sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Análise ao sangue pode detectar cancro

Uma equipa de cientistas britânicos diz ter desenvolvido uma análise ao sangue capaz de detectar a presença de um cancro no organismo muito antes dos primeiros sintomas aparecerem. Os investigadores da Universidade de Southampton conseguiram identificar a presença de biomarcadores em amostras de sangue que podem indicar a presença de cancro da mama.

O exame detectou com antecedência sinais de cancro da mama em algumas mulheres. Os investigadores esperam que as pistas fornecidas pelo teste os ajudem a revolucionar a prevenção do cancro através de exames mais acessíveis financeiramente e de uma técnica de diagnóstico menos invasiva.

Os cientistas analisaram 30 mil amostras de sangue recolhidas de 11 mil mulheres, durante os últimos 30 anos, algumas das quais vieram a desenvolver cancro. Durante a pesquisa, os cientistas procuraram a presença de biomarcadores produzidos pelas células cancerígenas. As amostras obtidas permitiram-lhes observar a presença significativa de biomarcadores de cancro da mama.

“A qualidade das amostras foi fundamental mas ainda é cedo”, refere Paul Townsend, o principal responsável pelo estudo. “Algumas das mulheres que forneceram amostras de sangue eram saudáveis na altura porém, mais tarde desenvolveram cancro. Vamos voltar atrás no tempo para analisar aspectos comuns no sangue que possamos identificar como impressões digitais do cancro”, explicou o especialista.

“Estamos a tentar descobrir se é possível recolher uma amostra de uma pessoa saudável e perceber se essa pessoa poderá desenvolver cancro no futuro”, acrescentou o cientista. O objectivo mais ambicioso dos investigadores passa por conseguir, através de uma análise ao sangue, uma caracterização do que pode acontecer à pessoa num estádio mais avançado na doença.

Marta Bilro

Fonte: The Earth Times, Cancer Research UK, The Press Association.

Depressão causa mais prejuízos à saúde do que doenças crónicas, diz estudo

A depressão é mais prejudicial para saúde dos doentes do que algumas doenças crónicas, como a angina de peito, a artrite, a asma e a diabetes. O alerta surge por parte da Organização Mundial de Saúde (OMS), num estudo publicado na revista médica “The Lancet”. Os homens casados, com baixo nível de escolaridade e com menores rendimentos são, de acordo com a pesquisa, o estereótipo da doença.

A investigação, levada a cabo pela OMS, envolveu 245.404 doentes de vários países e prolongou-se por 12 meses. Entre os casos analisados, 3,2 por cento corresponde a diagnósticos de depressão, um valor inferior ao da angina de peito (4,5) e ao da artrite (4,1). Porém, a depressão está frequentemente associada a uma, ou até duas destas quatro doenças crónicas em simultâneo.

Do total de pacientes analisados, entre 9 e 23 por cento sofriam de uma ou duas doenças crónicas e, também, de depressão. Estes dados permitiram aos investigadores concluir que a depressão fornece um contributo significativo para a diminuição da saúde da população a nível mundial. É por isso que os cientistas consideram que a depressão combinada com a artrite, asma, diabetes ou angina de peito causa muito mais prejuízos à saúde do que ser portador de duas ou mais destas doenças crónicas em conjunto.

De acordo com os investigadores, esta é uma chamada de atenção para a “necessidade urgente de colocar a depressão entre as doenças com prioridade de tratamento no sistemas de saúde, por forma a reduzir os seus efeitos e melhorar a saúde da população mundial”.

A necessidade de promover o apoio psicológico nos sistemas de saúde nacionais dos países menos desenvolvidos não é um tema inovador. Um estudo anterior realizado pelo Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos e igualmente divulgado pela “The Lancet” fazia também uma abordagem da situação.

Dados do Portal da Saúde, indicam que a depressão é a principal causa de incapacidade e a segunda causa de perda de anos de vida saudáveis entre as 107 doenças e problemas de saúde mais relevantes. Uma em cada quatro pessoas em todo o mundo sofre, sofreu ou vai sofrer de depressão. Um em cada cinco utentes dos cuidados de saúde primários portugueses encontra-se deprimido no momento da consulta.

Marta Bilro

Fonte: Diário Digital, Lusa, Portugal Diário, Portal da Saúde.

