sábado, 18 de agosto de 2007

Resultados de ensaio clínico de fase I animam investigadores
Vacina contra o cancro da mama revela-se segura


Os resultados de um ensaio clínico de fase I da Neuvenge, vacina experimental contra o cancro da mama desenvolvida pela Dendreon Corporation, publicados na última edição do «Journal of Clinical Oncology», aferiram a segurança e eficácia da imunização. Num conjunto de 18 mulheres com neoplasia mamária em estado muito avançado houve uma paciente que desenvolveu resposta parcial ao tratamento durante seis meses, com uma redução do tumor, enquanto outras três conseguiram estabilizar a evolução da doença ao longo de mais de um ano.

De acordo com um comunicado emitido pela empresa farmacêutica responsável pelo medicamento, o ensaio clínico de fase I da Neuvenge surge vários anos depois de ter arrancado uma série de testes com a Provenge, que está já a ser analisada no âmbito de um ensaio clínico de fase III. Concebida mediante a utilização de células imunes das próprias doentes, a nova vacina “foi bem tolerada” pela generalidade das doentes a que foi administrada, segundo informações avançadas por John Park, da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, que conduziu o estudo. O especialista considerou muito positivo o facto de pelo menos uma doente ter sido ajudada, referindo a recidiva sofrida pelo tumor, e a circunstância de, em três outras doentes, a evolução do cancro da mama ter também sido travada durante cerca de um ano. A vacina é meramente terapêutica, o que significa que só poderá ser administrada para estimular uma resposta imunológica da parte de doentes já confirmadas, não tendo aplicação profiláctica. Funciona através da remoção das células T do organismo das mulheres, para as “treinar” na tarefa de reconhecimento da tipologia do cancro da mama, e numa nova inserção nas pacientes.

Carla Teixeira
Fonte: Dendreon, PSA Rising, Agência Reuters, «Sol», Angola Press

REPORTAGEM

Em Agosto de 1960 arrancava a verdadeira revolução sexual...
Pílula anticoncepcional completou 47 anos


O conservadorismo da sociedade em relação ao comportamento sexual, que até 1960 tinha como grande aliada a associação exclusiva e quase imediata da ideia de sexo ao conceito de reprodução, começou a cair por terra há exactamente 47 anos. Foi no dia 18 de Agosto de 1960 que, dando seguimento a uma aprovação concedida em Maio do mesmo ano pela Food and Drug Administration (FDA), era introduzido no mercado farmacêutico norte-americano, com a chancela da Searle Drug Company, o primeiro contraceptivo oral. Tinha a designação comercial de Enovid-10, mas rapidamente assumiu, em todo o mundo, um nome muito mais simples. A “pílula” alavancou uma verdadeira revolução à escala global...

“Um dia histórico e um tremendo passo à frente”. Foi assim que, no ano seguinte (a 1 de Junho de 1961), a revista alemã «Der Stern» fez manchete com a notícia da introdução no mercado germânico, com a designação comercial de Anovlar – uns comprimidos verdes cujas indicações terapêuticas no folheto incluso referiam a sua utilidade “para aliviar os sintomas desagradáveis da menstruação” – de um fármaco que, diversamente de tudo o que tinha acontecido até àquela altura, foi aprovado para um efeito que não contemplava a luta contra qualquer sintoma de doença. A pílula libertou a sexualidade de uma série de angústias, permitindo às mulheres de todo o mundo conceber a ideia de que poderiam ter sexo sem correr o risco de engravidar, rompendo com a visão anterior de que as relações sexuais só poderiam ter como finalidade a procriação.
A contracepção oral começou a ser moda em todo o mundo – chegou a Portugal e ao Brasil em 1962 –, gerando enormes lucros para a indústria farmacêutica, ao mesmo tempo que semeava nas tradicionalmente dominantes mentes masculinas o receio da infidelidade das esposas e namoradas. O momento alto da pílula veio a seguir, com o Woodstock e os hippies, a efervecência do movimento estudantil e o avanço do feminismo, mas foi preciso pouco tempo para que começassem a circular as notícias relativas aos seus efeitos colaterais, que há cerca de quatro dezenas de anos incluíam o perigo de trombose. Os laboratórios prosseguiram os estudos, e anos depois desenvolveram novas soluções de contracepção, como a mini e a micropílula, com dosagens hormonais mais baixas, e mais recentemente a pílula do dia seguinte, o adesivo contraceptivo ou o implante de hormonas.

