sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Pfizer actualiza folheto informativo de fármaco antitabágico

Chantix pode desencadear ideias suicidas e sonolência

A farmacêutica Pfizer actualizou o folheto informativo que acompanha o Chantix (vareniclina), um medicamento indicado para a cessação tabágica, cuja bula fará agora referência à possibilidade de ocorrência de ideações suicidas e sonolência.

Em Novembro de 2007, o relato de vários casos que associavam a toma do medicamento a comportamentos depressivos e suicidas e ao surgimento de pesadelos, tonturas, fadiga, sonolência, dores de cabeça, insónia, náuseas e vómitos levou a Administração Norte-Americana dos Alimentos e Fármacos (FDA) a prometer uma avaliação dos casos.

Na altura, a entidade reguladora do sector farmacêutico nos Estados Unidos da América (EUA) publicou uma informação no seu portal na internet que indicava que “uma apreciação preliminar” revelava que muitos casos reflectiam “novos princípios de comportamento depressivo, ideações suicidas, alterações de humor e comportamento, num prazo de dias ou semanas após o inicio da toma de Chantix”.

A Pfizer reage agora afirmando que esta actualização ao folheto informativo do medicamento inclui uma advertência que indica que “os pacientes que estão a tentar deixar de fumar com Chantix devem ser observados, na procura de sintomas neuropsiquiátricos sérios, incluindo alterações de comportamento, agitação, comportamento depressivo, ideações suicidas e comportamento suicida”.

Em declarações anteriores a farmacêutica afirmou que “não podia ser estabelecida uma relação causal entre o Chantix e os sintomas relatados”. No comunicado emitido esta sexta-feira, a Pfizer reconhece que “em alguns casos, não pode ser excluída uma possível relação”.

Autorizado na União Europeia desde Setembro de 2006, o fármaco é comercializado no mercado europeu como Champix.

Em Portugal

Numa nota emitida esta quinta-feira, a Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed) informa que, por decisão da Agência Europeia de Medicamentos (EMEA), as advertências e precauções especiais de utilização do medicamento Champix devem ser actualizadas. Depois de analisar a situação, a EMEA concluiu que é necessário “alertar os médicos prescritores e os doentes sobre os casos de ideação suicida e tentativas de suicídio, notificados em doentes em tratamento com Champix”.

Face às novas informações de segurança, o Infarmed adverte que os médicos devem ter em atenção que "a cessação tabágica, com ou sem terapêutica farmacológica, tem sido associada à exacerbação de doenças psiquiátricas subjacentes (por exemplo, depressão), devendo assim acompanhar e aconselhar os doentes de forma apropriada, sobre os sintomas da depressão". A entidade reguladora do sector farmacêutico português refere ainda que “os doentes que estejam em tratamento com Champix e que desenvolvam ideação suicida deverão interromper o tratamento e contactar o seu médico de imediato”.

Marta Bilro

Fonte: Pharmalot, CBS 11, Business Wire, Farmacia.com.pt.

FDA desaconselha administração de xaropes a crianças com menos de 2 anos

A Administração Norte-Americana dos Alimentos e Fármacos (FDA) recomenda que os xaropes para a tosse e expectorantes de venda livre não sejam administrados a crianças com idade inferior a 2 anos. Depois de terminar uma investigação relativa à segurança destes medicamentos nesta faixa etária, os responsáveis concluíram que poderão surgir efeitos secundários potencialmente mortais.

Conforme afirmou Charles Ganley, responsável pelo departamento de medicamentos não sujeitos a receita médica da FDA, a entidade reguladora "recomenda aos pais que não dêem medicamentos contra a tosse e constipação vendidos livremente para as crianças com menos de dois anos". Estes fármacos, “que tratam os sintomas e não as condições subjacentes, não são nem seguros nem eficientes para as crianças de menos de 2 anos”, acrescentou o mesmo responsável.

Em causa estão os expectorantes, descongestionantes, anti-histamínicos, medicamentos contra a tosse e a constipação que, segundo a FDA, podem desencadear efeitos secundários graves como convulsões, aumento rápido do ritmo cardíaco e perda de consciência.

Num comunicado emitido pela FDA, a que o Farmacia.com.pt teve acesso, a entidade reguladora deixa algumas recomendações aos pais, nomeadamente que estejam atentos ao folheto informativo e reparem na substância activa e que não administrem mais do que um xarope ou expectorante em simultâneo a uma criança. Muitos destes fármacos contêm mais do que um ingrediente activo, salienta a FDA, podendo as crianças estar sujeitas a uma dose da mesma substância activa muito superior às suas necessidades.

Marta Bilro

Fonte: AFP, Globo Online, FDA.

