quarta-feira, 13 de junho de 2007

Dor crónica afecta 1,6 milhões de portugueses

Segundo um estudo que vem a ser desenvolvido por investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, 1,6 milhões de pessoas no nosso país sofrem de dor crónica de intensidade moderada ou forte.

A investigação tem por objectivo realizar uma avaliação da dor crónica de intensidade moderada ou forte que tenha duração mínima de seis meses. De acordo com os inquiridos as dores mais frequentes são lombalgias, problemas de coluna, artrites ou artroses e dores de cabeça.

O estudo que está a ser feito através de entrevistas telefónicas, pretende atingir os cinco mil inquéritos. Até à data foram realizadas 1 200 entrevistas que permitem prever que 16% da população é afectada por dores crónicas.

Dos entrevistados 30% não está satisfeito com o tratamento da sua dor, por considerá-lo incorrecto ou inadequado. Castro Lopes, coordenador da investigação, afirmou à Lusa que este facto acontece visto que "ainda não se dá a devida importância à dor” e realça a importância de integrar formação nesta área no currículo dos cursos de medicina.

Para resolver o problema da falta de formação dos profissionais, nas faculdades de Medicina do Porto e Lisboa já existe um curso de pós-graduação na área da dor.

Em Portugal existe um Plano Nacional de Luta Contra a Dor que tem definido como um dos objectivos a alcançar a existência de unidades de dor em 75% dos hospitais portugueses. No entanto, elas apenas estão presentes em 60% dos hospitais. Quanto às unidades de dor aguda do pós-operatório o coordenador da investigação considera que não se verificou qualquer avanço.
"Isto é um motivo de grande preocupação, até porque eticamente trata-se da dor que é mais incorrecto não tratar, uma vez que é induzida pelo próprio médico, apesar de o ser em benefício do doente", salienta Castro Lopes.

A preocupação em tratar a dor deverá ser do interesse do próprio Estado. De acordo com afirmações de especialistas portugueses e estrangeiros, o Estado poderia poupar milhões de euros todos os anos se apostasse na prevenção e no tratamento da dor, uma vez que é uma das causas da quebra de produtividade laboral. Ao entrevistar pessoas que se encontravam em unidades de dor nos hospitais, foi possível concluir que em 85% dos doentes a dor afecta o seu desempenho no trabalho.

Na Europa, a média da população que sofre de dor crónica está perto dos 20%.

Sara Nascimento

Fonte: Lusa

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