História e evolução
A história da pílula anticoncepcional tem início ainda nos anos 50, na sequência de um desafio lançado pela feminista Margaret Sanger e pela milionária Katherine McCormick à comunidade científica, no sentido da criação de um método contra a gravidez que fosse fácil de usar, mais cómodo do que os existentes, eficiente e barato. O investigador Gregory Pincus aceitou o repto, mas durante anos teve de trabalhar às escondidas, uma vez que os contraceptivos estavam oficialmente proibidos nos Estados Unidos, situação que se prolongou até à década seguinte. Alegando que estava a tentar responder à necessidade de aliviar os sintomas menos cómodos da menstruação, demorou cinco anos a desenvolver a pílula que em 1960 foi baptizada como Enovid-10.
Actualmente as pílulas de baixa dosagem são muito mais seguras do que as suas congéneres mais antigas, mas há estudos que apontam para um risco elevado de trombose venose profunda às chamadas pílulas de terceira geração, apesar de o perigo ser muito reduzido em mulheres saudáveis, não fumadoras e que tenham menos de 35 anos, aumentando significativamente nas mulheres mais velhas e que fumem, designadamente no que diz respeito à incidência de doenças ligadas ao aparelho circulatório.

Carla Teixeira
Fonte: «Deutche Welle», «Século XXI», SIC, «British Medical Journal», Bibliomed, «Archives of Internal Medicine», JAMA

Organizações farmacêuticas e de saúde americanas lançam plataforma de resposta a desastres

A plataforma Rx Response permite que as companhias, voluntários e agências governamentais trabalhem juntos para ajudar no apoio à distribuição contínua de medicamentos em tempos de crise

Organizações de saúde americanas, envolvidas no fabrico, distribuição e preparação de produtos farmacêuticos, anunciaram a criação do Rx Response, um programa desenhado para ajudar no suporte da entrega continuada de medicamentos durante uma situação grave de emergência de saúde pública.

O Rx Response baseia-se no reconhecimento, por parte das organizações, de que o acesso a medicamentos durante períodos de graves emergências no campo da saúde pública requerem um esforço abrangente e uma comunicação próxima entre os diversos accionistas do sector envolvidos, tanto públicos como privados.

O presidente da Pharmaceutical Research and Manufacturers of America (PhRMA), Billy Tauzin, afirmou que, durante uma catástrofe, é vital que os sistemas estejam preparados para dar assistência através da entrega continuada de medicamentos aos hospitais, aos fornecedores de cuidados médicos e aos pacientes. O Rx Response é uma parceria dedicada a dar assistência através da entrega de medicamentos cruciais aos pacientes cuja saúde esteja ameaçada durante uma situação de crise.

O programa Rx Response inclui as indústrias farmacêutica e biotecnológica, assim como as companhias de distribuição, farmácias e hospitais, ou seja, todos os que têm um papel na distribuição de medicamentos aos pacientes, sendo parceiros deste programa a American Hospital Association, American Red Cross, Biotechnology Industry Organization, Healthcare Distribution Management Association, National Association of Chain Drug Stores, National Community Pharmacists Association e a Pharmaceutical Research and Manufacturers of America.

No passado, quando a cadeia de fornecimentos de produtos farmacêuticos era interrompida, não existia nenhum fórum onde os fornecedores podiam reunir e partilhar informação. Agora, o Rx Response irá ajudar no apoio à partilha de informação entre os parceiros.

