sábado, 2 de junho de 2007

Mulheres incontinentes mais predispostas a depressões

Uma investigação pioneira realizada em Portugal pela Prof.ª Doutora Teresa Mascarenhas, docente e investigadora da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), concluiu que a gravidez e o parto induzem incontinência urinária em 20% das mulheres.

O estudo, que teve como objectivo compreender os factores de risco para a incontinência urinária, avaliou uma amostra de 123 mulheres, entre os últimos três meses de gravidez e os primeiros 6 meses após o parto. Todas as mulheres em estudo eram saudáveis, sendo que nenhuma apresentava sintomas de incontinência urinária antes da gravidez.

A investigação demonstrou que, nos últimos três meses de gestação, mais de metade das grávidas sofreram de incontinência (52%). É sabido que durante a gravidez estes sintomas são recorrentes mas temporários, desaparecendo após o parto na maior parte dos casos. Contudo, de acordo com os resultados obtidos, 6 meses após o parto, 20% das mulheres mantinham incontinência urinária, o que indica o carácter permanente da doença, nestes casos.

Apenas 30% das mulheres estudadas mantiveram o controlo urinário durante a gravidez e após o parto.

O estudo avaliou ainda o impacto da incontinência urinária na vida das doentes, tendo-se concluído que a doença diminui significativamente a qualidade de vida destas mulheres, impondo limitações às suas actividades quotidianas, sejam elas laborais, ou lúdicas, e condicionando até o sono e as suas relações pessoais. Segundo a análise realizada, há uma diferença muito significativa no que toca a sintomatologia depressiva entre os dois grupos de mulheres estudadas, sendo que as mulheres com incontinência apresentaram índices de sintomatologia depressiva muito superiores aos apresentados pelas mulheres continentes (16 pontos percentuais de diferença). 84% da amostra demonstrou querer fazer tratamento. Note-se que estas mulheres têm uma diminuição muscular do pavimento pélvico que pode ser tratada com fisioterapia adequada.

Neste momento, a FMUP está também, em colaboração com a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, a desenvolver novos aparelhos que permitam fazer uma avaliação precisa da força muscular do pavimento pélvico, e a realizar estudos de simulação do parto vaginal, para perceber os biomecanismos subjacentes aos traumatismos obstétricos.

Recorde-se que as disfunções do pavimento pélvico da mulher constituem um problema de saúde de dimensões não completamente conhecidas. No entanto, o aumento da esperança de vida e o envelhecimento da população sugerem que haverá um aumento da necessidade de tratar estas patologias.

A incontinência urinária é um importante problema de saúde dada a sua alta prevalência, o impacto na qualidade de vida e os custos que acarreta. A Organização Mundial de Saúde identificou esta patologia como um problema maior de saúde pública, que afecta mais de 200 milhões de pessoas em todo o Mundo.

Segundo a investigadora, é preciso sensibilizar mulheres e médicos para a importância do problema e para as soluções existentes. Quebrar o tabu que ainda rodeia a incontinência urinária, consultar o médico e fazer tratamento em fases iniciais dos sintomas é crucial.

Fonte: Universidade do Porto

Sem comentários: