sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Plano de acesso a medicamentos adiado para 2008

Impasse frustrou Federação Internacional de Indústrias Farmacêuticas

A comunidade internacional não conseguiu chegar a acordo sobre uma estratégia global para o acesso a medicamentos e adiou, para 2008, um plano que visa estabelecer um equilíbrio entre as regras de protecção de patentes e a obrigação dos governos em garantir saúde às populações.

Organizada, esta semana, pela ONU, a reunião envolveu 140 países, mas terminou sem a aprovação de uma estratégia perante as divergências entre os países ricos e pobres.

Segundo opiniou Michel Lotrowska, da entidade Médicos Sem Fronteira, no fim da reunião “pairava a sensação de que alguns governos não irão permitir que a actual estrutura de patentes e financiamento de investigação seja mantida como está”, informou a Reuters.

Iniciado em 2003, o debate do processo de elaboração de uma estratégia internacional de acesso a medicamentos - pelo cronograma - deveria estar concluído no final deste ano. No entanto, a obstaculizar a situação estaria a última proposta feita pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que era vista pelos países em desenvolvimento “como uma tentativa de atender apenas aos interesses das grandes multinacionais.”

Para terminar com o impasse, o Brasil propôs então um novo texto, que previa o fim de cláusulas de patentes em acordos bilaterais e a criação de mecanismos para financiar fármacos contra doenças negligenciadas, alegando que, hoje, “um dos problemas que se levanta está relacionado às doenças que atingem apenas populações pobres e que não conseguem atrair o interesse das grandes multinacionais para o desenvolvimento de novos tratamentos, já que os lucros nessa área são mínimos.”

De acordo com a agência Reuters, o texto ainda pedia “regras para garantir a total flexibilidade nas leis de propriedade intelectual para que um governo possa distribuir remédios genéricos.” E embora tenha sido acolhida favoravelmente por uma série de países emergentes, a proposta brasileira sofreu um forte reprovação por parte do governo norte-americano e indústrias, que apelou para que cada um dos países latino-americanos retirassem o seu apoio ao Brasil.

Entretanto, o desfecho não incomodou o Brasil e os seus activistas que, na sede da ONU, comemoraram os resultados da reunião argumentando que, pelo menos, “impediram que a estratégia original da OMS - a proposta mais favorável aos interesses dos EUA e das indústrias farmacêuticas - acabasse prevalecendo.”

Por seu turno, entre as empresas multinacionais reinava a indignação.
Harvey Bale, director da Federação Internacional de Indústrias Farmacêuticas não escondeu a frustração: "Estamos todos desapontados porque precisamos de soluções pragmáticas, sustentáveis e precisas."

Já para a agência de Saúde da ONU, a negociação desta semana foi "histórica", referiu em comunicado.

Responsabilidade das indústrias farmacêuticas

Recorde-se que, no início de Novembro, um especialista independente das Nações Unidas (para os assuntos de saúde) apresentou à Assembleia-Geral da organização um projecto com directrizes para as companhias farmacêuticas ampliarem o seu alcance.

Ao constatar que cerca de dois bilhões de pessoas, em todo o mundo, não tem acesso a medicamentos essenciais, o representante da ONU propôs um guia que visa ajudar tanto as companhias farmacêuticas, como os organismos fiscalizadores.

As 48 normas foram elaboradas com o objectivo de aumentar o acesso a medicamentos e para isso, abordam questões como preços, marketing ético, testes clínicos, corrupção e pesquisas de doenças geralmente negligenciadas.

Destacando que o aumento do acesso aos medicamentos já existentes pode salvar cerca de 10 milhões de vidas por ano, o responsável considerou que os Estados são os principais responsáveis pela expansão do acesso aos medicamentos e serviços de saúde, sublinhando que as empresas também causam profundos impactos neste processo. Por isso, defendeu a importância de “identificar maneiras das indústrias farmacêuticas ajudarem a promover os direitos humanos na medicina.”

Raquel Pacheco

Fonte: Reuters/Agência Brasil/Centro de Informação das Nações Unidas

Estudantes de farmácia promovem congresso sobre oncologia

“Oncologia: Outra visão…” é o tema do II Congresso Anual promovido pelo Núcleo de Estudantes de Farmácia da Universidade de Coimbra, nos dias 4 e 5 de Dezembro, e que tem como objectivo focar e desenvolver novos tratamentos e avanços tecnológicos na área da oncologia.

