quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Donuts mais saudáveis chegam em Outubro

A cadeia norte-americana Dunkin' Donuts anunciou que a partir de 15 Outubro, todos os seus produtos comercializados nos EUA deixarão de conter gorduras hidrogenadas, associadas ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares e a problemas de obesidade.

A decisão da Dunkin’ Donuts surge na sequência da proibição de uso, em restaurantes e outros estabelecimentos, de azeites ou produtos com este tipo de gorduras, aprovada a 05 de Dezembro de 2006, pela Junta de Saúde de Nova Iorque.

A partir de Janeiro, a eliminação de gorduras hidrogenadas será também aplicada aos produtos comercializados pela cadeia de geladarias Baskin-Robbins que, tal como a Dunkin' Donuts, pertence à empresa Dunkin' Brands.

Questionada sobre uma possível adopção de uma medida similar, a Panrico, empresa responsável pela comercialização em Portugal de produtos idênticos aos da Dunkin' Donuts, como os Manhãzitos, Donuts e Bollycao, preferiu não fazer qualquer declaração.

Inês de Matos

Fonte: Lusa

Hospitais-empresa apresentaram prejuízos de 128 milhões de euros no último semestre

O Ministério da Saúde anunciou hoje que, no último semestre, os 35 hospitais-empresa existentes em território nacional diminuíram prejuízo em 57,4 por cento, relativamente ao mesmo período do ano passado, apresentando ainda assim prejuízos na ordem dos 128 milhões de euros.

Durante os últimos seis meses, apenas oito Hospitais Entidades Públicas Empresariais (EPE) obtiveram lucros, surgindo no topo da lista o hospital de São João, no Porto, com lucros de cerca de 9 milhões de euros. Os maiores prejuízos registaram-se no centro hospitalar de Lisboa e na unidade local de saúde do Norte Alentejano, com um prejuízo na ordem dos 23 milhões de euros.

De acordo com os dados revelados pelo ministério, 20 instituições de saúde conseguiram reduzir os prejuízos, porém não conseguiram ainda apresentar resultados positivos e seis dessas unidades agravaram ainda mais os prejuízos.

A par do hospital de São João, no Porto, encontra-se o Instituto Português de Oncologia, também do Porto, com lucros de 9,6 milhões de euros e 9,1 milhões de euros, respectivamente. O Centro Hospitalar de Lisboa Oriental, o Hospital Santa Maria (Lisboa), e o Hospital de São Teotónio (Porto) conseguiram também resultados positivos, face ao período homólogo, em que os resultados haviam sido negativos.

A divulgação destes resultados surge pouco dias depois de o Ministério da Saúde ter comunicado às administrações dos Hospitais EPE o objectivo de, dentro de dois anos, 25 das 35 unidades apresentarem resultados positivos.

Inês de Matos

Fonte: TSF
Tecnologia vencedora do Prémio Nobel do ano passado
AstraZeneca vai utilizar ARNi na produção de fármacos


A companhia farmacêutica AstraZeneca pretende, a breve trecho, iniciar a utilização do ácido ribonucleico de interferência (ARNi), a tecnologia galardoada com o Prémio Nobel da Medicina 2006, no desenvolvimento de novos medicamentos. O ARNi consiste numa estratégia inovadora para anular de forma selectiva os genes que causam determinadas doenças, e que nessa medida representa actualmente uma das áreas de maior potencial no desenvolvimento de novos fármacos.

Para dar corpo a essa pretensão a AstraZeneca acaba de formalizar um protocolo com a Silence Therapeutics, companhia especializada em ARNi, estabelecendo um período de colaboração de três anos, ao longo dos quais os seus especialistas tentarão descobrir e desenvolver moléculas patenteáveis na área das doenças respiratórias. Posteriormente, a empresa admite alargar o âmbito do acordo, mas essa deverá ser, numa primeira fase, a aposta da colaboração agora anunciada entre as duas companhias farmacêuticas. A descoberta do RNAi abriu um novo campo de investigação na área da terapia genética e das estratégias para concepção de novos tratamentos, oferecendo novas abordagens de patologias como o cancro e as doenças infecciosas, que em muitos casos revelaram resistência a anteriores medicamentos, tendo por isso sido consideradas incuráveis.

