300 a 400 mortes, nos EUA e em 2005, foram internados com apendicite 321 mil americanos.

O apêndice mede cerca de 10 centímetros e localiza-se na região inferior do abdómen. No interior deste órgão encontra-se um canal que faz a ligação ao intestino grosso e onde existem fezes semilíquidas. Quando estas fezes endurecem a passagem fica bloqueada e desencadeia-se a apendicite.

A apendicite pode ser restrita ao órgão inflamado ou provocar a sua ruptura. Quando isso acontece as defesas do organismo costumam bloquear a infecção em torno do apêndice originando um abcesso.

Quando o organismo não bloqueia a infecção, o conteúdo da mesma espalha-se pelo abdómen, provocando um quadro grave de peritonite aguda. Nesta última circunstância haverá dor difusa intensa, febre alta e um quadro tóxico grave, que exige a intervenção cirúrgica imediata.

Inês de Matos

Fontes: Sol, CNN, ABC da Saúde

Fármaco experimental eleva bom colesterol, sem aumentar pressão sanguínea

O fármaco para o colesterol ainda em desenvolvimento, anacetrapib (MK-0859), da Merck, apresentou resultados positivos ao elevar consideravelmente os níveis de bom colesterol, tendo demonstrado ser seguro e efectivo, não aumentando a pressão sanguínea.

Os dados da Fase IIb do estudo do anacetrapib, inibidor da proteína transportadora de ésteres de colesterol (CETP), demonstraram que o fármaco experimental aumentou os níveis de lipoproteínas de alta densidade, ou HDL-colesterol, o chamado "bom colesterol", em pacientes com dislipidemia, em cerca de 139 por cento, e não aumentou a pressão sanguínea, em comparação com placebo. Os dados foram apresentados na reunião da "Drugs Affecting Lipid Metabolism", em Nova Iorque.

No estudo, 589 pacientes com dislipidemia receberam aleatoriamente placebo ou uma de quatro doses de anacetrapib sozinho ou em combinação com o Lipitor, da Pfizer. Após oito semanas, os pacientes que receberam anacetrapib em monoterapia registaram um aumento de HDL-colesterol entre 44 e 139 por cento, em comparação com o aumento de 4 por cento apresentado pelo grupo de controlo. Os resultados demonstraram ainda que os pacientes que receberam anacetrapib em monoterapia experimentaram uma diminuição do LDL-colesterol, ou mau colesterol, entre 16 a 40 por cento, em comparação com os 2 por cento do grupo que receberam placebo.

Níveis mais elevados de bom colesterol reduzem até 40 por cento o risco de ataques cardíacos e morte devido a doença coronária, segundo um estudo publicado no mês passado na “New England Journal of Medicine”.

Este fármaco pertence à mesma classe do Torcetrapib, fármaco da Pfizer, que esteve ligado a um aumento da pressão sanguínea, tendo sido considerado, há um ano, responsável por um aumento das taxas de mortalidade. O Torcetrapib, que deixou de ser desenvolvido em Dezembro de 2006, prometia ser o medicamento mais vendido na história, e substituto do blockbuster Lipitor/Zarator, o fármaco da família das estatinas.

Analistas afirmaram que um fármaco que eleva os níveis de HDL pode tornar-se o medicamento com melhores vendas no mundo, com mais de 15 mil milhões de dólares de lucros. Qualquer companhia, que prove que o seu fármaco para aumentar o bom colesterol é seguro e efectivo na redução do risco de ataques cardíacos, tem o potencial para dominar o mercado do colesterol dos Estados Unidos no valor de 21 mil milhões de dólares por ano. A maioria dos pacientes que toma fármacos para reduzir o colesterol iria provavelmente aderir a um medicamento que eleva o bom colesterol, caso este esteja disponível.

O Lipitor/Zarator da Pfizer é actualmente o líder no mercado do colesterol com vendas na ordem dos 12,9 mil milhões de dólares. Contudo, o Lipitor irá enfrentar a concorrência dos genéricos a partir de 2010, quando expirar a patente, mas já tem vindo a perder vendas para os genéricos de fármacos concorrentes para o colesterol.

Isabel Marques

Fontes: First Word, Bloomberg, www.networkmedica.com

Crioestaminal apoia criação do «Biotec-Zone.net»

Primeiro portal de biotecnologia português já está disponível

A Crioestaminal, grupo laboratorial português na área da biotecnologia, apoiou a criação do «Biotec-Zone.net», o primeiro portal de internet português de biotecnologia. Conforme explicou Luís Gomes, administrador da empresa, o objectivo é promover o conhecimento científico naquela área.

Depois de ter sido contactada por estudantes da Escola Superior Agrária de Viana do Castelo, responsáveis pelo desenvolvimento do portal, a Crioestaminal decidiu apoiar a ideia de um site para congregar a informação na área da biotecnologia em Portugal, um projecto que classificou como “muito interessante”, afirmou Luís Gomes em declarações à agência Lusa.

