segunda-feira, 30 de julho de 2007

Médicos em protesto contra custos de medicamento

Os médicos britânicos ameaçam administrar, aos pacientes com degenerescência macular relacionada com a idade (DMI), um medicamento que não possui autorização de comercialização com essa indicação, como forma de protesto contra o custo do fármaco licenciado e indicado para o efeito que consideram abusivo.

O preço elevado do Lucentis (ranibizumab), medicamento indicado para o tratamento da DMI, está a fazer com que alguns fundos de cuidados primários permitam aos médicos do Serviço Nacional de Saúde Britânico (NHS) utilizar pequenas doses de Avastin (Bevacizumab). Este fármaco, destinado ao tratamento de doentes com carcinoma metastizado do cólon, é frequentemente utilizado no tratamento de doenças oculares tanto nos Estados Unidos da América como no Reino Unido.

A anterior secretária da Saúde, Patricia Hewitt, fez pressão para que fossem realizados ensaios clínicos que avaliassem a actuação do Avastin no tratamento da DMI, porém os seus apelos foram ignorados. Agora o NHS está a financiar um ensaio clínico que compara directamente o Avastin e o Lucentis, ambos produzidos pela Genentech.

Este é o primeiro desafio real que o Reino Unido coloca ao elevado preço dos medicamentos estabelecido pelas empresas farmacêuticas. O crescente desconforto relativamente aos valores elevados que são cobrados pelos novos fármacos tem conduzido à eliminação ou racionamento de algumas substâncias por parte do NHS. Os laboratórios alegam que precisam de muitos milhões de dólares em vendas para recuperar os gastos com a investigação e desenvolvimento, no entanto os críticos acusam-nos de especulação.

A DMI é uma das principais causas de incapacidade nos idosos e a maior responsável pela perda de visão nos adultos. Relaciona-se com frequência ao envelhecimento e resulta de um crescimento anormal dos vasos sanguíneos sob a retina, especificamente sob o tecido coróide. À medida que progride, deixa apenas a visão periférica que mostra uma realidade desfocada. O Lucentis pode ajudar a prevenir a cegueira e a melhorar a visão mas o custo do tratamento faz com que seja apenas utilizado nos casos mais graves.

Marta Bilro

Fonte: Guardian Unlimited, Thelegraph.co.uk

Administrado directamente na placa peniana
Verapamil trava Doença de Peyronie

A injecção de verapamil directamente no pénis de homens afectados pela Doença de Peyronie poderá resultar numa diminuição de 18 por cento na curvatura do pénis e em até 60 por cento de estabilização da progressão da patologia, de acordo com dados de um novo estudo.

Descoberta no século XVIII pelo médico francês Francois Gigot de la Peyronie, que lhe deu o nome, esta é uma doença inflamatória que se caracteriza pela existência de uma zona dura nos corpos cavernosos, descrita pelos doentes como um "calo", em virtude da área fibrótica. A doença afecta 0,4 a 3,5 por cento dos homens adultos, embora haja estudos feitos post mortem que avançam números muito maiores no que toca à prevalência desta patologia. Sem causa conhecida, poderá dever-se a factores genéticos predisponentes em certos homens ou a pequenos traumatismos sofridos durante o acto sexual, que não terão sido tratados da forma mais correcta. A doença é progressiva, e em 10 por cento dos casos regride espontaneamente.
A dificuldade na concretização de relações sexuais, pelas dores que a erecção e a interacção com a parceira provocam, constitui, na grande parte dos casos, a razão por que os doentes pedem ajuda ao médico. A detecção de uma placa peniana no corpo cavernoso, que poderá ou não ser acompanhada de uma curvatura do órgão sexual masculino (que nos casos mais graves chega a impedir a penetração vaginal), é o cenário de que dão conta ao profissional de saúde, de acordo com a Associação Americana de Urologia.
Normalmente tratada com medicação oral e injecções locais durante os primeiros meses, sendo a intervenção cirúrgica o procedimento a seguir nas situações em que os fármacos não funcionam, a Doença de Peyronie poderá agora ter resposta mais rápida e adequada do ponto de vista terapêutico.Um estudo publicado no jornal «Urology» atesta que uma equipa de investigadores da Weill Medical College da Universidade de Cornell, em Nova Iorque, analisou o efeito de injecções de verapamil – um medicamento usado no tratamento de batimentos cardíacos irregulares, pressão sanguínea elevada e angina de peito – administradas directamente na placa peniana de 94 homens doentes, e concluiu que, ao fim de pouco mais de cinco semanas após terem sido tratados, 18 por cento dos doentes tinham menor curvatura do pénis e 60 por cento não verificara qualquer progressão da doença.

Carla Teixeira
Fonte: Agência Reuters, ABC da Saúde, MercMedicus

ABT-560 garante pagamento à Neurosearch

A farmacêutica dinamarquesa Neurosearch recebeu da Abbott um pagamento pelo cumprimento de um objectivo no âmbito da parceria de licenciamento entre as duas empresas. O montante, que não foi especificado, refere-se ao inicio de um ensaio clínico de Fase I que envolve o ABT-560, um medicamento com potencial de tratamento de várias doenças do sistema nervoso.

Caso o fármaco chegue ao mercado, a Neurosearch deverá receber vários pagamentos por objectivos, bem como os royalties das vendas globais da Abbott referentes ao medicamento.

O laboratório norte-americano detém os direitos sobre a substância e é responsável pelo pagamento dos custos relativos ao seu desenvolvimento e comercialização.

Marta Bilro

Fonte: Forbes

Novas disposições entram em vigor nesta quarta-feira
Infarmed tem nova lei orgânica e estatutos

O primeiro dia de Agosto traz à Autoridade Nacional do Medicamento e dos Produtos de Saúde (Infarmed) uma nova lei orgânica e novos estatutos. As novas disposições foram publicados há dias em «Diário da República», e configuram um novo ordenamento do sector, depois da conclusão do processo de regulamentação dos organismos que funcionam na dependência do Ministério da Saúde.

O Decreto-Lei n.º 269/2007, que estabelece a missão e as atribuições da agência nacional do medicamento, e a Portaria 810/2007, que vem determinar a sua nova organização interna, através da aprovação dos novos estatutos, estão conformes ao Programa de Reestruturação da Administração Central do Estado e com a Lei Orgânica do Ministério da Saúde, publicada em Outubro de 2006. Os documentos – a que o farmacia.com.pt teve acesso – estabelecem uma nova orgânica para o Infarmed, assente em "três ordens de factores: o ambiente nacional e comunitário, a necessidade de dotar o instituto público de orgânica e instrumentos que lhe permitam regular e supervisionar os sectores dos medicamentos e dos produtos de saúde, e a maior eficácia do esquema de funcionamento" do Infarmed.
Em meados do ano passado o presidente do Infarmed anunciava, numa entrevista ao «Diário Económico», uma nova lei orgânica para aquela entidade, que entraria em vigor até final de 2006. Volvido quase um ano sobre o prazo estimado por Vasco Maria, está confirmada para amanhã a concretização das novas regras da agência nacional do medicamento, que conhece também novos estatutos. Como então explicou aquele responsável, o objectivo que presidiu à "profunda reestruturação" foi o de lutar contra "alguma falta de rigor, laxismo e despreocupação que existia", devendo a nova lei orgânica “reorganizar a estrutura", no sentido de a tornar "mais ágil e horizontal”, designadamente através da criação de "um sistema de gestão de informação que facilite a interligação entre diferentes sectores".

Carla Teixeira
Fonte: Infarmed, Ordem dos Farmacêuticos, Diário da República, Diário Económico
Nova direcção da OF reuniu-se com Jaime Gama
Ordem na Assembleia da República

A nova direcção nacional da Ordem dos Farmacêuticos, legitimada pelas eleições do passado dia 21 de Junho, foi recebida por Jaime Gama, presidente da Assembleia da República. A bastonária, Irene Silveira, fez-se acompanhar na deslocação ao Parlamento por dois vogais da direcção, Elisabete Faria e Pedro Barosa, e pelos líderes das secções regionais do Porto e de Coimbra, Franklim Marques e Francisco Batel Marques.

No encontro, que serviu também para as apresentações formais da nova direcção, e para o primeiro contacto dos novos representantes da classe com o poder político, foram abordados vários assuntos e clarificada a posição da Ordem relativamente a diversos aspectos, com destaque para as "preocupações" do sector face à decisão do Governo de introduzir uma nova regulamentação do regime jurídico das farmácias de oficina, cuja premissa mais polémica se prende com a abolição da reserva de propriedade das farmácias existente até aqui para os farmacêuticos.A equipa de Irene Silveira reiterou a sua oposição à liberalização do sector, preconizando a ideia de que manter a obrigatoriedade de um vínculo dos farmacêuticos à propriedade – sugerindo como mínimo os 51 por cento, um número bem acima dos actuais cinco por cento dos estabelecimentos de dispensa de medicamentos que, à luz da lei actual, têm de ser detidos por um farmacêutico –, frisando que esse aspecto serve o interesse público das populações.
A direcção da OF sugeriu ainda a adopção de "um novo instrumento legislativo que, de forma eficaz, consequente e moderna, dote o ordenamento jurídico português de disposições elementares face à actividade e ao conjunto de deveres assacáveis aos farmacêuticos".No que diz respeito à carreira, a OF alertou o líder da Assembleia da República para algo que considera "crucial" – "uma definição que valorize o contributo da intervenção farmacêutica no sistema de saúde, e em particular no âmbito das instituições prestadoras de cuidados de saúde" – e abordou ainda a proposta legislativa feita pelo grupo parlamentar do PS, visando a regulação da criação e do funcionamento de associações públicas profissionais, que a Ordem dos Farmacêuticos encara como "uma injustificada afectação dos princípios de independência e de autoregulação".

Carla Teixeira
Fonte: Ordem dos Farmacêuticos

Crucell e Wyeth Pharmaceuticals instituem parceria

O Crucell, grupo holandês de biotecnologia, estabeleceu um acordo de licenciamento exclusivo com a Wyeth Pharmaceuticals, uma divisão da farmacêutica norte-americana Wyeth, que prevê a utilização das suas tecnologias PER.C6 e Advac.

O comunicado divulgado pela Crucell não revela os detalhes envolvidos nesta parceria mas adianta que a empresa deverá receber um pagamento adiantado, pagamentos por objectivos, taxas anuais de manutenção e royalties relativos às vendas líquidas dos produtos.

Marta Bilro

Fonte: CNN Money, Hemscott.

Ranbaxy comercializa Isoptin SR no mercado norte-americano

A farmacêutica indiana Ranbaxy anunciou a comercialização do seu primeiro produto genérico autorizado no mercado norte-americano. A venda do Isoptin SR (Verapamilo) ficará a cargo a sua subsidiária Ranbaxy Pharmaceuticals Inc. depois de ter sido estabelecido um acordo com o FSC Laboratories.