Carla Teixeira
Fonte: AZPrensa

Remoção de ovários aumenta risco de demência

As mulheres submetidas a uma cirurgia de remoção de ovários em idade fértil podem ver aumentado o risco de desenvolver a doença de Parkinson e problemas de memória, revela um estudo publicado no jornal norte-americano 'Neurology'. A falta da produção de estrogénio é apontada como a principal causa para este fenómeno.

Uma equipa de investigadores da Mayo Clinic, no Minnesota, observou mulheres durante cerca de 30 anos e realizou perto de 3000 entrevistas. Este procedimento permitiu-lhes verificar que as mulheres sujeitas à remoção de um ou dois ovários antes da menopausa por razões não relacionadas com cancro (casos dos quistos, endometriose ou prevenção de tumores) têm mais possibilidade de desenvolver problemas cognitivos ou de demência do que mulheres mais velhas, submetidas ao mesmo tipo de operação.

O estudo demonstrou que a remoção de um ovário antes da menopausa está claramente relacionada a um aumento da perda de memória e mesmo à demência. A doença de Parkinson tem também mais probabilidades de surgir em mulheres que foram operadas durante a idade fértil.

Uma das principais funções dos ovários, para além do armazenamento e distribuição dos óvulos, consiste na produção de estrogénio, uma hormona sexual feminina. Algumas mulheres submetidas à remoção de um ou dos dois ovários são medicadas com uma terapia de substituição hormonal, porém, a maioria não recebe o tratamento, ou apenas tem acesso ao mesmo depois dos 50 anos de idade, afirmam os investigadores.

“É possível que o estrogénio tenha um efeito protector no cérebro, pelo que, a falta do mesmo, devido à remoção de um ovário pode aumentar o risco da mulher sofrer problemas de memória”, refere Walter Rocca, o principal autor do estudo. O responsável aconselha, por isso, que os médicos pensem cuidadosamente nas consequências desta cirurgia antes de a levar a cabo em mulheres jovens.

Marta Bilro

Fonte: BBC News, Expresso.

Dr Reddy na corrida aos biosimilares

Empresa quer lançar um biofármaco genérico por ano

O mercado dos biosimilares começa a ganhar terreno no sector farmacêutico e há quem não queira atrasar-se na corrida. É o caso do laboratório indiano Dr Reddy que se prepara para lançar, anualmente, uma versão genérica de um biofármaco durante os próximos anos, noticia a imprensa local.

Em declarações ao jornal indiano “The Business Standard”, a empresa afirma ter em mãos oito biosimilares que sucedem a outros tantos fármacos biológicos. Para além disso, a Dr Reddy tem planos para investir mais de 22 milhões de euros na construção de uma unidade de produção de biofármacos em Haiderabade, no sul da Índia, que deverá estar concluída em 2009.

A segunda empresa líder ao nível de vendas no mercado farmacêutico indiano diz ainda estar em conversações com a entidade reguladora europeia para lançar no mercado comunitário o Reditux, um uma versão biosimilar do Mabthera (Rituximab). O fármaco, utilizado no tratamento do Linfoma não-Hodgkin, é comercializado na Europa pela Roche.

O Reditux, um anticorpo monoclonal quimérico, foi lançado na Índia, em Maio, e caso seja aprovado na União Europeia deverá competir com o Mabthera. Porém, “são necessários pelo menos dois anos para que possamos familiarizar-nos com os diversos requisitos legais para os biosimilares na Europa e aguardar que os EUA criem um enquadramento regulador claro para as versões genéricas dos biológicos”, afirmou um porta-voz da Dr Reddy numa entrevista anterior concedida ao portal Biopharma-Reporter.com.

O Reditux é o segundo biosimilar lançado pela unidade de biológicos da farmacêutica indiana. Na mesma linha, a empresa comercializa ainda o Grafeel (Filgrastim), um tratamento que fomenta a produção de glóbulos brancos. O Filgrastim é comercializado na Europa pela Amgen como Neupogen.