Portugueses abusam dos anti-inflamatórios

SPG alerta para os riscos da auto-medicação

Mais de 800 mil portugueses consomem diariamente anti-inflamatórios, entre os quais 228 mil não têm prescrição médica para tal. A Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia chama a atenção para a utilização excessiva destes medicamentos que pode provocar hemorragias, problemas gástricos, úlceras e, em alguns casos, a morte.

«Em Portugal andam a banalizar-se demasiado e as pessoas devem ser alertadas para os riscos. 50 por cento dos doentes que tomam anti-inflamatórios têm queixas digestivas e dez por cento úlceras» , afirmou Hermano Gouveia, vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia (SPG). De acordo com o responsável, só em Coimbra, “80 dos cem casos de hemorragia em 2006 devem-se à toma de anti-inflamatórios” e “entre 5 e 10 por cento destes terminaram mesmo em morte”.

Este fenómeno, muitas vezes resultante da auto-medicação, está a preocupar a SPG. “A maioria das pessoas toma um anti-inflamatório para aliviar uma dor quando em muitos casos resolvia o problema com um paracetamol. Além disso, muitas pessoas aumentam a dose porque a dor não passa ou prolongam o tratamento e acabam por adquirir lesões do fígado. Para saber isso basta fazer uma análise clínica e ver as alterações registadas devido à toma deste tipo de medicamentos”, refere Hermano Gouveia.

Os anti-inflamatórios não esteróides, que podem ser adquiridos sem receita médica, são os protagonistas deste tipo de situações. Para o especialista, "os medicamentos estão cada vez mais disponíveis e, apesar de serem importantes, têm de ser orientados pelo médico. Muitas vezes nem chega perguntar ao farmacêutico, porque não sabe o resto dos medicamentos que a pessoa está a tomar".

O risco de efeitos secundários graves aumenta quando o doente toma estes medicamentos sem a supervisão de um médico, alerta Hermano Gouveia. Numa população envelhecida como é o caso da portuguesa, existem várias patologias que lhe estão associadas. “Se tem mais de 60 anos, toma uma aspirina para proteger o coração, cortisona e um anti-inflamatório, estão reunidos os factores de risco para ter graves problemas, por exemplo uma hemorragia digestiva ou falência do fígado, porque estes medicamentos potenciam os seus efeitos”, explicou o responsável.

O esclarecimento da terapêutica junto do médico é o melhor caminho para evitar este tipo de problemas. Porém, a solução passa também pela escolha do “paracetamol, que não é agressivo", de detrimento dos anti-inflamatórios (como a nimesulida, ibuprofeno, ácido acetilsalicílico).

Marta Bilro

Fonte: DN, Correio da Manhã, Infarmed.

Ensaios divulgados no «New England Journal of Medicine»
Dronedarona mais eficaz contra arritmia cardíaca


Os ensaios clínicos «Euridis» e «Adonis», cujos resultados foram divulgados na última edição do «New England Journal of Medicine», concluíram que o dronedarona, um novo tratamento para a arritmia cardíaca em fase de desenvolvimento pela firma farmacêutica francesa Sanofi-Aventis, é mais eficaz do que o placebo na manutenção da regularidade das contracções cardíacas, sem efeitos tóxicos significativos.

Os dois testes, de características idênticas, acompanharam 1200 pessoas durante um ano e abrangeram o continente europeu, no primeiro caso, e Estados Unidos, Canadá, Austrália e Argentina no segundo. Os investigadores informaram que os efeitos tóxicos nos pulmões, na tiróide e no fígado não aumentaram de forma significativa ao longo do estudo, acrescentando que a fibrilhação auricular é o transtorno do ritmo cardíaco mais frequente em todo o mundo, afectando aproximadamente um por cento da população do planeta, o equivalente a uns seis milhões de europeus e norte-americanos, número que tende a aumentar por efeito do processo de envelhecimento populacional.
Os estudos «Euridis» (European Trial in Atrial Fibrillation Patients receiving Dronedarone for the Maintenance of Sinus Rhythm) e «Adonis» (American-Australian Trial with Dronedarone in Atrial Fibrillation Patients for the Maintenance of Sinus Rhythm) visaram avaliar a capacidade do dronedarona para manter o ritmo sinusal nos pacientes que apresentaram fibrilhação auricular. Em ambos os ensaios, que assentaram na medição do tempo médio até à ocorrência da arritmia como variável principal de avaliação, o uso do dronedarona permitiu sempre tempos muito superiores aos do placebo: no «Euridis» o tempo médio foi de 96 dias com o dronedarona e de 41 dias com o placebo, no estudo «Adonis» a correspondência foi de 158 para 59 dias.
Em Setembro do ano passado a Sanofi-Aventis anunciou a decisão de retirar o dossier de autorização de comercialização do Multaq (dronedarona) na Europa, com o objectivo de avaliar a relação risco/benefício dos comprimidos de 400mg. A decisão foi tomada na sequência de um pedido de dados adicionais feito pelo Comité de Medicamentos de Uso Humano da Agência Europeia de Medicamentos. Nessa altura, a empresa farmacêutica informou que pretendia voltar a submeter à apreciação da EMEA uma solicitação para a introdução do medicamento no mercado no primeiro semestre de 2008.

