quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

CE investiga concorrência na indústria farmacêutica

A Comissão Europeia lançou uma investigação à indústria farmacêutica, no esforço de determinar se as companhias estão a utilizar de maneira errada direitos de patente e a fazer acordos ilegais para manter os medicamentos genéricos fora do mercado.

A Comissária Europeia para a Concorrência, Neelie Kroes, afirmou que a investigação foi iniciada porque os mercados farmacêuticos não estão a trabalhar tão bem como podiam. Existem suspeitas de que as companhias tenham conspirado para retardar alternativas genéricas mais económicas, a favor dos medicamentos de marca.

Segundo Kroes, se produtos inovadores não estão a ser produzidos, e se alternativas genéricas mais baratas do que os produtos existentes estão a ser retardadas, então é necessário descobrir porquê e, se for preciso, tomar uma atitude. De acordo com a Comissão, o número de novos fármacos lançados entre 1995 e 1999 foi de 40 por ano, mas esse número caiu para 28 por ano entre 2000 e 2004.

Kroes, que sublinhou que a investigação não foi lançada devido à existência de provas concretas de qualquer transgressão, disse que o inquérito irá procura evidências de acordos entre farmacêuticas, tais como, acordos em disputas de patentes, que podem infringir os regulamentos da concorrência. A investigação também irá procurar a presença de barreiras artificiais à entrada de produtos novos ou genéricos, incluindo processos infundados e a utilização ilegítima dos direitos de patente, e ainda esclarecer se algumas companhias abusaram do seu predomínio no mercado.

A Comissária destacou que a concorrência vigorosa neste sector é fundamental para o público, uma vez que assegura aos pacientes o acesso a medicamentos de última geração, assim como tem influência na soma de dinheiro gasto em saúde por indivíduos, sistemas privados de saúde e serviços de saúde governamentais, na Europa.

A investigação abarcou a recolha de informação confidencial de empresas, incluindo a Pfizer Inc, GlaxoSmithKline Plc, AstraZeneca Plc, Johnson & Johnson, Merck & Co Inc e Sanofi-Aventis SA, referente a direitos de propriedade intelectual, litígios e acordos em disputas de patentes. As companhias confirmaram que estão a cooperar com a investigação.

A Comissão planeia relatar as suas descobertas iniciais neste Outono e emitir um relatório final na Primavera de 2009.

Isabel Marques

Fontes:
www.networkmedica.com, First Word, Reuters, The Guardian

Eficácia de anti-depressivos está a ser sobrevalorizada

Médicos e pacientes podem estar a ser iludidos relativamente à eficácia dos medicamentos anti-depressivos. De acordo com as conclusões de uma análise publicada na última edição do “New England Journal of Medicine”, os benefícios destes fármacos, observados durante os ensaios clínicos, estão a ser enfatizados para além dos seus efeitos reais.

A análise agora divulgada, baseada num conjunto de estudos não publicados e enviados à Administração Norte-Americana dos Alimentos e Fármacos (FDA) pelas farmacêuticas, revelou que muitos medicamentos têm pouco ou nenhum efeito nos pacientes. As conclusões indicam que tanto os médicos como os pacientes estão a receber uma visão distorcida da eficácia de alguns medicamentos como o Efexor (Venlafaxina), Zocor (Sinvastatina), Cymbalta (Duloxetina) ou Seroxat (Paroxetina).

Os investigadores examinaram vários estudos da FDA relativos a ensaios clínicos realizados entre 1987 e 2004, que envolveram 12 anti-depressivos amplamente utilizados, e contaram com a participação de 12.564 pacientes. Foi também tido em conta o facto de esses estudos terem ou não sido publicados, sendo que as análises publicadas foram posteriormente comparadas com as versões da FDA.

Esta observação permitiu aos investigadores concluir que eram os resultados a ditar a publicação das análises. Ou seja, a maioria dos estudos cujos resultados não eram positivos não foram publicados ou então foram publicados com um cunho positivo, isto é, enfatizando efeitos secundários positivos quando o efeito primário se revelou negativo.