De acordo com um outro periódico indiano, a empresa pretende também lançar o Grafeel no mercado europeu. Segundo afirma o director de operações da empresa, Satish Reddy, na edição desta quarta-feira (29 de Agosto) do “The Economic Times”, as negociações para colocar o Grafeel no mercado europeu já foram iniciadas.

Os biofármacos têm-se mantido alheios à concorrência dos genéricos porém a chegada dos biosimilares torna-se inevitável e previsível à medida que muitas das patentes começam a perder os direitos de protecção. Tal como noticiou o Farmacia.com.pt, num artigo publicado no dia 17 de Julho de 2007, alguns dos produtos de topo da indústria verão as patentes expirar dentro de sete ou oito anos e o Rituxan está entre os principais exemplos.

É certo que o desenvolvimento de biogenéricos envolve grandes recursos financeiros, bastante superiores aos que são requeridos para produzir os genéricos comuns, uma vez que o processo é complexo e implica testes mais exaustivos e difíceis procedimentos de aprovação. No entanto, várias empresas indianas, como é o caso da Dr Reddy, estão a desenvolver capacidade para produzir biofármacos complexos e versões biosimilares de medicamentos de topo e, posteriormente, de as vender a preços inferiores. Até agora o mercado indiano tem sido o único receptor desses produtos mas a Europa parece ser o próximo alvo.

Marta Bilro

Fonte: Bio-PharmaReporter.com, Infarmed.

Estudo revela novos efeitos do Viagra

Medicamento torna os homens mais carinhosos

Um novo estudo realizado pela Universidade Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos, revelou que o Viagra, para além de melhorar o desempenho sexual dos homens, pode também torná-los mais carinhosos.

Os investigadores recorreram a ratos de laboratório e verificaram que o sildenafil, nome genérico para o Viagra, provoca uma maior libertação de oxitocina no cérebro, também conhecida como a "hormona do amor".

Durante a investigação, os especialistas administraram sildenafi em alguns ratos e observaram que estes responderam a estímulos libertando três vezes mais oxitocina do que aqueles a quem não tinha sido administrada a substância.

De acordo com os investigadores, os resultados permitem concluir que o Viagra parece ter "efeitos físicos, além do de permitir um maior fluxo sanguíneo para os órgãos sexuais".

A oxitocina é uma hormona determinante para a interacção social, aparecendo durante a amamentação para criar a ligação especial entre a mãe e o filho, tal como acontece nos casais apaixonados.

Inês de Matos

Fonte: Jornal de Noticias

Fumar provoca danos genéticos irreversíveis

Ex-fumadores mantêm risco de sofrer cancro do pulmão

O consumo de tabaco provoca danos irreversíveis mesmo naqueles que abandonaram o hábito de fumar. Um estudo canadiano demonstra que, após a cessação tabágica, há alguns genes que nunca mais voltam a funcionar correctamente. Os investigadores afirmam, por isso, que os ex-fumadores mantêm um risco de sofrer cancro do pulmão relativamente às pessoas que nunca fumaram.

Desenvolvido por uma equipa de cientistas do British Columbia Cancer Research, o estudo analisou amostras de células de tecidos do pulmão de oito fumadores, doze ex-fumadores e de quatro pessoas que nunca fumaram. O objectivo era identificar determinados genes e perceber se a expressão dos mesmos sofria alterações ao longo do tempo, entre os vários participantes da investigação, e após a cessação tabágica.

Os resultados demonstraram que a expressão de alguns dos genes era reversível depois do indivíduo deixar de fumar, mas noutros as alterações causadas pelo fumo do tabaco permanecem mesmo alguns anos depois do abandono do hábito de fumar.

De acordo com os autores da investigação, publicada no jornal científico BMC Genomics, “os níveis de expressão de alguns dos genes relacionados com o fumo do tabaco voltaram a níveis semelhantes aos das pessoas que nunca fumaram após a cessação tabágica, enquanto que, a expressão de outros parece estar permanentemente alterada apesar da longa cessação”.