“A comercialização do Isoptin SR abre portas à Ranbaxy no sector dos genéricos autorizados”, afirmou o vice-presidente e director regional da empresa na América do Norte, K Venkatachalam. Para além disso, permitirá ao laboratório melhorar a capacidade do sistema de distribuição de novos fármacos, bem como impulsionar o empenho noutras moléculas, de forma a aumentar a fiabilidade dos doentes ao tratamento, considera o responsável.

O Verapamilo é um antagonista do cálcio, que inibe a entrada das correntes transmembranosas dos iões cálcio nas células musculares lisas das artérias e do miocárdio. A substância é indicada no tratamento da hipertensão e angina.

Marta Bilro

Fonte: EquityBulls.com

AstraZeneca processa Onion por violação de patentes

A farmacêutica AstraZeneca processou o laboratório finlandês Orion Corp. por alegada infracção das patentes de produção de dois dos seus medicamentos principais.

A Onion é acusada de comercializar, no mercado finlandês, versões genéricas com 40 por cento de desconto do antipsicótico Seroquel (Quetiapina) e do Casodex (Bicalutamida), um antiandrogénio indicado em doentes com cancro da próstata avançado.

“Temos patentes válidas [destes medicamentos] ”, afirmou o director executivo da unidade finlandesa da AstraZeneca, Lasse Savonen, acrescentado que o intuito deste processo jurídico é descobrir os métodos utilizados pela Orion para produzir os fármacos.

De acordo com o jornal finlandês Helsingin Sanomat, até ao momento, o tribunal recusou todos os pedidos da AstraZeneca para impedir a venda dos fármacos e pediu mais informações à Orion.

Em 2006, as vendas do Seroquel atingiram os 20 milhões de euros, já as do Casodex não ultrapassaram os 11 milhões de euros.

Marta Bilro

Fonte: Reuters, Hemscott.

FDA decide futuro do Avandia

Um comité de especialistas da Administração Norte-Americana dos Alimentos e Fármacos (FDA) reúne hoje (30 de Julho) para analisar a segurança do Avandia (maleato de rosiglitazona). O painel de conselheiros deverá decidir se aumenta as advertências acerca da substância ou mesmo se esta deverá ser retirada do mercado. Caso a última hipótese se confirme, a GlaxoSmithKline (GSK) pode ver as suas receitas anuais reduzidas em mais de 1,7 mil milhões de euros.

O fármaco, destinado ao tratamento da diabetes, é suspeito de aumentar o risco de ataque cardíaco, alegações que surgiram depois da publicação de um estudo no “New England Journal of Medicine”. Peter Cartwright, analista do sector farmacêutico na Evolution Securities, considera que o mais provável é que seja requerida a inclusão de mais avisos no folheto informativo do medicamento.

O parecer emitido por este comité independente não será vinculante para a FDA que, por norma, acaba por seguir as suas recomendações. Caso os especialistas defendam a recolha do Avandia do mercado norte-americano, a GSK deverá sofrer uma diminuição de 6 por cento nos lucros projectados para 2008 que se aproximam do 30 mil milhões de euros, uma quebra superior a 1,7 mil milhões de euros, indicam as previsões de Cartwright. De acordo com o analista, se a FDA retirar o medicamento nos Estados Unidos da América, a GSK poderá ser obrigada a suprimir o fármaco globalmente. No entanto, a inclusão de avisos mais rígidos pode também reprimir as vendas, encorajando os médicos a prescreverem alternativas.

Os membros deste comité irão votar em dois aspectos distintos. Por um lado devem referir se acreditam que o Avandia aumenta o risco de sofrer ataques cardíacos, por outro, se os benefícios superam os riscos justificando que o medicamento se mantenha no mercado. A GSK tem vindo a preparar a defesa do Avandia e levantou várias questões acerca da metodologia utilizada no estudo publicado no “New England Journal of Medicine”. O laboratório britânico pretende ainda apresentar novos dados que, segundo afirma, comprovam que o perfil de segurança do medicamento não difere do de outras substâncias da mesma classe, como é o caso do Actos, da japonesa Takeda.

Desde o seu lançamento em 1999, mais de seis milhões de pessoas em todo o mundo já tomaram Avandia. Nos EUA, existem cerca de 20 milhões de diabéticos, quase 7 por cento da população, cujos tratamentos representam entre 10 a 15 por cento das despesas de saúde norte-americanas, referiu Larry Deeb da Associação Americana da Diabetes. “Se o número de diabéticos volta a aumentar, tal como prevemos que aconteça, o sistema de saúde irá à bancarrota”, acrescentou o responsável.

Marta Bilro

Fonte: Elmundo.es, Times Online.

Doença afecta cerca de um terço da população mundial
Nova vacina contra tuberculose em testes


A primeira vacina contra a tuberculose desenvolvida nos últimos 80 anos entrou em fase de testes clínicos, prevendo-se que, se o resultado dos ensaios for positivo, a nova imunização possa começar a ser comercializada dentro de oito anos. Peritos da Universidade de Oxford citados pela Agência ANSA alegam que o medicamento poderá salvar da morte milhões de pessoas por ano. Para a tuberculose latente há previsões de uma nova vacina em 2012.

Numa altura em que a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que um terço da população mundial esteja infectado pela doença, e que mais de dois milhões por ano não consigam, devido à tuberculose, fugir ao espectro da morte nos países em desenvolvimento, a única vacina disponível é a BCG, que apenas protege contra as variantes mais severas e não confere imunidade aos adultos. Um panorama pouco animador, a que a nova vacina, desenvolvida por Helen McShane, investigadora da Universidade de Oxford, quer pôr termo. A nova imunização actua em conjunto com a vacina BCG, utilizando uma proteína existente em todas as variantes da doença, para aumentar o número de células imunes. A cientista britânica, cujo trabalho tem sido financiado pelo Wellcome Trust, considera que a nova vacina ganha estatuto de “essencial” em virtude do aumento da resistência do bacilo causador da doença a muitos dos antibióticos usados no seu tratamento, lembrando também o cada vez maior número de infectados pela tuberculose em associação com a sida.

Tuberculose latente
Igualmente em estudo, e com a previsão de poder vir a ser aplicada aos doentes já em 2012, encontra-se a primeira vacina contra a tuberculose latente. Apesar de ser uma variante assintomática e não contagiosa da doença, já que os bacilos estão no organismo, mas não se manifestam, a tuberculose latente poderá também evoluir para a forma activa da patologia, nomeadamente nos doentes seropositivos, cujo sistema imunitário se encontra debilitado e não pode defender-se da multiplicação dos vírus. A primeira imunização para a variante latente da tuberculose encontra-se em estudo há vários anos, e de acordo com Pere-Joan Cardona, o investigador que dirige a investigação para seu o desenvolvimento, “a vacina estará pronta em 2012 e poderá ser administrada a um terço da humanidade, a população que se calcula estar infectada pelo bacilo da tuberculose”.
O desenvolvimento da chamada RUTI constitui um marco mundial, porque não há qualquer vacina terapêutica para a forma latente da tuberculose além do tratamento de nove meses à base de isoniazida, que devido à sua elevada toxicidade não é administrada a muitos dos infactados. Segundo Pere-Joan Cardona, inicialmente o tratamento está dirigido a pessoas com maiores necessidades, como seropositivos infectados pela tuberculose latente, “combinação mortal” que constitui um caso de sida, de acordo com os especialistas. “Um tratamento com antibióticos que tenha a duração de nove meses também não é fácil de seguir, nomeadamente quando não há qualquer sintoma da doença”, refere, concretizando a ideia de que, “por isso, a principal vantagem da nova vacina é o facto de ela estimular a resposta imune e de a sua administração poder reduzir para um mês o tratamento com antibióticos.

Carla Teixeira
Fonte: ANSA, Agência Lusa, Jornal Digital, AidsPortugal.com, AstraZeneca
Conquista colectiva de investigadores de vários países
Genes aumentam risco de esclerose múltipla


Vários grupos de investigadores de diversos países acabam de anunciar a mesma descoberta: a existência de factores genéticos associados ao desenvolvimento da esclerose múltipla. Os vários trabalhos, unânimes na sugestão de que haverá uma relação entre aquela e outras doenças auto-imunes, foram publicados nas revistas científicas «Nature Genetics» e «New England Journal of Medicine». Mais de 20 mil pessoas, nos Estados Unidos e na Europa, foram acompanhadas no âmbito destes estudos.

A análise do ADN daqueles pacientes permitiu confirmar que os genes do sistema imunológico são alterados nos indivíduos diagnosticados com esclerose múltipla, e destacaram os mecanismos que potencialmente desencadeiam aquela doença inflamatória, crónica e degenerativa, que se manifesta a partir da combinação de factores genéticos e ambientais. Os estudos agora divulgados foram os primeiros a incidir na análise da base genética da patologia. Os dois grupos de investigadores responsáveis pelos trabalhos apresentados na «Nature Genetics» – elementos do Centro Médico da Universidade de Vanderbilt, liderados por Jonathan Haines, e do Instituto Karolinska, na Suécia, coordenados por Jan Hillert – confluíram na aferição de que as variantes do gene IL7R (receptor de interleucina 7) são mais comuns em indivíduos com esclerose múltipla, prevendo que uma alteração nos níveis relativos das duas formas do gene possa alterar a actividade do sistema imunológico e fazer com que pessoas que tenham a variante desenvolvam mais facilmente a esclerose múltipla.
Também as pesquisas relatadas no «New England Journal of Medicine» foram ao encontro dos mesmos dados. Os cientistas da Escola Médica da Universidade de Harvard conduzidos por David Hafler confirmaram a associação entre o IL7R e a doença, através da análise dos polimorfismos de nucleotídeos únicos (pequenas diferenças na sequência de ADN que representam as variações genéticas comuns entre indivíduos). Para confirmar os resultados, a equipa norte-americana cruzou os dados com uma nova análise em diferentes famílias, em casos isolados e num grupo de controlo, combinando os dados para uma análise final, com uma amostra total de mais de 12 mil pessoas.
Salientando que esta descoberta só se tornou possível graças aos mais recentes avanços em matéria de tecnologias genómicas, os investigadores lembraram que “há mais de três décadas” buscavam a explicação para o envolvimento dos genes no desenvolvimento da esclerose múltipla, mas “essa explicação não poderia ter sido encontrada antes de o genoma humano ter sido sequenciado”, disse Hafler, ao mesmo tempo que Adrian Ivinson, responsável pelo Centro de Neurodegeneração e Reparo de Harvard, atestou que “estes estudos mostram o poder da colaboração” internacional. Já para Stephen Hauser, investigador da Universidade da Califórnia em São Francisco, “isto tudo é apenas o começo, pois a colaboração internacional já está a planear explorações ainda maiores e mais detalhadas no cenário genético da esclerose múltipla”.
A participação de vários genes no desenvolvimento desta doença tinha sido aferida nos anos 70, no sexto cromossoma. No entanto, os resultados dos trabalhos agora divulgados representam um novo grande avanço na teorização das causas daquela patologia. Nos doentes que sofrem de esclerose múltipla o sistema imunitário ataca a bainha de mielina, um dispositivo responsável pelo revestimento e isolamento das fibras nervosas. A destruição daquele mecanismo provoca uma espécie de “curto-circuito”, obstruindo a passagem do fluxo nervoso e causando problemas ao nível da motricidade, do equilíbrio, da fala e da visão. A esclerose múltipla afecta mais de um milhão de pessoas em todo o mundo. Estudos epidemiológicos apontam para a existência de cerca de 450 mil doentes só na Europa, sendo a incidência maior nos países nórdicos. Em Portugal estima-se que haja à volta de cinco mil pacientes.