De acordo com as conclusões desta nova análise, quase todos os estudos conduzidos (94 por cento) tinham resultados positivos, no entanto, os dados da FDA revelaram que, na realidade, apenas metade (51 por cento) dos estudos tinham efectivamente resultados positivos. De entre as análises com resultados favoráveis, todas foram publicadas. No entanto, a maioria (33 em 36) dos estudos que apresentavam resultados negativos não foram publicados ou foram divulgados como se os seus resultados tivessem sido positivos, contradizendo as conclusões da FDA.

“A publicação selectiva pode levar os médicos e os pacientes a acreditarem que os fármacos são mais eficazes do que o que realmente são, algo que poderá influenciar as decisões de prescrição”, salientou Erick Turner, professor assistente de psiquiatria, fisiologia e farmacologia na Universidade de Saúde e Ciência do Oregon, director médico do Programa de Distúrbios Comportamentais do Centro de Assuntos Médicos para Veteranos em Portland, e principal responsável pelo estudo em questão.

Marta Bilro

Fonte: Pharmalot, www.eurekalert.org.

Ácido lipóico pode reduzir risco de doenças cardiovasculares

Estudo norte-americano em ratos revela que suplementos de ácido lipóico podem inibir a formação de lesões arteriais, baixar os triglicerídeos, e reduzir a inflamação dos vasos sanguíneos e ganho de peso.

Os investigadores, do Instituto Linus Pauling e da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade do Estado de Oregon, e da Universidade de Washington, descobriram que os ratos que receberam suplementos de ácido lipóico simplesmente escolheram comer menos do que o grupo de controlo que não recebeu suplementos, sugerindo uma redução do apetite.

Noutro teste, os ratos que receberam suplementos ganharam menos peso do que os ratos do grupo de controlo, que receberam quantidades idênticas de comida, sugerindo uma taxa metabólica mais elevada e níveis de actividade aumentados.

O estudo, publicado na “Circulation” da “American Heart Association”, descobriu que os suplementos de ácido lipóico reduziram a formação de lesões ateroscleróticas em dois tipos de ratos, que são amplamente utilizados para estudar doenças cardiovasculares, em 55 e 40 por cento, respectivamente. Os suplementos foram também associados a menos de cerca 40 por cento de ganho de peso, e níveis mais baixos de triglicerídeos.

Os suplementos de ácido lipóico podem ser uma abordagem promissora para prevenir o ganho de peso, e para baixar o risco de doenças cardiovasculares em humanos. Os autores do estudo concluíram que o ácido lipóico pode ser um útil adjunto na prevenção e tratamento de doenças vasculares ateroscleróticas.

Os cientistas afirmaram que o seu estudo em ratos não pode ser directamente extrapolado para além do laboratório, mas sugere fortemente que o suplemento de ácido lipóico pode ser útil como estratégia de intervenção não dispendiosa, mas efectiva.

As quantidades utilizadas na investigação não poderiam ser obtidas através de qualquer dieta normal e, para consumo humano, podem equivaler a suplementos de cerca de 2 000 miligramas por dia, mas até a níveis dietéticos baixos e normais, o composto pode ter um papel chave na energia metabólica, segundo os investigadores. O ácido alfa lipóico é um nutriente, que ocorre naturalmente, encontrado em baixos níveis em vegetais com folhas verdes, batatas e carnes, especialmente órgãos, tais como rins, coração, fígado.

Segundo os investigadores elevados níveis de ácido lipóico podem também actuar como um antioxidante, e ajuda a normalizar sinalização de insulina e metabolismo da glucose. Segundo Balz Frei, professor e director do Instituto Linus Pauling, todas estas descobertas também reforçam a necessidade de mais estudos humanos completos, o que será o próximo passo da investigação, em estudos clínicos aleatórios, duplamente cegos, durante os próximos cinco anos com a Universidade de Saúde e Ciência de Oregon.

Isabel Marques

Fontes: www.upi.com, www.thaindian.com, ScienceDaily