sábado, 2 de junho de 2007

Obstetras do Santa Maria invocam objector de consciência
80% dos médicos poderão recusar aborto

A maioria dos médicos do serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, prepara-se para invocar o estatuto de objector de consciência que os desobrigará da prática de interrupções voluntárias de gravidez (IVG). Ainda assim, o responsável pelo serviço garante que isso não vai impedir que a lei seja cumprida.

Apesar de admitir que a adesão estará entre os 70 e os 80 por cento dos 34 especialistas e 16 internos que trabalham no serviço, em declarações ao jornal Público, Luís Graça disse não estar surpreendido, uma vez que o número de objectores “está dentro do que se esperava”. Esta atitude não irá, no entanto, fazer com que a IVG, a pedido da mulher, até às 10 semanas, tal como está definido por lei, deixe de se realizar.

Para este profissional, poderá haver mais dificuldades devido à escassez de medicamentos ou equipamentos do que por falta de médicos. Para breve espera-se a chegada ao serviço de uma máquina de aspiração, que aguarda autorização especial do Infarmed (Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Farmácia).

De acordo com o jornal Público, o serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital de S. João, no Porto, também já elaborou um levantamento do número de profissionais que tencionam invocar o estatuto de objector de consciência, porém não foram adiantados valores. No entanto, não vão faltar condições para que a lei seja cumprida, assegurou o director de serviço.

Já na maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, ainda não há qualquer levantamento que indique os profissionais que poderão invocar o estatuto de objector de consciência. Ainda assim, o director do serviço, Jorge Branco, prevê que o número seja inferior ao contabilizado no Hospital de Santa Maria. “Não deverá ser nem metade”, afirmou o responsável.

O director da maternidade Júlio Dinis, no Porto, Paulo Sarmento, está também confiante de que não se vão registar quaisquer problemas ao nível do pessoal.

Marta Bilro

Fonte: Diário Digital

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