Carla Teixeira
Fonte: «Nature Genetics», «New England Journal of Medicine», AFP, Jornal «O Povo», Globo Online, Último Segundo, Terra, Revista Pesquisa, Associação Nacional de Esclerose Múltipla
Estudo desmente informações anteriores
Legumes não previnem cancro da mama


Ao contrário do que até aqui vinha sendo defendido pela comunidade científica e pela classe médica, o consumo de legumes parece não ter implicação significativa no risco ou na prevenção do cancro da mama. Uma investigação agora publicado no «Journal of the American Medical Association» atesta que nem mesmo o dobro da quantidade recomendada de frutas e legumes parece influir na predisposição e no desenvolvimento daquela doença oncológica.

O estudo, levado a cabo por especialistas do Centro de Prevenção do Cancro da Universidade de Stanford, na Califórnia, acompanhou, entre 1995 e 2000, mais de três mil mulheres com idades compreendidas entre os 18 e os 70 anos, que depois foram seguidas pela equipa de investigadores até 2006. Todas tinham recebido tratamento a cancros da mama em estádio inicial de desenvolvimento. Metade das pacientes seguiu uma dieta rica em legumes e frutas, duplicando as quantidades recomendadas pelos médicos e reduzindo a ingestão de matérias gordas; a outra metade seguiu uma dieta normal, que incluía frutas e legumes.
Segundo avança a mais recente edição do «JAMA», os investigadores esperavam “que a duplicação da dieta recomendada de frutos e legumes, juntamente com um aumento da ingestão de fibras e a redução das gorduras fizesse uma diferença nas taxas de reaparecimento do cancro da mama”. No entanto, de acordo com Marcia Stefanick, professora de Medicina daquele centro, citada pelo jornal americano, os resultados não foram de encontro às expectativas: a taxa de reaparecimento da doença foi de cerca de 17 por cento nos dois grupos. Embora menos elevada do que os 30 por cento esperados pelos cientistas para o grupo de controlo, as taxas aferidas não revelaram qualquer diferença significativa no que toca aos efeitos da ingestão de frutas e legumes.
Informações anteriormente divulgadas suscitaram na comunidade científica e entre os médicos a convicção de que a prática de uma alimentação rica em produtos de origem vegetal, com particular incidência de frutos, legumes e leguminosas, assim como a ingestão de produtos amiláceos e cerealíferos pouco processados, a par do aumento de outros alimentos fornecedores de amido (pão, massas, batatas ou arroz), facilitariam o combate ao cancro da mama. Era recomendado às mulheres o consumo diário de 400 a 800 gramas de vegetais verdes, cenouras, tomate e citrinos, que se acreditava serem capazes de diminuir em 20 por cento o risco de desenvolvimento do cancro. Uma crença que o estudo agora divulgado veio atirar por terra…

Carla Teixeira
Fontes: JAMA, Agência Lusa, Saúde na Internet

domingo, 29 de julho de 2007

MerckMedicus é um novo site de apoio à prática clínica
Um cabaz de recursos gratuitos

A versão sempre actualizada da edição profissional do prestigiado «Manual Merck», um guia de bolso de testes de diagnóstico (com informação sobre selecção e interpretação de mais de 350 exames laboratoriais, imagiológicos e microbiológicos), e a aplicação de leitura fácil do «Harrison’s Practice: answers on demand», a “aquisição” mais recente do Mobile MerckMedicus, são os grandes argumentos do novo site MerckMedicus, que tem como objectivo facultar o acesso a recursos de apoio à prática clínica.


Os interessados nesta ajuda têm apenas de entrar no site (em www.merckmedicus.com) e fazer a sua subscrição gratuita do serviço, que permite o acesso a recursos muito úteis para a prática clínica, e que em alguns casos podem ser instalados em PDA ou Pocket PC, tornando mais fácil a consulta de dados em qualquer altura, independentemente do local em que se encontre o profissional. Os dados são actualizados constantemente e as respostas são seguras e concisas, mas o MerckMedicus permite ainda outros recursos, que poderão ser muito úteis também aos farmacêuticos.
Entre estes serviços avultam informações disponibilizadas sobre assuntos de interesse para os profissionais de saúde, como o Reuters Medical News, o RSS News Feeds (notícias da Food and Drug Administration, da Organização Mundial de Saúde e das autoridades sanitárias de vários países), do «Medline Journal Abstracts» (onde podem ser seleccionadas as revistas e as áreas de maior interesse do utilizador), e o Medline Search (pesquisa na Medline «encomendada» através do PDA e realizada aquando da sincronização do aparelho à internet). Apenas para consulta online o programa oferece acesso a livros como «Cecil Textbook of Medicine» ou «Harrison’s Online», iniciativas de formação médica contínua, informação para os utentes, e páginas da especialidade de interesse do utilizador, que reúne os recursos mais adequados.

Carla Teixeira
Fonte: MerckMedicus, Revista Portuguesa de Clínica Geral, Sílvia Henriques, do Centro de Saúde São João (Porto)
Recurso destinado aos médicos pode ser útil aos farmacêuticos
Apoio gratuito à prescrição de medicamentos


Porque as dúvidas de médicos e farmacêuticos chamados a prescrever medicamentos são frequentes, designadamente no que toca à adequação de determinados fármacos a doentes em circunstâncias especiais – em termos de contra-indicações, interacções com outros produtos ou possíveis efeitos sobre a gravidez e lactação – está agora disponível online um novo serviço de apoio à prescrição. A consulta de dados sobre mais de 3300 compostos químicos e princípios activos é rápida, fiável e gratuita.

O ePocrates Rx, disponível em http://www.epocrates.com/products/rx/, num computador, PDA ou Pocket PC, é um novo programa informático permite a médicos e farmacêuticos encontrar resposta para um amplo conjunto de perguntas relacionadas com a segurança da prescrição de determinados fármacos. Abrindo caminho a uma ampla base de dados, em que pontificam mais de 3300 medicamentos e substâncias activas, informa sobre as indicações terapêuticas de cada produto, a posologia indicada para crianças e adultos, o eventual ajuste das doses em doentes insuficientes renais ou hepáticos, as reacções adversas mais graves e frequentes, as possíveis interacções medicamentosas, os “black box warnings (perfis de segurança), os efeitos sobre a gravidez e a lactação, notas de farmacologia e do utilizador.
No caso particular de pacientes polimedicados poderá ser útil a consulta do MultiCheck, uma ferramenta que permite detectar interacções entre vários fármacos seleccionados pelo utilizador (30 no máximo). Outra possibilidade oferecida pelo programa online é o MedMath, serviço que permite obter o cálculo das doses pediátricas dos medicamentos, clearance da creatinina e os índices de massa corporal e de colesterol LDL, entre outros indicadores. Já o MedTools converte analgésicos opióides e estima as equivalências de corticóides. São recursos quase infindáveis que estão agora ao dispor dos profissionais de saúde, e que possibilitam uma prescrição mais acertada e segura dos medicamentos mais indicados para casa doente.

Carla Teixeira
Fonte: ePocrates Rx, Revista Portuguesa de Clínica Geral, Sílvia Henriques, do Centro de Saúde São João (Porto)
Para tratamento do sarcoma de tecidos moles
Um medicamento no fundo do mar


E do fundo do mar veio finalmente a esperança. Depois de uma primeira tentativa falhada, no final de Junho passado, quando a Agência Europeia de Medicamentos chumbou o primeiro pedido de autorização do Yondelis (trabectedina), o consórcio PharmaMar/Johnson & Johnson obteve o parecer favorável da entidade reguladora espanhola. Designado pela Comissão Europeia e pela norte-americana FDA como medicamento órfão para o tratamento do sarcoma de tecidos moles e do cancro do ovário, o novo fármaco será agora comercializado na Europa pela PharmaMar, nos Estados Unidos pela Ortho Biotech Products, e no resto do mundo pela Janssen-Cilag.

O Yondelis (trabectedina) é um agente antitumoral e destina-se essencialmente ao tratamento do sarcoma de tecidos moles, aqueles que sustêm o organismo. Obtém-se de forma sintética, em laboratório, e representa o culminar de uma investigação de 20 anos no fundo do oceano, que poderá, brevemente, chegar aos doentes que sofrem daquela patologia (cerca de nove mil novos diagnósticos todos os anos em Espanha). A empresa farmacêutica PharmaMar – subsidiária da espanhola Zeltia –, na génese desta novidade, diz não ter dúvidas de que “o mar dará, no decurso deste século, uma excelente colecção de medicamentos”. Extraído do invertebrado ecteinascidia turbinata, o Yondelis é o resultado de uma longa aventura marinha, que teve início no momento em que a pequena PharmaMar ousou ir onde jamais alguma companhia farmacêutica tinha ido, e “mergulhou” a fundo no projecto para o desenvolvimento de novas respostas terapêuticas.
A ousadia dos espanhóis não apanhou de surpresa Helena Gervásio, presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia, que em declarações ao «Correio da Manhã» explicou que “procurar novas moléculas que têm a sua base e a sua essência em produtos naturais tem sido comum”, havendo “sempre novidades a encontrar neste campo, e que podem dar origem a novos medicamentos”. Ao cabo de longos anos de estudo (a composição química do medicamento foi concluída em 1990), o novo Yondelis está finalmente pronto para entrar no mercado. Na bagagem traz já uma capacidade comprovada para duplicar a esperança média de vida dos doentes do sarcoma de tecidos moles, que, com os tratamentos actuais não vai normalmente além dos sete meses.
Há mesmo casos, entre os pacientes acompanhados no âmbito destas baterias de estudos, que conseguiram ultrapassar os quatro anos de sobrevida àquele cancro, e esse terá sido o argumento de peso a convencer a EMEA a autorizar a introdução do medicamento no mercado farmacêutico europeu. Uma vitória arrancada a ferros pela companhia farmacêutica espanhola, que ainda no mês passado se vira diante da recusa da agência, mas que já motivou o anúncio de que as descobertas não deverão ficar por aqui. Há anos que a pesquisa espanhola no fundo do mar incide também na busca de tratamentos inovadores para outros tumores, como o cancro do ovário, da mama e da próstata.

