sábado, 2 de junho de 2007

Hospitais psiquiátricos em risco

A desactivação de três dos seis hospitais psiquiátricos existentes em Portugal e a criação de uma rede de cuidados continuados de saúde mental são medidas recomendadas pela comissão encarregue de reorganizar a saúde mental em Portugal.

Num relatório enviado ao Ministério da Saúde, a Comissão Nacional para a Reestruturação dos Serviços de Saúde Mental (CNRSSM) sublinha que «o internamento dos doentes mentais continua a consumir a maioria dos recursos (83%) quando toda a evidência científica mostra que as intervenções na comunidade, mais próximas das pessoas, são as mais efectivas».
Além disso, a distribuição de psiquiatras entre hospitais psiquiátricos e departamentos de psiquiatria de hospitais gerais é «extremamente assimétrica», havendo 2,6 e 1,1 médicos por 25.000 habitantes respectivamente, o que contrasta com o facto de 71% das consultas terem sido realizadas nos hospitais gerais.
Daí que a comissão proponha a progressiva descentralização dos serviços de saúde mental, que devem estar cada vez mais acessíveis nos hospitais gerais, que se constituem como «serviços locais de saúde mental».
Até 2012 deverão ficar desactivados o hospital Miguel Bombarda, Lisboa, o hospital do Lorvão e o Centro Psiquiátrico de Recuperação de Arnes, ambos na região de Coimbra.
Os doentes psiquiátricos crónicos que não necessitem de internamento hospitalar deverão passar a ser acompanhados por uma rede nacional de cuidados continuados, que será criada até ao final de Junho deste ano e cujas primeiras experiências piloto serão lançadas até Março de 2008.
Segundo o presidente da CNRSSM, Caldas de Almeida, a ideia «ir movendo os doentes institucionalizados para estes serviços», onde passam a ter mais qualidade de vida, e simultaneamente ir «esvaziando os hospitais psiquiátricos».


Juliana Pereira
Fonte: Diário Digital / Lusa

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