Ao longo destes dois dias, os especialistas reunidos vão debater várias temáticas, entre as quais as nanotecnologias em oncologia; os novos fármacos no combate ao cancro; a terapia génica; a oncohematologia; a nutrição em doentes oncológicos; ou a importância das plantas e o seu contributo.

As farmácias dos Hospitais da Universidade de Coimbra e do IPO-Coimbra vão ter a seu cargo uma apresentação sobre o tema “Fármacos citostáticos e sua manipulação”.

O evento, que conta com a colaboração da Sociedade Portuguesa de Oncologia, terá lugar no auditório da reitoria da Universidade de Coimbra e tem como principal destinatária a comunidade da faculdade de farmácia, estando também aberto à participação dos estudantes de outras faculdades interessados no tema, não esquecendo todo e qualquer profissional do ramo.

Marta Bilro

Fonte: e-mail Farmacia-press, contacto com Ana Maria Pinto do Pelouro da Formação do NEF/AAC.

Leucemia: FDA aprova nova terapia

Nilotinibe da Novartis disponível na Suiça e, agora, nos Estados Unidos


O Tasigna (nilotinibe) - indicado para doentes com leucemia que deixaram de responder às terapias actualmente disponíveis, por intolerância ou por resistência, - foi aprovado pela administração norte-americana que regula os alimentos e fármacos FDA (Food and Drug Administration).

A decisão já era esperada nos Estados Unidos para o final do ano. A «luz verde» da FDA chegou, esta semana, e atenderá à necessidade de portadores de leucemia mielóide crônica (LMC) cromossomo Philadelphia positivo (Ph+) - um dos quatro tipos mais comuns de cancro no sangue.

Esta nova opção de tratamento trata-se da última geração desenvolvida pela Novartis. O Tasigna (nilotinibe) ganhou a sua primeira aprovação na Suiça, em Julho. No Brasil, o medicamento já foi submetido à aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a expectativa é que seja lançado no primeiro semestre de 2008. A aprovação no Japão também está pendente.

Recorde-se que, tal como noticiou o farmacia.com.pt, em Setembro, a Agência Europeia dos Medicamentos (EMEA) emitiu um parecer a recomendar a aprovação do fármaco.

De acordo com os estudos pré-clínicos, o fármaco (nilotinibe) foi capaz de inibir 32 das 33 mutações relacionadas à resistência dos doentes à terapia-padrão. Os resultados do estudo clínico multicêntrico – que, aliás, fundamentou a aprovação do FDA - mostraram que, após seis meses de uso, o nilotinibe da Novartis reduziu ou eliminou as células que carregam o cromossomo Philadelphia anormal em 40% dos portadores na fase crónica da doença.

A LMC, provocada pela superprodução de glóbulos brancos imaturos, é um dos quatro tipos de causas mais comuns de leucemia, e é responsável por cerca de 15 por cento de todos os casos desta doença em todo o mundo.

Raquel Pacheco
Fonte: FDANewsroom/ Publicom (Assessoria de Comunicação)/ Informativo Phoenix/ farmacia.com.pt

SPP quer comparticipação para fármacos antitabágicos

Os dados da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) sobre as consequências do consumo quotidiano do tabaco indicam que "se esta epidemia não for travada, em 2030, morrerão cerca de 10 milhões de pessoas em todo o mundo". Por uma “questão de coerência” face aos números, pelo menos 40 por cento da medicação utilizada nos tratamentos de cessação tabágica deveria ser comparticipada pelo Estado, defende a SPP.

Apesar de não ser apologista do pagamento total dos tratamentos, visto que "faz parte da terapia" o próprio paciente gastar dinheiro nesta fase, Luís Rebelo, presidente da Confederação Portuguesa de Prevenção do Tabagismo (Coppt), considera que "uma pequena diminuição dos encargos faria com que as pessoas não deixassem de procurar ajuda". Esta seria uma forma de auxiliar aqueles que querem largar os cigarros, afirmou o presidente da Coppt, Luís Rebelo, em declarações ao jornal Público.

A mesma opinião é partilhada por Ivone Pascoal, membro da comissão de tabagismo da SPP, que considerou que a comparticipação é "uma questão de coerência" perante a dimensão global do problema.