O programa será activado quando for necessário responder a graves emergências no domínio da saúde pública, quando os planos de assistência de emergência e programas de serviço existentes forem interrompidos, e na ajuda a assistir organizações parceiras nas suas actividades individuais de resposta.

Isabel Marques

Fontes:
www.medicalnewstoday.com, www.rxresponse.org
Revalidação da carteira profissional dos farmacêuticos
Novo sistema será apresentado brevemente


A Ordem dos Farmacêuticos conta apresentar brevemente o novo sistema para revalidação da carteira profissional, uma das grandes bandeiras da campanha de Irene Silveira ao cargo de bastonária da OF, conforme disse ao farmacia.com.pt numa entrevista publicada a 14 de Junho, uma semana antes das eleições que a consagraram como representante máxima da classe em Portugal.

Num comunicado disponível no site da Ordem dos Farmacêuticos, Irene Silveira dá conta da intenção de, a breve trecho, anunciar as novas regras de revalidação da carteira profissional, enfatizando precisamente a ideia de que essa medida foi uma das apostas centrais da sua candidatura, e salvaguardando que a formação contínua dos profissionais de farmácia, tendo em conta a evolução constante do sector, é indispensável ao bom exercício daquelas funções, bem como ao reforço da empregabilidade e da competitividade das empresas farmacêuticas. Afirma a bastonária que “o farmacêutico não pode deixar de investir na sua aprendizagem ao longo da vida, e consequentemente na sua valorização e qualificação”, e que à OF, como entidade reguladora, “cabe garantir que o desempenho profissional se pauta por elevados compromissos ético-deontológicos, assentes na prática suportada pela evidência técnico-científica”.
Lembrando que os actuais corpos sociais da Ordem apresentaram no decurso da sua campanha “um programa alicerçado na mudança”, e que entre as mudanças propostas figurava a da revisão da metodologia de creditação e de revalidação da carteira profissional, Irene Silveira assevera que a nova direcção nacional da OF “desencadeará brevemente o processo de revisão e reformulação da estratégia de intervenção nesta matéria, que naturalmente implicará um período de reflexão e de implementação de novas medidas”. Por esse motivo, explica, “o sistema de creditação e revalidação da carteira profissional encontra-se suspenso, de forma a promover a sua adequada revisão”, avisando contudo que a Ordem continuará a receber os processos que os profissionais entendam enviar-lhe, mesmo durante o período de suspensão.
Na entrevista concedida em Junho ao farmacia.com.pt, e questionada sobre o que importa mudar no sistema de revalidação da carteira profissional, a candidata referia que “importa mudar tudo”, acrescentando que desde 1983 faz parte de um grupo de formadores de farmacêuticos, e que também nessa qualidade estava já “totalmente de acordo com a necessidade de formação”, porque “as pessoas que saem das universidades estão normalmente muito bem preparadas”, mas o ritmo de evolução da Ciência é muito acelerado. “Preconizo que a formação contínua é muito importante, mas não, de modo algum, a frequência de acções de formação que atribuem créditos de modo arbitrário”, justificou.
Afirmava então a responsável que “é preciso valorizar a experiência diária dos farmacêuticos. As pessoas têm de saber que competências têm de desenvolver e voluntariamente decidir adquirir competências. Não pode haver obrigatoriedade, por uma questão de créditos, de os profissionais frequentarem certas acções de formação, que nem sempre são as que melhor servem os seus interesses e os interesses dos doentes. A revalidação da carteira profissional não poderá estar veiculada ao actual sistema. A qualificação é uma das minhas prioridades, mas não da forma que actualmente está considerada. É minha prioridade absoluta reformular o actual sistema, porque esta plêiade de cursos de formação não traz nada de positivo”. O comunicado agora divulgado no site da OF estabelece para breve o arranque dessa mudança.