Tal como já tinha sido noticiado pelo Farmacia.com.pt, o «Biotec-Zone.net» foi lançado no dia 3 de Outubro e pretende ser um espaço para a promoção de trabalhos científicos, conhecimento tecnológico, iniciativas e actividade empresarial na área da biotecnologia em Portugal, sendo que, está ainda “a dar os primeiros passos”, notou o administrador da Crioestaminal.

Para além de prestar apoio financeiro, a Crioestaminal proporciona, através do portal, visitas de estudantes de biotecnologia aos seus laboratórios, situados no Bicant Park, em Cantanhede.

Criada em Junho de 2003, a Crioestaminal emprega 30 pessoas, 90 por cento das quais ligadas à área de biotecnologia. Dois dos funcionários da empresa estão ligados à coordenação de projectos que estão a ser desenvolvidos em colaboração com o Instituto de Medicina Molecular, da Universidade de Lisboa, com o Centro de Neurociências de Coimbra, ligado à Universidade de Coimbra, e com o Instituto Superior Técnico (IST), revelou Luís Gomes.

Segundo o mesmo responsável, em 2006 a Crioestaminal facturou 3 milhões de euros e espera um aumento de 50 por cento do volume de negócios em 2007, para cerca de 4,5 milhões de euros.

Marta Bilro

Fonte: Diário Digital, Lusa.

Aprovações de novos fármacos estão em quebra nos EUA

O número de novos fármacos aprovados nos Estados Unidos da América tem vindo a diminuir e há já quem associe esta quebra à gestão da administração Bush. Durante os primeiros 81 meses da governação de George W. Bush a média de medicamentos aprovados foi significativamente inferior à registada no mesmo período em que Bill Clinton ocupou o governo norte-americano, refere Jim Kumpel, analista da Friedman Billings Ramsey.

No mandato de Bush a Administração Norte-Americana dos Alimentos e Fármacos (FDA) aprovou, em média, 80,7 candidaturas a novos fármacos e 20,6 novas entidades moleculares por ano. Na era de Clinton, a média anual para as aprovações de novos medicamentos situava-se nos 92,1 e nos 32,4para novas entidades moleculares.

Para o ano que corre também não se prevê grande evolução. De acordo com Kumpel, a FDA aprovou, até Setembro, apenas 51 novos fármacos, menos 25 por cento do que os 68 aprovados no mesmo período de 2006 e menos 13 por cento face aos 59 aprovados ao longo de uma média de 10 anos. Para além disso, salienta o especialista, as 10 aprovações de novas entidades moleculares concedidas até ao mês de Setembro representam uma quebra anual de 17 por cento e o número mais baixo dos últimos 10 anos, a par de 2005. (Ver gráfico abaixo)

“O abrandamento dramático nas novas aprovações de fármacos pode ser ampliado pela recente autorização da lei da taxa de utilização de medicamentos prescritos (PDUFA), que deve promover padrões de segurança. As empresas que dependem de novas aprovações de fármacos – quer sejam grandes produtores farmacêuticos, organizações de venda a contrato, ou consultores de novos lançamentos de medicamentos – estão claramente a ressentir os prejuízos”, refere Kumpel.


Marta Bilro

Fonte: Pharmalot.

Shire Pharmaceuticals vende portfólio de fármacos à Almirall

A empresa britânica Shire Pharmaceuticals anunciou a venda de um conjunto de medicamentos à farmacêutica espanhola Almirall por 151 milhões de euros, entre eles estão o Solaraze (Diclofenac), indicado no tratamento das queratoses actínicas, e o Vaniqa (Efluornitina), utilizado no tratamento do hirsutismo facial na mulher

De acordo com a Shire, a venda de alguns dos fármacos do seu portfólio vai permitir-lhe expandir o seu alcance a nível internacional. A farmacêutica pretende agora concentrar-se em tratamentos direccionados para as perturbações por défice de atenção, doenças gastrointestinais e terapias genéticas humanas.

“A nossa ênfase nos mercados internacionais reside no desenvolvimento de posições competitivas para os nossos produtos globais que preencham as necessidades de médicos especializados e dos seus doentes”, salientou o director executivo da empresa, Matthew Emmens.

A Shire, terceiro maior laboratório do Reino Unido, é uma das principais farmacêuticas especializadas do país, com operações em toda a Europa, nos Estados Unidos da América e no Canadá.

Marta Bilro

Fonte: Reuters, BBC News.

FDA autoriza Teva a produzir Valaciclovir genérico

A Teva Pharmaceutical Industries recebeu aprovação provisória da Administração Norte-Americana dos Alimentos e Fármacos (FDA) para produzir uma versão genérica do Valtrex (Valaciclovir), um medicamento da GlaxoSmithKline utilizado no tratamento do herpes.

De acordo com a farmacêutica israelita a aprovação final deverá ser concedida em Dezembro de 2009, altura em que expira, nos Estados Unidos da América (EUA), a patente do fármaco detida pela GlaxoSmithKline.

A Teva não é a única empresa interessada na produção de Valaciclovir genérico. O laboratório indiano Ranbaxy tem planos para introduzir no mercado um genérico do Valtrex em finais de 2009 e a Mylan recebeu também uma aprovação provisória da FDA para comercializar um genérico desta substância.