Percalço
No passado dia 25 de Junho os executivos da PharmaMar saíram de uma reunião com a EMEA muito esperançados na aprovação do novo medicamento, mas essa pretensão viria a ser negada pela agência, que não se deixou convencer, naquela primeira abordagem, pelas qualidades do Yondelis, anunciando que não apoiaria a sua utilização, embora aprazasse uma decisão final para esta altura. Foi “um balde de água fria” para os investigadores, para a companhia e para os muitos pacientes, diante do eventual adiamento do arranque da comercialização do fármaco. Porém, mesmo depois de a EMEA ter dado conta de tamanha hesitação, a documentação que não parecia suficiente teve de ser complementada com nova entrevista, em que a direcção da Zeltia se fez acompanhar de três especialistas em sarcomas da Organização Europeia de Investigação e Tratamento do Cancro. Tinha assim início a mudança nas opiniões dos peritos da EMEA, que não tinha qualquer especialista naquela matéria.
O sarcoma de tecidos moles é um tipo de tumor maligno que pode desenvolver-se nos tecidos adiposos musculares, nervosos, articulares, vasculares e cutâneos. Há pelo menos 80 géneros de sarcomas, mas ainda assim está é uma forma bastante rara de cancro, representando menos de um por cento de todos os novos casos anuais. O tratamento actual consiste em radioterapia e quimioterapia (a que cerca de 60 por cento dos doentes não responde), que podem ser usadas antes de uma cirurgia, para reduzir o tamanho do tumor, ou depois da intervenção cirúrgica, para destruir as células cancerígenas residuais. O Yondelis surge como opção para uma faixa de aproximadamente 30 por cento dos doentes, detendo, segundo os estudos já realizados, a progressão do tumor.

Carla Teixeira
Fonte: El Mundo, Correio da Manhã, PharmaMar

Medicamentos para a diabetes aumentam risco de falha cardíaca

Uma classe de medicamentos utilizados habitualmente para tratar a diabetes tipo 2 pode duplicar o risco de falha cardíaca, segundo uma nova análise feita por investigadores da Wake Forest University School of Medicine.

Baseado numa revisão de estudos de pesquisa e relatórios de casos envolvendo mais de 78.000 pacientes, os autores concluíram que o risco de falha cardíaca pode ser até 100 por cento mais elevada em pacientes a tomar tiazolinedionas (o que inclui o Avandia e o Actos). Estes medicamentos são conhecidos por aumentar a sensibilidade à insulina. Os autores estimam que um paciente adicional com diabetes tipo 2 irá desenvolver uma falha cardíaca por cada 50 pacientes a tomar os fármacos por um período superior a 26 meses. Os autores põem a hipótese de que a retenção de fluidos causada pelos fármacos possa despoletar uma falha cardíaca nas pessoas mais susceptíveis.

O autor principal e professor assistente de medicina interna em Wake Forest, Dr. Sonal Singh, referiu que estes fármacos, só nos Estados Unidos, estão a ser utilizados actualmente por mais de três milhões de pacientes diabéticos, sugerindo que vários milhares poderão ser prejudicados.

No início deste ano, um dos fármacos desta classe, o Avandia, foi relacionado a um aumento do risco de ataques cardíacos e morte devido a causas cardiovasculares, como foi referido no farmacia.com.pt no artigo “Avandia aumenta risco de morte”, publicado no dia 22 de Maio.

A actual análise focou-se numa potencial relação entre os fármacos e a falha cardíaca, que é uma doença comum nas pessoas idosas e uma das mais dispendiosas para a sociedade. Os sintomas mais comuns incluem falta de ar e a incapacidade de fazer exercício, em alguns casos mesmo a dificuldade de andar pequenas distâncias.

Nesta análise, verificou-se que a falha cardíaca ocorreu igualmente tanto com doses baixas como elevadas destes medicamentos. De facto, a falha cardíaca ocorreu até em alguns pacientes que estavam a tomar doses abaixo das normalmente prescritas. O tempo médio para o início de ocorrências de falha cardíaca foi de 24 semanas após ter começado a terapia. A ocorrência de falha cardíaca vários meses após a iniciação do tratamento sugere um efeito de longo prazo dos fármacos, o que pode não ser evitado com doses baixas no início, afirmou o Dr. Singh. A reacção adversa não foi limitada aos mais idosos, um quarto dos casos ocorreu em pacientes com menos de 60 anos, tendo a falha cardíaca ocorrido igualmente em homens e mulheres.

A rotulagem de ambos os fármacos adverte contra o uso em pacientes com casos mais graves de falha cardíaca, prevenindo ainda acerca do aumento do risco de falha cardíaca se utilizado em combinação com insulina. Contudo, a actual análise descobriu que o risco não estava confinado somente aos pacientes a tomar insulina, e que ocorreu até mesmo em pacientes sem quaisquer factores de risco de falha cardíaca. Segundo o co-investigador, Dr. Curt Furberg, as descobertas sustentam os esforços da FDA para adicionar um aviso, chamado caixa negra (black box), à rotulagem destes agentes.

Os autores pediram uma pesquisa adicional para avaliar se existem diferenças entre os fármacos da classe e como gerir da melhor maneira os pacientes que sofreram falha cardíaca enquanto tomavam os fármacos.

Estes resultados foram publicados online em Maio de 2007 pela Diabetes Care e irão ser publicados em papel na edição de Agosto.

Isabel Marques

Fontes: Pharmalive

Organizações farmacêuticas criam guia preventivo para pandemias



Foi criado um novo guia desenhado para ajudar os farmacêuticos a responder a uma pandemia de gripe, através de uma colaboração entre a American Pharmacists Association (APhA), a American Society of Health-System Pharmacists (ASHP) e a National Association of Chain Drug Stores (NACDS) Foundation. O documento descreve como as farmácias podem ajudar a aumentar a consciencialização e educar o público na luta contra uma pandemia, e como o planeamento por parte dos farmacêuticos, e não só, pode reduzir significativamente o impacto desta doença.

Com instruções específicas, o documento informa os farmacêuticos, que têm um importante papel na resposta a pandemias, que devem conhecer a preparação do governo e os planos de resposta, perceber os recursos disponíveis do sistema de saúde, das corporações e da comunidade e participar activamente em reuniões de planeamento para lidar com pandemias. O guia também recomenda que os farmacêuticos participem em oportunidades de formação em imunização e estabeleçam um plano para manter um abastecimento de recursos para uma semana, tais como medicamentos sujeitos a prescrição médica e provisões consumíveis.

O presidente da NACDS, Steven C. Anderson, salientou que os farmacêuticos são os recursos de saúde da comunidade e irão ter um papel significativo a ajudar o público a responder a um surto pandémico. Este guia não irá somente fornecer informação importante aos farmacêuticos, como também irá ajudá-los a educar e consciencializar os pacientes.

O guia apresenta uma "Pandemic Flu Pharmacy Checklist" que lista provisões para imunizações, tais como algodão com álcool e luvas de látex; consumíveis, como por exemplo, garrafas de água e solução eletrolítica, e medicamento antináuseas e opióides. Adicionalmente, o guia encoraja os farmacêuticos a ter um plano de acção para casa e outro para a farmácia.

Os farmacêuticos têm agora um recurso claro e organizado para estarem meticulosamente preparados no caso de ocorrer uma pandemia, afirmou o Chefe de Pessoal e Coordenador do Projecto, Mitchel Rothholz. O conhecimento adquirido através deste documento pode ajudar os farmacêuticos a serem um recurso valioso para os pacientes e para a comunidade durante um surto de gripe pandémica.

O guia de preparação para pandemias está disponível gratuitamente online, podendo ser consultado aqui:
http://www.nacdsfoundation.org/user-assets/Documents/PDF/Pandemic_Preparedness_Statement.pdf.

Isabel Marques

Fontes: www.medicalnewstoday.com, www.nacdsfoundation.org

sábado, 28 de julho de 2007

Garantia dada ontem pelo director-geral de Saúde
Abortos nos centros de saúde ainda neste ano


O director-geral de Saúde, Francisco George, deu ontem conta da sua convicção de que a generalidade dos centros de saúde portugueses poderá começar a fazer interrupções voluntárias da gravidez através do método medicamentoso ainda no decurso deste ano. O calendário de iniciação da prática de abortos deverá depender do ritmo de instalação da capacidade para prestar aquele tipo de serviços.

Em declarações à Rádio Renascença, Francisco George afirmou ainda que os abortos realizados até às nove semanas através da administração de medicamentos para esse efeito é “uma competência do médico de família”, justificando com esse argumento que a intervenção tenha de ser feita no centro de saúde. Na opinião daquele responsável, o tempo até à instituição da medida em moldes globais só dependerá das condições de capacidade e segurança, estando apenas pendente a questão de “formar os médicos no que diz respeito ao uso daquele tipo de fármacos”, investindo também na busca de uma resposta para a actual necessidade de os disponibilizar naqueles espaços.

Carla Teixeira
Fonte: Rádio Renascença, Agência Lusa

Zambon regista crescimento superior ao do mercado farmacêutico

O laboratório farmacêutico Zambon cresceu 23 por cento no mercado brasileiro durante o primeiro semestre do ano, comparativamente ao mesmo período de 2007. O aumento é superior ao registado pelo sector farmacêutico que não ultrapassou os 10 por cento, revelam dados da empresa de consultadoria IMS Health.

Há um conjunto de factores que contribuíram para os resultados positivos da empresa, entre os quais estão o “lançamento de Fluimare, medicamento indicado para alívio da congestão nasal, a aquisição de Novaderm, e também o crescimento das vendas dos produtos Monuril e Spidufen ”, destacou o presidente da Zambon, Waldir Eschberger.

Estas acções surgem na sequência de uma campanha lançada pelo laboratório, no segundo semestre de 2005, com o objectivo de duplicar a facturação desse ano e alcançar a 30ª posição no mercado farmacêutico até o final de 2008. Desde o inicio deste programa de promoção, a Zambon subiu cinco posições no ranking, do 45º para o 40º lugar.

Marta Bilro

Fonte: Portal Fator

Apresentados novos resultados da trodusquemina para a obesidade

A Genaera Corporation apresentou novos dados de estudos pré-clínicos da trodusquemina (MSI-1436) para o tratamento da obesidade. Os resultados demonstraram que o MSI-1436 é um inibidor potente, altamente selectivo e reversível da proteína tirosina fosfatase 1B (PTP-1B), uma enzima central para ambos os caminhos da leptina e da insulina. Ao inibir a PTP-1B, espera-se que o MSI-1436 diminua o apetite e normalize o açúcar no sangue.