Carla Teixeira
Fonte: Ordem dos Farmacêuticos, entrevista à candidata em Junho
Campanha nacional da APP tem apoio do Lamisil 1 da Novartis
Rastreios gratuitos à saúde dos pés


Vai estar em marcha itinerante pelas farmácias uma campanha nacional gizada pela Associação Portuguesa de Podologia, em colaboração com o novo medicamento da Novartis para o pé-de-atleta Lamisil 1 (terbinafina). A iniciativa consiste numa série de rastreios gratuitos que têm como objectivo aferir e ajudar a manter a boa forma dos pés dos cidadãos portugueses e promover o despiste precoce das doenças podológicas como a tinea pedis, infecção fúngica que afecta mais de dois milhões de portugueses.

Apresentado publicamente em Abril passado pela Novartis Consumer Health no Porto, o Lamisil 1 é o primeiro tratamento que, numa única aplicação tópica, combate os efeitos do pé-de-atleta. Não sujeito a receita médica, está disponível no mercado farmacêutico nacional como solução cutânea, numa dosagem de 10 mg/g, e será protagonista das várias sessões da campanha que a Associação Portuguesa de Podologia vai levar a cabo em todo o território nacional. Ao longo deste mês e do seguinte, a iniciativa deverá percorrer inúmeras farmácias, realizando rastreios gratuitos a todos os interessados em saber como vai a saúde dos seus pés, que no Verão tendem sempre a ser maltratados pela praia, pelos banhos frequentes e pelo maior contacto com as impurezas no ar. Com o objectivo de “alertar os portugueses para a sáude dos pés”, a campanha arranca no dia 31, e visitará mais de 40 farmácias de Norte a Sul do país.
O presidente da APP, Manuel Azevedo Portela, considera que o êxito alcançado durante a primeira fase da campanha, em Julho, justifica o regresso à medida, considerando que “os portugueses ainda estão pouco sensibilizados para a importância da saúde dos pés e ignoram as doenças que os afectam, o que pode originar complicações graves como dificuldades em andar”. Os primeiros rastreios gratuitos vão ter lugar já a partir de dia 31 deste mês, das 10 às 17 horas, arrancando no distrito de Leiria: na Farmácia Laranjeira Pais, na Farmácia Lis, na Farmácia Duarte e na Farmácia Fátima. O podologista salienta que “os rastreios são importantes para prevenir, aconselhar e tratar as doenças dos pés, e são também um incentivo para as pessoas pensarem na sua saúde”.
Um estudo recente da Associação Portuguesa de Podologia, realizado em parceria com o Lamisil 1 da Novartis, revelou que 86 por cento dos portugueses sofre de doenças dos pés, sendo as mais frequentes as onicomicoses, o pé-de-atleta e as hiperqueratoses. No entanto, só 12 por cento já foram a uma consulta de podologia, enquanto 61 por cento não conhece qualquer medida para se prevenir, desconhecendo que o uso de chinelos e a higiene são essenciais. O Lamisil 1 consiste numa inovadora formulação galénica de um reconhecido medicamento fungicida, com base numa tecnologia revolucionária. Feita a aplicação, forma-se uma película protectora transparente que permite a libertação da substância activa que inicia a sua acção de imediato, atingindo concentrações fungicidas após 30 minutos, e mantendo-se activa durante 13 dias. Desta forma, o Lamisil 1 não só permite o rápido alívio dos sintomas do pé-de-atleta como protege o pé de recidivas ou reinfecções”, explicou, na sessão de lançamento do produto, em Abril, Sandra Miguel, a gestora da marca.