No que diz respeito à nova lei do tabaco, que entrará em vigor no dia 1 de Janeiro de 2008 e coloca mais restrições à compra, venda e consumo de cigarros em espaços fechados, o presidente da Coppt afirmou ao Público “ter-se perdido uma oportunidade de erradicar o perigo”.

Ivone Pascoal e Sofia Ravara, também membro da comissão de tabagismo da SPP, vão ao encontro das opiniões defendidas pelo responsável da Coppt, fazendo ainda um apelo ao reconhecimento oficial do tabagismo como doença crónica.

O presidente da SPP, Segorbe Luís, louvou a nova medida de apoio do Estado aos medicamentos para o tratamento da diabetes, lamentando o facto de a mesma não se aplicar às terapias antitabagismo.

Marta Bilro

Fonte: Público, Diário Digital.

Sopharma adquire ucraniana Vitamini

O laboratório búlgaro Sopharma assinou um contrato com vista à aquisição da unidade farmacêutica ucraniana Vitamini, anunciou esta quinta-feira a Bolsa de Valores de Sófia.

Ao longo do último ano, a produção da Vitamini rendeu 3.6 milhões de euros no total, um valor que a colocou a empresa na 13ª posição entre as maiores produtoras da Ukrania, noticiou o jornal Dnevnik.

Para a Sopharma, o negócio vai ao encontro das suas perspectivas de aumentar a quota de mercado na Rússia, Ucrânia, Polónia e outros países. As acções da Sopharma valiam, em média, 8,9 Levs da Bulgária (cerca de 4,55 euros) no fecho da Bolsa de Valores de Sófia desta quinta-feira.

Marta Bilro

Fonte: SofiaEcho.com, Pharmalot.

Desfibriladores em locais públicos multiplicam sobrevivência a falhas cardíacas

A colocação de desfibriladores automáticos externos em locais públicos multiplica as possibilidades de sobreviver a uma falha cardíaca, revela um estudo norte-americano da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore.

A investigação, apresentada durante o Congresso da Associação Americana do Coração, analisou as circunstâncias em que ocorreram 10 mil paragens cardio-respiratórias socorridas pelos serviços de urgência, entre Dezembro de 2005 e Novembro de 2006. Deste total, apenas 7 por cento conseguiram sobreviver, porém, entre os que beneficiaram da instalação dos aparelhos de reanimação, a taxa de sobrevivência subiu para os 36 por cento.

Os responsáveis pelo estudo defendem, por isso, que a colocação de desfibriladores externos em centros geriátricos, hospitais, estádios desportivos, complexos comerciais, hotéis e edifícios de escritórios poderia salvar 522 vidas por anos nos Estados Unidos da América (EUA) e Canadá.

Esta não é a primeira investigação a sugerir a colocação destes dispositivos em pontos com muita afluência de público ou em locais em que as pessoas apresentam um elevado risco cardíaco. No entanto, nem sempre se encontra presente uma pessoa com conhecimentos suficientes para poder utilizá-los, salienta Fernando Arribas, presidente do Departamento de Arritmias e Electrofisiologia da Sociedade Espanhola de Cardiologia, citado pelo Correo Farmacéutico. Para além disso, acrescenta o responsável, a situação nos EUA não é, de todo, comparável com o panorama europeu, uma vez que este país se encontra muito mais avançado em questões de sensibilização social, desenvolvimento legislativo e na extensão de instalação destes aparelhos.

Actualmente não existem dados conclusivos sobre os benefícios de colocar desfibriladores em zonas públicas. “Os dados são contraditórios”, afirmou Juan López Mesa, secretário e director do Plano nacional de Reanimação Pulmonar da Sociedade Espanhola de Medicina Intensiva, de Crise e Unidades Coronárias, em declarações ao Correo Framacéutico. “Existem estudos que afirmam que [a colocação dos aparelhos nos locais mencionados] reduziria as mortes por enfarte do miocárdio em 30 por cento, e outros falam numa redução de apenas 2 por cento ou menos. Não nos podemos esquecer que este é um assunto controverso, no qual se misturam interesses económicos”, frisou.

Em Portugal, as informações sobre a presença destes dispositivos são escassas. Dados avançados pelo jornal Público, no final de Agosto do ano corrente, indicavam que os desfibriladores automáticos externos estavam presentes em apenas 37 das 244 ambulâncias do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e nas 37 Viaturas Médicas de Emergência e Reanimação (VMER) em funcionamento.