O mecanismo desta inibição, como indicado por cinéticas in vitro, funciona através da ligação a um sítio diferente do sítio catalítico da PTP-1B. As cinéticas in vitro demonstraram que o MSI-1436 é um inibidor alostérico, não competitivo da PTP-1B. Os dados apresentados também indicaram que o MSI-1436 atravessa a barreira de sangue-cérebro e é activo tanto central como perifericamente. Esta dupla localização da acção do MSI-1436 tornam o fármaco um candidato terapêutico promissor tanto para a obesidade como para a diabetes tipo 2.

Segundo o presidente da Genaera, Jack Armstrong, estes novos dados continuam a sustentar as conclusões de que a inibição da PTP-1B é o mecanismo predominante da acção do MSI-1436, o que o diferencia dos outros fármacos que estão a ser desenvolvidos actualmente. A trodusquemina ultrapassou a preocupação de selectividade que outros compostos que atacam a PTP-1B não conseguiram ultrapassar.

Os estudos pré-clínicos revelaram ainda que o MSI-1436 suprimiu o apetite e provocou uma perda de peso diferencial nos modelos de ratos com obesidade induzida com dieta (DIO). Adicionalmente, o MSI-1436 mostrou que reduz o tamanho dos adipócitos, reduz a gordura corporal sem a redução da massa magra, e melhora a tolerância à glicose via inibição de caminhos de sinalização nos modelos de ratos com DIO.

Com base neste mecanismo de acção único, a trodusquemina tem o potencial de fazer a ponte entre o tratamento de duas das doenças metabólicas mais graves, a obesidade e a diabetes tipo 2. A trodusquemina tem produzido uma perda de peso consistente e sustentável numa variedade de modelos animais, e parece superar o reajustamento metabólico, que frequentemente limita a perda de peso sustentada, durante restrição calórica. Adicionalmente, a trodusquemina tem mostrado a capacidade de tratar co-morbilidades associadas com a obesidade, tais como metabolismo da glicose anormal e aumento de colesterol.

Os novos dados foram apresentados durante a terceira cimeira anual de desenvolvimento de fármacos para a obesidade do Center for Business Intelligence (CBI), em Arlington, nos Estados Unidos.

Isabel Marques

Fontes: Pharmalive
Cientistas brasileiros analisaram 14 amostras biológicas
Identificada variante inédita do vírus da parotidite


Um grupo de investigadores do Instituto Adolfo Lutz, o maior laboratório público do Brasil, identificou uma nova variante do vírus causador da parotidite (papeira). A investigação, divulgada pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, permitiu a detecção do novo vírus em 14 amostras biológicas recolhidas entre Dezembro de 2006 e Maio deste ano em quatro municípios brasileiros.

Segundo Clélia Aranda, coordenadora do departamento do Controlo de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde, depois das fases de isolamento da cultura de células e da identificação por anticorpos monoclonais específicos, foi realizado um estudo molecular. As informações obtidas no âmbito da análise genética levaram os cientistas à conclusão de que as amostras isoladas constituíam um grupo de vírus que até ao momento não tinha sido identificado em qualquer outra parte do mundo. “São Paulo tem uma rede estruturada para identificar qualquer novo vírus circulante no Estado. Verificamos que havia algo diferente nestes casos, e o Lutz identificou o novo vírus”, afirmou a mesma responsável.
Os investigadores dos departamentos de Vírus Respiratórios e Biologia Molecular do Instituto Lutz, que nesta descoberta tiveram a colaboração do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, são unânimes na afirmação de que o novo vírus não representa motivo de alerta entre a população, porque os sintomas que causa são os mesmos das versões anteriores do agente causador da parotidite. Entre as pessoas acompanhadas nesta pesquisa houve algumas que adoeceram, o que a equipa de investigadores atribuiu ao facto de não estarem vacinadas, ou de terem recebido apenas uma das duas doses que a imunização prevê.
Em São Paulo não há registo de mortes por papeira desde 2004. Os investigadores acreditam que não há motivos para recear pela eficácia da vacina já existente, que tem sido utilizada com sucesso em todo o mundo. A parotidite é uma infecção viral aguda numa ou em ambas as glândulas parótidas. Caracteriza-se por um inchaço – que em 70 por cento das crianças atinge as duas glândulas –, febre (normalmente desaparece ao fim de três dias), dores com o tacto ou pressão, que pioram com a mastigação, mas que normalmente desaparecem ao fim de sete dias.

Tratamento
Causada pelo vírus paramixovírus, a papeira é típica da infância, mas pode afectar adultos que não tenham tido a doença enquanto crianças, ou que não tenham sido vacinados. Nestes casos pode originar meningites e doenças nos testículos e nos ovários, prejudicando a fertilidade futura, muitas vezes de forma irreversível. Nos países de clima temperado, como Portugal, a incidência da papeira é mais comum no Inverno e na Primavera. É altamente contagiosa, sendo transmissível através de espirros, tosse ou contacto directo com os doentes, mas a exposição só é relevante para quem não está protegido, por nunca ter tido a doença ou por não ter a vacina, cuja validade é vitalícia, independentemente da idade em que for feita a inoculação (que normalmente acontece na infância).
O tratamento para o alívio das dores e da febre é feito através da administração de medicamentos baseados em princípios activos como acetaminofeno ou ibuprofeno, sendo que a aplicação de compressas frias na região afectada podem igualmente ser positivas para dar mais conforto ao doente. A dieta também tem importância. É desaconselhada a ingestão de alimentos ácidos e de frutas cítricas, que aumentam a produção de saliva e, por conseguinte, favorecem um maior entumescimento das glândulas parótidas. Devem ainda ser evitados alimentos que requeiram processos exigentes de mastigação, e nos casos críticos, em que esta for muito dolorosa, será de pensar numa eventual dieta líquida.

Carla Teixeira
Fonte: BoaSaúde.uol, Wikipedia, Medicoassistente.com, Portal da Saúde Pública

Sepracor submete Lunivia a avaliação da EMEA

A Sepracor submeteu o Lunivia (eszopiclona) a aprovação na União Europeia indicado no tratamento da insónia. Caso receba autorização de comercialização da Agência Europeia do Medicamento (EMEA) o fármaco deverá ser vendido nos 27 estados membros.

A candidatura inclui os resultados de 122 ensaios pré-clínicos, 35 ensaios clínicos e de dois estudos que recomendam que sejam incluídas indicações no folheto informativo que referem que o medicamento não tem quaisquer efeitos sobre a capacidade de condução no dia seguinte.

A farmacêutica norte-americana revelou ainda que já deu início ao processo para levar a cabo um estudo de seis meses realizado em toda a Europa com o objectivo de determinar os potenciais benefícios da eszopiclona na redução dos sintomas de depressão e na prevenção da reincidência.

A substância, comercializada nos Estados Unidos da América como Lunesta, está disponível naquele mercado desde 2005 para o tratamento da insónia. As receitas do medicamento atingiram, em 2006, os 408 milhões de euros. No mesmo ano, o mercado europeu de sedativos foi estimado em 367 milhões de euros.

Marta Bilro

Fonte: Yahoo, Forbes.

GSK e Ranbaxy chegam a acordo no caso da patente do Valaciclovir

A Ranbaxy, farmacêutica indiana no ramo dos genéricos, e a GlaxoSmithKline (GSK) chegaram a um acordo no caso que envolvia a disputa da patente norte-americana do Valtrex (Valaciclovir), um medicamento produzido pelo laboratório britânico utilizado na tratamento da herpes.

Segundo os termos do acordo, a Ranbaxy tem autorização para introduzir uma versão genérica do Valtrex no mercado dos Estados Unidos da América (EUA) no final de 2009 e obtém exclusividade sobre as vendas do produto durante 180 dias.

A Ranbaxy recebeu aprovação final da Administração Norte-Americana dos Alimentos e Fármacos (FDA) para produzir e comercializar comprimidos de Valaciclovir em Fevereiro de 2007. Porém, a patente do Valtrex expira apenas em 2009 tanto nos EUA como na maioria dos países europeus, com excepção da Espanha e da Grécia, onde tal deverá acontecer já em 2008. As vendas mundiais do fármaco renderam, em 2006, mais de 953 milhões de euros.

A GSK instaurou um processo jurídico contra a Ranbaxy para impedir que esta lançasse no mercado um genérico do Valtrex.

Marta Bilro

Fonte: Market Watch, Medical, Marketing & Media, Herald Tribune.

EMS lidera mercado farmacêutico brasileiro no primeiro semestre

A EMS, que em 2006 se destacou como líder no segmento farmacêutico brasileiro em unidades comercializadas, volta, este ano, a chamar atenções ao assumir o primeiro lugar na facturação, com um total de 321,3 milhões de euros (830,5 milhões de reais) no período entre Janeiro e Junho. Os investimentos em infra-estruturas e na investigação terão sido os principais responsáveis pelo crescimento da EMS.

De acordo com os dados da empresa de consultadoria IMS Health, a EMS representa já 7,3 por cento do share de mercado do sector farmacêutico no Brasil. O resultado do semestre traduz uma evolução de 32,2 por cento em relação a igual período do ano anterior. Com um total de 68,2 milhões de medicamentos comercializados no primeiro semestre do ano, a empresa mantém-se igualmente na liderança com 9,2 por cento do mercado. O resultado representa um crescimento de 25,7 por cento em relação ao mesmo período de 2006.

Telma Salles, directora de relações externas da SEM, salienta que é preciso trabalhar ainda mais para manter a liderança e superar as expectativas do mercado de consumidores brasileiros. “Somos uma empresa ousada e inovadora por natureza. Investimos em infra-estruturas e pesquisa para ultrapassar sempre os nossos limites”, acrescentou a responsável. Para se manter no topo a EMS investe, anualmente, cerca de 6 por cento da sua facturação em investigação e desenvolvimento, assegurando um ritmo constante de lançamento de novos produtos.

Os medicamentos genéricos são um dos principais contributos para o sucesso da empresa, segmento que, nos primeiros seis meses de 2007, representou 54 por cento da facturação geral da EMS, com 176 milhões de euros (455,2 milhões de reais), refere o relatório da IMS Health.

Marta Bilro

Fonte: Portal Fator

Entidade reguladora no Brasil envolta em polémica
Lei proíbe medição da tensão arterial na farmácia


Se em Portugal a medição da tensão arterial nas farmácias constitui um hábito com alguns anos, e que a população encarou desde sempre com normalidade, no Brasil o caso é diferente: a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sugeriu uma alteração da lei vigente – que actualmente impede aquela leitura nas farmácias – e a Sociedade Brasileira de Cardiologia reagiu com indignação, referindo que se trata de uma tarefa dos médicos, que deve continuar vedada aos farmacêuticos.