Carla Teixeira
Fonte: Associação Portuguesa de Podologia, Portal da Saúde, «O Primeiro de Janeiro»

REPORTAGEM

Vinte por cento dos doentes não respondem ao tratamento
Genética usada no combate à depressão


“A única maneira de saber se um medicamento vai funcionar é perscrevê-lo”. Quem o diz é Júlio Licini, chefe do Departamento de Psiquiatria da Universidade de Miami e assessor no norte-americano NIH para a área da Genética, que define a emissão de uma receita como um processo de “tentativa e erro”. No caso dos doentes com depressão, contudo, o erro soma vantagens. É que 20 por cento dos pacientes não respondem ao primeiro tratamento, e depois desse fracasso muitos desistem, por causa dos efeitos secundários. A Genética entra agora no receituário da terapia, e visa diminuir o tempo de avaliação da medicação, numa doença que pode matar...

Segundo avança a edição deste mês da revista científica «Galileu», poderá estar iminente uma mudança de cenário no funcionamento do tratamento da depressão, em que actualmente se fica pelos 60 por cento a probabilidade de o médico acertar à primeira na terapia mais adequada para o doente. Os especialistas frisam mesmo que 20 por cento dos doentes não respondem ao primeiro medicamento indicado, e normalmente só depois de três a quatro semanas em que estão sujeitos a inúmeros efeitos adversos – boca seca, insónia e taquicardia, entre outros – percebem que a terapia prescrita falhou. O impulso é, em muitos casos, largar o tratamento, fazendo com que um episódio agudo de depressão se torne uma doença crónica.
Tal como o farmacia.com.pt noticiou na edição do passado dia 9, tendo por base os dados de um estudo publicado pelo Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge, a ansiedade, a depressão e as perturbações do sono são os diagnósticos que mais têm motivado a prescrição de psicofármacos na medicina geral e familiar no nosso país, cuja tendência tem sido crescente e muitas vezes, como o Portal da Farmácia e do Medicamento também já deu conta, inadequada. Uma posição secundada por especialistas norte-americanos numa investigação recente, que dá conta de que o recurso à psicoterapia como único meio de tratamento das pessoas com depressão clínica pode não dar resultado, mas, pior do que isso, pode piorar o quadro clínico do paciente, uma vez que o cérebro deprimido poderá sofrer de uma falha na conexão entre neurónios.
Nos episódios de tristeza profunda que não seja motivada por problemas físicos ou acontecimentos do quotidiano, e dos quais o doente não consegue recuperar sem o apoio especializado, os neurónios podem impedir melhorias, segundo atestam dados de um estudo levado a cabo por uma equipa de investigadores da Universidade de Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos, publicada há dias no prestigiado «Journal of Neuroscience». A chamada “depressão maior”, que tem uma motivação difícil de apurar à partida, por não ter a ver com eventos recentes ou conhecidos na vida dos pacientes, poderá ser causada, segundo os especialistas, por uma falha no cérebro que impede a conexão entre neurónios, inviabilizando o “pensamento positivo”, cuja acção é muitas vezes preponderante, em pessoas saudáveis, para estádios mais ou menos passageiros de tristeza.

Bioquímica da depressão
Os transtornos do estado de ânimo do doente depressivo poderão ter relação com uma eventual redução do ritmo de transmissão dos impulsos ou sinais nervosos na área cerebral que regula o humor. Várias teorias actuais apontam para a existência de causas biológicas para a depressão, focalizando-se na possibilidade de haver uma falha na neurotransmissão. O cérebro dos indivíduos que se encontram numa fase depressiva da doença bipolar ou de uma depressão crónica ou profunda pode apresentar pequenas quebras na utilização dos neurotransmissores monoaminas (noradrenalina e dopamina) e da serotonina (5-HT), embora na depressão unipolar profunda não haja, na maioria das vezes, qualquer alteração, e na forma moderada da depressão unipolar elas sejam inexistentes ou pouco significativas.
Os fármacos eficazes no tratamento da depressão agem aumentando os níveis de alguns daqueles neurotransmissores: a dopamina, a adrenalina e a serotonina são importantes na produição do efeito de satisfação. No entanto, no ano passado uma equipa internacional de investigadores descobriu uma substância endógena que se crê possa estar directamente associada ao evento da depressão: níveis reduzidos de p11, proteína que modula a actividade das células cerebrais à serotonina, foram encontrados em pessoas deprimidas e em ratos a que tinham sido artificialmente induzidas depressões. A descoberta, publicada na revista «Science», constituiu na altura um importante avanço no tratamento da depressão e das alterações do sono.