Entre os genes analisados, “as expressões aumentadas do TFF3, CABYR e ENTPD8 descobriram-se ser reversíveis após a cessação tabágica”, sendo que “a expressão do GSK3B que regula a expressão do COX2 foi irreversivelmente diminuída”, e a “expressão do MUC5AC foi apenas parcialmente reversível”, referem os responsáveis.

Apesar da cessação tabágica, “estas alterações irreversíveis podem contribuir para o risco persistente do cancro do pulmão”, sublinham os cientistas. No entanto, o facto dos riscos de desenvolvimento de cancro no pulmão não desaparecerem por completo nos ex-fumadores, este não deve ser um motivo para que se desista de deixar de fumar, até porque, só por si, essa atitude já diminui significativamente o risco de desenvolvimento de cancro no pulmão comparativamente com os fumadores activos.

Marta Bilro

Fonte: TV Ciência.

Cirurgia abdominal pode eliminar diabetes, diz estudo

A cirurgia abdominal, utilizada no tratamento da obesidade, pode também ser benéfica na eliminação da diabetes, revela um estudo publicado na revista britânica "New Scientist".

A equipa de cientistas brasileiros, italianos e franceses observou que, em 98 por cento dos diabéticos submetidos a uma cirurgia abdominal, a diabetes dissipava-se rapidamente, algo que não poderia ter acontecido unicamente devido à perda de peso.

Para proceder à realização do estudo, a equipa de investigadores realizou um desvio gástrico em sete pessoas com diabetes tipo 2, e cujo peso se encontrava entre o normal e o moderadamente obeso. Nove meses depois da cirurgia, os dois primeiros pacientes sujeitos à intervenção deixaram de receber medicação contra a diabetes, dado que, em apenas um mês, os níveis de açúcar no sangue e insulina apresentaram uma redução drástica.

Durante uma cirurgia abdominal é removido o duodeno, parte superior do intestino delgado. O orientador do estudo, Francesco Rubino, da Universidade Católica de Roma, especula que o duodeno poderia ser a causa da resistência à insulina, responsável pela diabetes. A confirmarem-se estas suspeitas, a solução pode estar na realização de um "desvio" gástrico, que elimine a resistência à insulina e restabeleça o balanço normal entre os níveis de insulina e de açúcar.

A descoberta é significativamente importante face ao célere avanço da doença nos países desenvolvidos. A diabetes tipo 2 é a mais frequente, sendo representativa de 90 por cento dos casos. Estima-se que, em Portugal, existam entre 250 mil a 500 mil diabéticos, muitos deles, ainda por diagnosticar.

Marta Bilro

Fonte: Último Segundo, Saúde na Internet, Portal da Saúde.

CE aprova nova fórmula de Rebif

A Merck Serono, unidade da farmacêutica alemã Merck KGaA, recebeu aprovação da Comissão Europeia para comercializar uma nova fórmula do Rebif (Interferão beta-1a), um medicamento utilizado no tratamento da esclerose múltipla recidivante.

A nova fórmula do medicamento, que deve ser lançada no próximo mês, foi desenvolvida para aumentar os benefícios do tratamento e pensada para melhorar a tolerabilidade da terapia quando injectada, refere a Merck num comunicado emitido esta quinta-feira (30 de Agosto).

A aprovação europeia é “um passo importante” nos esforços da empresa para “continuar a fornecer soluções terapêuticas melhoradas aos doentes com esclerose múltipla”, afirmou o chefe de operações europeias da empresa, Roberto Gradnik, numa nota a que o Farmacia.com.pt teve acesso.

De acordo com a Merck, a autorização de comercialização aplica-se a todos os 27 países da União Europeia, bem como à Noruega, Islândia e Liechtenstein.

Marta Bilro

Fonte: Merck, Forbes, Reuters.

Dona Estefânia promove 1asJ ornadas de Neuro-Genética

O Hospital de Dona Estefânia (HDE) promove, nos dias 21 e 22 de Setembro, as 1asJ ornadas de Neuro-Genética. O evento vai centrar-se na abordagem de alguns aspectos organizacionais relacionados com a temática principal e as consultas de neurogenética, não esquecendo as doenças raras, assunto que estará em discussão no final do primeiro dia de jornadas.