A proposta da Anvisa integra uma resolução de âmbito geral de regulamentação do sector, que se encontra em fase de consulta pública, e que faz algumas exigências para evitar abusos como a venda de determinados produtos nos estabelecimentos de dispensa de medicamentos, como rações para gado ou carvão. A medida prevê dar permissão aos farmacêuticos para assumirem a responsabilidade junto dos seus doentes por procedimentos como a medição da pressão arterial. Algo que para a Sociedade Brasileira de Cardiologia é impensável, visto que aquela tarefa “é uma atribuição exclusiva dos médicos”.
A autoridade nacional brasileira preconiza ainda a permissão para os farmacêuticos fazerem testes rápidos de glicose, pequenos curativos, inalações e medições da temperatura dos clientes, seguindo a filosofia de que a farmácia deve ser um local de promoção da saúde, e não apenas um mero disponibilizador de medicamentos, tese defendida pelo Conselho Federal de Farmacêuticos e pelo Ministério da Saúde do Brasil. No entanto, nem mesmo no seio da Anvisa há consenso em torno destas medidas, sendo que muitas vozes internas consideram que a prestação daquele tipo de serviços não se coaduna com o conceito de farmácia. O texto da resolução não foi aprovado por dois dos quatro directores da agência, tendo passado no crivo daquele órgão apenas porque o director presidente da Anvisa, Dirceu Raposo de Mello, tem voto de qualidade.

Carla Teixeira
Fonte: Agência Estado, O Estado de S. Paulo, Último Segundo
Descoberta pode ajudar a desenvolver tratamentos
Açúcar espoleta sensação de prazer da nicotina


Como se produz a sensação de prazer decorrente do consumo do tabaco? Quando a nicotina chega ao cérebro e estabelece ligação com os neurónios, como é que as células enviam o sinal que acciona o mecanismo do prazer e anuncia a sensação de bem-estar comum nos fumadores quando “puxam” do cigarro? Uma pesquisa de cientistas norte-americanos acaba de estabelecer uma teoria curiosa: na génese da satisfação aportada pelo cigarro estará, dizem, o açúcar.

Dados do estudo desenvolvido por uma equipa de investigadores da Universidade do Sul da Califórnia sugerem que o açúcar tem capacidade para “abrir caminho à passagem pela membrana celular, anunciando a chegada da nicotina ao cérebro”. De acordo com o biólogo Raymond Stevens, do Instituto de Pesquisa Scripps, que esteve ligado a esta investigação, cujos resultados serão a breve trecho publicados na edição online da revista científica «Nature Neuroscience», as conclusões deste estudo constituem “um marco nos campos da biologia estrutural e da comunicação neurológica”, porque além da dependência da nicotina, podem identificar alvos para o desenvolvimento de medicamentos relacionados com o tratamento de patologias como a epilepsia, a esquizofrenia ou a depressão.
Os cientistas aferiram que as moléculas do açúcar desempenham um papel crucial na actividade das proteínas, pelo que o estudo “preenche uma lacuna importante na área e estabelecem um novo paradigma”, segundo declarou Lin Chen, professor associado de Biologia Molecular e Computacional da universidade californiana. Há várias teorias correntes que consideram o papel do açúcar, mas o responsável diz que a maioria estará “provavelmente incompleta”, uma vez que o debate relativo ao modo como os sinais passam do exterior para o interior das células está em curso há já muito tempo, sem solução ou consenso. “O açúcar é fundamental”, garantiu Lin Chen.
De acordo com o mesmo especialista, os investigadores norte-americanos também encontraram uma molécula de água no interior do receptor – um dado significativo, explicou, já que em regra as proteínas são integralmente preenchidas por matéria hidrofóbica (repelente da água), circunstância que ajudará a manter a estrutura e a forma daqueles compostos. No entanto, segundo referiu Lin Chen, a molécula de água agora descoberta é capaz de activar o receptor para alterar o seu formato e contrabalançar a deformação ocasionada pela abertura e pelo encerramento da entrada da membrana das células, o que poderá ajudar a compreender o fenómeno da produção de satisfação pelo consumo de tabaco.

Carla Teixeira
Fonte: Agência Fapesp
Ex-quadro da Wyeth e da Pfizer denuncia práticas ilegais
O «pesadelo» da indústria farmacêutica

Chama-se Peter Rost. É médico, nasceu na Suécia, mas vive nos Estados Unidos. Trabalhou para a Wyeth e para a Pfizer, e em ambas as companhias farmacêuticas foi demitido por denunciar práticas ilegais e anti-éticas. Diferendos que estiveram na base do livro «The whistleblower: confessions of a healthcare hitman», lançado em 2006. Hoje Peter escreve sobretudo num blog, mas tem agendado para 2008 um novo livro, «Killer Drug», que define como uma história de ficção passada num laboratório, mas em que diz haver “muitos factos reais”...

Embora o diferendo que manteve com a Wyeth tenha sido anterior (na década de 90 o médico foi delator de uma alegada fuga aos impostos), Peter Rost terá ficado conhecido da opinião pública americana e da indústria farmacêutica de todo o mundo quando, em Dezembro de 2005, se mostrou desagradado com a forma como a Pfizer, onde era vice-director de marketing, promoveu o genotropin, um medicamento para o crescimento. Rost acredita que a publicidade ao fármaco foi feita de forma ilegal, já que era anunciado como um potente produto contra as rugas, e queixou-se aos responsáveis máximos da empresa.
Em entrevista à revista brasileira «Época», que deverá ser publicada na edição do mês de Agosto, Peter Rost nega ter comprado uma zanga com a Pfizer, preferindo acusar a direcção da multinacional de o ter feito. “Eu apenas fazia o meu trabalho, mas um dia presenciei uma acção ilegal e questionei-a. Fui ignorado, mas quando disse o que sabia, fui demitido”, relatou. Depois disso, diz ter sido ameaçado por um empresário indiano do sector farmacêutico, mas considera que as companhias não incorreriam no erro de o ameaçar, porque teriam uma exposição muito grande e prejudicial se o fizessem. Diz, no entanto, que as empresas farmacêuticas “são muito poderosas porque ganham muito dinheiro” e “podem comprar tudo e todos”, acusando mesmo os laboratórios americanos de serem “donos da Casa Branca”, com a administração norte-americana a negociar muitas vezes em seu nome com os países pobres.
Considerando que “não há interesse das farmacêuticas em desenvolver fármacos que possam acabar com doenças conhecidas há décadas”, Peter Rost considera que há determinadas práticas na indústria do sector que “põem em risco a saúde pública da população mundial”, e lembra, a título de exemplo, o caso do Vioxx, um anti-inflamatório da Merck Sharp & Dohme que foi retirado do mercado em 2004 – a que o farmacia.com.pt se referiu recentemente – por ter causado ataques cardíacos a milhares de pessoas pelo mundo. O médico garante que “não podemos confiar nos laboratórios”, cuja “preocupação principal é ganhar dinheiro”, e acusa-os mesmo de inventar doenças para justificar o desenvolvimento e a venda de novos produtos, como “é o caso da menopausa”.

Carla Teixeira
Fonte: Revista «Época»
Lotes de Viracept contaminados com mesilato de etilo em Junho
EMEA recomenda manutenção da suspensão


A Agência Europeia de Medicamentos (EMEA) recomendou à Comissão Europeia que mantenha suspensa a Autorização de Introdução no Mercado do Viracept, um anti-retroviral desenvolvido e comercializado pela Roche Registrattion Limited, que no início do mês de Junho foi retirado do mercado na sequência da contaminação de alguns lotes do fármaco com mesilato de etilo, uma substância nociva que terá afectado a produção do Viracept, que tem como princípio activo o nelfinavir.

A Roche detectou a presença inesperada daquele contaminante, um conhecido genotóxico prejudicial para o ADN, cujo risco para os doentes (crianças com mais de três anos, adolescentes e adultos) infectados com o VIH é difícil de determinar, levando ao arranque imediato do processo de recolha do medicamento em toda a União Europeia. Volvido mais de um mês sobre o primeiro comunicado da EMEA que dava conta do problema, e depois de a autoridade nacional do sector também ter ordenado a recolha do Viracept em Portugal, a avaliação do risco prossegue, e sem resultados conclusivos, pelo que a Agência Europeia do Medicamento emitiu nova recomendação, no sentido do prolongamento da suspensão da venda do medicamento, exortando os doentes que tenham embalagens do produto em casa a entregá-las numa farmácia.
No passado dia 6, de acordo com informações avançadas pelo Infarmed numa nota enviada ao farmacia.com.pt, a EMEA convocou uma reunião com representantes da Roche Registrattion Limited, da Comissão Europeia, da Organização Mundial de Saúde e das entidades reguladoras do sector do medicamento em Espanha e na Suíça. A empresa farmacêutica informou os parceiros do plano de acção a levar a cabo para apurar as razões da contaminação do produto e no sentido de prevenir a ocorrência de situações semelhantes no futuro. O relatório completo deverá chegar à EMEA durante o próximo mês de Agosto, segundo o Infarmed.
Cerca de duas semanas depois, o Grupo Europeu de Farmacovigilância (composto por peritos da EMEA em segurança de medicamentos) avaliou duas propostas da companhia farmacêutica, relativas à realização de estudos toxicológicos, que vão arrancar nos próximos dias, e do registo de todos os doentes que podem ter estado expostos à substância contaminante, com a ajuda dos médicos assistentes. Serão incluídos nesses registos todos os doentes que foram tratados com o medicamento fabricado a partir dos lotes altamente contaminados, e que foram libertados desde Março até à data da recolha do mercado em França, na Alemanha, em Itália, em Portugal, em Espanha e no Reino Unido, as mulheres que tomaram o Viracept na gravidez e as crianças que alguma vez o tomaram, ou que foram expostas ainda in útero, desde que o Viracept foi colocado no mercado da União Europeia, em 1998.

Para mais esclarecimentos contactar o Centro de Informação do Medicamento e Produtos de Saúde do Infarmed, através da Linha Verde do Medicamento (800222444) ou por correio electrónico (centro.informacao@infarmed.pt), ou ainda o Departamento de Farmacovigilância, através do número de telefone 217987140.

Carla Teixeira
Fonte: EMEA, Infarmed

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Autorização expressa e por escrito dos dadores é indispensável

Conselho Nacional de Ética emite parecer sobre lei da investigação em células estaminais

O Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV) tornou hoje público o seu parecer sobre os projectos de lei do Bloco de Esquerda e do Partido Socialista para a investigação científica em células estaminais, no qual recomenda que a lei preveja o consentimento expresso e escrito do dador, uma questão central e que na opinião do CNECV, “não está bem tratada” nos projectos.

Segundo a recomendação do concelho, “os presumíveis dadores são informados, previamente, de forma completa e compreensível da colheita que vai ser efectuada e das utilizações que vão ser dadas aos produtos colhidos, incluindo o seu uso em investigação. Este consentimento é dado livremente após a prestação da informação e deve ser expresso por escrito”. No que respeita a usos futuros das células doadas, o CNECV considera que o dador deverá poder retirar o seu consentimento a qualquer momento, sem quaisquer penalizações.