O mesmo artigo falava ainda no interesse demonstrado por várias empresas privadas em adquirir estes aparelhos, como é o caso dos hotéis. Mas é necessário que haja alguém com formação adequada para permitir a vigilância e boa utilização em cada caso. Para além disso, e ao contrário do que acontece nos EUA, em Portugal a aplicação dos desfibriladores automáticos externos é considerada um acto médico e só por delegação pode ser usado por não médicos.

Marta Bilro

Fonte: Correo Farmacéutico, Público.

Cetuximab aumenta sobrevivência dos doentes com cancro colo-rectal

O Erbitux (Cetuximab) aumenta a esperança de vida dos doentes que sofrem de cancro colo-rectal em estado avançado quando aplicado como terapia única, revelou a ImClone baseando-se nos resultados de um ensaio clínico de Fase III.

O medicamento, aprovado na União Europeia para o tratamento do cancro do cólon e do cancro da cabeça e do pescoço, é desenvolvido pela ImClone e comercializado pela Bristol-Myers Squibb Co.

O ensaio clínico de última fase, cujos resultados foram publicados no “New England Journal of Medicine”, comparou as taxas de sobrevivência dos pacientes com cancro colo-rectal tratados com Cetuximab e dos que foram submetidos à quimioterapia.

“Os dados revelaram que o Erbitux pode fornecer tempo adicional a determinados pacientes com cancro colo-rectal mesmo nos casos em que as outras opções de tratamento disponíveis falharam”, afirmou o director de oncologia da Bristol-Myers Squibb, Maurizio Voi.

Marta Bilro

Fonte: Forbes, RTT News.

Prémio Crioestaminal 2007 distingue investigação sobre infertilidade e cancro

A descoberta de informações importantes sobre a estrutura das células responsável pela infertilidade e pelo cancro valeu à investigadora portuguesa Mónica Bettencourt Dias o Prémio Crioestaminal em Investigação Biomédica 2007. A distinção será atribuída pela Associação Viver a Ciência, na quarta-feira, dia 21 de Novembro, às 17h, no Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), em Oeiras.

Durante a cerimónia de entrega do prémio estará presente um representante do Ministério da Ciência, António Coutinho, director do Instituto Gulbenkian de Ciência, e Deborah Ward, responsável pelo Departamento de Angariação de Fundos do Instituto Breakthrough Breast Cancer, em Londres. Na mesma ocasião será também promovido um debate subordinado ao tema do Mecenato Científico em Portugal, no qual serão expostas as principais dificuldades e necessidades dos investigadores portugueses.

Criado para premiar os cientistas em Portugal, o Prémio Crioestaminal em Investigação Biomédica, no valor de 20 mil euros, pretende também incentivar o desenvolvimento de investigação de excelência no nosso país.

Em 2006, o prémio distinguiu o jovem investigador Helder Maiato, do Instituto de Biologia Molecular e Celular do Porto, permitindo financiar um projecto de combinação de técnicas inovadoras que leva à compreensão da multiplicação celular.

Marta Bilro

Fonte: CienciaPT, Diário as Beiras, Farmacia.com.pt

Medicamentos anti-retrovirais e oncológicos dispensados gratuitamente fora das farmácias hospitalares

O Estado vai suportar as margens de lucro associadas ao armazenamento e distribuição de medicamentos oncológicos e anti-retrovirais, pelo que, estes fármacos vão continuar a ser dispensados gratuitamente fora das farmácias hospitalares. A notícia, avançada pela agência Lusa, vem rebater as afirmações feitas pela Associação Portuguesa de Indústria Farmacêutica (Apifarma) que falava num aumento do preço de base destes medicamentos.

A chamada de atenção da Apifarma lembrava que, em vez da indústria vender directamente aos hospitais ou centros de saúde sem margem de lucro, como tem acontecido até agora, a distribuição nas farmácias de oficina, bem como a sua dispensa nestes estabelecimentos, iria implicar a cobrança dos 27 por cento da margem de lucro e IVA.

O compromisso assumido pelo Estado parece assim ter sanado alguns pontos desta questão. De acordo com garantias dadas à agência Lusa por fonte oficial do Ministério da Saúde, o Estado vai suportar o custo adicional da distribuição nas farmácias de oficina, embora não confirme que terá de pagar os 27 por cento da margem de lucro da distribuição, uma vez que o processo ainda não foi finalizado.