O evento, que terá lugar na sala de conferências do HDE, prevê a realização de vários debates com a participação de especialistas. No primeiro painel de discussão, subordinado ao tema dos aspectos organizacionais da neurogenética, têm lugar três exposições temáticas que abordam a “Estruturação dos Serviços de Genética Médica”, os “Custos/ benefícios dos testes genéticos” e a “Uniformização dos testes genéticos-perspectiva do Geneticista”.

Para analisar as “Doenças Genéticas no período pré-natal” vão estar reunidas a geneticista clínica Maria de Jesus Feijó, a cardiologista pediátrica Graça Nogueira e o citogeneticista Sérgio Castedo, num debate moderado por Maximina Pinto, Eufémia Ribeiro e Ivone Dias. Clara Barbot e Leonor Bastos participarão num debate sobre “Ataxias hereditárias: aspectos neurológicos na criança”. Ainda no primeiro dia deverão ser discutidos os aspectos genéticos, clínicos e neurológicos associados à doença de Huntington, sessão que termina com uma exposição de Margarida Reis Lima sobre a “ORPHANET Portugal - Base de Dados de Doenças Raras – divulgar e estimular o seu uso na prática clínica”.

Para o último dia foi reservado o debate sobre “Genética e Epilepsia”, com uma exposição oral de Ana Isabel Dias sobre a “Clínica das epilepsias geneticamente determinadas”; de Conceição Robalo e Lina Ramos sobre o “Diagnóstico genético das epilepsias: o estado da arte”; e de José Pedro Vieira sobre “Epilepsia: abordagem terapêutica baseada na Genética”.

As “Malformações do SNC (Brain malformations)” são o tema que encerra estas jornadas, com debates sobre “Clínica e diagnóstico molecular”, “Diagnóstico ecográfico prenatal” e “Diagnóstico neuroradiológico”. Os interessados em participar podem entrar em contacto com Serviço Genética do Hospital D. Estefânia, através do e-mail jneurogenetica@gmail.com.

Marta Bilro

Fonte: e-mail do Farmacia-press, Raríssimas.

Pretensão da farmacêutica derrotada em tribunal
Roche proibida de publicitar o Xenical


Um tribunal australiano deu razão a um grupo de especialistas que em Fevereiro tinha votado a favor da interdição da campanha publicitária ao medicamento Xenical (orlistat), fabricado e comercializado pela Roche, e proibiu a companhia farmacêutica suíça de fazer publicidade àquele fármaco. Em causa está o apelo que os anúncios teriam sobre os mais jovens, que os peritos consideraram inadequado, mas a polémica em torno do fármaco é bem mais antiga, e tem a ver com efeitos secundários muito sérios.

Inicialmente os especialistas tinham defendido publicamente a não comercialização do medicamento pelas farmácias, apesar de o Xenical estar devidamente autorizado pelas autoridades locais do sector. Considerando que os adolescentes seriam o alvo principal da campanha (em Portugal não está em marcha qualquer tipo de estratégia publicitária a este produto), os peritos defenderam o fim da publicidade ao medicamento, tendo a Roche interposto um recurso, por entender que o corte atentava contra o interesse público na área da saúde. O tribunal indeferiu o pedido, e ainda condenou a empresa a pagar as despesas jurídicas do comité de especialistas.
O Xenical surgiu no mercado farmacêutico mundial na década de 1990 e foi “aclamado” como uma panaceia para o tratamento da obesidade, tais eram as esperanças que nele se depositavam. O modo de agir diferente do da maioria dos inibidores de apetite – por não mexer com o sistema nervoso nem causar habituação e dependência – terá sido a sua grande mais-valia, sabendo-se que o medicamento foi submetido a rigorosos testes até ter sido aprovado na Europa e nos Estados Unidos, e que a sua utilização depende de prescrição médica. Um artigo publicado na revista científica «Lancet» relatou então os efeitos positivos do fármaco em pessoas que tinham tomado três cápsulas diárias de 120mg, em associação com uma dieta de baixas calorias, e que tinham perdido 70 por cento do peso excessivo anterior ao início da toma do Xenical, conseguindo manter o peso até dois anos depois de terem interrompido o tratamento.