Em Portugal
Condição médica que afecta 20 por cento da população portuguesa, a depressão é hoje a principal causa de incapacidade e a segunda mais importante razão para a perda de anos de vida saudável, num «ranking» dos 107 problemas de saúde mais relevantes no nosso país. Com custos pessoais e sociais muito elevados, que em muitos casos chegam ao limite do suicídio – a depressão está associada à perda de 850 mil vidas por ano em todo o mundo, cerca de 1200 só no nosso país –, trata-se de uma doença que afecta uma em cada quatro pessoas no mundo, que já sofreu, sofre ou virá a sofrer dos seus sintomas ao longo da vida. No caso português, um em cada cinco utentes dos cuidados de saúde primários encontra-se deprimido no momento da consulta.
Os médicos portugueses baseiam-se sobretudo na sintomatologia emocional para diagnosticar e tratar a depressão, que é reconhecida no Plano Nacional de Saúde 2000/2010 como “um problema primordial de saúde pública”. Um estudo recente no nosso país demonstrou que 22,8 por cento dos doentes tratados em Portugal sofre de depressão, e que 80,5 por cento desse universo apresenta um diagnóstico pré-existente, enquanto 19,5 por cento representam novos casos. Em grande parte dos casos (43,5 por cento), a depressão prevalece entre os 30 e os 50 anos. No âmbito de uma investigação em que 69 por cento dos participantes era do sexo feminino, 73,1 por cento dessas mulheres sofria de depressão com ansiedade, e uma franja de 55,7 por cento desenvolvia sintomas físicos da doença.
Em 74,2 por cento dos doentes acompanhados no estudo a depressão apresentou-se nas formas ligeira a moderada, e 60 por cento dos pacientes tiveram pelo menos uma recaída. Os médicos reconhecem, em 58,4 por cento dos casos, que utilizam os sintomas físicos como meio para aferir o diagnóstico, mas apenas 10 por cento mencionam a existência de dores, mas é a tristeza (76,4 por cento) que prevalece como sintoma mais recorrente da doença depressiva. A comunidade médica está, no entanto, convencida de que o tratamento dos sintomas emocionais culminará no tratamento dos sintomas físicos, segundo declararam 83,2 por cento dos clínicos. A convicção de que os doentes conseguirão atingir a remissão se os sintomas forem tratados foi expressa por 74,9 por cento dos médicos auscultados neste estudo.

Carla Teixeira
Fonte: Revista Galileu, Portal da Saúde, European Alliance Against Depression, Wikipedia, G1

Philips desenvolve sistema de voz para radiologistas

Sistema foi implantado na Escócia e permite envio rápido de relatórios

Os radiologistas da Aberdeen Royal Infirmary (ARI), na Escócia, podem agora controlar todos os passos da criação de ficheiros clínicos electrónicos através de um sistema de reconhecimento de voz.

O sistema foi implantado pela Philips e utiliza a tecnologia SpeechMagic que é considerado pela empresa como o “maior sistema front-end” existente no sector de saúde no Reino Unido.

Segundo esclarece um comunicado da Philips (Medical Systems), os 60 radiologistas daquela unidade de saúde escocesa conseguem “criar e enviar relatórios de forma mais rápida, uma vez que, passam a ser ditados e automaticamente tornados em texto (não precisando de ser transcritos), processo este que chegava a demorar semanas neste estabelecimento.”