“O custo adicional que o Serviço Nacional de Saúde vai assumir tem como contraponto a vantagem da promoção da acessibilidade. O que significa que o doente terá acesso a alguns medicamentos com maior comodidade, não tendo que se dirigir ao hospital para os ir buscar”, acrescentou a mesma fonte.

Tal como foi noticiado pelo Farmacia.com.com, o presidente da Apifarma, João Almeida, lembrou, esta terça feira, que a indústria vende directamente aos hospitais ou centros de saúde sem margem de lucro. “Ou as farmácias entregam os medicamentos sem essa margem ou terão que ser mais caros, porque aos 100 por cento do preço são acrescentados 27 por cento e o IVA”, argumentou.

Marta Bilro

Fonte: Lusa, Sol.

É a maior e mais conhecida companhia farmacêutica nacional
Grupo Bial lidera área de I&D em Portugal


É um nome incontornável quando se fala do sector farmacêutico em Portugal. Com 80 anos de actividade, soma e segue na conquista da confiança dos médicos, dos farmacêuticos e dos cidadãos, e assume-se agora, de acordo com um «ranking» do Ministério da Ciência, como o maior investidor nacional na área da investigação e do desenvolvimento no sector da Saúde, ao disponibilizar anualmente 20 por cento da sua facturação para aquele objectivo.

Com sede em São Mamede do Coronado, no concelho da Trofa, e filial em Bilbau, o Grupo Bial figura em primeiro lugar na lista elaborada pelo ministério de Mariano Gago, que dá conta das 50 empresas portuguesas que, ao longo de 2005, mais se destacaram pelo seu nível de investimento em I&D. A relação divulgada pela tutela resulta de uma auscultação feita a mais de cinco mil empresas, sendo a Bial a mais bem posicionada nesse universo, em matéria de investimento. Reagindo à notícia o Grupo Bial emitiu um comunicado em que atesta a sua aposta naquela área, que se traduz num “investimento anual de 20 por cento da sua facturação”, que segundo a empresa corresponde a uma verba de cerca de 20 milhões de euros por ano.
Na vanguarda da investigação farmacêutica em Portugal, a Bial está a desenvolver o primeiro medicamento de raiz e patente nacional, que espera poder disponibilizar para o mercado já em 2009. Trata-se de um novo anti-epiléptico que já foi registado pela Organização Mundial de Saúde como eslicarbazepina, e que está a ser alvo da atenção dos técnicos e investigadores do laboratório luso desde há 13 anos. Tendo em conta a “eficácia, boa tolerabilidade e comodidade posológica” do medicamento, a Bial salienta, em comunicado, que os ensaios clínicos entretanto realizados a este fármaco dão boas razões para acreditar no seu sucesso, e adianta que está ainda a desenvolver outros produtos farmacêuticos, designadamente nas áreas do sistema nervoso central, do sistema cardiovascular e da alergologia, que a empresa elege como áreas preferenciais da sua actividade, no sentido de, a breve trecho, fornecer soluções terapêuticas para um leque variado de patologias.
Presente actualmente em cerca de três dezenas de países, de quatro continentes, o grupo farmacêutico português detém, além dos Laboratórios Bial, sucursais com as designações Medibial, Bialfar, Bialport, Bial Aristegui, Medimport e Medangol, e assume, como adianta na sua página online, em http://www.bial.com/, que hoje “assume a investigação e o desenvolvimento como áreas estratégicas para a expansão e a autonomia do grupo”. Nos seus dois centros de investigação e desenvolvimento, na Trofa e em Bilbau, trabalham hoje diversas equipas de técnicos internacionais, num total de 87 pessoas, “totalmente dedicados à procura de soluções terapêuticas que possam representar novos avanços” no tratamento de várias doenças.

Carla Teixeira
Fonte: «O Primeiro de Janeiro», site da Bial, comunicado da empresa

Portugal comercializa dois medicamentos para emagrecer que provocam problemas psiquiátricos

As conclusões de dois estudos realizados no Canadá e na Dinamarca revelaram que três medicamentos usados para emagrecer, aumentam o risco de reacções adversas do foro psiquiátrico, como a depressão e a ansiedade, sendo que o Infarmed confirmou já que dois destes medicamentos são vendidos em Portugal.