Carla Teixeira
Fonte: «New England Journal of Medicine», Sanofi-Aventis, PM Farma, Doyma, Guia da Farmácia, CardioAtrio.com

Estudo indica que mudança do Lipitor para sinvastatina aumenta riscos cardiovasculares

Dados de um estudo observacional apontam para o facto de que os pacientes que trocaram de fármacos para a diminuição do colesterol, isto é, do Lipitor (atorvastatina), da Pfizer, para a sinvastatina, apresentaram um aumento de 30 por cento no risco relativo de eventos cardiovasculares graves, em comparação com aqueles que continuaram a tomar Lipitor.

Como parte da análise retrospectiva, os investigadores analisaram uma base de dados do Reino Unido que incluía registos de 11 520 pacientes que tomaram Lipitor durante seis meses ou mais, entre Outubro de 1997 e Junho de 2005, incluindo 2 511 pacientes que mudaram para sinvastatina, e 9 009 pacientes que continuaram com o fármaco da Pfizer. Os resultados demonstraram que existia um aumento de 43 por cento do risco de eventos cardiovasculares graves, incluindo ataques cardíacos, AVC, e determinados tipos de cirurgia cardíaca (como revascularização coronária), ou morte, para aqueles que trocaram para sinvastatina, em comparação com os que continuaram com o Lipitor. Contudo, não houve diferença em todas as causas de morte entre os dois grupos.

Uma análise secundária demonstrou que os pacientes que mudaram de fármaco tinham mais do dobro da possibilidade de descontinuar o tratamento, em comparação com os que se mantiveram com o Lipitor. As razões pelas quais o tratamento era descontinuado não estava disponível na base de dados, o mesmo acontecendo com as causas da mudança de fármaco, explicou a Pfizer. A companhia acrescentou ainda que os pacientes do estudo não foram randomizados para cada grupo, o que limita o significado dos resultados.

Segundo o autor principal do estudo, Peter Jan Lansberg, professor no Hospital Slotervaart, na Holanda, muitos médicos estão a trocar os pacientes para a sinvastatina devido ao facto das companhias de seguros norte-americanas e dos governos europeus estarem sob pressão para reduzir as despesas. Lansberg sublinhou ainda que não é benéfico fazer uma troca universal para as estatinas mais baratas. É necessário fazer uma distinção entre os pacientes que beneficiam com as estatinas genéricas e os pacientes de alto risco que têm a necessidade de uma terapia mais agressiva. Este estudo, que foi financiado pela Pfizer, foi apresentado no Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia e também será publicado na “The British Journal of Cardiology”.

O Lipitor é o fármaco líder de vendas, tendo atingido valores de aproximadamente 13 mil milhões de dólares em 2006.

Isabel Marques

Fontes: First Word, Bloomberg, www.pfizer.com

Bayer Schering e Dyax colaboram para identificar anticorpos terapêuticos

A Bayer Schering e a Dyax iniciaram um acordo de colaboração para descobrir anticorpos terapêuticos. Segundo os termos do acordo, a Dyax irá identificar anticorpos terapêuticos dirigidos a dois alvos fornecidos pela Bayer.

Com este acordo, a Dyax irá receber pagamentos quando forem atingidos determinados objectivos, e regalias resultantes das vendas líquidas que possam derivar do desenvolvimento e comercialização, por parte da Bayer, dos anticorpos descobertos durante esta colaboração. O acordo também fornece à Bayer sublicenças para outras patentes relevantes de anticorpos, identificados através da expressão de fagos, que possam ser utilizados com a tecnologia da Dyax. Os termos financeiros envolvidos não foram revelados.

Isabel Marques

Fontes: First Word, www.dyax.com