De acordo com o parecer do Concelho, está o médico Daniel Serrão, membro do mesmo, que considera que “os interesses da pessoa devem prevalecer sobre os interesses da investigação”, pois “a melhor forma de proteger o cidadão é dar-lhe voz activa no consentimento”.

“No caso do projecto do PS, centrámo-nos sobretudo na questão do consentimento”, admitiu aos jornalistas a presidente do Conselho, Paula Martinho da Silva, frisando que, no caso da doação de células estaminais de origem humana, o dador deve dar o seu consentimento “expresso e declarado”.

De facto, o projecto apresentado pelo PS considerava que o consentimento da doação de células a partir de tecidos adultos ficava presumido quando, no prazo de oito dias a contar da colheita, o dador não se opunha, por escrito, à sua utilização. O Conselho considerou que o modelo anónimo de consentimento, apresentado pelo PS, “é eticamente inaceitável”.

Existem dois tipos de células estaminais, as embrionárias e as adultas, estas últimas provenientes do sangue do cordão umbilical ou, por exemplo, da gordura, da medula óssea dos adultos ou do líquido amniótico. As embrionárias possuem a capacidade de substituir qualquer célula doente do corpo humano, tendo ainda a potencialidade de regenerar qualquer tipo de tecido ou órgão danificado.

O projecto de lei do Bloco de Esquerda apenas refere as células estaminais embrionárias, o que motivou o desagrado do CNECV, pois como relembra Paula Martinho da Silva, “hoje em dia existem muitas outras origens, como as células provenientes de aborto ou as do líquido amniótico”.

O projecto do BE subestima a capacidade das células adultas, nomeadamente as que se encontram no liquido amniótico, que na opinião de Daniel Serrão “têm as mesmas propriedades do que as células embrionárias e não se precisará de estar a sacrificar células embrionárias”.

A comunidade cientifica vê na investigação com células estaminais a possibilidade de encontrar soluções para doenças hoje sem cura, como a diabetes, o Alzheimer ou Parkinson. Por outro lado, as células podem também ser aplicadas em terapias regenerativas, contribuindo para o combate à osteoporose e artrites, como propõe uma investigação a decorrer na Universidade do Minho, que já funciona na prática em diversos modelos animais.

O parecer do CNECV surge a pedido da Comissão Parlamentar de Saúde, encarregue de congregar as propostas do BE e do PS numa única proposta de lei, que tenha contributos da comunidade científica.


Inês de Matos

Fonte: Sol

Farmácias portuguesas perderam 20% da margem de lucro

ANF denuncia incumprimento da legislação

“Portugal tem o melhor serviço de dispensa, cobertura e distribuição farmacêutica ao mais baixo custo na Europa.” Quem o diz é João Cordeiro, presidente da ANF, baseado em dados do Governo - até 2005, Portugal tinha uma margem de 20%, a França 26,67%, a Grécia 26%, Itália 26,7% e a Espanha 27,44%.

Lamentando que o farmacêutico português tenha a mais baixa margem de lucro, o presidente da Associação Nacional das Farmácias (ANF) - em entrevista ao «Diário Económico» - considerou uma “aberração” a decisão do Governo em reduzir os preços em 6% em 2005 e, em 2006. “Nós somos um sector privado, deste modo, é estranho que seja o Ministério da Saúde, que consome 80%, a marcar o preço”, sustentou.

João Cordeiro clarificou, porém, que uma coisa é a redução dos preços em 6% “obviamente que é uma medida penalizadora, mas nós aceitaríamos”, outra coisa – disse – “é que para além da redução de preços, reduziram-se as margens da distribuição de farmácia e do sector grossista, que já eram as mais baixas.”

Neste sentido, o porta-voz das farmácias denunciou que “a legislação não está a ser cumprida”, concretizando: “Num preço de 100 euros a indústria ganhava 72, a distribuição 8 e a farmácia 20. Hoje, o que se verifica é que o preço baixou 12%, logo as farmácias perderam 20% (da margem de lucro), a distribuição 24,87% e a indústria apenas 8,36%.”

Raquel Pacheco
Fonte: DE

Um quarto dos portugueses de meia idade são obesos

A obesidade está a aumentar rapidamente no nosso país, atingindo já um quarto dos portugueses na faixa etária entre os 55 e os 64 anos. Mas o mal não vem da idade, pois também as crianças e os jovens cada vez mais apresentam excesso de peso, de acordo com o último inquérito Nacional de Saúde relativo aos anos de 2005/2006.

Os resultados do inquérito traduziram a transversalidade do problema ao nível das várias faixas etárias estabelecidas, pois em comparação com outro inquérito realizado em 1998/1999, é visível que uma grande percentagem da população ganhou peso, ainda que a maior fatia se tenha concentrado na faixa etária dos 55 aos 64 anos.

Os dados disponibilizados pelo Alto-Comissariado da Saúde mostram que a obesidade aumentou mais de 30 por cento entre os homens dos 55 aos 64 anos e 16 por cento entre as mulheres da mesma idade.

Apesar da preocupante realidade que os números traduzem, João Breda, responsável da Plataforma Contra a Obesidade, acredita que até 2015 a “epidemia da Obesidade” deverá ser controlada.

De forma a compreender e travar o avanço do fenómeno, a Plataforma Contra a Obesidade prevê vir a realizar três grandes estudos, determinando assim a evolução da patologia.

Inês de Matos

Fonte: Rádio Renascença

Apifarma exige explicações a João Cordeiro

Presidente da ANF acusa indústria farmacêutica de actuar de forma “calada e subterrânea”

Foi a primeira entrevista, em dois anos, do presidente da ANF e já está a gerar furor. Ao «Diário Económico», João Cordeiro começou por acusar o ministro da Saúde de ter “massacrado injustamente o sector” e considerou que a indústria farmacêutica é “subterrânea”. O Farmacia.com.pt sabe que a Apifarma já reagiu. Indignada com as declarações, exige agora explicações a João Cordeiro.

As críticas dominaram a entrevista que o presidente da Associação Nacional das Farmácias (ANF) – há já 33 anos – deu esta semana ao «Diário Económico»: “O ministro da Saúde tem massacrado injustamente o sector. É óbvio e evidente que tem uma agenda pessoal. Se compararmos o que está no programa do Governo com a prática do Ministério da Saúde vemos que quase não há uma medida que seja coincidente. Há medidas fundamentais que estão no próprio programa do Governo e que não são implementadas. Temos estado a ser massacrados por Correia de Campos”, acusou.

Para exemplificar a dita “discordância de agendas”, João Cordeiro apontou a liberalização da propriedade das farmácias; a questão dos medicamentos não sujeitos a receita médica (anunciada na tomada de posse do Governo) e a prescrição por denominação comum internacional (DCI), “uma medida que consta do programa e não está a ser implementada”, frisou, defendendo que “a política tem de ser transparente e tem de ser coerente.”

Sobre o melhor acesso a medicamentos com a venda fora das farmácias, João Cordeiro ironizou: “Melhorou porque há mais lojas?!”, considerando que “a acessibilidade [em termos nacionais] ficou totalmente desequilibrada.” Segundo o presidente da ANF, neste momento, estão abertas quase 400 lojas, e fora das farmácias está 5% do mercado. Destes, cerca de 50% são vendidos no Continente. Portanto, e de forma objectiva, a única entidade que beneficiou dessa medida foi o Continente”, sustentou.

Confrontado pelo «DE» se a medida não é benéfica para o consumidor, foi peremptório: “Nós fazemos inquéritos à população e o que verificamos é que a liberalização da propriedade das farmácias não faz parte das vinte maiores preocupações. Está lá a preocupação com a qualidade dos serviços, dos hospitais, dos centros de saúde (...) A principal preocupação é o preço dos medicamentos, que estão caros porque a legislação não foi cumprida.”

O porta-voz dos actuais 2749 farmacêuticos portugueses garante não lhe interessar se a ANF tem uma boa ou má imagem nos media. “Definimos as políticas que consideramos adequadas, respeitando os interesses da população. Somos um sector exigente com o Estado e transparente, pois não actuamos debaixo da mesa”, assegurou, admitindo, contudo, que a ANF poderá ser “um mau exemplo, porque modernizamos o sector, temos políticas agressivas, somos um parceiro incómodo e sempre defendemos, por exemplo, a prescrição por DCI, o que não agrada à indústria farmacêutica.”

"Declarações levianas..."

Neste sentido, insinuou que “o poder no sector do medicamento não está na nossa associação, mas sim, em quem está calado e actua de forma subterrânea. São os embaixadores de países que têm farmacêuticas, são as visitas ao estrangeiro do Chefe de Estado ou do primeiro-ministro à indústria farmacêutica e a centros de investigação.” João Cordeiro considerou ainda que os laboratórios actuaram de forma “muito inteligente, conseguindo transmitir através de uma máquina admirável (a propaganda médica) a ideia de que a ANF é um lóbi perigoso.”

Ao que o Farmacia.com.pt conseguiu apurar, a Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (Apifarma) terá reivindicado que o dirigente da ANF concretize as afirmações que caracterizou como “gratuitas, ligeiras, levianas e não fundamentadas.”

No que concerne às insinuações de que as visitas do primeiro-ministro e do Presidente da República ao estrangeiro servem para a indústria farmacêutica pressionar Portugal, a Apifarma também exige explicações: “A acusação tem de ser justificada. O Dr. João Cordeiro não estará a sugerir que as agendas do Presidente e do primeiro-ministro são decididas pela Indústria Farmacêutica, pois não?”.

Raquel Pacheco
Fonte: Diário Económico/Apifarma/FarmaNews

GlaxoSmithKline estabelece parceria com Targacept

A farmacêutica britânica GlaxoSmithKline (GSK) assinou um acordo com a Targacept com vista ao desenvolvimento de um novo fármaco. A colaboração poderá render à empresa norte americana de biotecnologia mais de 1 milhão de euros.

Através desta parceria a GSK poderá aceder aos compostos neurais receptores nicotínicos da Targacept, incluindo um fármaco experimental que se encontra em ensaios clínicos de Fase II para a dor aguda no pós-operatório. A GSK garante a opção de licenciamento do candidato a fármaco, ficando responsável por realizar mais investigações sobre a substância e pela comercialização da mesma.

A Targacept deverá receber um pagamento adiantado no valor de 25,6 milhões de euros. As remunerações futuras estão relacionadas com os pagamentos por objectivos relativos ao desenvolvimento do medicamento e aos royalties das vendas.

A aliança permite ainda ao laboratório britânico participar nos programas de descoberta de medicamentos destinados à cessação tabágica, à obesidade ou à doença de Parkinson.

Marta Bilro

Fonte: Forbes, Reuters.

