domingo, 12 de agosto de 2007

Heroinómanos vão ter acesso a novo tratamento

Suboxone disponível em Portugal em Setembro

Chega a Portugal em Setembro o Suboxone, um novo fármaco destinado a combater a dependência de heroína. O medicamento tem como princípios activos a buprenorfina que, tal como a metadona, faz de substituto, e a naloxona, que pretende impedir o consumo incorrecto por via intravenosa.

Aprovado em Maio pela União Europeia, o Suboxone aguarda agora a comparticipação financeira do Infarmed. Independentemente dessa decisão, a partir de Setembro passa a ser disponibilizado aos adultos e adolescentes portugueses, com mais de 15 anos de idade, que tenham concordado ser submetidos a tratamento da toxicodependência. Não é, certamente, uma fórmula milagrosa, mas a combinação da buprenorfina e da naloxona promete evoluções significativas.

A buprenorfina, um agonista/antagonista parcial opiáceo que se liga aos receptores μ (mu) e κ (kappa) do cérebro, actua no tratamento de manutenção opiáceo através das suas propriedades lentamente reversíveis com os receptores μ, que poderão minimizar, durante um período prolongado, a necessidade de drogas em doentes toxicodependentes. Ao inibir a actuação da heroína, o doente deixa de ter necessidade de a consumir, já que esta não produz o efeito de euforia pretendido porque foi bloqueada pelo medicamento. Desta forma são evitados os sintomas de ressaca e a necessidade de consumo de heroína. Porém, alguns toxicodependentes dedicavam-se, frequentemente, ao desvio destes comprimidos para os dissolverem e injectarem a solução resultante.

Esta situação passa a poder ser evitada com associação à naloxona, um antagonista dos receptores μ (mu)-opiáceos que, quando administrada por via oral ou sublingual nas doses habituais a doentes em abstinência dos opiáceos, exerce um efeito farmacológico reduzido ou nulo visto ser quase completo o seu metabolismo de primeira passagem. No entanto, a sua administração por via intravenosa a indivíduos com dependência de opiáceos induz efeitos antagonistas dos opiáceos marcados e abstinência dos opiáceos, impedindo desta forma o consumo incorrecto por via intravenosa.

Marta Bilro

Fonte: Diário de Notícias, Infarmed.