Assim, a tecnologia SpeechMagic da Philips proporciona aos médicos o acesso a informação “em tempo útil para melhorar o tratamento dos seus doentes”, destacou a empresa, acrescentando que “o sistema permite ainda visualizar o historial do utente num ecrã, onde os clínicos poderão comparar as informações com resultados anteriores.”

Raquel Pacheco
Fonte: site Philips (Medical Systems)

Estudo demonstra que a vacina contra o VPH não acelera a diminuição do vírus

Um estudo realizado pelo Instituto Nacional do Cancro em Bethesda, nos Estados Unidos, revela que a vacina contra o vírus do papiloma humano (VPH) não acelera a diminuição do vírus e não deveria ser utilizada para tratar a infecção, segundo os resultados publicados no "Journal of the American Medical Association" (JAMA), na edição de 15 de Julho.

O estudo consistiu na análise das reacções perante a administração da vacina para o VPH tipo 16 e 18 ou para o vírus da hepatite num grupo de 2.189 mulheres, com idades entre os 18 e os 25 anos, que tiveram resultado positivo nos testes ao VPH no ADN.

Os resultados demonstraram que a vacina do VPH não altera as taxas de diminuição do vírus. Não houve evidência de um aumento da eliminação da carga viral aos seis ou 12 meses no grupo que recebeu a vacina contra o VPH, em comparação com o grupo de controlo. As taxas de eliminação das infecções do VPH 16/18 até aos seis meses foram de 33,4 por cento no grupo de pacientes que recebeu a vacina, em relação aos 31,6 por cento do grupo de controlo. A taxa de eliminação do vírus aos 12 meses foi de 48,8 por cento no grupo que recebeu a vacina e de 49,8 por cento no grupo de controlo. No que se refere aos resultados citológicos e à carga viral do VPH, os resultados dos anticorpos de VPH 16/18 não apresentaram evidências dos efeitos da vacinação. Não foi identificado um efeito terapêutico, nem para as situações oncológicas do VPH, nem para as não oncológicas. Isto verificou-se tanto entre as mulheres que receberam todas as doses da vacina, entre as que apresentavam infecções simples, ou entre as que foram estratificadas pelas seguintes variáveis: serologia de VPH 16/18, resultados citológicos, carga viral de VPH no ADN, tempo decorrido desde a primeira relação sexual, infecções por Chlamydia trachomatis ou por Neisseria gonorrhoeae, utilização de contraceptivo hormonal, ou fumadoras.

Perante os dados obtidos, o estudo conclui que as vacinas contra o VPH, delineadas para prevenir a infecção e o desenvolvimento de lesões pré-cancerígenas e o cancro cervical, não aceleram a eliminação do vírus e não deveriam ser utilizadas para tratar as infecções prevalentes.

Isabel Marques

Fontes: AZprensa.com, http://jama.ama-assn.org

Glenwood Systems cria ficheiros clínicos electrónicos e gratuitos

«GlaceEMR 2.0» dá nome ao primeiro sistema de ficheiros clínicos electrónicos gratuito na internet. Foi implantado pela empresa Glenwood Systems e já mereceu o reconhecimento do CCHIT (Certification Commission for Healthcare Information Technology), anunciou a PR Newswire.

De acordo com a informação ventilada pela mesma fonte, esta empresa norte-americana de soluções tecnológicas destacou-se no plano da inovação ao criar um modelo de distribuição software como serviço gratuito (sem custos, encargos ou licenças) recorrendo a "um sistema de anúncios que cobre os custos da solução.”

Congratulando-se com estratégia pioneira no mercado, o presidente da Glenwood, Nat Loganathan, sublinhou - em comunicado citado pela agência de comunicação - que o novo sistema “representa um importante passo pela facilidade que gera na adopção dos ficheiros clínicos electrónicos por toda a comunidade médica.”

Para mais informações: http://www.GlaceEMR.com

Raquel Pacheco
Fontes: PR Newswire/www.glaceemr.com