sábado, 2 de junho de 2007

Utentes reconhecem qualidade do serviço prestado pelas farmácias

Os utentes das farmácias portuguesas avaliam a qualidade dos serviços por estas prestados de forma extremamente positiva, sendo capazes de diferenciar este nível de qualidade do que reconhecem noutras entidades (tais como centros de saúde, hospitais ou consultórios)”, refere um estudo hoje apresentado em Lisboa.

Realizado pelos investigadores do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), Alzira Duarte, Francisco Nunes e Luís Martins, a partir de uma solicitação da Ordem dos Farmacêuticos, o estudo intitulado “Responsabilidade Social no Sector das Farmácias” teve como principal objectivo caracterizar e avaliar a dimensão da responsabilidade social das farmácias portuguesas através da realização de inquéritos a cerca de 1.400 farmacêuticos e 1.200 clientes de farmácias durante o primeiro trimestre de 2007.

De acordo com estes investigadores, “os farmacêuticos portugueses têm vindo a efectuar um trabalho notável nas suas farmácias, revelando estas organizações níveis de desempenho francamente acentuados”. Do mesmo modo, acrescenta o estudo, “os seus utentes estão a responder com níveis de satisfação e de lealdade muito dificilmente atingíveis por outros sectores da actividade económica”.

Os farmacêuticos constituem uma fonte de aconselhamento com uma fortíssima prevalência, uma vez que 80% dos inquiridos declara ter pedido um conselho ao farmacêutico pelo menos uma vez nos últimos seis meses. No total da amostra, 53% dos clientes das farmácias solicitou conselho ao farmacêutico 1 a 3 vezes nos últimos seis meses e 20% 4 a 6 vezes neste mesmo período de tempo. No seguimento destes resultados, os inquéritos realizados nas farmácias revelam ainda que 50% dos utentes afirma ter evitado, pelo menos uma vez nos últimos seis meses, uma ida ao médico na sequência do conselho farmacêutico.

Segundo este relatório, o investimento do sector das farmácias em programas de intervenção na comunidade, seja pelo financiamento directo das acções seja pela formação inerente à sua realização, situou-se nos 4.119.000 euros, em 2006.

Entre o vasto conjunto de práticas de responsabilidade social analisadas neste estudo, os autores realçam a proporção de directores técnicos de farmácias que indica a venda de medicamentos a crédito (89%). O envolvimento no programa da Valormed, a informação à população através de folhetos ou publicações periódicas, o apoio à promoção e utilização de medicamentos genéricos, o apoio a instituições sociais e o encaminhamento ou indicação de doentes para consulta médica foram outras práticas referidas por mais de 75% dos farmacêuticos inquiridos.

No caso particular dos programas de intervenção farmacêutica, os dados apurados indicam que quase metade das farmácias envolvidas neste estudo esteve ou está envolvida em programas de identificação de suspeitos de risco em doenças crónicas, programas de cuidados farmacêuticos na diabetes, em campanhas de cessação tabágica e em programas de cuidados farmacêuticos na hipertensão.

"As conclusões deste trabalho indicam que as farmácias portuguesas orientam a sua actividade “para a promoção da saúde e não tanto para a mera dispensa de medicamentos”. Os autores acrescentam que, “atendendo ao facto de o sector das farmácias ser composto por micro-empresas”, este apresenta-se como “um caso verdadeiramente paradigmático no contexto europeu”.

O trabalho realizado pelos investigadores do ISCTE insere-se num conjunto de estudos e pareceres solicitados pela Ordem dos Farmacêuticos a diversas entidades independentes em torno do sector farmacêutico. “Responsabilidade Social do Sector das Farmácias em Portugal” sucede-se, assim, à perspectivas jurídica, da autoria do constitucionalista Joaquim Gomes Canotilho e económica, da responsabilidade do Centro de Estudos e Investigação em Saúde da Universidade de Coimbra (CEISUC), sobre os efeitos de uma desregulamentação do sector das farmácias no nosso país.


Fonte: Destak

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