Família japonesa culpa Tamiflu pela morte do filho

Uma família japonesa vai processar o ministério da saúde nipónico pela morte do filho que dizem ter acontecido na sequência da ingestão de Tamiflu (Oseltamivir), um antivírico destinado ao tratamento e prevenção da gripe.

O pai do rapaz que faleceu em Fevereiro de 2004, com 17 anos de idade, exige uma compensação superior a 6 mil euros (1 milhão de ienes) por parte da “Pharmaceuticals and Medical Devices Agency”, uma entidade com ligações ao Ministério da Saúde Japonês. O rapaz terá saído de casa descalço quando foi atropelado por um veículo pesado, cerca de duas horas depois de tomar o medicamento, referem os familiares.

No entanto, a entidade encarregue de analisar as queixas de danos provocados pelos efeitos secundários dos medicamentos determinou que a morte do rapaz não foi causada pelo Tamiflu. Os pais não parecem convencidos e pretendem “saber a verdade sobre se houve ou não uma relação causal entre o Tamiflu e o comportamento anómalo” do filho, refere a imprensa japonesa citando o pai do jovem adolescente.

O caso surge alguns meses depois das autoridades de saúde japonesas terem emitido avisos sobre a utilização do fármaco, indicando aos médicos que não prescrevessem Tamiflu a doentes com idades compreendidas entre os 10 e os 19 anos, uma vez que nos últimos seis anos foram detectados dezenas de casos de mortes e ferimentos entre adolescentes aos quais este foi administrado.

A Roche, empresa farmacêutica responsável pela produção do medicamento, negou qualquer relação entre a utilização de Tamiflu e o registo de comportamentos fora do padrão normal. “Os delírios e distúrbios neuropsiquiátricos relacionados com a gripe não são invulgares e ocorrem, nos Estados Unidos da América, em cerca de 4 em cada 100 mil pacientes com gripe, que resultam em hospitalizações”, referiu a empresa no inicio deste ano. Alguns especialistas concordam que os casos mais graves de gripe podem desencadear comportamentos anómalos.

Marta Bilro

Fonte: Reuters, Guardian Unlimited.

Roche prolonga oferta sobre Ventana até 23 de Agosto

A farmacêutica Roche estendeu até ao dia 23 de Agosto o prazo par a concretização da oferta de aquisição das acções da Ventana Medical Systems, dado que a proposta inicial expirou a 26 de Julho.

De acordo com o laboratório suíço, todos os termos e condições da proposta se mantêm inalterados.

A Roche lançou uma oferta pública de aquisição sobre a Ventana, no mês passado, oferecendo 54,5 euros por acção, numa proposta que atingia os 2,2 mil milhões de euros. Porém, empresa norte-americana especializada em histopatologia considerou que a acção era hostil e que o valor oferecido era inadequado em vários aspectos.

Marta Bilro

Fonte: Forbes

Bulas de medicamentos são confusas, difíceis de ler e contraditórias

A linguagem utilizada pelos laboratórios nas bulas de medicamentos é “confusa, difícil de ler e desactualizada”, conclui um estudo da Deco numa análise a 18 embalagens e folhetos informativos. Apesar de 82 por cento dos doentes consultar os folhetos informativos sempre que compra um fármaco, se o fizer em países diferentes pode encontrar indicações contraditórias.

O estudo desta associação de defesa dos consumidores realizado em Portugal, Espanha, Bélgica e Itália, observou que mesmo havendo directrizes iguais por parte da Comissão Europeia, os folhetos apresentam, por vezes, informações contrárias. Um dos exemplos salientados pela investigação refere-se ao Vicks Syrup (Dextrometorfano) que em Portugal é desaconselhado a crianças com menos de seis anos, em Itália e Espanha com menos de 2 anos e na Bélgica na faixa abaixo dos 12. Por sua vez, o limite diário para a toma de Aspirina são oito comprimidos de 500mg, em Portugal, e apenas seis na Bélgica.

De acordo com a Deco, as embalagens e folhetos informativos ainda deixam algo a desejar, uma vez que incluem a principal informação obrigatória, mas esquecem recomendações comunitárias importantes, como é o caso da obrigação de referirem a frequência das reacções adversas. O antibiótico Augmentin (Amoxicilina + Ácido clavulânico) destaca-se pela positiva, já que é o único que faz bem a separação por frequência.

Há ainda os casos em que o mesmo folheto é utilizado para diversas dosagens e formas farmacêuticas (xarope, comprimidos, etc.), dificultando leitura. Isso mesmo acontece com o Zyrtec (Cetirizina), em comprimidos e xarope. Apenas metade dos medicamentos analisados pela Deco referem a influência do álcool. Uma das situações mais graves é a da Gabapentina, para a epilepsia, dado que a interacção entre o álcool e o fármaco aumenta o risco de sonolência. Já no caso do Fastum (Cetoprofeno) é sublinhada a falta de uma referência importante para o facto de não se apanhar sol, nem frequentar o solário durante o tratamento, por risco de reacções graves.

Há situações de medicamentos sem qualquer referência à duração máxima do tratamento e outros com dosagens ou apresentações diferentes a serem distribuídos com o mesmo folheto informativo. A Deco deixa assim um apelo ao Instituto Nacional da Farmácia e do Medicamento (Infarmed) e à Agência Europeia do Medicamento (EMEA) para que “assegurem uma informação mais homogénea, clara e legível ao consumidor”.

Marta Bilro

Fonte: Deco, Diário de Notícias.

Mercado global de vacinas alcançará os 19.200 milhões de dólares até 2010

Prevê-se que o mercado global de vacinas humanas alcance os 19.200 milhões de dólares até 2010, impulsionado pela tecnologia e pela globalização. Os propulsores chave de crescimento para o mercado de vacinas incluem o desenvolvimento de novos agentes terapêuticos e profilácticos para combater o VIH, o cancro e a síndrome respiratória aguda grave, entre outras doenças mortais, de acordo com um novo relatório da Global Industry Analysts Inc., dos Estados Unidos.

Apesar das vacinas profiláticas continuarem a ser as que melhor representam os ganhos no mercado das vacinas humanas, as terapêuticas poderão apresentar grandes surpresas nos próximos anos. O mercado global de vacinas profiláticas está estimado em 11.600 milhões de dólares para 2007. No que se refere ao mercado de vacinas terapêuticas, espera-se que este registe um crescimento rápido, chegando a obter vendas no valor de 3.300 milhões de dólares até 2010, segundo o mesmo relatório.

Os Estados Unidos representam o maior mercado para as vacinas humanas, com uma facturação estimada em 6.900 milhões de dólares para 2007. Na Europa, a França, a Alemanha e o Reino Unido em conjunto representam mais de 75 por cento do mercado europeu. No Japão, a comercialização de vacinas profilácticas pediátricas é provável que cresça na proporção de 9,9 por cento por ano no período entre 2005 e 2010.

As vacinas terapêuticas estão actualmente em várias etapas de desenvolvimento e prevê-se que cresçam rapidamente, assim que forem introduzidas no mercado. As companhias farmacêuticas, tanto as que já estão estabelecidas, como as em emergência, estão a investir uma quantidade considerável de recursos de investigação no desenvolvimento de vacinas terapêuticas capazes de combater doenças como o cancro, SIDA, entre outras. A terapêutica de combinação está a ganhar importância e espera-se que resulte em várias “joint ventures”. O mercado espera assistir à introdução, num futuro próximo, de mais de 18 novos produtos para o tratamento do cancro, SIDA, doenças neurológicas, auto-imunes e cardiovasculares, e também para a dependência da cocaína e nicotina.

Isabel Marques

Fontes: PMFarma

Identificado gene da comichão

Descoberta abre caminho a novos medicamentos

Cientistas norte-americanos afirmam ter descoberto um gene associado à comichão. O resultado – publicado na última edição da revista «Nature» - pode representar uma esperança no tratamento, abrindo caminho a medicamentos mais eficazes.

A comunidade científica sempre acreditou que a comichão seria uma versão amena de dor, mas o gene agora descodificado provou que as duas sensações estão associadas a mecanismos genéticos separados.

Segundo explicaram os investigadores da Escola de Medicina da Universidade de Washington, em St. Louis, “o gene fornece instruções para a criação de um receptor de proteína nas células da medula que reage a sinais de comichão enviados pelo cérebro”, acrescentando que, o gene, chamado GRPR (sigla em inglês de "receptor de peptídeo que liberta gastrina"), foi encontrado em células da medula de ratinhos.

De acordo com a «Nature», “os autores do estudo retiraram o gene GRPR de ratos e descobriram que a reacção deles a estímulos dolorosos não tinha mudado.” Contudo, quando injectaram nos animais um composto que simulava a acção do GRPR, “as cobaias começavam a se coçar freneticamente e foi quando pensámos que o gene pudesse ter relação com a sensação de coceira", esclareceu Zhou-Feng Chen, líder da investigação.

Numa fase posterior, os cientistas informam que realizaram novos testes com ratos sem o GRPR, criados em laboratório: “Quando expostos a agentes que provocavam comichão (coceira), eles coçavam muito menos que cobaias normais, com o gene GRPR actuando normalmente.”

Para Zhou-Feng Chen, a identificação do gene e do seu efeito “pode indicar que fármacos podem ser usados para suprimir a sensação de prurido” sem afectar a sensação de dor, concretizando que "e como a dor pode ser um importante sinal de protecção, que adverte para (sinais de) perigo (no organismo), pode ser vantajoso ter medicamentos ‘anticoceira’ que não comprometam a capacidade de sentir dor."

Tratamentos

Actualmente, os tratamentos disponíveis para o problema são escassos. Os casos de comichão crónica podem estar associados a problemas de pele, como o eczema, ou a doenças mais sérias, como problemas nos rins ou no fígado. Este “prurido” também pode ser um efeito colateral de certas terapias para o cancro ou do uso de analgésicos fortes, como a morfina. Nos casos mais severos, a coceira pode provocar dificuldade de dormir e cicatrizes na pele.

Raquel Pacheco
Fonte: BBCNews/Reuters

Estoril recebe em Outubro o Pediatrics Joint Meeting

O Estoril deverá receber, de 20 a 23 de Outubro, o Pediatrics Joint Meeting Estoril 2007, um importante evento internacional que este ano estará subordinado ao tema “Novos Desafios da Infância à adolescência” e prevê-se que conte com 500 a 1000 participantes.

A iniciativa nasce da parceria entre duas entidades nacionais, a Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC) e a Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPP), que em conjunto com outras duas entidades de nível europeu, a European Academy of Allergology and Clinical Immunology (EAACI) e a European Respiratory Society (ERS), patrocinarão o evento.

De forma a fornecer aos participantes do meeting informação e fotografias sobre o evento, será criado o Jornal Diário do Congresso, que ficará a cardo da Jasfarma.
Para mais informações sobre o Pediatrics Joint Meeting Estoril 2007, consultar o site: www.pjmeeting2007.com

Inês de Matos

Fonte: Jasfarma