Estudo em ratos pode levar a novos fármacos para dor crónica

Um estudo suíço descobriu que aumentar um mecanismo natural de filtrar a dor na espinha ajudou a aliviar a dor crónica em ratos, sem os efeitos secundários indesejados dos actuais analgésicos, como efeitos sedativos, viciantes ou possibilidade de desenvolver tolerância.

O composto provém da classe de fármacos, benzodiazepinas, que são amplamente utilizadas para sedar ou no tratamento da ansiedade. Os investigadores, liderados por Hanns Ulrich Zeilhofer da Universidade de Zurique, fizeram a descoberta enquanto estudavam por que motivo as benzodiazepinas actuam em caminhos do cérebro envolvidos com a percepção da dor, mas sendo raramente efectivas no alívio da dor.

Primeiro testaram diazepam, normalmente conhecido como Valium, ao injectarem-no na medula espinal dos ratos. Os investigadores descobriram que o diazepam poderia realmente aliviar a dor, na medida em que os ratos que, ou suportaram uma injecção dolorosa, ou tiveram um nervo apertado para simular dor crónica, estavam menos incomodados se tivessem recebido a injecção espinal.

A equipa de Zeilhofer centrou-se numa molécula específica, chamada GABA, que ajuda a prevenir que os sinais de dor crónica cheguem ao cérebro, sem bloquear as mensagens de dor normais que alertam as pessoas para o perigo.

As benzodiazepinas impulsionam a acção desta molécula GABA no sistema nervoso central. Estes fármacos, indicados para outros problemas, quando injectados perto da medula espinal também aliviam a dor.

Mas as benzodiazepinas direccionam-se a, pelo menos, quarto receptores de GABA diferentes que medeiam o controlo da dor. Ao atingirem somente dois dos receptores de GABA, poderão ser capazes de fabricar um fármaco que possa ser utilizado para a dor crónica, sem perder potência ou deixar as pessoas sonolentas.

Zeilhofer disse que o estudo demonstrou que atingir receptores GABA específicos pode fornecer um promissor novo alvo para o desenvolvimento de fármacos. De acordo com os investigadores, o próximo passo é descobrir fármacos que actuem da mesma forma em humanos, mas sem utilizar injecções espinais, que requerem um cateter, sendo desapropriadas para a maior parte dos pacientes.

Ainda não se sabe se o composto terá os mesmos efeitos em humanos, mas os investigadores estão a progredir com um optimismo cauteloso, segundo a revista cientifica “Nature”.

Isabel Marques

Fontes: Reuters, http://news.xinhuanet.com

Proteína pode ajudar a combater cancro da mama

Um estudo norte-americano descobriu que uma proteína, a Ciclina D1, pode ser o “calcanhar de Aquiles” dos tumores mamários que são receptores positivos de estrogénio, o tipo mais comum de cancro da mama.

A autora principal do estudo, Maria Silvina Frech, actualmente investigadora em pós-doutoramento no Instituto Nacional do Cancro, mas que desenvolveu o estudo no Centro de Cancro Lombardi do Centro Médico da Universidade de Georgetown, em Washington, revelou que é sabido que a Ciclina D1 é uma importante participante no cancro da mama, mas ninguém demonstrou o que acontece quando a Ciclina D1 está ausente ao mesmo tempo que o receptor de estrogénio está a ser extremamente expressado nos tumores.

A Ciclina D1 pertence a uma família de genes da ciclina cujas proteínas regulam as quinases dependentes da ciclina que, por sua vez, controlam a divisão celular. As quinases dependentes da ciclina são as principais facilitadoras do ciclo de proliferação celular. A superprodução da proteína Ciclina D1 ou a amplificação (cópias extra) do gene têm sido observadas numa variedade de cancros, explicou Frech.

Enquanto que a Ciclina D1 não é necessária para a manutenção das células mamárias normais, é essencial para a proliferação das células anormais das glândulas mamárias, e esta utilização diferencial da Ciclina D1 parece ser única no cancro da mama inicial. Isto suporta a ideia de que reduzir a Ciclina D1 nas células do cancro da mama não danifica as células normais.

As descobertas, publicadas na “Oncogene”, sustentam testar uma classe experimental de fármacos que apontam para a inibição da proteína Ciclina D1, em mulheres com cancros da mama receptores positivos de estrogénio. Existem agentes, que estão actualmente a ser testados em ensaios clínicos, que param a função da Ciclina D1 ao atingir as quinases dependentes da ciclina.

Por exemplo, o flavopiridol é um potente inibidor da quinase dependente da ciclina, actualmente em ensaios clínicos para uma variedade de tumores. O estudo fornece também suporte molecular adicional para a sua utilização no cancro da mama. A actividade clínica é encorajadora quando utilizado em combinação com outros agentes moleculares direccionados.

Isabel Marques

Fontes: www.upi.com, ScienceDaily