quarta-feira, 13 de junho de 2007

Novos fármacos eficazes no tratamento da artrite reumatóide

Um grupo de especialistas estudou a utilização de três novos fármacos no tratamento da artrite reumatóide e comprovou a sua eficácia na redução dos sintomas da doença. A investigação, divulgada pela revista médica britânica “The Lancet”, poderá trazer benefícios significativos no tratamento de uma doença crónica que se caracteriza, principalmente, pelas dores nas articulações e afecta entre 0,5 e 1 por cento da população no mundo industrializado.

O professor Josef Smolen e um grupo de cientistas do departamento de Reumatologia da Faculdade de Medicina de Viena estudaram os efeitos do uso de Rituximab, Abatacept e Tocilizumab e as reacções provocadas nos pacientes quando os medicamentos eram usados como tratamentos individuais ou combinados com outras terapias.

Os autores do estudo exploraram a patogenia da artrite reumatóide e calcularam novas estratégias terapêuticas de forma a perceber como poderá ser melhorada a resposta do paciente ao tratamento. Estes especialistas acreditam que a única forma de prevenir as consequências da doença em cada indivíduo e nos sistemas de saúde é através de tratamentos efectivos.

Entre os três remédios avaliados no estudo, o Rituximab e o Abatacept já obtiveram aprovação, sendo que o Tocilizumab continua em período de testes. Os testes realizados com Rituximab demonstraram que o fármaco reduz os sintomas provocados pela artrite reumatóide em mais de 50 por cento num terço dos pacientes.

A administração de dez gramas de Abatacept, que interfere no mecanismo de resposta da célula T, por cada quilo de massa corporal do doente posteriormente submetido a um tratamento de metotrexate, revelou uma diminuição de 50 por cento dos sintomas da doença em 40 por cento dos pacientes. A ingestão de Tocilizumabb em conjunto com o metotrexate resultou numa redução dos sintomas em 50 por cento, em mais de 40 por cento dos pacientes.

Ainda assim os cientistas relembram que é preciso ter precaução com os efeitos secundários que podem variar de acordo com cada medicamento.

Entre os pacientes tratados com Rituximab, 30 a 35 por cento reagiram à primeira dose intra-venosa, e apresentaram taxas muito mais elevadas de infecções graves relativamente àqueles a quem foi administrado um placebo. Nos doentes que tomaram Abatacept foi registado um maior índice de dores de cabeça, enjoos e infecções graves do que nos que receberam o placebo. Os pacientes sujeitos à terapia com Tocilizumab relataram sintomas de dor de cabeça e erupções na pele, estomatite, febre, subida dos níveis de colesterol e enzimas de fígado.

Nas conclusões da investigação, os cientistas observaram que os três fármacos permitem diminuir os sintomas da artrite reumatóide, melhorar as funções físicas e a condição de saúde do paciente, ao mesmo tempo que retardam a progressão dos danos nas articulações.

A artrite reumatóide é uma doença inflamatória crónica, de causa ainda desconhecida, envolvendo particularmente as articulações. Atinge mais o sexo feminino do que o masculino e inicia-se, normalmente, entre os 30 e os 40 anos, podendo também ocorrer na terceira idade. A doença afecta a vida e o dia-a-dia do paciente tanto a nível familiar como social.

De acordo com a descrição da Associação Nacional dos Doentes com Artrite Reumatóide (A.N.D.A.R.), esta patologia caracteriza-se por provocar dor, principalmente nas articulações das mãos, punhos, cotovelos, joelhos e pés, mas pode afectar qualquer articulação. Problemas nos olhos, coração, pulmões, rins e no sistema nervoso periférico também não são excluídos do rol de sintomas detectados em alguns casos.

Tal como explica António Vilar, presidente da Direcção do Instituto Português de Reumatologia, «a inflamação afecta a cartilagem, corrói o osso e destrói a articulação, daí que, quando não se consegue parar a inflamação, possam surgir deformações». As cartilagens e o próprio osso acabam por ser corroídos pela inflamação.

Os especialistas sabem como é que se desenvolve a inflamação, como é que a doença progride e que graus de incapacidade pode provocar, mas continuam sem saber qual é a sua causa.

Os tratamentos mais clássicos, onde se incluem os sais de ouro, o metotrexato, a salazopirina e os antipalúdicos têm uma taxa de indução de remissão que anda na casa dos 40 a 60 por cento. Em Portugal, existem cerca de 40.000 doentes diagnosticados com artrite reumatóide.

Marta Bilro

Fonte: Último Segundo, Associação Nacional dos Doentes com Artrite Reumatóide

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