De acordo com a Teva, as vendas anuais do medicamento nos EUA renderam, em 2006, mais de 1,06 mil milhões de euros.

Marta Bilro

Fonte: Reuters, Business Week, Farmacia.com.pt.

Andrew Witty é o novo director executivo da GlaxoSmithKline

A farmacêutica britânica GlaxoSmithKline nomeou Andrew Witty para o cargo de director executivo. O actual presidente das operações farmacêuticas da GSK na Europa sucede a Jean-Pierre Garnier que vai retirar-se em Maio de 2008.

De acordo com a empresa, Witty foi eleito após um rigoroso processo de selecção. “O facto de termos conseguido seleccionar um sucessor para o JP entre três fortes candidatos internos é uma prova da qualidade de gestão da GSK”, afirmou Christopher Gent, presidente do maior laboratório farmacêutico europeu.

Na GlaxoSmithKline deste 1985, Andrew Witty ocupou o cargo de vice-presidente para a Ásia e Pacífico. Posteriormente, no Reino Unido, foi director do departamento de farmácia e distribuição e gestor do sector de produto internacional entre várias outras posições na área das vendas e marketing. Em Janeiro de 2003 assumiu a presidência da unidade de fármacos da GSK na Europa, que só deverá abandonar para se tornar o mais jovem director executivo da GlaxoSmithKline, aos 43 anos de idade.

Marta Bilro

Fonte: RTT News, Hemscott, Bloomberg, AFP.

domingo, 7 de outubro de 2007

Espera prejudica rastreio ao cancro colo-rectal

A espera prolongada para obter a confirmação de um diagnóstico é uma das principais falhas apontadas pelos médicos do que diz respeito ao rastreio do cancro colo-rectal que, em Portugal, dizem, apresenta várias lacunas. A escassez de “centros convencionados” agrava o combate ao problema, salienta o presidente do colégio de oncologia da Ordem dos Médicos, Jorge Espírito Santo.

Em Lisboa, nas clínicas convencionadas pelo Estado, um doente pode esperar até um mês e meio para fazer uma colonoscopia, avança a edição de Domingo do Diário de Notícias. Depois, ao chegar ao hospital a espera pode variar entre dois a três meses até que o doente tenha acesso a uma consulta de gastrenterologia, referiu Pilar Vicente, médica do Hospital de São José, em declarações àquele jornal.

Um compasso de espera que, em muitos casos, pode ser decisivo para detectar a doença atempadamente, até porque o cancro colo-rectal é a segunda causa de morte por cancro no mundo ocidental, apesar de ser um dos mais fáceis de prevenir. “Todos os dias morrem nove pessoas devido ao cancro do colo e do recto”, alertou o presidente da Sociedade Portuguesa de Endoscopia Digestiva (SPED).

Apesar da colonoscopia poder ser realizada nos hospitais públicos, a maioria dos doentes acaba por fazer o exame em clínicas privadas, podendo recorrer às que têm convenção com o Serviço Nacional de Saúde (SNS) que, no entanto, são insuficientes. "O hospital não está a dar resposta, pelo que os doentes recorrem a convencionados", referiu Margarida Damasceno, oncologista do hospital de São João.

Mesmo depois de confirmado o diagnóstico é preciso aguardar a triagem das consultas de gastrenterologia, explica Jorge Espírito Santo que defende a criação de “canais directos entre os centros de saúde e os hospitais”. Entre a marcação da consulta, exames de estadiamento e aspectos da terapêutica, o doente “chega a esperar dois meses”. Tudo isto sem contar com a espera pela cirurgia, que pode atingir os oito meses. Um conjunto de adversidades que levam o responsável a afirmar que “a situação não está boa para o doente oncológico”.

Aos médicos resta esperar que o novo programa de rastreio, preparado para o início do próximo ano, venha melhorar as condições dos doentes oncológicos.

Marta Bilro

Fonte: Diário de Notícias, Diário Digital, Saúde na Internet.

Inibidores de microARN combatem vírus na fase latente
Fazer sair o HIV do seu esconderijo...

Uma equipa de investigadores da Universidade Thomas Jefferson, com sede em Filadélfia, nos Estados Unidos, descobriu um método que permite combater o vírus responsável pela sida na fase latente, quando o HIV se mantém no organismo em estado inactivo, em que os medicamentos anti-retrovirais são incapazes de interferir.

Até agora essa incapacidade de actuar sobre o vírus enquanto ele se encontra em repouso tem sido o maior obstáculo à erradicação da doença. No entanto, os cientistas da Thomas Jefferson acreditam ter encontrado a fórmula para combater mais eficazmente o vírus. A investigação foi divulgada na edição electrónica da revista científica «Nature Medicine», e explica que as células de microARN, pequenas moléculas do genoma que regulam a expressão genética, e que são abundantes nas células TCD4 em repouco, têm papel preponderante na capacidade de persistência do HIV no organismo humano, já que desactivam a replicação do vírus e contribuem para o seu estado de latência. De acordo com os investigadores, esta descoberta poderá abrir uma via para fazer sair o HIV do seu esconderijo e eliminar do organismo a sida, antes mesmo de ela se manifestar.

Carla Teixeira
Fonte: AZ Prensa