O estudo realizado no Canadá, pela Universidade de Alberta, tinha o objectivo de avaliar a eficácia a longo prazo de três medicamentos usados no tratamento da obesidade e do excesso de peso - Rimonabant, Orlistato e Sibutramina - e demonstrou que estes fármacos só permitem uma pequena perda de peso de menos de cinco quilos, provocando um aumento do risco de problemas de humor, como a depressão e a ansiedade.

O Infarmed, apesar de admitir que dois destes medicamentos estão à venda em Portugal e que eles podem realmente provocar estados depressivos e de ansiedade, considera que a questão é secundária, uma vez que "todos os efeitos secundários que tenham sido observados estão descritos nos resumos dos medicamentos", estando por isso os pacientes informados.

"Nenhum medicamento é perfeito, todos têm prós e contras. A recomendação da Infarmed é que qualquer medicamento seja tomado de acordo com aconselhamento médico", sublinha a mesma fonte.

Em relação ao outro estudo, foi realizado pelo departamento de nutrição humana da Universidade de Copenhaga e publicado na revista britânica "The Lancet", tendo revelado que o medicamento Rimonabant, também usado para a cessação tabágica, aumenta o risco de doenças psiquiátricas nos doentes.

Este estudo envolveu 4.105 pacientes, que não tinham até então tendências depressivas e demonstrou que, passado um ano, aqueles que tinham tomado o Rimonabant (20 miligramas por dia) tinham perdido uma média de 4,7 quilos mais do que os que tomaram um placebo, mas que tinham 40 por cento mais de probabilidades de sofrer de um problema psíquico grave.

Verificou-se ainda que a propensão para abandonar o tratamento por motivos de depressão nos doentes medicados, era mais de o dobro quando comparado com o risco nos doentes que tinham tomado o placebo, e que a probabilidade de desistir do medicamento por desenvolvimento de problemas de ansiedade era o triplo.

Ainda que em poucos casos, este medicamento poderá mesmo levar à ideia constante de suicídio e até ao próprio acto tentado.

Em Julho deste ano, a Agência Europeia do Medicamento decidiu manter a comercialização do Rimonabant, excluindo apenas a venda a pacientes com depressão grave e/ou em tratamento com medicamentos anti-depressivos, dado os riscos de danos psiquiátricos.

O Rimonabant está, ainda assim, disponível em países como a Áustria, Dinamarca, Alemanha, Grécia e Reino Unido.

Inês de Matos

Fonte: Lusa

Ingleses descobrem vacina contra o cancro a partir do próprio tumor

Usar as células cancerígenas de um tumor para tratar o mesmo tumor era algo inimaginável, mas a partir de agora poderá ser uma realidade, é que um grupo de cientistas britânicos descobriu uma forma produzir uma vacina contra o cancro através deste processo.

A técnica foi descrita terça-feira no British Journal of Câncer e usa raios ultravioletas, num processo conhecido como terapia foto-dinâmica (PDT), para chegar a uma vacina personalizada em menos tempo do que se fosse produzida em laboratório.

A descoberta aconteceu quando os investigadores da British Columbia Cancer Agency, em Vancouver, Canadá, procuravam novas aplicações para a PDT.

Os raios ultra-violeta conseguem activar fármacos quando estes se encontram próximo do tecido alvo, o que permite o uso de doses mais elevadas de medicamentos sem risco de reacções tóxicas noutras partes do corpo e que mostrou estimular uma resposta imune do organismo contra o tumor.

Durante o estudo, os cientistas retiraram amostras de tecido canceroso de ratos com tumores e incidiram nelas a luz ultra-violeta. Depois, as células foram deixadas de um dia para o outro em laboratório para crescerem, sendo posteriormente re-injectadas nos ratos através de raios ultra-violeta, no dia seguinte.

Embora o mecanismo por detrás deste processo não esteja totalmente compreendido, os investigadores descobriram que o brilho da luz ultra-violeta nas células cancerosas cria uma potente vacina contra o cancro e que projectar as células através da técnica PDT produz um aumento da resposta imune nos ratos.

"Esta técnica pode significar que o tratamento é aplicado mais rapidamente e, mais importante, é produzido individualmente para cada cancro", com menos efeitos secundários para o paciente, realçou Mladen Korbelik, o investigador principal do estudo, em declarações ao jornal The Independent.


Inês de Matos

Fonte: Lusa