No entanto, nem tudo são rosas na história do orlistat, e entre os efeitos secundários de maior relevância relatados por doentes que o consumiram constam quebras no sistema imunitário, eczema, urticária crónica, alergia a determinados alimentos, cosméticos e champôs (que antes do tratamento tinham sido consumidos sem problemas), comichão, vermelhidão na pele, elevada pressão sanguínea e palpitações. Carita Ovelius (na foto) ficou conhecida por ter vindo a público divulgar os problemas que o Xenical lhe causou, e que persistiam, segundo disse na altura, mesmo depois de volvidos dois anos sobre o fim da administração do fármaco.
Antes de iniciar o tratamento, a utente entrou em contacto com a agência reguladora do sector do medicamento na Suíça, que lhe garantiu que os efeitos adversos do Xenical só surgiriam se ela consumisse alimentos muito gordos. Actualmente a Roche admite que “raros” efeitos secundários, como prurido, reacções cutâneas, urticária e edema poderão surgir. Carita avisa que não serão assim tão raros os efeitos negativos do medicamento, e deixa que as suas imagens circulem na internet, exactamente para o provar...

Carla Teixeira
Fonte: InvestNews, Editora Saraiva, Drugs.com, SecondOpinion.co.uk
Estudo indicia relação de causalidade...
Remoção de ovários ligada a doenças neurológicas


As mulheres a quem foram removidos os ovários antes da menopausa correm maior risco de desenvolver problemas de memória, demência e dificuldades de movimento como o parkinsonismo, revelam dois estudos publicados no jornal da academia norte-americana de Neurologia.

Depois de seguirem mulheres durante 30 anos e realizado perto de três mil entrevistas no maior estudo do género até agora, investigadores da Clínica Mayo, em Rochester, no Minnesota, verificaram que as mulheres sujeitas à remoção de um ou dois ovários antes da menopausa por razões não relacionadas com cancro enfrentam maior risco de a longo termo terem problemas cognitivos ou demência, se comparadas com as mulheres que mais tardiamente foram submetidas à remoção dos ovários. Porém, salienta o estudo, as mulheres que, apesar de terem retirado ambos os ovários, são tratadas com estrogénio até pelo menos aos 50 anos não viram esse risco aumentado.
A investigação ajuda a clarificar o papel do estrogénio na saúde antes da idade natural da menopausa e a sua “habilidade” para proteger o funcionamento do cérebro. “É possível que o estrogénio tenha efeito protector no cérebro, e que a sua falta devido à remoção dos ovários possa aumentar o risco de problemas de memória”, disse Walter Rocca, neurologista da Clínica Mayo, autor principal do estudo. Muitas das participantes foram também incluídas num estudo mais vasto que descobriu que as mulheres que tiveram um ou mais ovários removidos antes da menopausa tinham duas vezes mais hipóteses de desenvolver parkinsonismo, síndroma que envolve tremor, rigidez muscular e lentidão de movimentos. O risco do parkinsonismo aumenta com a remoção precoce dos ovários.
Em declarações ao «Expresso», o director do Serviço de Neurologia do Hospital de Santa Maria, e também professor na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, disse que os resultados do estudo norte-americano agora divulgado, aconselham “prudência” no que diz respeito à remoção dos ovários no período anterior à menopausa, tendo justamente em conta a ideia de que essa remoção poderá desencadear problemas neurológicos graves. De acordo com José Ferro, esta investigação chegou ainda à conclusão de que as pacientes que, depois da cirurgia extractiva, e antes dos 50 anos, receberam tratamentos farmacológicos à base de estrogénio revelaram menor propensão para o surgimento de doenças do foro neurológico em fases posteriores da sua vida. Aquele médico do Hospital Santa Maria considera que “nas mulheres em idade fértil o estrogénio tem efeito neuroprotector”.

Carla Teixeira
Fonte: Agência Lusa, «Expresso»